Drake foi escoltado pelos guardas até a cela. Assim que o jogaram lá dentro, puxaram Mike. Na outra cela, Helena acabará de ser colocada enquanto Emily era retirada. Drake teria retrucado, mas estava sem palavras. Alguns minutos se passaram até Drake ter coragem de falar algo.

– Eu sou um monstro... – Sussurrou ele com as mãos sobre a cabeça.

– Não, senhor Drake. – A voz de Helena ecoou. – O monstro é o West. Ele fez aquilo.

– Não. – Continuou ele. – Naquele momento, quando...- A voz falhou. – Quando aqueles dois foram mortos, eu imaginei que poderia ter sido a gente. Poderia ser você a garota morta, e, ao pensar nisso, eu fiquei feliz em ter ganhado. Fiquei feliz porque foram outras pessoas quem morreram no nosso lugar.

Helena não tinha resposta, ela baixou a cabeça e ambos ficaram em silencio. Após alguns segundos, os guardas trouxeram Emily e Mike, este último, coberto de machucados. Os guardas os jogaram nas celas. Mike não tinha força para se manter, desabou no chão e lá ficou gemendo de dor enquanto os guardas iam se retirando.

– Ele precisa de cuidado médico! – Gritou Emily para eles.

O guarda a fitou com desdém e saiu sem dizer nada. Mike gemia e respirava com dificuldade. Drake não sabia muito que fazer, mas improvisou alguns curativos. A porta da cela se abriu, Drake se virou bruscamente e pôde ver a garota ruiva com seu livro em baixo do braço e uma caixa em sua mão. Ela se abaixou perto de Mike, abrindo a caixa. Retirou os curativos improvisados que Drake fizera e começou a limpar os machucados.

– Hey! – gritou Drake. Mas ela continuou o tratamento o ignorando.

– Como está se sentindo? – perguntou ela.

– Caraca! Bem melhor, valeu mesmo! – Disse Mike sorridente.

– Que bom. – Ela soltou um doce sorriso, que o fez corar.

– Por que nos ajuda? – perguntou Drake, fitando-a.

– Porque eu gostei de vocês. – Ela deixou um leve risinho sair. E os dois garotos coraram.

– Como assim? – Protestou Helena da outra cela, se sentindo enciumada. – Quer dizer... você trabalha para o West não é?

– Eu não trabalho para ele. – Ela baixou o olhar. – Quer dizer, eu não gosto de trabalhar com ele. Faço isso porque preciso achar minha família. - Todos ficaram quietos, ninguém ali achava que ela estava mentindo.

– Então pode nos ajudar a sair daqui? – Perguntou Mike. Os outros três alunos da Shibusen o fitaram como se ele tivesse dito a coisa mais idiota de toda a sua vida.

– Eu gostaria, mas não posso. Preciso achar minha família, e só vou poder fazer isso com o West.

– Como assim? – Perguntou Drake.

– West tem uma forte rede de informações ele pode achar qualquer um. Se eu ajudá-lo ele vai achar minha família.

– Mas a Shibusen também pode achar sua família - Disse Mike. – A Shibusen tem a maior rede de informações que se pode conseguir.

– Ei garota, qual o seu nome? – Perguntou Drake.

– Sofia. – Respondeu meio tímida. – Prazer em conhecê-los.

– Eu sou Drake. – ele sorriu gentilmente.

– E eu sou Mike.

– As duas garotas do outro lado são nossas parceiras, a minha é Helena, a de cabelo preto. A loira é a do Mike, Emily. – Explicou Drake. As garotas a olhavam inquietas e um pouco enciumadas, as duas gostavam de Drake.

– É um prazer conhecê-las também. – Sofia disse sorrindo para elas.

– Muito prazer. – As duas responderam rápidas e ao mesmo tempo. O sorriso de Sofia parecia quebrar a inquietação das duas.

– Então Sofia... – Começou Drake. – Vocês teriam alguma informação sobre uma bruxa chamada Medusa?

– O Palácio de Westminster. – Respondeu ela rapidamente. – Pelo que sabemos, Medusa tem um laboratório de pesquisas principal por lá. É fácil acreditar, pois até o próprio West evita aquele lugar, dizendo para seus “recolhedores” ficarem longe de lá. - Drake e Mike se entreolharam.

– É a melhor pista que temos no momento. – Disse Drake.

– Primeiro temos que sair daqui. – Cortou Mike.

– Sofia. Se nos ajudar, prometemos em nome do Shinigami-sama que vamos achar sua família. – Drake parecia orgulhoso. Sofia sentia as lagrimas vindo aos olhos, mas não se permitiu chorar.

– Certo, eu vou ajudá-los. – E saiu de lá apresada.

– Ela nem deu tempo de explicar o plano. – Mike disse com um sorriso confuso no rosto. – Mas é bom que agora nós tenhamos um aliado do lado de lá.

A noite caiu rapidamente, nenhum deles conseguiu pegar no sono. A porta se abriu rapidamente, e lá estava Sofia, ofegante, abrindo as duas celas.

– Como você...? – Mike estava bobo.

– Eu roubei a chave da Jess. Deu muito trabalho. – Ela deu um longo suspiro. – Precisamos sair antes que ela note.

Os cinco se botaram em fuga pelos corredores do esconderijo de West, com Sofia os guiando como se conhecesse cada canto ali. Tudo parecia estar dando certo, até que avistaram alguns guardas. Helena e Emily assumiram suas formas de arma e empunhadas por Mike e Drake, derrubaram-nos facilmente. Mas deles iam se aproximando, o quinteto tentavam fugir e acabavam lutando até estarem cercados. Do nada estavam sem escapatória, mas ao invés de os guardas atacarem, eles abriram caminho.

– É uma armadilha, certo? – Perguntou Mike

– Não acho que eles iriam vir pro nosso lado agora. – Respondeu Drake

– Se abaixem! – Gritou Sofia.

Sem pensar, todos saltaram para o chão. Uma forte pressão passou perto da cabeça deles. Quando se levantaram, viram que nem todos os guardas foram tão rápidos, e tiveram sua parte superior destruída. Drake olhou em volta, procurando uma explicação para aquilo, e seus olhos se encontraram com os de West. Pela primeira vez, ele notara que os olhos do pirata tinham cores diferentes, um era o direito era dourado e o esquerdo azul escuro. Ele trazia uma espada longa de duas mãos, que segurava apenas com uma. West sorria com o mesmo sorriso assombroso de sempre.

– Os ratinhos querem sair do labirinto? – Sua voz grave fez gelar a espinha de Mike. – E ainda levar minha doce senhora... – Sofia estremeceu. – Como se eu fosse deixar.

Ele balançou a lamina na vertical, lançando uma rajada. Mike e Drake se lançaram para esquivar. Antes de Drake conseguir recuperar o equilíbrio, West o acertara com o cabo da lamina. Mike partiu em ataque, mas a lâmina da espada se chocou contra a de West, e a diferença de forças atirou o garoto contra a parede. drake recobrou os sentidos, fincou a lamina da foice na coxa direita de West, que gritou de dor, que acertou um soco em seu rosto. Draje caiu, e Mike pusera sua espada a poucos centímetros do peito de West. Mas ele desceu sua lâmina e a lança na direção de Mike, que foi puxado rapidamente por Drake antes de ser acertado. Não havia como eles escaparem. A ferida de West não parecia incomodá-lo em nada. Eles não tinham ideia do que fazer, até que uma forte luz atingiu o rosto de West. Sofia o atingira no rosto com uma espécie de raio que saia de palma de sua mão.

–Vamos, fujam rápido! – Gritou ela. Os dois garotos se puseram a correr até ela. - Vocês precisam ir.

– Não vamos deixar você pra trás. – Disse Drake.

– É! Você nos ajudou, vai sair daqui com a gente! – Concordou Mike.

Ela lançou um olhar triste, sussurrou algo e os dois saíram voando corredor a frente. Quando pararam no chão, tiveram um pequeno vislumbre de Sofia entoando alguma coisa e o local ao redor delas vindo em ruínas. O teto começou a ruir sobre os dois, que tiveram de sair correndo para não ser esmagados por pedregulhos. Finalmente saíram do esconderijo.

– Temos que voltar. – Falou Mike. – Temos que salvá-la.

– Não podemos. – Retrucou Drake. – Você viu, não podemos derrotar West.

–Mas também não podemos abandonar ela assim! Se não fosse por ela ainda estaríamos numa cela.

– Mike, temos uma missão a cumprir.

– Que se dane a missão! –Mike elevou a voz. – Se quiser, eu posso derrotar West sozinho.

– Acalme-se Mike. – Disse Emily, de volta à forma humana.

– Mike está certo, não podemos fazer isso com ela. – Disse Helena, também e sua forma humana.

–... - Drake olhou para os dois, lançando um longo suspiro. - Certo, faremos assim: eu e Helena vamos ao esconderijo. Você e Emily salvam Sofia.

– O que? – Protestou Emily. – Não conseguimos encarar ele nem com os dois imagina só com um.

– Não precisam lutar com ele, só peguem a Sofia e fujam. consegue fazer isso, Mike?

– Com os pés nas costas. – Respondeu ele, confiante.

– Certo. – Continuou Drake. – Se resgatarem ela primeiro, venham ao esconderijo, certo? - Mike assentiu.

– Nós separamos aqui, sabichão.

Eles ficaram de costas pro outro, e saíram correndo em direções opostas com as garotas os seguindo. Drake sentiu uma enorme vontade de olhar para trás, mas não o fez, pois sabia que se virasse o rosto, iria correndo para ajudar o amigo, abandonando a missão.