Austin

Sinto algo gelado tocando em meus lábios, passei a língua sob meus lábios e senti o gosto de sangue e fiz uma careta automaticamente; Me sentei na cama e peguei os lenços no criado mudo e comecei a limpar meu nariz e boca. Odiava acorda desse jeito. Com uma dor de cabeça tudo bem, mas sangue entrando dentro de minha boca.

Me levantei e fui para o banheiro, olhei-me no espelho e passei a mão em meu cabelo. Lavei o meu nariz com água e limpei meu rosto com a toalha; O sangramento não havia parado. O lavei de novo, e coloquei um lencinho no nariz. Sai do banheiro, e olhei pela minha janela. O quarto vizinho estava vazio iria fazer cinco meses, a garota que morava lá simplesmente sumiu, pelo menos é o que ouço dizer.

A visão do quarto que eu tinha, era de uma parede com uma cama. Acima dessa cama tinha dois quadros, a cor da parede era avelã, espalhado na cama e ao redor da cama tinha caixas, algumas abertas e outras fechadas.

Escuto um barulho vindo do andar de baixo e desço correndo e entro na cozinha - que eu acredito que o barulho veio de lá; Assim que entro na cozinha vejo me minha catando o vidro no chã, suspiro aliviado e me ajoelho em sua frente.

– Deixa que eu limpo, mãe. - Falo pegando os cacos de vidro, e ela se levanta e lava as mãos. Jogo os cacos de vidro no lixo, e lavo minhas mãos.

– Não precisava ter feito isso - Diz ela enxugando as mãos no avental preso em sua cintura -, sei que só fez isso para se perdoado por causa de ontem, sabe que não precisa fazer essas coisa, eu sempre te perdoou. - Ela diz calmamente, e eu a encaro.

Gostaria de dizer que fiz aquilo porque quis, mas ela iria pensar que estava mentindo, afinal, eu nunca a ajudei em nada; Paro de olha-lá e olho para a porta da cozinha, sinto suas mãos pequenas tocando meu braço nu e me virando para sua frente. Ela passa suas mãos pelo meu rosto e suspira olhando o lenço, ela deve estar preocupada, como sempre.

Tirei suas mãos de meu rosto e sai da cozinha. Subo novamente para meu quarto, tirei o lenço de meu nariz o jogando no lixo, me despi e entrei no box. Tomei um banho quente e longo. Passei todo o banho pensando nas inúmeras alternativas do porque eu sempre amanhecia assim, o porque que eu sinto dor de cabeça facilmente. Mas, eu tenho certeza, de que é nada.

Sai do banheiro com a toalha na cintura e peguei qualquer roupa no meu guarda-roupa. O ano estava quase acabando, e eu quase me formando. E eu passei anos e anos de minha vida seguindo a mesa rotina: escola, casa, festa. Mas minha mãe reduziu minha saída, então, eu só saio no fim de semana.

Assim que terminei de me arrumar, desci com a mochila nas costas. Sai de casa sem me despedir da minha mãe, minha avó disse que quando eu saia sem me despedir estava parecendo meu pai. Isso significava que estavam se afastando. Não me importava se estava me afastando ou não, aliás, eu iria para uma faculdade em menos de seis meses, iria me afastar de qualquer jeito. Não quero que ela sofra, nunca quis.

Entrei na escola e fui para meu armário, a voz fina e enjoativa de Kira soou atrás de mim e eu fechei os olhos e suspirei, torcendo para que ela não tenha vindo de decote grande. A última coisa que eu queria era ela pensando que eu ia subir para o terceiro andar com ela, entra em algum sala e fode-la. Sim, de tudo - tudo mesmo - essa era a única coisa que eu não queria.

Virei-me para ela e bati o olho no decote e em seus seios quase pulando para fora daquela blusa aberta. Apenas percebi que estava olhando para lá a tanto tempo, quando vi Carter passando por nós e ele estava com um sorriso esperançoso nos lábios, talvez hoje é o dia de dizer quem foi escolhido para capitão do time.

– Gostei da minha blusa nova? - Perguntou Kira chamando minha atenção, a olhei de cima a baixo, e sinceramente, que roupa era aquela?! Alguém por favor me diga que essa coisa tá na moda, o estilista que inventou isso, acabou de matar a moda.

– Er... - A olhei e dei o melhor sorriso que pude -, ela é linda. - Menti descaradamente, se alguma amiga dela chegasse nesse momento e fosse sincera dizendo "Que blusa ridícula é essa?" , eu me sentiria melhor por ela saber a verdade, mas mal por ter mentido. Mas eu sou menino, não sei sobre essas coisas de moda. Então, ela não pode fazer nada.

– Que blusa ridícula é essa? - Disse Cassidy se aproximando de nós como se tivesse lido meus pensamentos, Kira a olhou confusa.

– Tá na moda. - Kira disse simplesmente, e eu fiz uma careta, como disse, o estilista que fez isso matou a moda.

– Não Kira, isso não tá na moda nem aqui nem na china - Cassidy falou série, e já vi que iam começar a debater sobre roupas. Sai de fininho de perto das duas e vi Carter escorado nos armários, o sorriso esperançoso que eu tinha visto, tinha sumido e ficou no seu lugar um sorriso de medo e desespero.

Passei reto dele, conhecia o Carter, quando ele estava sozinho era porque não estava afim de conversar - algumas pessoas não entendem isso, vamos usar a Cassidy como exemplo.

Fui andando para a sala até que sinto um corpo se chocando contra o meu. Encaro o garoto com raiva, e ele começa a se desculpar e começa a pegar as coisas que havia caído de minha mochila. Isso só fez eu me lembrar de mais cedo com a minha mãe, me ajoelhei em sua frente.

– Não precisa, eu pego. - Falo e ele se levanta e sai correndo, suspiro fundo e guardo tudo dentro da minha bolsa de novo.

Me sentei no fundo da sala, e todos que entrava me olhavam como se eu fosse de outro planeta. Abaixei minha cabeça e fiquei pensando, de novo, nas inúmeras alternativas por meu nariz estar sempre sangrando e as dores de cabeça diariamente. Mas eu só to perdendo meu tempo com isso, isso dá em qualquer pessoa.

O problema do nariz pode ser hemorragia nasal. A dor de cabeça freneticamente por causa da bebida e festas. Só isso.

E minha mãe pensando que poderia ser outra coisa.

Mas, e se for?