Então os três primos se despediram de Hagrid, Dominique ficou ali perto da orla da floresta pois teria aula de Trato das Criaturas Mágicas, enquanto James e Fred voltaram para o castelo, rumando a Torre do Norte, pois agora teriam aula de Adivinhação. Entraram na classe da professora Doralice Trelawney, filha de Sibila. Os meninos ainda não tinham se acostumado com o excesso de perfume do ambiente e com a presença da lareira incomodamente quente. Eles não deram muito valor a aula, preferiram conversar sobre a festa no Salão Comunal da Grifinória na sexta-feira.

No dia seguinte, Rose acordou bem cedo e logo se dirigiu ao corujal, para mandar uma carta que escrevera na noite anterior, então pegou uma das corujas que a escola disponibilizava e amarrou em sua perna o pedaço de pergaminho, e com um pio a coruja marrom se despediu e saiu voando pela manhã gélida de outono. Por volta da hora do almoço, ela já havia chegado na residência dos Granger-Weasley, e Hermione a recebeu com carinho, ansiosa para ler notícias da filha.

“Mamãe,
estou com muitas saudades de você, papai e Hugo, apesar de nos termos visto há pouco tempo. Aqui em Hogwarts está tudo bem, exceto que recentemente descobri que na cozinha ainda vivem elfos domésticos que trabalham lá, pelo visto escravizados, fiquei preocupada com uma barbaridade dessas, mesmo depois de tudo pelos direitos dos elfos que a senhora já fez...
Além disso, o Alvo tá meio irritado esses dias, não gosta de ser comparado ao pai, e fica muito bravo e explosivo quando o fazem, e acho que está com ciúmes de James, não sei, acho que a senhora poderia pedir ao tio Harry para escrever mais para ele, por que às vezes acho que ele se sente deixado de lado,
Beijos,
Rosie”

Hermione ficou muito alegre em perceber que a filha se importava tanto com sua luta pelos direitos dos elfos, mas também ficou preocupada com o sobrinho. Harry ultimamente tem estado muito ocupado com o trabalho e vem deixando a família como segundo plano.

—Huguinho, estou em casa! - ela avisou para o menino que tinha passado a manhã em casa com a babá, mas não obteve nenhuma resposta - Hugo Charles! - chamou de novo depois de ter subido as escadas, e agora abria a porta do seu quarto, o garoto ruivo usava grandes fones de ouvido e estava concentradíssimo no videogame enquanto conversava com um amigo por ligação - Pelo amor de Merlim, menino!

—Peraí, mãe! - disse sem lhe dar atenção

—“Peraí” nada! - disse desligando a tv da tomada e fazendo as orelhas do filho ficarem vermelhas de aborrecimento - E não me olhe com essa cara!

—Mas eu estava quase ganhando a partida! - choramingou ele

—Hugo, não é porque você não pode mais estudar em escolas trouxas que pode passar o dia todo jogando videogame! Você tem que estudar em casa, assim como sua irmã fazia na sua idade... Por falar nela, ela me escreveu e disse que está com saudades...

—Rose é uma viciada em livros, já eu não preciso deles para ser inteligente, já nasci assim... - disse o menino com um sorriso no rosto fazendo com que a mãe gargalhasse

Hugo tinha começado a demonstrar magia, e como ainda não sabia controlá-la, precisava ser educado em casa, pois colocaria em risco o sigilo da comunidade bruxa se fosse para escola com crianças trouxas. Então ele teria que ser ensinado em casa, assim como a maioria das crianças bruxas.

—Eu não sei como ainda não criaram uma escola bruxa para crianças menores de 11 anos, assim eu te mandava pra lá e não precisava me preocupar! - resmungou Hermione - Se troque, filho, vamos almoçar na casa de tia Gina...

—Lily! - exclamou Hugo assim que chegou na casa dos tios, através da rede de flu, e encontrou a prima
que o abraçou com alegria

—Que bom que chegaram! - cumprimentou Gina alegre - Estávamos esperando vocês para o almoço...

—Rony e Harry não conseguirão vir de novo? - concluiu Hermione entristecida

—Não, o Ministério está exigindo muito deles sabe, estamos passando por uma fase delicada, você sabe, mas o ministro está controlando O Profeta Diário mais do nunca, com medo de que essas coisas vão a público... - Gina, como trabalhava nO Profeta como correspondente aos artigos de Quadribol estava bem ciente sobre o que acontecia por lá

—Como assim, mamãe?

—Lily, não podemos esconder de vocês que as coisas estão difíceis lá fora - Hermione se apressou em explicar, enquanto olhava da sobrinha para o filho - Desde que derrotamos Voldemort, como já explicamos para vocês, nem todos os ex-seguidores deles ficaram felizes com isso, e já tentaram fazer coisas que colocaram em risco a segurança da comunidade bruxa...

—Então os Comensais da Morte estão se reunindo de novo? - perguntou Hugo com o ar sombrio

—Não, não - negou Gina - Eles até tentaram, mas já faz um tempo... E a maioria deles ou está morto, preso ou muito velho! Mas ainda tem gente que tem essa mentalidade de que sangues-puros deveriam dominar o mundo, e suspeitamos que essas pessoas estejam agindo... Enfim, não sabemos de muita coisa também, isso é tudo que precisam saber...

As crianças se entreolharam um pouco confusas e preocupadas, entretanto já tinham tido conversas do tipo antes, sempre que possível os familiares explicavam à eles sobre sua jornada em derrotar o Lorde das Trevas. Durante o almoço não surgiu mais nenhuma pergunta, Hugo parecia faminto e não tinha tempo de falar pois estava ocupado demais com a comida. Depois da refeição ele e Lily foram para o quarto dela e ficaram entretidos com o Snap Explosivo, enquanto suas mães ficaram na sala.

—Gina, eu não sei como você aguenta!

—Como assim, Mione? - indagou a ruiva, confusa

—Desde que Rony voltou para Seção dos Aurores eu mal o vejo! Preferia quando ele ajudava Jorge nas Gemialidades... Agora eu estou com bem menos trabalho no Departamento para Regulamentação e Controle das Criaturas Mágicas, ultimamente só vou para o Ministério pela manhã, e consigo fazer a maioria das coisas a tarde em casa, mas me sinto muito sozinha agora que Rose está em Hogwarts e Rony não para em casa, só chega na hora do jantar... - e antes que percebesse seu rosto já estava encharcado de lágrimas

—Calma, Mione, pode contar comigo - consolou a cunhada, a abraçando

—Me sinto extremamente inútil! Antes eu era uma garota destemida que enfrentou Voldemort e lutou na Batalha de Hogwarts, e agora, olhe pra mim! Sou apenas uma qualquer!

—Hermione, não diga isto! - repreendeu Gina com severidade - Até parece que você não fez nada... Garantiu à todos os elfos domésticos trabalho assalariado e folga uma vez na semana! Isso é um avanço muito grande, em tão pouco tempo... Há pouquíssimos anos atrás os elfos se sentiam ofendidos só com a possibilidade de receberem salários! Mas você fez os olhos das pessoas se abrirem para esses maus-tratos! Você me inspira!

A mulher não conseguiu responder, apenas chorou mais e afundou a cabeça no ombro da cunhada, a abraçando com mais força.

—Ai, Gina, obrigada, de verdade, você é como uma irmã pra mim!- disse depois de se recuperar, enquanto ajeitava os cabelos - Rosinha me escreveu hoje, me contou sobre os elfos que trabalham em Hogwarts, ela acha que eles são escravizados, eu acho que não, mas se forem mesmo aquele diretor Thompson estará em uma grande encrenca! Enfim, não era sobre isso que eu queria falar...

—Sobre o que você quer falar, então? - perguntou bondosamente

—Na carta, Rose falou que Alvo está meio irritado ultimamente, ciúmes do irmão, acha que não está tendo tanta atenção do Harry... Sabe como é né, essa fase é difícil! Então me pediu para eu pedir ao Harry para escrever mais a ele...

—Ela tem razão, Harry não sabe como lidar com Alvo, e como você disse, o trabalho tem exigido demais dele esses dias, quase não o vejo, também... Mas a família vêm em primeiro, e Al realmente tava bem estranho no seu aniversário, acho que estava com ciúmes de toda a atenção que James recebeu por ter entrado no time de quadribol...

—Acho que devíamos avisar a eles o que está acontecendo aqui fora, assim como contamos à Lily e Hugo, sem entrar em detalhes, só para deixá-los informados de que os pais estão realmente ocupados ultimamente...

***
A sexta-feira chegou e com ela cochichos e fofocas sobre a grande festa organizada por Fred Weasley e James Potter no salão comunal da Grifinória. No café da manhã, o correio coruja trouxe a Rose e Alvo uma carta para cada um. Na do menino dizia:

“Filho,
Como está aí em Hogwarts, está aproveitando as aulas? Me conte mais sobre os seus amigos!
Seu pai está muito ocupado ultimamente, Al, mal o vejo. Pelo o que tudo indica alguns bruxos mal intencionados tem atacado trouxas com uma certa frequência. A Seção dos Aurores está muito atarefada, tanto que seu tio Rony voltou a trabalhar lá. Então eu e Hermione achamos melhor avisar a vocês sobre o que está acontecendo aqui fora, mas não há para que se preocupar, seu pai tem tudo sobre o controle, não é nada muito grave. Qualquer coisa, me escreva. Se cuide! E mostre a carta para James!
Com carinho,
Mamãe”

Ele olhou para a prima, que concordou para ele com um aceno da cabeça, como se soubesse o que ele fosse perguntar. Então Alvo foi até o irmão que estava do outro lado da mesa e lhe deu a carta e depois voltou para o lado de Rosie.

—Você acha que é algo importante? - perguntou o menino preocupado - Tipo, será que estamos em perigo?

—Não, provavelmente elas só disseram isso para a gente não esperar que papai e tio Harry nos escrevam com frequência, já que estão tão ocupados...

Enquanto isso, Dominique havia se ocupado de fazer com que Monitor da sua casa, Edgar McMilliam, o qual era obviamente um pouco apaixonado por ela, distraísse Natalie Boot a outra monitora, para que ela conseguisse contrabandear quantidade suficiente de cervejas amanteigadas para todos que confirmaram presença na festa. Os monitores-chefes estavam ocupados demais, seja estudando na biblioteca, que era o caso de Rudolf Chandler, ou estudando na sala do professor Teddy Lupin, que era o caso de Victoire Weasley.

Durante o almoço, Molly II fez questão de ir na mesa da Grifinória para reprimir os primos, Fred e James, sobre o comportamento inadequado de convidar alunos de outras casas para o salão comunal deles, e os alertou que aquilo iria fazer com que perdessem muitos pontos para sua casa, e conseguiram varias detenções. Entretanto, eles apenas reviraram os olhos e a disseram que sua presença só iria ser bem vinda na festa se ela ficasse de boca calada, o que a deixou claramente furiosa.

Apesar da plena consciência de que o que estava fazendo era errado, Jay não sentia nenhuma pontinha de preocupação, sabia que praticamente mandava na escola, afinal ele foi um dos responsáveis pela saída do último diretor, Scott Phillips, e agora Hogwarts estava um tanto quanto desorganizada com a nova direção. E seu pai, Harry Potter, estava atarefado demais sendo Chefe da Seção de Aurores, não iria se importar com uma festinha inocente que o filho organizou, enquanto famílias trouxas recebiam ataques inesperados de bruxos das trevas.