Novamente ele tinha prenunciado aquelas palavras. Eu cada vez estava mais confuso sobre o verdadeiro significado. Não era todos os dias que tinha-se outro homem a dizer que nos amava.

No início levava tudo na brincadeira, mas com aqueles beijos roubados já não sabia bem o que pensar. E o problema não era só em relação aos sentimentos dele, era também aos meus sentimentos. Eu já não sabia ao certo o que sentia. Acho que tinha já passado a barreira de gostar como amigo.

Mas quando isso aconteceu? Nem sei dizer.

Contudo estes pensamentos tornavam-se incomodo, não gostava nada de estar na ignorância. E agora depois de ter ouvido mais um “amo-te”, estou aqui parado à porta da cozinha. Eu acredito que devo estar com cara de parvo, a sorte é que só estávamos os dois e o Bambam.

Eu sei que era normal ele dizer aquilo a frente das câmeras. Acredito bem que seja apenas para fetiche das fãs. Mas porque ultimamente ele também dizia escondido? Mark Tuan certamente era uma pessoa difícil de entender.

Mal falava, e quando falava muitas das vezes era dirigido a mim, e apenas para se “declarar”. Era por isso que ele me deixava tão confuso.

Quando consigo voltar a ter comando no meu corpo, dirijo-me ate onde os outros dois estavam. Mas acho que devia ter ido para outro lado, não me agradou muito o que vi.

Mark estava sentado no sofá enquanto passava por todos os canais, Bambam estava deitado com a cabeça apoiado no seu colo, enquanto brincava com a mão livre do mais velho, enquanto também observava os canais a mudar.

Não sei porque me incomodo, não era algo incomum. O Mark tratava o Bambam como o irmão mais novo. Isso desde que ambos vieram para a Coreia. Pensando bem todos tratávamo-lo como o irmão mais novo do grupo. Mas hoje não queria nada que ele tivesse a atenção do mais velho.

- Hyung, anda aqui para ao pé de nós. – Diz Bambam. Eu vou até eles e sento-me no mesmo sofá com as pernas do mais novo ao meu colo. Por norma eu iria sentar-me noutro sofá, mas hoje não queria estar afastado.

Finalmente Mark decidiu parar num canal qualquer, onde ia começar um filme qualquer. Nenhum dos três queria ver algo especial, então ficou mesmo ali.

Logo no início, o filme conseguiu prender atenção de Bambam, bem que podia começar uma guerra ali mesmo ao lado, que o mais novo nem ia dar por isso.

Eu também tentava prestar atenção ao filme, mas a minha atenção prendia toda no rapaz ao meu lado. Ele também não estava a prestar atenção. Ele olhava para mim com aquele sorriso enigmático.

Eu queria saber todo o que se passava pela sua cabeça, mas não conseguia perguntar. Ele gostava de manter-se fechado. A sua voz era o mais raro que esta casa tinha. As vezes pensava que tinha de concordar com o Jackson quando disse que era mais fácil falar com uma parede do que com o Mark. Mas mesmo assim eu não conseguia deixar de admira-lo.

A porta de casa abre-se, fazendo com que a nossa atenção fosse para quem estava a chegar.

- Hey pessoal. – Grita Jackson feliz ao entrar sozinho em casa. Ele rapidamente vai ter connosco, atirando-se para cima do pobre do Bambam, que rapidamente tinha desistido de ver o filme.

- Vieste cedo Jackson Hyung. – Comenta Bambam feliz.

- Oh estavas com saudades, era? – Jackson abraça o mais novo quase esmagando-o. Eles os dois também seriam um enigma para mim. Também não os entendia. Deviam de formar um clube com o Mark que chamar-se-ia “nós gostamos de baralhar o Jinyoung”.

- Saiam de cima de mim. – Reclama Mark empurrando os dois para o chão.

- Que ciumento Mark Hyung. – Diz Jackson, mas sem largar o mais novo. – Ne Bambam, vamos comer um gelado? – O pequeno apenas tem tempo de concordar antes de ser arrastado para fora de casa. – Vê se tratas daquilo Mark. – Grita Jackson antes de bater com a porta.

Por momentos fiquei curioso do que raio tinha acabado de acontecer ali. Eles foram comer gelado sem nós? Isso não se admite.

Volto novamente a minha atenção para o filme, mas já não fazia a mínima ideia do que se tratava.

Mark parecia inquieto ao meu lado, não era muito dele. Por norma nem estaríamos assim tão separados, normalmente ele gosta de me agarrar, e eu confesso que também gosto de o sentir perto de mim.

- Hyung, passa-se algo? – Pergunto, mas apenas recebo uma negação com a cabeça. – Não parece. Estás zangado comigo?

- Zangado? Não digas disparates Jinyoung. – A voz suave era séria, mas o seu rosto era sorridente. Eu não disse que ele era muito confuso de se entender? Ele puxa-me fazendo com que nós dois ficasse-mos deitados a ver o filme. Um dos seus braços servia-me de almofada, enquanto o outro me abraçava pela cintura impedindo que caiu-se.

O meu coração nessas alturas comportava-se de forma estranha, batia mais rapidamente do que normal. Era como se tivesse acabado de dar um concerto. Mas era apenas um abraço normal de Mark.

- Ne Jinyoung, tu amas-me? – Aquela pergunta era estranha. Ele simplesmente dizia que me amava. O que raio ele queria saber?

- Claro, eu gosto de todos os seis. – Respondo meio a medo. O meu coração parecia dizer que aquilo tinha sido a maior mentira que eu alguma vez disse. E acho que vou ter de acreditar, eu gostava muito mais do Mark do que qualquer dos outros cinco.

- Eu amo-te muito mais que isso. – Diz mas sem me olhar. Será que tinha ouvido bem?

- M…ma...mais?

- Sim, eu digo-te que amo-te muita vez. Pensei que soubesses que era verdade.

- Verdade? – Agora sim estava muito confuso. Com todo o cuidado viro-me nos braços dele podendo assim olhar para aqueles olhos que eu tanto gostava.

Ok eu praticamente admiti a mim mesmo que gostava do Mark hyung? Será que eu gosto da mesma maneira que ele? Eu começo a ter a certeza que gosto dele como a pessoa que eu quero ficar para sempre.

- Jackson dize-me que eu tinha que provar que te amava verdadeiramente. E assim seria o melhor dizer-te todos os dias. Pensei que soubesses. – Boa só podia. Tinha sido ideia do Jackson aquelas declarações todas. Por isso é que aquilo não fazia nenhum sentido. E por isso é que fomos deixados para trás.

Mas eu tinha de admitir, eu adorava o momento do dia em que ele pronunciava aquelas palavras.

- Mas porque dizias a frente das câmeras? – Eu estava bem confuso, eu queria mesmo acreditar que ele me amava verdadeiramente, mas aquele pormenor não fazia sentido. – Isso era tornar tudo muito publico.

- E o que seria melhor fingir enquanto se diz a verdade? Eu nunca mentiria a frente dos meus fãs.

Coração, coração porque deixas-te de bater? Eu acho que bloqueei, novamente. Eu não sabia se estava a respirar, nem se o meu coração batia mesmo. Apenas ouvia aquela declaração na minha cabeça. Não sei porque, mas tinha sido mais verdadeira que muitas outras.

- Eu acho que podes ter razão. Brincar enquanto é verdade.

Nem deu tempo para pensar em mais nada, de repente os seus lábios atacam os meus. Mas era bem diferente dos outros beijos roubados que ele gostava de ter. Este era sincero e com sentimentos correspondidos por ambos os lados. E com consciência disso.

Eu não me tinha propriamente declarado, mas para uma pessoa de poucas palavras como Mark eu tenho a certeza que ele entendeu tudo. Ele prefere muito mais os atos que as palavras. E eu comecei aprender com ele. Pelo menos no que era relacionado com ele.

A porta de casa volta-se abrir, fazendo com que nós nos separa-se-mos. Eu tentei levantar-me, mas Mark prendia-me fortemente no seu peito.

Em poucos segundos Jackson e Bambam tinham voltado. Vinham bem felizes e de mãos dadas. E Mark nem pareceu muito preocupado em sermos apanhados naquela posição por eles os dois.

- Bambam acho que hoje podes dormir lá no nosso quarto. Mark Hyung deve querer ir dormir com o nosso pequeno Junior. Vamos ser nós os dois. – Comenta Jackson feliz, enquanto piscava um olho ao mais velho, que parecia divertido com a situação. Bambam e eu não estávamos a entender muito do que se passava. Mas nem deu tempo de questionar nada, já que Jackson puxava Bambam para o seu quarto.

- Acho que vou ter de dormir com o meu namorado hoje também. – Comenta Mark antes de me beijar novamente.

- Eu? – Pergunto mal ele larga os meus lábios. Ele tinha-me chamado de namorado?

- Claro. Alem do mais eu preciso mesmo de um local para dormir. E eu quero mesmo que seja assim. Para sempre.

Desde daquele dia não sei se o passe a compreender melhor se fiquei na mesma. Apenas estava num nível que sabia que aquelas declarações eram as mais verdadeiras que eu alguma vez teria na minha vida.

Mas Mark seria para sempre uma incógnita na minha vida. Mas eu preferia mante-lo para descobrir tudo ao longo da minha vida.