Paws - Um Amor de Cão escrita por FireboltVioleta


Capítulo 16
Um adeus... que não foi o fim de tudo


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoinhas!
Novo capítulo para vocês! O antepenúltimo, aliás :3
Boa leitura!



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Quando chegamos em casa, o cãozinho em meus braços ainda dormia serenamente.

Despedi-me de Isabella e Julia, agradecendo por terem ficado comigo, e avisei aos meus pais que entraria em alguns minutos.

Porém, quando Gina fez menção de se virar para ir embora, eu a detive.

– Gina...

Ela se voltou para mim, encarando desanimadamente o cão em meu colo.

– Acho que... – engoli em seco – o efeito da poção deve estar... acabando... não é?

Ela assentiu tristemente, voltando a se aproximar e afagando suavemente o dorso do pequeno cachorrinho.

– Sei que pode parecer cruel agora – Gina deu de ombros – Rony não previu que você fosse ficar tão... afeiçoada á sua forma animal – mordeu o lábio, insegura – e duvido que Kingsley autorizasse a extensão do uso dela – ela me olhou – mas penso que pode ter valido a pena.

Concordei com a cabeça, suspirando.

Teddy havia, naquele breve período, diminuído meu pesar e me feito ver o mundo de uma forma completamente diferente. Mais que isso, também havia despertado em mim um carinho que eu só pensava poder compartilhar com o gato que um dia havia sido meu melhor amigo não-humano.

Entendia os motivos de Rony, e era eternamente grata por ele ter me fornecido aquela experiência tão maravilhosa.

Mas Gina tinha razão. Me despedir de Teddy ia doer demais, como se eu estivesse perdendo, outra vez, um amigo muito querido.

Era bobagem pensar nisso, claro. A mesma pessoa que residia no pequeno corpinho em meus braços era também o homem fantástico com quem eu sempre estaria ao lado.

Mesmo assim, a angústia me varreu, avassaladora.

Inclinei-o em direção ao meu rosto, beijando cuidadosamente sua testinha vincada.

– Vou sentir falta dele.

Gina pareceu perceber de quem eu realmente estava falando, pois sorriu de modo solidário.

– Ele fez tudo isso por que sabia que você estava sofrendo. Queria estar perto de você de um modo novo – o sorriso dela diminuiu um pouco – apesar de não ter previsto as consequências.

Balancei negativamente minha cabeça.

– Rony sabia o que estava fazendo – meus olhos ficaram úmidos.

Apertei levemente o cachorrinho em meu colo, encostando a cabeça em seu epscocinho peludo.

Gina não pareceu menos emocionada. Tentava fingir serenidade, mas seus olhos estavam tão inquietos quanto os meus.

– Adeus, Teddy... – solucei – você é mesmo um amor...

Antes que meu corpo me traísse, coloquei-o nos braços de Gina, sentindo meu peito se estilhaçar em mil pedaços.

Ela o aninhou em seu ombro, com cuidado para não acorda-lo.

– Fale que a poção já estava no fim – murmurei, abalada – que você teve de leva-lo embora antes que eu percebesse – baixei a cabeça – é melhor assim...

Fiz um último afago na cabecinha adormecida, finalmente me permitindo um sorriso.

– Vou fazer isso – Gina prometeu, usando o braço livre para segurar minha mão – você sabe que esse garoto te ama, não é?

Olhei para o cãozinho que havia roubado meu coração de modo irreversível, tal como conseguira fazer, há tanto tempo, na forma humana.

– Claro que sim.

Gina apertou a mão que segurava.

– Bem... acho que até amanhã, então.

– É – abracei meu próprio corpo, por fim dizimada com a falta de Teddy recostado á minha pele – até amanhã.

Ela me deu um último aperto, antes de se virar e descer a calçada, indo em direção á rua.

Acenei para Gina, sem conseguir tirar os olhos do animalzinho em seus braços.

E, enfim, quando a silhueta dos dois desapareceu na esquina, deixei as lágrimas insistentes em meus olhos finalmente escorrerem por meu rosto.

_____________________O_______________________

Papai e mamãe estranharam quando entrei sozinha.

– Querida...? – ela me olhou, confusa – onde está Teddy?

Enxuguei a bochecha que ainda estava molhada com minhas lágrimas.

– Ele foi embora – falei num fiapo de voz – se foi.

Eles não pareceram entender o que havia acontecido, mas, para minha gratidão, também não pediram explicações, enquanto mamãe me envolvia num abraço.

Choraminguei no ombro dela, arrasada.

– Ah, minha menina... eu sinto muito.

Ergui a cabeça, me afastando quando mamãe terminou de me abraçar.

– Vou subir – avisei-os.

Mamãe percebeu a insinuação em meu olhar, já que não discutiu. Assentiu, afagando meu braço de modo consolador.

Subi as escadas em silêncio, com os dois ainda me acompanhando com o olhar.

Meu quarto parecia mais escuro e menos aconchegante agora. Era impossível não perceber o quanto algo faltava ali.

Com os olhos ameaçando marejar outra vez, apanhei a pequena coleira que jazia em cima da caminha de espuma, ao lado de minha cama.

O cheirinho do xampu canino que eu havia comprado ainda estava no objeto, trazendo todas as lembranças dos últimos dias de volta á minha mente.

Sorri ao me lembrar da corrida louca que Teddy me envolvera com os patins, quando usei a guia pela primeira vez.

Deitei na cama, ainda segurando a guia colorida em minhas mãos.

Ele havia adorado a fazenda e seus animais... agora recordava o seu olhar maravilhado para todo aquele mundo novo.

Imaginava que a própria experiência como cão devia ter sido, para Rony, tão maravilhosa e inesquecível quanto sua presença ao meu lado foi para mim.

Também me lembrei de sua atitude defensiva e furiosa contra Stuart, e me peguei decepcionada comigo mesma por não ter percebido a ameaça. Cachorros sabiam muito bem quando os humanos tinham más intenções, e Teddy era uma prova viva disso agora.

Tanta coisa havia acontecido... eram recordações que provavelmente me acompanhariam pelo resto da vida, me fazendo rir e chorar, toda vez que eu me lembrasse delas.

Meu coração ainda pesava, vazio e dolorido naquela parte indissolúvel que pertence apenas aos animais de estimação que atravessam nossas vidas.

Mas eu não podia mais dizer que estava infeliz. Assim como Bichento, Teddy me dera a melhor experiência que uma dona de mascote poderia ter.

Mais do que um animal de estimação, eles haviam sido verdadeiros amigos.

Fechei os olhos, passando os dedos pela extensão da guia em minhas palmas, e sentindo meu peito começar a se aliviar.

Teddy havia partido. Meu querido cãozinho não voltaria mais.

No entanto, por mais estranho que fosse, eu sabia que aquilo não fora um adeus...


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Notas finais do capítulo

Então? O que acharam?
Beijinhos e até o próximo capítulo!



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