Ao Pôr do Sol escrita por Vick Alves


Capítulo 11
Doces Lembranças


Notas iniciais do capítulo

Em plena semana de natal, Ashley resolve voltar ao passado que guarda incríveis lembranças que são impossíveis de esquecer.
Personagens:
Ashley,
Thomas,
Ammy.



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Quando eu acordei Thomas não estava ao meu lado, eu estava jogada no sofá e pela primeira vez o sol não estava no meu rosto. Connor continuava nos meus pés e Ammy no outro sofá lixando as unhas enquanto conversa ao telefone, deve ser Zoe, não, com certeza é Zoe. Eu me levanto e sinto que meus cabelos estão horríveis então passo a mão para os arrumarem um pouco, quando eu ouço a voz de Thomas na porta e corro para o banheiro, que horror ele me ver desse jeito. Tranco a porta e me encosto-me a ela para ouvir a conversa dele e de Ammy.

– Thomas, antes de deixar esses enfeites aqui eu quero te contar uma coisa – Ammy diz. – Neste ano não poderei comemorar o natal junto á vocês, Ashley odeia o natal por meu pai ter morrido numa noite de natal. Espero que Zoe não se importe.

– Não há problema, eu posso deixar essas coisas no meu quarto.

Eu não acredito que Ammy disse aquilo, agora não falta mais ninguém para saber que sou uma... Acho melhor deixar quieto.

– Antes de sair eu quero conversar com você, é sobre Ashley.

Pronto, agora eu estou incrivelmente lascada. Desde que eu me lembro por gente Ammy sempre acaba falando besteira e sempre quem acaba se ferrando sou eu. Como na vez que eu peguei a dentadura da vovó porque me achava banguela demais, eu só tinha seis anos, não sabia que ela precisava daquilo para comer e muito menos que era tão nojento.

– Quero pedir que não se apaixone pela Ashley, eu sei que é difícil... Ashley tem um brilho diferente das outras pessoas e isso a faz especial, e ela é mesmo especial – a voz de Ammy começou a tremer. – Quando erámos crianças, Ashley sempre me fazia sorrir naquele hospital. Eu tive leucemia dos seis aos treze anos, ela viajava mais de cinco horas para me ver e quando chegava me dava um abraço apaixonante e dizia que eu era a pessoa mais linda que ela tinha visto, mesmo eu estando careca. Houve uma vez que eu estava muito triste por estar daquele jeito, então quando meus pais saíram Ashley cortou seus cabelos que eram gigantes e colou na minha cabeça... Ela ficou mais de um mês de castigo por isso. Ela é sim essa pessoa que não se encontra em outro lugar, e quando ela ama alguém é para valer capaz de nunca deixar essa pessoa ir. Então não se apaixone por ela, se ela te amar não vai aceitar quando as férias acabarem.

– Isso é uma coisa que eu não posso te prometer...

Quando aquela conversa acabou as lágrimas já molhavam todo o meu rosto, eu sentei-me no chão incapaz de me levantar. Eu odiava sempre quando Ammy tocava nesse assunto, ela sempre fazia questão de contar aquilo para mostrar que era possível vencer. Eu me lembro de correr nos corredores do hospital quando a via, me lembro daquele sorriso gigante dela quando eu a abraçava, sim, eu ficava meses sem vê-la. Ammy dizia que quando me viu pela primeira vez, assim que eu nasci seu estado chegou a melhorar mais de cinquenta por cento, e foram as médicas que me apelidaram de Ammy-J logo que eu nasci. Eu me lembro de subir na cama dela quando estava desacordada, e toda estrela-cadente que eu via eu pedia para curar Ammy porque ela era minha melhor amiga além de ser minha irmã. Bem, isso antes de conhecer Scarlett.

Levantei-me e lavei o rosto e prendi o cabelo, quando abri a porta deparei-me com Thomas carregando uma caixa gigante cheia de enfeites de árvore de natal. Ele passou a mão em minha cabeça bagunçando meu cabelo, eu tirei a mão dele e sentei-me no sofá. Ele nem se dirigiu uma palavra a mim. E já saiu.

Ammy soltou a lixa e ficou me fitando, eu fingi que nem era comigo e virei o rosto até senti suas mãos em meus ombros. Ela sentou-se ao meu lado e ficou olhando no fundo dos meus olhos, agora era impossível de desviar o olhar.

– Eu fiquei sabendo que irá á um show no dia vinte e três, eu quero te dar esse dinheiro. Espero que te ajude. – Ela me entregou o dinheiro.

– Nossa Ammy, muito obrigada, nem precisava! Mentira precisava sim, mesmo assim obrigada.

Eu me joguei em seus braços aconchegantes, Ammy sempre teve o melhor abraço do mundo, pelo menos ao meu ver. Eu adorava abraça-la mesmo quando a vontade era me trancar num quarto e passar o dia inteiro chorando. Quando ela me soltou eu via as lágrimas que escorriam seu rosto, eram brilhantes eu sempre dizia que ela chorava diamantes por isso, ela acaricia meu rosto e solta a mão em meu ombro.

– Vai fazer oito anos não é Ammy-J? Querida, nós éramos tão inocentes! Eu fico triste por odiar o natal e odiar comemora-lo, mesmo assim eu espero que esse natal seja diferente para você.

– Será como todos, eu ficarei sentada no chão abraçando meus joelhos e chorando até p natal acabar. Papai não merecia aquele final tão cruel, eu não posso comemorar o dia que meu pai morreu.

Essa era uma das únicas coisas que eu e Ammy discordávamos, ela sempre cantava no coral da igreja em dias de natal e chegou a ser Maria no penúltimo ano escolar. Eu nunca fui, passava os dias de natal na casa da vovó comendo biscoitos e olhando as fotos antigas do papai as estragando com minhas lágrimas. Ammy se levantou pegando Connor que ainda dormia e disse:

– Se é uma coisa que eu lembro muito sobre meu pai, é que ele odiava ver sua pequena Ash chorando. Papai sempre amou o natal, e sempre quis que estivéssemos felizes nesse dia tão sagrado para ele... Não quero que estrague um dia que era importante para o nosso pai.

Eu entrei no quarto batendo a porta com toda a força, me joguei na cama afogando a cabeça no travesseiro desejando que aquele desentendimento não tivesse nunca acontecido. Quando eu ouço um barulho nas janelas, é Thomas, ele gruda o rosto do vidro fazendo careta. Fazendo-me rir, e me sentir mal por chorar. Eu abro a janela o deixando entrar, ele abre a janela e entra com um pulo e uma caixa gigante.

– O que há na caixa?

– É uma caixa de besteiras, coisas que eu guardava quando criança. Sempre que me sinto mal eu resolvo que devo vê-la.

Eu enxuguei as lágrimas e um sorriso tomou conta do meu rosto, ele começou a esvaziar a caixa que estava cheia de: Band-Aids, uma caixa pequena de casquinhas de machucados, uma bola vazia e algumas mascarás de carinhas horrorosas caseiras. Ele me entregou a caixa de casquinhas de machucado.

– Tem de qualquer dia que você imaginar. Me mostre algo que lhe dá uma lembrança!

Eu peguei os meus tênis que estavam debaixo da minha cama, realmente aquele tênis tinha lembranças maravilhosas da minha vida na minha cidade.

– O que ele guarda?

– Esse chiclete grudado nele foi do primeiro dia que eu matei aula, foi o dia mais incrível da minha vida!

Ele pegou uma caixa vazia e jogou papéis dentro.

– Nós vamos colocar nessa caixa as lembranças dessas férias, para que nunca você esqueça delas.

Eu assenti e ele me deu um leve beijo na testa, ele pegou as suas coisas e saiu pela janela.


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Notas finais do capítulo

Continua: Surpresa!!
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