Paws - Um Amor de Cão escrita por FireboltVioleta


Capítulo 3
O dia em que o cachorro ficou


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas!
Novo capítulo para vocês, meus amores



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Acordei sem a mínima vontade de sair da cama.

Ainda encasulada em meu edredom, resolvi ver se estava tudo bem com Teddy.

O cachorrinho ainda estava dormindo, acomodado confortavelmente dentro da caixinha forrada que papai arrumara para ele no dia anterior.

Não fosse minha decisão ferrenha de não ficar com o cachorro, eu até que consideraria cuidar dele. Era provavelmente um daqueles cães de caça pequenos, embora eu ainda não conseguisse me lembrar de qual raça era. Sempre disseram que eram ótima companhia.

Balancei a cabeça. Isso não importava. Assim que conseguisse me forçar a sair da cama, ia leva-lo direto para o centro canino.

Virei para o outro lado, pensando se conseguiria dar mais um cochilo.

Foi quando uma nuvem branca voou acima de mim e aterrissou no colchão, ao meu lado.

Guinchei, assustada.

– Teddy!

O cachorrinho pulou na cama, latindo animadamente.

– Não, não! –bufei, gesticulando – desce! Pode descer!

Teddy nem ouviu – ou se ouviu, ignorou completamente. Simplesmente sentou e ficou me encarando, com a língua pendurada para fora do focinho, sendo a personificação da euforia.

– Já vi que não foi adestrado – revirei os olhos – passa, vai, Teddy.

Eu estava tão desanimada que mal tinha vontade de realmente enxota-lo. Escondi-me debaixo das cobertas, emburrada.

O que não adiantou nada, já que Teddy se arrastou por baixo das cobertas com a maior tranquilidade do mundo e continuou me encarando com aquela cara de quem quer ir brincar no parque.

– Me deixa, cachorro.

Para minha perplexidade, Teddy se aninhou em meu colo, ainda sem tirar os enormes olhos de mim.

– O que você quer? – bocejei.

Conformando-me com a presença nada sutil de Teddy, resolvi afagar suas orelhinhas, pensativa.

Ele pareceu gostar do afago, já que ergueu a cabecinha e se encolheu ainda mais em meu braço, como se pedisse colo.

– Nâo. Fique quietinho aí – resmunguei.

Ah, não. Aquilo não era bom. Nada bom.

O cachorrinho devia estar pensando que ficaríamos com ele, e isso não ia acontecer.

O problema é você explicar isso para um animal irracional.

– Não vá se acostumando, viu? – parei de fazer carinho nele – você não vai ficar muito tempo, seu bagunceiro.

Fiquei espantada quando Teddy abaixou as orelhas numa expressão magoada, como se realmente tivesse entendido o que eu havia dito.

– Ei, não me olhe assim – eu mesma já estava me sentindo culpada – eu não posso cuidar de você, tá legal?

Quase ri quando o cachorro continuou me fitando inexpressivamente, como se perguntasse ”e por que não, garota?”.

Bocejei de novo, ainda dopada de sono.

– Ah, eu vou tomar café – levantei, tirando a coberta de cima de nós dois e fazendo Teddy ganir de susto – depois eu vejo o que faço com você, Teddy.

Saí da cama, colocando meus chinelos e tentando esquivar do cachorro que desceu correndo da cama, tentando me seguir.

Fiquei com raiva de mim mesma. Meu gato de estimação, que passou cinco anos da minha vida me fazendo companhia, tinha me deixado há menos de dois dias. E agora, eu já me via afeiçoada por aquele cachorrinho pentelho. Aquilo era tão errado... chegava a ser injusto coma memória de Bichento.

Mas e se aquele cãozinho realmente quisesse ficar? Não que eu pudesse deduzir isso, mas alguma coisa em dizia que ele não queria sair daí.

Ah, que dilema...

_____________________O_____________________

Mesmo que Teddy fosse ficar mais algum tempo conosco, não tínhamos nada para acolhê-lo. E aquilo só me batucava mais na cabeça o fato de que eu não podia cuidar dele.

No café da manhã mesmo, eu me vi com esse impasse, já que, enquanto comia salsicha, o pobre cachorrinho ficava sentado ao meu lado, com a cara de pedinte mais desesperada que eu já vira em minha vida.

Antes que minha mãe desse chilique, movida por uma compaixão que me deixou ainda mais zangada comigo mesma, disfarcei e inclinei uma das salsichas para Teddy.

Tive que segurar o riso, quando seus dentinhos beliscaram meu dedo, quase me fazendo pular na cadeira.

– Ei – sussurrei, sorrindo.

Teddy inclinou a cabeça de, um jeito tão envergonhado que estava me dando vontade de aperta-lo.

Cachorro maldito.

Agora era certeza. Ele pressentia o que eu ia fazer, e o safado estava mais que disposto a me convencer que devia ficar.

Quando terminamos o café, subi de volta para o quarto, disposta a me trocar e – mesmo que miseravelmente –tentar levar Teddy para o canil, nem que fosse apenas para botar na cabeça do cachorro quem é que mandava ali.

Mas quando desci, Teddy estava exatamente no meio do caminho entre mim e a saída.

Sentado, estremecendo.

Suplicante, de um modo que eu nunca vira em nenhum outro cão.

Vacilei por um momento, ficando parada diante dele, apertando a alça da bolsa que carregava como se ela fosse um colete salva-vidas para minha covardia.

– Foi mal, Teddy – estava me sentindo cada vez pior – temos que ir.

A expressão de desolamento de Teddy quase fez meu coração explodir em mil pedaços.

O que me fez tomar a decisão final?

Não sei. E nem me importei muito na hora.

O fato é que decidi. Por mais que aquilo me doesse, eu decidi.

Peguei Teddy no colo, ignorando os guinchos desesperados dele.

– Mãe, vou sair – avisei, tentando ajeitar o cãozinho aflito em meus braços, sentindo o mesmo peso em meu colo desabar em meu peito.

– OK, filha. Tome cuidado.

Finalmente, saí com Teddy para fora, equilibrando-o num braço e com a bolsa de passeio no outro.

O cachorrinho olhou num átimo para a rua, e depois, de volta para mim, súplice, aparentando implorar por misericórdia.

– Bom, acho que não vai ter jeito, Teddy – suspirei – temos que dar um fim nisso.

Afaguei sua cabecinha, pensando que a decisão que tomara, de repente, não fora exatamente tão ruim.

– Muito bem, garoto.

Finalmente sorri, vendo Teddy abanar o rabinho em reação ao que eu disse em seguida... algo que pareceu me libertar das amarras do luto definitivamente.

– Vamos ao pet shop. Tenho que comprar algumas coisas para você.


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Notas finais do capítulo

Comentários?
Beijinhos e até o próximo capítulo!



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