Amor de Flor escrita por brunna


Capítulo 4
четырех




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— O que ela escreveu? — perguntou Mar abrindo um grande sorriso.

— Nada demais — falei sem desenvolver a felicidade.

Para minha felicidade, ou não, Felipe chegou fazendo-nos calar a boca. Aquilo era assunto entre amigas e Mar sabia muito bem disso. Eu não estava considerando Felipe meu amigo depois que ele admitiu que gostava de mim e sugeriu que eu experimentasse garotos para talvez mudar minha orientação sexual. Juro que quando ele falou aquilo eu quis mandar ele se tornar um pau-no-cu para ele mudar de time, ou talvez sugerir que ele escutasse as rainhas do pop. Dá no mesmo.

— Meninas — falou Felipe. Sua voz me enjoou naquele instante. — Como estão?

— Eu estou péssima — falei. — Farei o favor de me retirar.

Saí sem me importar com minha amiga. Eu não estava querendo falar com alguém agora, não quando muita coisa me preocupava. Primeiramente, eu precisava pegar meu cartão novamente, o que era uma ótima ideia já que eu veria Liz seminua outra vez.

Deixei os pensamentos maliciosos saírem da minha mente e prestei atenção nas aulas. Deixei o dia passa rápido, sem me importar muito. À noite, eu caminhei pela rua da Liz, tentando ter alguma ideia sobre como resgatar minha carta.

Eu vi sua mãe em frente a casa, falando ao telefone fervorosamente. Falando alto o suficiente para toda a rua escutar. Talvez seja por isso que a rua estava deserta.

A mãe de Liz pode ser a chave. Eu poderia criar uma “amizade” com esta mulher, o suficiente para entrar em sua casa. Assim, quando Liz descobrisse que eu sou a remetente ela vai entender como o cartão parou na sua casa, pois eu era amiga de sua mãe.

Ou eu poderia entrar escondida e resgatar o cartão do cesto, ou ela nem veria as violetas e o bilhete e tudo estaria bem. Mas por precação... a segunda ideia parecia ser boa. Caso eu não conseguisse, colocarei o Plano B em campo, conhecerei sua mãe.

— Filha, acorde! — gritou minha mãe.

— Ainda é cedo — reclamei.

— Eu sei! Eu sei! — falou, misteriosamente animada. — Eu tenho uma coisa para te falar!

— O quê?

— A empresa em que eu trabalho está promovendo um concurso de redações. Já que eu sei que você gosta de escrever, não pude evitar pensar em te inscrever.

— Qual é o prêmio?

— Só pensa nisso! — falou —, mas não te culpo.

— Fale logo — pedi.

— É uma viagem... para a Itália.

— O quê? — Eu levantei da cama em um pulo. — Itália!

— Eu sabia que você ia gostar. — Minha mãe me entregou duas folhas de papel. — Aqui estão as regas. Serão três vencedores, primeiro, segundo e terceiro lugar, todos viajam, mas o melhor ainda consegue verba para a faculdade. Não é incrível?

— Então... se eu ganhar em primeiro lugar, eu viajarei para Itália e conseguirei faculdade grátis?

Minha mãe balançou a cabeça sorrindo.

— Ah! — gritei. — Que incrível! Muito, muito, muito perfeito.

Ficamos naquele momento garotas exaltadas durante algum tempo. Infelizmente, minha teve de sar para o trabalho. Não antes de me abraçar carinhosamente.

Esta boa notícia me fez querer escrever para Liz. Separei uma folha e uma caneta esferográfica preta. Comecei a escrever:

Liz,

Não se pergunte como eu consegui saber seu nome. O que importa agora é outra coisa, a melhor notícia que eu já recebi.

Minha mãe acaba de contar que eu estou inscrita em um concurso de redação e, se vencedora, eu viajarei para Itália, passiva a ganhar até uma bolsa de estudos à faculdade.

Eu estou evidentemente alegre que arrisco um soneto para você hoje.

Liz

Se eu sou flor solitária

Teus Liz me complementa

Se somos flor-de-lis abraçadas

Seu amor me acalenta

Se a vida há muito passa

A flor se reinventa

A cor da Liz não se apaga

E da flor-de-lis relembra

Sou metade de um sonho

Sou pedaço de amor

Duas pétalas de flor

Você completa meu devaneio

Penso em ti o dia inteiro

Duas flores que eu semeio

Com as melhores intensões,

Flor.

O dia seguinte resumiu-se em mandar a carta, por meio de Mar, para Liz e trabalhar na minha redação. Eu poderia fazer o que eu quisesse inclusive poesia — e eu sou bastante segura neste aspecto.

Minha mãe gostou da ideia, mas ela queria ler antes parra certificar-se de que eu seria a vencedora. Já que minha mãe trabalha em uma fábrica de perfumes mundialmente famosa, o texto tinha a ver com isto. Você deveria escrever sobre a importância do perfume em nossa vida.

Eu conhecia bastantes perfumes florais, eram meus favoritos. Arrisco até dizer que eu conheço o suficiente os perfumes. Meu progresso e real vantagem no concurso não me fez tão feliz do que receber uma nova carta da Liz.

— Leia em voz alta — pediu Mar. — Por favor, é o mínimo que pode fazer por mim.

— Tudo bem — decidi ao desdobrar o papel.

Querida perseguidora,

Fico bastante feliz que você esteja no concurso, principalmente porque eu estou participando também. Almejo ganhar tanto quanto você.

Se depender do seu soneto, você já tem primeiro lugar garantido. Sinceramente, eu quero o primeiro lugar mais que tudo. Sobretudo, se ambas estivermos entre os três primeiros ou finalistas, nos veremos de qualquer jeito.

Um turbilhão de sentimentos resolveu morar em mim neste momento. Eu me senti aliviada por saber que ela não havia visto a carta com violetas que eu perdi na sua casa, pois ela não disse nada sobre isto em sua escrita. Mas fiquei apreensiva no quesito concurso e em como ela escreveu... tão fria. Talvez a competitividade a fez agir mais distante nesta carta.

— O que ela quer dizer? — perguntou Mar.

— Ela quis dizer que somos concorrentes em um concurso de redações — falei.

— Parece complicado — falou Mar. — Boa sorte aí, amiga.

— Obrigada — disse. — Boa sorte para você também. Com o Felipe.

— Nem sei, viu Maya — falou. — Ele anda meio estranho.

— Não duvido nada, já esperava — digo, logo depois me arrependendo.

— Por quê? — pergunta Mar. Este era meu medo.

— Eu não queria falar, amiga, mas este seu "amiguinho" veio me atormentar o juízo. Disse que gosta de mim e pediu para que eu virasse hétero para ficar com ele.

De primeira, Mar se calou.

— Sem mentiras, que babaca — comentei.

— Ele prefere uma sapatona a mim? — falei irritada.

Eu queria discordar, mas aquela era a mais pura verdade.

— Vai ver é fetiche! — digo.

Ela sorriu e continuamos a andar.


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