Amor de Flor escrita por brunna


Capítulo 16
Szesnaście


Notas iniciais do capítulo

Esta girl com o delineador perfeitinho é a Maya: http://36.media.tumblr.com/tumblr_m263m5Z0kJ1qcsdtvo1_500.jpg



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/644064/chapter/16

Eu nunca conseguia admitir um fim, sabe? As coisas caminhavam perfeitas demais para simplesmente desaparecerem. Eu sei que isto soa egoísta e cegamente idiota, pois o que eu fiz quebraria qualquer perfeição existente em mim.

Foi assim com minha amiga de cabelo repicado, a primeira menina por quem eu me apaixonei. Imagine o susto, eu era uma criança. Contei aos meus pais, porque eles eram os únicos que poderiam me ajudar. O que minhas colegas diriam se soubesse?

Mas o tempo passa, ele carrega tudo de bom junto...e minha amiga admitiu a anormalidade que morava em mim. Eu sou anormal, consegue ver? Conseguiria perceber o quanto sou errada? Então ela virou uma estranha para mim, assim como Liz é.

— A Liz não ligou?

— Não.

— Mensagens?

— Não.

— Nem deu nenhum sinal de vida?

— Quer saber, Mar, pare de falar da Liz.

— Tudo bem, Maya.

— Mar, seria loucura demais se eu fosse à casa dela?

— Sim, seria — respondeu-me.

— Você poderia então marcar com ela para a gente se encontrar, eu quero vê-la, eu preciso vê-la.

— Eu vou tentar, mas este será meu presente de aniversário para você... e só o farei porque você me ajudou com o Felipe e agora estamos namorando!

— Sério? Me conte uma novidade.

— Fique mais flexível, eu vou te convidar como madrinha.

— Tá...tá...tá — respondi. — Meu celular está na cômoda, procure o número da Liz e marque um encontro na praça, no horário e dia que ela preferir.

— Tá...tá...tá — imitou-me.

***

— Maya você tá de castigo — disse Andressa.

— É, eu sei.

— Mas eu escutei mamãe falar que ainda vai fazer seu aniversário.

— Sério? — duvidei.

— Ela disse que é importante a festa de quinze anos.

— Claro! Claro! Claro que é! — Abracei Andressa.

— Mas não diga que eu te contei. — A vi saindo da sala balançando seu tutu de bailarina.

Saí mais cedo para o colégio, pois hoje eu me encontraria com Liz antes de tomar o ônibus. Caminhei até a praça, lentamente, com medo de tudo que poderia vir e atenta a tudo o que poderia acontecer.

Vi Liz sentada em um dos bancos, o que era mais afastado por ter mais árvores o rodeando, aquele era perfeito por causa da sombra que proporcionava. Suas pernas cruzadas estavam inquietas e quanto mais eu me aproximava, mais ela ganhava detalhes, como uma mancha roxa abaixo do seu olho esquerdo.

— Liz — falei, quase que eu um suspiro. — Ele te bateu de novo?

— Você me chamou para dizer o que eu já sei? — perguntou.

— Não... não... Eu só queria te ver.

— É por isso que eu tenho medo — disse Liz. — Eu não gosto de você, Maya, vê se para de gostar de mim, tá?

— Eu venho tentando, Liz. — Limpei a garganta. — Aconteceram coisas que...

— Não aconteceu nada para mim. Tudo foi apenas uma fase, um achar que eu gostava de meninas. Bem, agora eu tenho certeza que namorar uma mulher não dá certo.

— Você falou que me amava.

— Você falou também, e o que eu recebo? Verdades desagradáveis.

— Eu estava bêbada, Liz!

— Estava bêbada quando invadiu a minha casa duas vezes?

Fechei os olhos.

— Eu não gosto de você, Maya, eu não te amo — continuou Liz. — Na época em que a gente se aproximou, eu estava conhecendo um garoto. Eu estou com ele agora.

— Tudo bem. — Eu suspirei. — Eu só vim devolver isto. — Estendi o pequeno chaveiro. — Desculpe-me por entrar na sua vida.

Liz foi embora em resposta, uma resposta clara que nós seríamos estranhas uma para outra a partir de agora.

Mas ela ainda não sabia que eu dobrei um papel e o pus dentro do ornamento do chaveiro. Qualquer dia desses, ela veria o poema que eu escrevi.

***

Sobre milhões de papéis, minha mãe me pedia ideias para minha festa de aniversário. Eu iria perdê-la devido ao que fiz com o garoto na rua, mas meus pais chegaram a conclusão que preferiam o murro no menino a um no meu rosto.

— Eu quero uma festa fantasia, mãe.

— É uma ótima ideia, você pode ir de lutadora de MMA.

— Isso não teve graça.

— Ah, teve sim. — Meu pai gargalhou.

— Eu vou de princesa — disse Andressa.

— Eu vou de unicórnio — falei.

— Sem essa, Maya — disse minha mãe. — Lu-ta-do-ra.

— Nem vem, mãe!

Escutei mais risos.

— Deixe essa garota chata — disse meu pai. — Agora eu vou-me embora.

Às vezes eu esquecia que meus pais não eram casados.

— Maya, a Liz vai vim para seu aniversário? — perguntou Andressa.

— Não, ela vai viajar no dia — menti.

— Ah, que chato — disse a pequeninha.

— Que chato mesmo.

***

Chegando no meu quarto, encontro o rascunho do poema que eu deixei no chaveiro para Liz. A folha original toda rabiscada, não tinha muita chance de entender alguma coisa, mas eu quase que já tinha decorado os versos.

Eu poderia ter passado direto

Não deveria ter olhado à luz que rodeava seu sorriso

Eu poderia ter negado desde o primeiro dia

Mas a euforia presente no meu olhar assentiu automaticamente

Eu poderia ter deixado você ir

Mas eu juro que a saudade surgiu decidida a ficar

Eu poderia ter sofrido quieta

Mas a confiança fez com que eu clamasse ao pé do seu ouvido

E digo também: meu amor ainda não foi o suficiente

Ainda mostrarei-te a paixão artística de um poeta

Ainda esquematizarei a tua vontade

Em bilhões de linhas

Porque se eu dominasse a música

Cantaria-te

Se guardasse um dom artístico

Te pincelaria em um quadro

E se a ciência minha fosse

Construiria uma máquina do tempo para conhecer-te mil vezes mais

Mas que proeza eu cometo?

Já que o amor eu nem mesmo conheço?

Poderia até falsear um começo

Para registrar em um breve soneto

***

Eu deveria me acostumar e juro que eu já conseguia parar de pensar nela por dois minutos, ou três. E nada veio na minha mente a não ser sofrer mesmo, escrever coisas melancólicas e grudentas sobre um amor mal resolvido. Mas então minha mãe atendeu a porta, ela me chamou, com um grande sorriso chegou a garota que poderia ser minha salvação.

— Maya, sua amiga Heiwa veio te ver.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Se gostou do poeminha, ele tá aqui:
http://pensador.uol.com.br/frase/MTgzNjMxOQ/

Beijo pra quem favoritou, quem recomendou e às lindas que comentam aqui, ainda vou fazer uma listinha com o nome e colocar aqui haha.
Bjunda pra os fantasmas.