O dia amanhecera nublado ainda assim o homem sorria.

Sentado em sua varanda desfrutando uma xícara de chá, ele inspirava com força o ar da manhã e a sensação que tinha era como se estivesse voando.

Nenhuma dor. Nenhum mal estar. Nenhuma tontura. Era apenas um homem que respirava.

Para muitos, isto não significava nada, mas para alguém como Ukitake significava praticamente tudo.

Estava tão extasiado que não se dera conta que um objeto voara para dentro de sua varanda e estilhaçara a vidraça.

Ukitake voltara para o que acontecera quando um menino gordo, baixinho, com o rosto coberto de sardas viera até sua varanda com outras duas crianças o puxando pelos braços e pela cintura.

A menina era ruiva, magrinha com o rosto encoberto de sardas e o outro tinha a pele mais clara, cabelos negros desgrenhados, olhos cor de chocolate.

_ Não vai não, ele vai degolar. - O garoto falava em um tom sombrio enquanto a garotinha com as mãos trêmulas apenas fazia força para deter seus braços, pois estava ocupada em chorar.

_ Não me impeçam aquele é nosso único brinquedo… Foi um presente de meu avô e eu não quero perdê-lo para um capitão de merda... - O garoto calara-se em choque quando uma sombra envolvera as três crianças.

Ukitake havia se aproximado e ouvido a forma grosseira como o garoto havia se referido a ele, mas não fora isto que chocará as crianças e sim o fato de que Ukitake com um sorriso lhes alcançava a famosa bolinha que não passava de um punhado de meias enroladas.

_ Aqui esta seu brinquedo. - Ukitake dizia aumentando ainda mais o sorriso.

Aquele que até então vinha sendo segurado fora o primeiro a fazer um movimento para pegar o objeto.

Ele o fizera estudando muito bem as feições de Ukitake.

Como se a qualquer momento a postura educada e gentil do homem fosse mudar para se transformar num destes shinigamis que dizem protegê-los, mas os condenam a uma vida de miséria e sofrimento.

_ Arigatô… - O menino dissera com as bochechas vermelhas, seus olhos contemplaram os arredores. A frente tinha um gramado com várias árvores de Sakura e Bordôs chineses. O gramado era verde e muito bem aparado. Mas, no que os olhos do garoto se demoraram foi na mesa de chá muito bem servida com bolinhos, frutas, alguns doces convidativos.

Percebendo isto Ukitake não hesitou em oferecer-lhes:

_ Que tal uma xícara de chá? - O homem falara de forma branda.

As crianças se entreolharam mais uma vez. Mas, no fim cederam e não eram seus estômagos roncando que os convenceu. Havia algo de apaziguador no homem que inspirava confiança, fazendo com que as crianças confiassem nele quase como se fosse um velho amigo.

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_ E então oji-san por que está sorrindo como se fosse um bobo? - O gordinho gordo quis saber sem deixar de contemplar os arredores.

Desde que chegara a Soul Society aquela era a casa mais bonita que ele conhecia em todo bairro.

_ Qual o seu nome? - Juushiro perguntou educadamente enquanto servia o chá.

_ Meus amigos me chamam de Pepé... - O garoto disse dando de ombros. - Este é o Kikito e ela é Cora.

_ Prazer em conhecê-los meu nome é Juushirou Ukitake.

_ Sabemos quem você é... - Quem falava agora era a menina dizendo em um cochicho. - Você é um deles... - Ela comentou em meio a um tremor em referencia aos treze capitães da Gotei.

_ Só que bem menos assustador. - Kikito completou num fio de voz.

_ Sim, esse sorri como um bobo.

Pepé falara dando uma gargalhada espontânea sendo acompanhado pelas outras crianças.

_ Você sempre fala o que lhe vem na cabeça Pepé?! - Quis saber Ukitake tocando a cabeça do garoto rebocando seus cabelos empalados de terra e suor. O garoto parara de rir e ficara sério porque Ukitake estava sério também.

Mas, logo caiu na risada por que Ukitake também caiu na risada.

_ Olhe só depois oji-san que é um bobo! Pepé tá ficando igual. - Kikito falava com um sorriso.

_ Vai ver é contagioso. - Cora completou mais interessada em encher a boca com bolinhos.

_ Sabem por que eu sorrio tanto? - Ukitake falava agora em tom confidencial. As crianças prestaram a atenção no homem. Seu semblante tornara-se triste e isto de alguma forma contagiava seu sorriso que murchara em seu rosto dando-lhe um aspecto sombrio.

_ Por que é um bobo? - Kikito falara num impulso levando um olhar feio de Pepé e Cora.

_ Por que aprendi a desfrutar os momentos em que posso fazê-lo. Desde que tinha a idade de vocês tenho uma doença nos pulmões que me deixa acamado a maior parte do tempo. Então toda vez que posso estar de pé aproveitando os per menores de um dia seja de trabalho seja de folga, eu sorriso por GRATIDÃO.

_ Neste momento a boca das crianças fez um "O" de admiração.

_ Mais chá? - Ukitake ofereceu talvez as crianças não pudessem compreender o teor de suas palavras.

Kikito e Cora aceitaram, mas Pepé ficara pensativo.

_ Juushirou-sama... - O garoto começara falar, mas fora interrompido pelo pedido do capitão.

_ Juushirou-san está de bom tamanho Pepé. - O garoto o fitou como se não compreendesse suas palavras. - Chama-me de Juushirou-san.

_ Hai. - O garoto dissera com as bochechas vermelhas.

_ Juushirou-san... - O garoto tornara a falar como se lembrasse de algo muito importante. - Se o senhor é doente desde pequeno então do que você brincava quando era criança? Quer dizer você já jogou alguma vez...

Ukitake ficara quieto alguns momentos, mas dera mais um de seus sorrisos antes de tornar a falar, mas antes de conseguir falar uma brisa soprara com insistência fazendo-o levantar repentinamente.

_ Por que vocês não entram comigo? Isto é se tiverem paciência para ouvir o que um bobo sorridente tem para contar...

Mais, uma vez as três crianças se entreolharam apenas pelo costume, pois neste jogo de olhar a resposta seria sempre a mesma.