Amor de Flor escrita por brunna
Notas iniciais do capítulo
Esta girl com o delineador perfeitinho é a Maya: http://36.media.tumblr.com/tumblr_m263m5Z0kJ1qcsdtvo1_500.jpg
Eu nunca conseguia admitir um fim, sabe? As coisas caminhavam perfeitas demais para simplesmente desaparecerem. Eu sei que isto soa egoísta e cegamente idiota, pois o que eu fiz quebraria qualquer perfeição existente em mim.
Foi assim com minha amiga de cabelo repicado, a primeira menina por quem eu me apaixonei. Imagine o susto, eu era uma criança. Contei aos meus pais, porque eles eram os únicos que poderiam me ajudar. O que minhas colegas diriam se soubesse?
Mas o tempo passa, ele carrega tudo de bom junto...e minha amiga admitiu a anormalidade que morava em mim. Eu sou anormal, consegue ver? Conseguiria perceber o quanto sou errada? Então ela virou uma estranha para mim, assim como Liz é.
— A Liz não ligou?
— Não.
— Mensagens?
— Não.
— Nem deu nenhum sinal de vida?
— Quer saber, Mar, pare de falar da Liz.
— Tudo bem, Maya.
— Mar, seria loucura demais se eu fosse à casa dela?
— Sim, seria — respondeu-me.
— Você poderia então marcar com ela para a gente se encontrar, eu quero vê-la, eu preciso vê-la.
— Eu vou tentar, mas este será meu presente de aniversário para você... e só o farei porque você me ajudou com o Felipe e agora estamos namorando!
— Sério? Me conte uma novidade.
— Fique mais flexível, eu vou te convidar como madrinha.
— Tá...tá...tá — respondi. — Meu celular está na cômoda, procure o número da Liz e marque um encontro na praça, no horário e dia que ela preferir.
— Tá...tá...tá — imitou-me.
***
— Maya você tá de castigo — disse Andressa.
— É, eu sei.
— Mas eu escutei mamãe falar que ainda vai fazer seu aniversário.
— Sério? — duvidei.
— Ela disse que é importante a festa de quinze anos.
— Claro! Claro! Claro que é! — Abracei Andressa.
— Mas não diga que eu te contei. — A vi saindo da sala balançando seu tutu de bailarina.
Saí mais cedo para o colégio, pois hoje eu me encontraria com Liz antes de tomar o ônibus. Caminhei até a praça, lentamente, com medo de tudo que poderia vir e atenta a tudo o que poderia acontecer.
Vi Liz sentada em um dos bancos, o que era mais afastado por ter mais árvores o rodeando, aquele era perfeito por causa da sombra que proporcionava. Suas pernas cruzadas estavam inquietas e quanto mais eu me aproximava, mais ela ganhava detalhes, como uma mancha roxa abaixo do seu olho esquerdo.
— Liz — falei, quase que eu um suspiro. — Ele te bateu de novo?
— Você me chamou para dizer o que eu já sei? — perguntou.
— Não... não... Eu só queria te ver.
— É por isso que eu tenho medo — disse Liz. — Eu não gosto de você, Maya, vê se para de gostar de mim, tá?
— Eu venho tentando, Liz. — Limpei a garganta. — Aconteceram coisas que...
— Não aconteceu nada para mim. Tudo foi apenas uma fase, um achar que eu gostava de meninas. Bem, agora eu tenho certeza que namorar uma mulher não dá certo.
— Você falou que me amava.
— Você falou também, e o que eu recebo? Verdades desagradáveis.
— Eu estava bêbada, Liz!
— Estava bêbada quando invadiu a minha casa duas vezes?
Fechei os olhos.
— Eu não gosto de você, Maya, eu não te amo — continuou Liz. — Na época em que a gente se aproximou, eu estava conhecendo um garoto. Eu estou com ele agora.
— Tudo bem. — Eu suspirei. — Eu só vim devolver isto. — Estendi o pequeno chaveiro. — Desculpe-me por entrar na sua vida.
Liz foi embora em resposta, uma resposta clara que nós seríamos estranhas uma para outra a partir de agora.
Mas ela ainda não sabia que eu dobrei um papel e o pus dentro do ornamento do chaveiro. Qualquer dia desses, ela veria o poema que eu escrevi.
***
Sobre milhões de papéis, minha mãe me pedia ideias para minha festa de aniversário. Eu iria perdê-la devido ao que fiz com o garoto na rua, mas meus pais chegaram a conclusão que preferiam o murro no menino a um no meu rosto.
— Eu quero uma festa fantasia, mãe.
— É uma ótima ideia, você pode ir de lutadora de MMA.
— Isso não teve graça.
— Ah, teve sim. — Meu pai gargalhou.
— Eu vou de princesa — disse Andressa.
— Eu vou de unicórnio — falei.
— Sem essa, Maya — disse minha mãe. — Lu-ta-do-ra.
— Nem vem, mãe!
Escutei mais risos.
— Deixe essa garota chata — disse meu pai. — Agora eu vou-me embora.
Às vezes eu esquecia que meus pais não eram casados.
— Maya, a Liz vai vim para seu aniversário? — perguntou Andressa.
— Não, ela vai viajar no dia — menti.
— Ah, que chato — disse a pequeninha.
— Que chato mesmo.
***
Chegando no meu quarto, encontro o rascunho do poema que eu deixei no chaveiro para Liz. A folha original toda rabiscada, não tinha muita chance de entender alguma coisa, mas eu quase que já tinha decorado os versos.
Eu poderia ter passado direto
Não deveria ter olhado à luz que rodeava seu sorriso
Eu poderia ter negado desde o primeiro dia
Mas a euforia presente no meu olhar assentiu automaticamente
Eu poderia ter deixado você ir
Mas eu juro que a saudade surgiu decidida a ficar
Eu poderia ter sofrido quieta
Mas a confiança fez com que eu clamasse ao pé do seu ouvido
E digo também: meu amor ainda não foi o suficiente
Ainda mostrarei-te a paixão artística de um poeta
Ainda esquematizarei a tua vontade
Em bilhões de linhas
Porque se eu dominasse a música
Cantaria-te
Se guardasse um dom artístico
Te pincelaria em um quadro
E se a ciência minha fosse
Construiria uma máquina do tempo para conhecer-te mil vezes mais
Mas que proeza eu cometo?
Já que o amor eu nem mesmo conheço?
Poderia até falsear um começo
Para registrar em um breve soneto
***
Eu deveria me acostumar e juro que eu já conseguia parar de pensar nela por dois minutos, ou três. E nada veio na minha mente a não ser sofrer mesmo, escrever coisas melancólicas e grudentas sobre um amor mal resolvido. Mas então minha mãe atendeu a porta, ela me chamou, com um grande sorriso chegou a garota que poderia ser minha salvação.
— Maya, sua amiga Heiwa veio te ver.
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Se gostou do poeminha, ele tá aqui:
http://pensador.uol.com.br/frase/MTgzNjMxOQ/
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Beijo pra quem favoritou, quem recomendou e às lindas que comentam aqui, ainda vou fazer uma listinha com o nome e colocar aqui haha.
Bjunda pra os fantasmas.