Ao Pôr do Sol escrita por Vick Alves


Capítulo 21
Noite de Sonhos Perdidos


Notas iniciais do capítulo

Depois de um dia inteiro na praia, Thomas volta a chamar Ashley para sair, só que dessa vez pode não sair como esperado.
Personagens:
Ashley,
Connor,
Thomas,
Tiffany,
Bryan.



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Eram quase vinte e três horas, Ammy iria passar mais uma noite inteira trabalhando, isso significa que eu terei que ficar com o Connor – pelo menos é o que ela acha que eu vou fazer. Pego Connor que está encolhido nos meus pés como sempre, e o levo até o quarto de Ammy o jogo na cama, beijo delicadamente a testa dele. Pego o celular e mando uma mensagem para Thomas:

AshCuspi: Tudo certo.

Thomate: Já estou indo.

Thomas havia me chamado para um lugar que novamente seria uma surpresa, eu já percebi que ele é um desastre com surpresas, ou precisa me conhecer melhor e saber que não é esse tipo de lugar que costumo frequentar. Havia separado algo que especial; o meu velho blusão moletom, calça jeans rasgada nas pernas desde o dia que eu levei o segundo maior tombo do século e o meu velho tênis com um chiclete grudado. Ligo o abajur, e me despeço de Connor:

– Eu te amo, praguinha.

– Eu também tia Ash.

Logo eu ouço a buzina do carro de Zoe, pego a bolsa e saio apagando todas as luzes exceto a da sala. Thomas está no gigante carro de Zoe, ele deve ter mandado fazer algo com o banco que eu molhei ontem, com certeza foi isso. Eu entro no carro e o cumprimento com um beijo e ele logo dá partida ainda sem nenhuma palavra, os lugares ficavam se passando na minha cabeça, porém ainda nenhum me parece real, desde que você não acredite nesse negocio de Alice no País das Maravilhas, é claro. Ele dirige em direção ao centro da cidade, perece o famoso bairro de Holly, quando ele estaciona num bar. Acredite, era um horrível bar. Na porta havia milhares de motoqueiros com suas motos que pareciam mais robôs monstros, milhares de universitários fracassados, também tinha vadias que não paravam de olhar para Thomas – até eu arrancar os olhos delas. Um posso de sonhos perdidos, aquilo seria uma noite de sonhos perdidos. Eu desço do carro obrigada pelo o impulso de não ter que voltar para casa ou fazer com que Thomas ficasse decepcionado comigo.

– Legal – eu minto.

– Legal – ele concorda.

Entramos, e logo sentamos numa mesa perto da janela, o lugar era extremamente abafado. Tinha chiclete grudado debaixo da mesa, um buraco no estofado do banco e mesa grudava de algo que me parecia milk shake derramado. Quando uma garçonete que me parece ter nossa idade se aproxima, enquanto isso eu torço para aquilo debaixo da roupa dela seja uma melancia não um bebê que ela esteja esperando, mas cada vez mais perto eu posso ver que é um bebê.

– Os senhores querem o que? – ela pergunta simpaticamente com a voz falha.

– Sundaes, batatas e refrigerantes – Thomas pede.

Ela logo saiu e trás os lanches, Thomas começa a comer desesperadamente enquanto eu observo a garçonete; ela está com os cabelos curtos e com mechas rosa, seus olhos começam a marejar aca vez em que ela acaricia a barriga com delicadeza. Sarah Thoner é o nome dela – pelo menos é o que está escrito no uniforme. Ás vezes ela vira o olhar para nós e dá curtos sorrisos como quem se lembra de algo com isso. Eu tento disfarçar, pegando todas as vezes que ela vira para nós uma colher de sundae.

– Ashley, você vai acabar com o sundae? É que eu nem tomei ainda.

– Nã-não, é-é claro que não – eu o respondo com os olhos em Sarah.

Ele passa por debaixo da mesa para sentar-se ao meu lado, logo me beija a bochecha e puxa o sundae da minha mão. Puxa o meu pé para o seu colo, quando puxa a caneta que estava na mesa sob a conta e escreve: “Amor” no pé direito e “foda” no pé esquerdo. Eu me viro para ele e dou uma leve risada enquanto esmurro seu ombro. Quando paro de esmurrar o beijo, mesmo assim consigo ver no olhar dele que sabe o que há de errado.

– Ashley, o que você tem?

– Nada, por quê? – eu o respondo rindo.

– Parece que está em outra direção, nem se incomodou com as tartarugas na mesa e desde que chegou não tira os olhos da garçonete.

Eu demoro um pouco para pensar numa boa resposta, mesmo sabendo que vou fazer burrada.

– Acho melhor irmos embora, isso não é lugar para mim. Na verdade não é lugar para nós.

Eu me levanto, ele me segue até o caixa onde a mesma garçonete que está atendendo, até um retardado passar na nossa frente. Ela logo entra em pânico e percebo que seus olhos voltam a marejar, a longa discussão de casal bem na nossa frente e sem podermos fazer nada, Thomas me olha um pouco intrigado com a situação, a vontade dele é de bater naquele cara. As coisas que aquele homem fala são horríveis do tipo: “Quero que aborte até amanhã, não quero que vire problema na minha vida!”, sinto meus olhos começarem a marejar também. Quando finalmente o home se fira parecendo sair da fila, ele me empurra fortemente fazendo-me cair por cima das cadeiras. Thomas não deixa por barato e logo vai o enfrentar:

– Vai ficar derrubando as minas assim no chão? Sem saber quem é, seu filho da puta?

– Com quem você está falando? – Ele pergunta apontando o dedo indicador no rosto de Thomas.

Thomas não suporta e dá um soco no nariz dele, que também não deixa por em vão e desconta com o dobro. Eu percebo a confusão que vai se formar e interfiro já deixando algumas lágrimas escaparem nos cantos dos olhos, o homem vira com um tapa no meu rosto me fazendo cair novamente, ele esmurra incansavelmente o rosto de Thomas que tenta revidar, mas é impossível com um cara que parece mais uma muralha do que eu ser humano. Eu me levanto novamente tentando conter o sangue que escorre do meu rosto, e novamente entro na frente deve tentando proteger Thomas.

– Pare, pelo o amor de Deus! Ele está muito machucado, não o machuque mais! Eu te imploro, não o machuque.

Ele finalmente para de bater em Thomas, eu me ajoelho perto dele e tento conter o sangue que escorre do nariz, quando aparentemente o patrão chega irritado com a situação.

– Que bagunça é essa Tiffany?

– Eu não sei o que aconteceu, fugiu do meu controle... – ela se desespera – eu posso ir?

Ele suspira e volta a olhar o relógio, enquanto Thomas se levanta ainda bem machucado, eu o apoio no ombro e consigo o fazer sentar na cadeira.

– Pode, mas depois não volte mais!

As lágrimas começam rolar pelo o rosto dela, mas ela não tenta o fazer mudar de ideia pois sabe que será inútil. Eu pego as chaves no bolso de Thomas e o ajudo a caminhar até o carro, enquanto ainda observo Tiffany ou Sarah, ou sei lá que pobre ex-garçonete é aquela.

– Está feliz Bryan? Obrigado por acabar com tudo – ela diz atendo forte no peitoral dele.

Eu abro a porta do carro e coloco Thomas delicadamente, entro e dou partida tentando me lembrar como é que se dirige um carro daquele. Até ver que ela descia pela rua chutando cada pedra que encontrava pelo caminho, eu paro o carro na sua frente e logo ela percebe que é para entrar e entra.

– Obrigada, por me defender hoje. Me desculpa pelo Bryan, ele é um...

– Não precisa me contar sobre isso. Onde você vai descer? – eu a pergunto.

– Logo ali na frente – ela diz apontando para o ponto de ônibus.

Eu logo estaciono no local indicado por ela, ela desce e eu espero até que Thomas tenha coragem para falar sobre o que ouve naquele lugar.

– Ash, eu...

– “Ash” é o caralho, eu vou te levar para o hospital que acho que você merece uns pontos. Foi muito perigoso o que fez hoje, eu fiquei com medo dele te machucar mais.

Ele fica um tempo em silencio e logo volta e me olhar, abre um sorriso em meio ao sangue.

– Então você me ama...

– Isso não é algo de que deva se orgulhar, mesmo assim eu estou muito irritada. E eu senti o flerte no ar, sem flertes.

Eu logo estaciono em casa, desço do carro ainda ajudando ele. Logo entro em casa já revirando tudo até encontrar o kit de primeiros socorros, o sento na cadeira e logo começo a limpar o seu machucado delicadamente.

– Vai arder – eu o aviso.

Logo ele começa a choramingar de dor, quando finalmente eu termino de limpar dou um leve beijo no canto do olho dele, que retribui me pegando no colo e me enchendo de beijo. Eu laço o seu pescoço virando para ele e me pendurando, observando que finalmente ele deixou de sangrento para machucado – de Carrie a Estranha para Exorcista -, mesmo assim tem estampado um sorriso cativante no rosto.

– Deixe eu limpa-la agora.

Ele tira o lenço de dentro da caixa e mais delicadamente do que eu começa a limpar o canto do meu olho e as partes onde escorriam o sangue, mesmo com aquela situação minha vontade era de rir vendo o jeito que ele limpava os machucados.

– Agora sim é a Ashley – ele suspira jogando o lenço fora. – Como vamos explicar isso?

– Eu não sei, só sei que você é muito retardado de brigar daquele jeito. Mesmo assim obrigado por me defender, mas não é assim que se defende uma skatista.

Ele assente e ri já dizendo:

– Tem razão, não é assim que de defende uma skatista. É assim que se defende quem se ama de um jeito diferente.


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Notas finais do capítulo

Continua: Sendo programado...
Oi pessoal, quero dar um olá para a nova leitora que suponho que quando ela chegar á esse capítulo já será velha, mas seja bem- vinda Gabi!
O que acharam desse capítulo? O que acham que vai acontecer?
Sem vácuo por favor!
Para as pessoas que também leemleram "Touch Of Stars", eu não tenho nada contra Bryan's okay? É somente o nome que veio na minha cabeça no momento. Bryan, para quem não lê é também o nome do ex-noivo da Charlotte.



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