A Razão Para O Meu Mundo Girar escrita por Sereny Kyle


Capítulo 1
one-shot


Notas iniciais do capítulo

essa é a décima quarta fanfic da série, depois de "Rain"



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/644673/chapter/1

Eu estava em meu quarto no hotel de Tókio, descansando, diante da TV quando escutei alguém a minha porta.

- Pode entrar – eu disse e a bela figura de Kouyou atravessou a porta sorrindo e se jogou ao meu lado na cama despreocupadamente. Nós tínhamos nos acostumado muito bem um com o outro daquela maneira. Seus olhos doces e dourados me focalizaram com o sorriso mais lindo do mundo.

- Quer sair comigo hoje à noite? – ele perguntou em sua voz baixa e eu sorri.

- Claro! Aonde você quer ir?

- Eu sei que você não gosta muito... – ele começou hesitante. – Mas, eu queria ir a um bar dançante...

Eu realmente não era muito de dançar... Ou beber... Mas, menos ainda, era de rejeitar sair com o guitarrista.

- Vamos sim! – disse sem conter o entusiasmo e ele sorriu.

- Então, eu venho no seu quarto mais tarde para irmos – ele deixou um beijo em minha fronte e saiu do quarto tão lindo quanto entrou.

Logo que me vi sozinha, tirei todas as minhas roupas que eu poderia usar naquela noite de dentro de minha mala e coloquei-as sobre a cama para escolher o que usar. Como nós íamos dançar, decidir ir com meu vestido vinho de mangas compridas, para o caso de esfriar, mas com um pequeno decote pra provocar meu acompanhante do jeito como ele faria comigo, com certeza...

Optei por um sapato confortável para dançar... Depois de tudo separado, me dirigi ao banheiro e me olhei no espelho de corpo inteiro que tinha ali... Eu tinha muitas melhorias a fazer... Depilei as pernas e tirei as sobrancelhas, entrei na banheira com água morna e fiquei ali até ficar fria... Lavei bem os cabelos com meu xampu de damasco e usei meu sabonete de morango com chantilly, me enxuguei, enrolei a toalha nos cabelos e espalhei hidratante por todo o meu corpo... Não que eu esperasse que acontecesse alguma coisa entre nós dois àquela noite, mas eu gostaria de estar preparada para tudo!

Peguei o secador na mala e sequei meu cabelo... O horário avançada rapidamente... Eu me vesti e coloquei a chapinha para esquentar enquanto eu fazia uma maquiagem básica: lápis de olho, rímel e batom. Sem exageros, mas ainda assim, sem ser desleixada.

Passei o pente pelos cabelos, desembaraçando-os e comecei a alisá-los com a chapinha já aquecida, quando novamente escutei alguém a minha porta.

- Pode entrar – eu disse novamente.

- Ny-chan? – a voz deliciosa de Kouyou soou hesitante.

- Aqui no banheiro... – eu disse, saindo com metade do tronco pela porta e lhe sorrindo. – Só estou terminando de fazer chapinha, Kou-chan... Pode esperar um segundo? Prometo que não demoro...

Kouyou assentiu, parecendo um pouco perturbado e se jogou em minha cama, arrumando o terno preto e a camisa branca por baixo. Céus, como ele estava tentador...

- Seu cabelo não é naturalmente assim? – ele perguntou depois de um tempo em silêncio, em que ele olhava a TV ligada desatento.

- Não... Não é... – eu dei risada e me surpreendi quando ele apareceu por trás de mim.

- Ah... Que inveja... – ele suspirou e eu o encarei pelo espelho, questionadora.

- Inveja do quê?

- Você consegue fazer isso sozinha, em si mesma... Sabe de quantas staffs eu preciso pra arrumar meu cabelo? – ele deu risada.

- Mas seus penteados são muito mais elaborados e complicados mesmo... Eu nunca conseguiria fazer aquilo sozinha... Mal sei fazer isso aqui... Só me ajuda a não sair completamente desalinhada... Prontinho... Apresentável? – brinquei e ele fez uma cara pensativa. – O que foi? – eu perguntei preocupada. – Está muito simples? Eu sabia que não conseguiria... – ele balançou a cabeça negativamente, sorrindo na minha direção.

- Está... Está ótima, Sereny-chan, desesperada...

- Desesperada nada! – eu fiz um bico e ele gargalhou. – A cara que você fez foi realmente... Preocupante... No que estava pensando?

- Em... Nada não... Então, vamos? – ele perguntou com seu sorriso lindo, quase me fazendo esquecer que ele estava se esquivando de minhas perguntas.

- Hai... – eu respondi timidamente, pegando um colar sobre a cômoda e colocando em meu pescoço e minha pequena bolsa.

Kouyou não disse muito durante o caminho até o bar dançante que ele queria tanto ir. Dirigiu absorto em seus próprios pensamentos. O que eu não daria para ler aquela mente? O que eu não daria para saber o que estava se passando em sua cabeça naquele momento que o deixava tão calado?

Nós saímos do carro para o estacionamento e ele ofereceu sua mão com um sorriso sereno e amigável para mim antes de entrarmos... Um sorriso amigável demais para o meu gosto... Peguei em sua mão apressada, temendo que meus atos delatassem o que meus pensamentos diziam...

Era um lugar grande, uma enorme pista de dança, emoldurada por um balcão onde vários barmen se apresentavam, fazendo os drinks dos clientes. A música alta já fazia meu coração ribombar assustadoramente. Ou, talvez, fosse o fato de que lugares como aquele realmente me assustavam...

Kouyou me conduziu (ou a palavra mais adequada seria rebocou?) até o barman mais próximo e fez seu pedido. Eu ainda olhava admirada para as pessoas dançando quando ele me ofereceu um copo.

- Achei que fosse querer beber alguma coisa antes de dançar... – ele deu risada. – Você não pareceu conseguir raciocinar muito bem...

- Arigato, Kouyou... – eu disse ainda meio distraída e levei o copo à boca. Não era alcoólico, pelo que eu consegui identificar, mas não sabia dizer o que era. Eu devia estar mesmo engraçada tão abobalhada daquele jeito...

- Eu entendo agora por que não gosta de vir a esse tipo de lugar... – ele disse novamente divertido, bebendo de seu copo, falando muito próximo ao meu ouvido para que eu o escutasse, apesar da música alta. Eu me virei para encará-lo nos olhos, com muita dificuldade, já que as luzes diminuíam e eram substituídas por luzes coloridas que piscavam. – Você parece assustada...

- Não é muito minha praia... – eu confessei e terminei meu copo, colocando sobre o balcão. – Fico bastante intimidada...

- Eu percebi... – ele deu risada e ofereceu seu copo para mim. – Dê só um gole... Pode lhe dar... Um pouco de confiança...

- O que tem ai dentro? Outra personalidade? – eu brinquei, pegando o copo que ele oferecia e dando um gole. – Que pena... Ainda sou eu... – me lamentei.

- Eu não lamento por isso... – ele disse e eu senti minhas faces queimarem violentamente. Ainda bem que ele não poderia reconhecer a tonalidade avermelhada em meu rosto pelas luzes que piscavam loucamente em sincronia. – Devia estar mais confiante... Você está... Realmente... Estonteante...

- Arigato, Kou-chan... – eu disse e sabia que minhas faces ficaram ainda mais vermelhas. Talvez agora ele percebesse a diferença gritante em minha tonalidade de pele...

A música se tornou completamente dançante e eu vi os olhos de Kouyou acompanharem os casais na pista se aproximando. Ele finalizou seu drink e passou o braço pela minha cintura, me conduzindo sem nenhuma palavra para lá. Minha respiração falhou quando nossos corpos se colaram e ele começou a me guiar pelas notas da música que tocava sensual. Meus olhos teimavam em não permanecer abertos por muito tempo, eu estava tensa, com medo de errar os passos e pisar no pé dele...

- Está nervosa? – ele sussurrou ao pé do meu ouvido e eu engoli em seco.

- Só um pouco... – eu confessei novamente, mordendo o lábio inferior para reprimir um gemido que queria sair junto a minha voz.

- Só sente a música, Ny-chan... Não tem mais nada além disso... Só você e eu aqui... Esqueça todos os outros... Esqueça qualquer problema, qualquer medo... Não tem como dar alguma coisa errada se você só se deixar conduzir pelas notas da música... Deixe que a melodia guie você... Deixe que seu corpo siga o balanço junto do meu...

Meu coração falhou uma batida... Ou foi uma dúzia delas? Eu queria me concentrar para saber se ele ainda estava batendo ou se eu tinha desfalecido nos braços dele, mas tudo que minha mente detectava era a proximidade do corpo do guitarrista e que a música alta preenchia todos os meus pensamentos e ocupava todo o espaço das batidas frenéticas de meu coração. Eu ainda não respirava direito quando senti Kouyou me girar levemente em seus braços, senti seu sorriso na curva de meu pescoço.

- Isso... Não precisa se preocupar com nada... – ele sussurrou em meu ouvido e eu não consegui conter um sorriso.

- É fácil ficar mais calma quando você diz que todos os outros desapareceram... – ele gargalhou baixinho.

- Pensei que eu tivesse alguma coisa a ver com isso... Vejo que me enganei...

- Como assim? – perguntei, nem me lembrando mais que ainda estávamos dançando, que ainda estávamos em meio a vários outros casais que rodopiavam como nós dois.

- Pensei que tinha ficado tranquila por minha causa... – por alguma razão, achei que ele estava envergonhado e entristecido Eu devia mesmo parar com minhas suposições antes que começasse a andar pelo vale obscuro da decepção...

- E por causa de quem mais seria? – eu não consegui conter minhas palavras de saírem pela minha boca mesmo que ofegantes demais.

Kouyou riu baixinho e ficou em silêncio como se refletisse, ou essa era apenas a minha impressão. Ele podia apenas ter dado o assunto por encerrado ou seus pensamentos podiam ter voado para longe... Quem sabe na presença de uma pessoa diferente de mim?

Nós dois dançamos cinco músicas em completo silêncio e ele nos conduziu novamente ao balcão de bebidas, pedindo um novo drink e se virando para mim, olhando para meu rosto, mas talvez sem realmente me ver, tentando ver além de mim, além de minhas expressões, além de minha presença ou de minhas atitudes... Ele podia querer ver minha alma...

- Você está preocupado com alguma coisa... – eu disse prestando atenção a sua expressão reflexiva.

Kouyou deslizou as costas de sua mão por meu rosto por um tempo ainda em silêncio em que me perguntei se ele tinha ouvido o que eu dissera. A música estava realmente alta.

- Eu estava me perguntando... – ele disse e deslizou a ponta de seu indicador por meus lábios. – Se eu estou conseguindo fazer você se divertir...

Fechei os olhos e ofeguei o mínimo que consegui àquele toque tão delicioso em minha pele... Minha reação o fez afastar a mão lentamente, voltando a apoiá-la no balcão às suas costas distraidamente.

- Isso o preocupa? – eu perguntei e ele assentiu, dando mais um gole em seu copo. – Pode até parecer estranho... Mas eu realmente estou me divertindo, Kou... De uma maneira que eu desconhecia completamente... Arigato gozaimashita por me convidar esta noite...

- Não, Sereny... Eu é que estou muito grato por você ter vindo hoje comigo... Eu que devo lhe agradecer por me acompanhar esta noite... Por dançar comigo e por fazer companhia a esse velho guitarrista...

- Velho? – eu ironizei e ele deu de ombros.

- Jovem eu já não sou há cinco, seis anos... – nós dois rimos.

- Está sendo bobo novamente... – acariciei seu braço lentamente e ele segurou minha mão com a sua, deslizando suavemente seu dedo por sobre os meus.

- Você dança de uma maneira encantadora, sabia?

- Você foi um ótimo professor... – tentei fazer piada, mas eu realmente ficava hipnotizada demais por ele quando estávamos assim tão próximos para conseguir dar o sentido certo as minhas intenções.

- Eu costumo ser ótimo em tudo o que faço... – ele deu de ombros com um sorriso brincalhão. Eu não tinha como discordar do que ele dissera, mesmo que o loiro a minha frente tivesse dito apenas por brincadeira. Ele era sempre perfeito... – Já está com sono? Ou podemos dançar mais um pouco? – seu jeito doce de me perguntar fez meu coração se derreter em um sorriso que estampou meu rosto. Eu dançaria pelo resto da minha vida com você, Kouyou... Tudo o que precisava fazer era me pedir...

- Podemos dançar... – minha voz saiu sussurrada, mas ele entendeu o que eu dizia mesmo sem ouvir apenas pelo meu gesto.

Ele segurou minha mão e me guiou novamente pra pista de dança. Enquanto ele me girava em seus braços, eu pensava sobre o que Akira tinha me dito... Sobre Kouyou estar apenas esperando por um sinal meu para que ele desse o primeiro passo... Pensava em como expressar a Kouyou tudo o que eu sentia... Pensava em como lhe dizer tudo o que estava em meu peito e lhe explicar das maneiras mais poéticas que conseguia que não era só uma coisa doida de uma fã e um ídolo... Procurava desesperadamente as palavras para usar, a maneira correta de fazer aquilo, a deixa que eu precisava para entrar naquele assunto com ele...

Mas, naquela noite, não houve deixas... Não encontrei novamente as palavras... Não tive coragem de lhe confessar que eu só sabia que estava viva por causa dele... Tudo o que houve entre nós dois foram os murmúrios melodiosos das notas pelas quais dançamos... As notas mudas da canção que inventávamos sobre se apaixonar...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

mereço reviews?

a próxima fanfic se chama "Reila"



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Razão Para O Meu Mundo Girar" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.