Fairy Heart escrita por Farfalla


Capítulo 1
Heart's Desire


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal! :3
Após ler FT Zero, e os capítulos 449 e 450 de Fairy Tail, fiquei tremendamente tocada pela história Zervis, e acho que muita gente também.
Eu não sei bem como escrever uma fic que desande do enredo original, e sei menos ainda fazer fanfics UA, então foi isso que saiu shauhsuahs espero mesmo que gostem :3
Se você passar por aqui depois de já ter lido o capítulo 451, ignore a verdadeira natureza de Fairy Heart e demais informações reveladas u.u
Notem que eu não marquei como "terminada" ainda. É um projeto de one-shot, mas quem sabe... eu depois resolvo dar alguma espécie de continuidade? ~~



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O que você faria se tivesse a chance de ver uma fada? De conhecê-la, de conversar com ela? O que faria se você acabasse desenvolvendo um amor por esta fada? E se você fosse amaldiçoado? Pior, se ela também o fosse? O que você, isso mesmo, você que está lendo, o que faria se a única fada a quem conheceu e amou morresse em seus braços?

Zeref observou da sacada o país que se estendia à frente, o seu país. Tudo estava correndo conforme o planejado, e isso o enchia de tristeza e expectativa. Olhar aquela imensidão à sua frente o ajudava a ignorar o valor da vida, pois cada ser ali não passava de apenas uma existência minúscula em todo o mundo, nada além de peões que havia reunido para conseguir alcançar o seu propósito.

Talvez a quantidade de anos vividos aumentasse também as ambições. Ele começou apenas querendo morrer, dar um fim àquela vida amaldiçoada e vazia, mas naquele momento já desejava dizimar até o mísero sopro de vida. Toda aquela gente sequer valorizava o enorme presente que ganhava ao evoluir na barriga de suas mães, nem mesmo entendiam o quão mágico era o ciclo de nascer, crescer, e então dar um último suspiro para o descanso final. O ódio humano alimentava o seu próprio ódio.

O moreno sentiu quando a presença de uma garotinha se mostrou ao seu lado. Aquilo o fez sorrir minimamente. Ancselam deveria realmente odiá-lo, permitindo-o sentir aquilo que mais amava, sem que pudesse ver ou tocar.

Quase cem anos atrás, quando não resistiu a beijar aquela fada tão perspicaz, quando sua mente ficou completamente vazia e em paz depois de tanto tempo, o corpo de Mavis caiu inerte em seus braços. O coração ainda batia, a pele era quente, e o peito subia e descia com sua respiração, mas não havia mais uma alma para mover aquele pequeno e delicado corpo.

Foi a forma que a maldição encontrou de tentar manter a lógica, atando a garota em um estado entre a vida e a morte, aprisionando-a em seu próprio poder ilusório através da magia mais primitiva — o amor — unida ao sentido contraditório da maldição.

Da mesma forma como surgiu, Mavis se foi, deixando-o com o vazio da solidão. Mais do que nunca queria devastar aquele universo no qual Mavis o odiava.

–-Φ--

Mavis havia visitado Zeref, antes de surgir ali para contar sua história aos membros da Fairy Tail. Era uma decisão que havia tomado, ao ver nos olhos do mago negro que ele havia sucumbido completamente à escuridão, ainda que não quisesse aceitar esse fato.

A guilda a observava em um silêncio raro, surpresos ao ponto de prenderem suas respirações. Mavis notava, com certo calor no coração, que não havia olhares acusatórios, mesmo que ela tivesse dito em alto e bom som o nome de Zeref. Fairy Tail havia se tornado exatamente aquilo que ela sonhara: uma guilda alegre, aventureira e companheira.

— Mas eu não era uma simples humana… — continuou. Enquanto contava sua história, na qual já não pensava há um longo tempo, as imagens passavam nítidas e dolorosas em sua mente. — No ano x697, em Tenroujima, aquilo que vieram a tratar como meu túmulo surgiu, mas era na verdade onde jazia o verdadeiro corpo da Rainha das Fadas, que estivera selado até então…

Fadas realmente existiram, centenas de anos atrás, embora limitassem suas vidas à ilha Tenrou. Quando sua Rainha sucumbiu, elas todas desapareceram, restando apenas aquela a carregar a linhagem real, Mavis Vermilion, que desprovida de memória foi escravizada pela guilda Red Lizard que instalou-se na ilha anos depois.

Entretanto, a morte da Princesa das Fadas formou um laço eterno entre a ilha e a guilda mágica, permitindo que mais tarde Fairy Glitter e Fairy Sphere fossem despertos.

Mavis, no ano de sua morte, pediu para Yuriy que selasse seu corpo sob a Fairy Tail, para que a guilda ficasse sob a sua proteção, assim como antes havia sido feito o mesmo em Tenroujima com o corpo da Rainha das Fadas. O amigo, de início, havia relutado, mas o fez, ainda que de forma incompleta.

A garota-fada recolheu-se para seu lar original, agora a ilha sagrada da guilda. De um lado, Zeref erguia seu trono negro da destruição, e, do outro, Mavis erguia seu trono luminoso da proteção.

Yuriy, Precht e Warrod alternavam em voltar ao porão da Fairy Tail para reforçar os selos sobre o corpo de Mavis. Era doloroso todas as vezes que a olhavam adormecida na escuridão, mas a necessidade daquilo lhes havia sido explicada: o corpo de Mavis estava carregado de magia negra, e, sem seus esforços, ele destruiria tudo, como um lacrima gigante a explodir.

Três anos se passaram, e, em uma das vezes de Yuriy, algo de errado foi notado com os selos. Estes não estavam funcionando, o pequenino corpo emitia uma poderosa aura de poder.

Mavis deixou a ilha depois de muito tempo ao pressentir aquele erro, e junto de Yuriy sofreu aquilo que imaginou ser o fim. Mas ele não permitiria... não era só a imagem de sua amiga sendo destruída e tornando-se a causa de uma catástrofe que atingia sua mente, mas também a noção de que seu filho não poderia ter uma vida, que Precht não iria mais mostrar sua carranca paciente ou Warrod a sua amabilidade.

“Cuide do Mack”, foram suas últimas palavras, antes de estender a mão e tocar o corpo adormecido, ouvindo um grito de alerta da primeira mestra da Fairy Tail, da nova Rainha das Fadas, de Mavis.

A reação foi imediata, e um brilho ofuscante se fez presente. No ano x700, Yuriy se foi, e Fairy Heart surgiu.

Precht e Warrod alcançaram o porão tarde demais. Onde antes jazia apenas uma garota sobre uma superfície de flores, agora estava ela erguida no interior de um cristal gigante, a materialização do amor de Yuriy.

O espírito ilusório da pequenina mestra chorava diante daquela imagem, ela podia sentir o poder puro que dali emanava. Seu amigo havia transformado uma magia das trevas na manifestação da luz ao se sacrificar.

O que mais doía na loira, era pensar que nem tudo continuou como Yuriy havia desejado. Precht mergulhou no estudo da magia das trevas para tentar desfazer o sono profundo de Mavis, e enlouqueceu a tal ponto, que mesmo Ancselam não se sentiu impelido a amaldiçoá-lo; por fim, Warrod deixou a guilda, e os membros daquela pequena família seguiram por diferentes caminhos com um grande peso em seus corações.

— E por isso meu pai achou que Lumen Histoire fosse a escuridão da Fairy Tail… — constatou Laxus, cruzando os braços.

— Sim — confirmou Makarov. — Ele deve ter descoberto sobre Zeref e a morte de Yuriy.

Mavis piscou os olhos, notando que havia se perdido do tempo presente, e virou a cabeça na direção de Makarov, que tinha os olhos cheios d’água. Permitiu-se sorrir para o oitavo mestre, ele se parecia muito com o pai.

— Fairy Heart protege os membros da Fairy Tail. Assim como Fairy Sphere impede que vocês desfaleçam sobre o território de Tenroujima, ele mantém vivo qualquer um que possua o símbolo da guilda.

Exclamações e olhos arregalados se fizeram presentes. Ainda não sabiam o que dizer, uma raridade para aquela família. Realmente existia algo como aquilo?

Mavis permitiu que eles absorvessem a informação, antes de continuar.

— Mas não é só isso. É também uma magia única, detentora de luz e trevas. Seu verdadeiro poder só pode ser ativado corretamente por um mestre da guilda. Do contrário, pode não ter o efeito desejado.

— Não tô entendendo nada — declarou Natsu, aborrecido, quebrando o transe.

Erza fulminou-o com o olhar, antes de voltar-se para Mavis.

— E qual é o seu poder? — a ruiva indagou seriamente, de alguma forma temendo a resposta.

Mavis e Makarov trocaram um olhar, antes que ela respondesse.

— Fairy Heart realiza a vontade mais profunda do coração daquele que o utiliza.

— Mas um poder assim… — Gray interviu. — Deve possuir um preço.

— A minha existência — Mavis respondeu. — Quando Fairy Heart for ativado, meu corpo será destruído e minha alma jogada no abismo das trevas.

— Primeira… — murmurou Makarov, alertando-a sobre revelar tudo aquilo. E, em seguida, sendo tomado por uma percepção: — então você decidiu…

— Sim — Mavis confirmou. — Eu mesma irei ativar Fairy Heart.

–-Φ--

Mavis estava diante de seu corpo, encarando a própria face adormecida dentro do cristal.

— Você tem certeza? — Makarov indagou atrás de si.

— Eu não me importo com o que acontecerá comigo — ela declarou, sorrindo, ciente dos medos do filho de Yuriy. — E mesmo sem saber qual o meu real desejo, tenho certeza que será para o bem dos meus amigos.

Mavis estendeu lentamente a mão, tocando o cristal polido. Os longos cabelos loiros da garota se ergueram e ondularam, o calor inundou toda a sala. O cristal fora ativado.

Lumen Histoire brilhou intensamente, ofuscando tudo ao redor, obrigando-a a fechar os olhos. O coração da Primeira bateu cada vez mais devagar, enquanto seu corpo pulsava, vendo a imagem de Yuriy com seu sorriso malandro por trás das pálpebras como um sopro de ar fresco.

O aquecimento inundou completamente a fada, e ela apreciou a sensação de poder sentir novamente seus membros, sua alma se encaixando em seu corpo como se voltasse ao lar.

As pálpebras se ergueram, curiosas com o que viria a seguir e determinada a encarar de frente o que quer que fosse.

Mas ali, parado diante de si, estava apenas Zeref.

Os dois se encontravam em uma imensidão branca, fazendo a Primeira se questionar se as profundezas das trevas era aquele lugar completamente vazio, ou se aquilo era apenas o prelúdio do que viria.

— Fairy Heart parou o tempo para cumprir o seu desejo — explicou Zeref, observando-a por um instante antes de retomar a fala, com curiosidade: — o que estava em seu coração?

— Algo muito simples — Mavis respondeu, balançando-se sobre os pés, as mãos unidas nas costas. — “Eu quero que todos sejam felizes”.

Zeref sorriu pacificamente.

— Isso é algo muito complexo — discordou.

Mavis abaixou os olhos, segurando com delicadeza a mão do mago negro. Era fria e macia contra a sua aquecida e calejada — efeito das brincadeiras ao ar livre.

Ele tocou o rosto da fada, colocando para longe a franja loira e admirando sua face tão delicada e bela, os grandes, astutos — e agora melancólicos — olhos verdes.

Para Zeref, com Mavis tudo parecia se tratar de uma primeira vez. Ele passou quatrocentos anos sem poder encostar em qualquer coisa viva, e então o abraço aconchegante de Mavis quando ele a reencontrou amaldiçoada pareceu algo mágico — termo irônico, especialmente para ele, que havia ido tão longe com a magia.

— Nós seremos inclusos neste desejo? — Zeref indagou, ainda que estivesse tão acostumado a ser rejeitado, que a pergunta havia sido feita de forma retórica.

Mavis riu, obviamente ignorando o pessimismo deprimente de Zeref. Levou a mão livre ao peito dele, no lugar onde seu coração batia.

— “Fadas têm mesmo caudas? Na verdade... será que elas existem mesmo? É um mistério eterno, uma aventura eterna...” — limitou-se a dizer de forma sonhadora, enquanto seus lábios se inclinavam na direção dos de Zeref.


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Notas finais do capítulo

Oi XD
Críticas (construtivas) e elogios, contacte via Review, MP ou Facebook shaushuahuhas :3



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