Meu paizinho Naraku escrita por Okaasan


Capítulo 10
É conversando que as sacerdotisas se entendem


Notas iniciais do capítulo

Demorei, mas voltei.

Terrível perseguição e confronto entre os irmãos inuyoukais e Naraku e suas crias.
Momentos leves na casa de Kaede e um dedo de prosa entre Kagome e Kikyou.

Este capítulo não está engraçado como os demais, espero que entendam o porquê...

Boa leitura!



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Envolto na escuridão da noite, InuYasha pulava pelo bosque denso, enquanto Sesshoumaru voava na direção do cheiro de Naraku e suas crias. Não foi difícil descobrir o rastro deles, pois o vilão não conseguia criar a barreira, deitado dentro da pena de Kagura e gemendo de dor de cabeça.

O youkai branco já conseguia ver a pena voadora seguindo para o leste, quando ouviu o som de algo caindo no chão e uma enxurrada de palavrões abaixo de si.

Hanyou imprestável... Isso é hora de mostrar sua nojenta forma humana?

— Cale essa boca, maldito Sesshoumaru! — gritou InuYasha, já se levantando, os cabelos negros grudados na testa suada. — E me espere!

O outro apenas riu sarcástico e ignorou-o. O hanyou continuou correndo, mas já fatigado. Do alto da pena, Kagura indagava, nervosa, ao seu mestre:

— Mas, Naraku, eles estão muito próximos. Se Sesshoumaru atacar com a Toukijin, poderemos ser fatalmente atingidos.

— Prometi à miko... Sem ataques por uma semana... — murmurou ele, abatido pela enxaqueca, e usando o pouco youki que tinha para auxiliar a Mestra dos ventos naquela fuga.

— Não temos escolha, chichi-ue — volveu Kanna. — Se continuarmos assim, eles vão nos matar.

Naraku olhou entristecido para a pequena albina. O encantamento lhe trouxe algo que ele jamais imaginaria ter: gratidão. Não se sentia bem em quebrar a promessa que fizera à colegial. Por fim, decidiu-se:

— Detesto esses cachorros, mas não quero que os matem... Façam com que parem de nos seguir, mas sem feri-los muito... Prometi a Kagome.

Sobrevoavam agora uma planície com pouca vegetação, onde havia um lago. InuYasha já não gritava mais, para poupar o próprio fôlego. Kagura ia o mais rápido que podia, porém Sesshoumaru apareceu, nas alturas, a poucos metros de distância deles:

— Morram! — gritou o youkai branco, desferindo uma potente rajada de youki contra a pena.

— Sai daqui, seu intrometido! — respondeu Kanna, que apontou seu espelho, refletindo o golpe. Kagura sacou o leque.

— Dança das Lâminas do Vento! — bradou ela. O ataque de Toukijin se espalhou por toda a planície e uma parte da floresta, derrubando diversas árvores.

Sesshoumaru rapidamente se esquivou do ataque e ia desferir outro, quando o som de um baque violento o fez olhar para baixo: InuYasha fora atingido por um tronco pesado e atirado, já inconsciente, dentro do lago, afundando.

Enquanto isso, a pena seguia a toda velocidade, em direção ao castelo. Ninguém notou o que ocorrera a InuYasha.

— E então, Kagura? — perguntou Naraku.

— O ataque não atingiu ninguém além das árvores. Sesshoumaru parou de nos seguir — afirmou ela. Kanna, que ajeitara a cabeça de seu mestre em seu colo, assentiu.

O hanyou deu um sincero sorriso.

— Como é bom estar de volta para vocês...

***

Na casa de Kaede, já razoavelmente limpos do chocolate, todos falavam ao mesmo tempo. Sango abraçava Kohaku várias vezes, que estava ocupado comendo uma asinha de galinha. Miroku fazia mil perguntas a Kagome, que torcera o pé. A velha sacerdotisa insistia com Kikyou para entrar, sem sucesso; a moça queria ficar sozinha com os carregadores de alma, deitada sobre um galho da mangueira. Rin, Shippou e até mesmo Jaken faziam uma "festa" com os bombons que Kagome trouxera.

— Então Naraku foi parar na sua era?! Para buscar coisas para as crias? Isso é impossível... — dizia Miroku. — Se bem que eu também achava impossível Kagura tentar salvar a vida de um cachorro para não ver Kanna sofrendo...

— Mas é verdade, Miroku. Ele tinha consigo um saquinho cheio de ouro — respondeu a jovem, segurando o pé dolorido.

— Sério?

— É verdade, tinha o suficiente para comprar um carro novo... Andamos tanto pelas lojas, fez até uma bolha no meu pé.

O pequeno kitsune, ouvindo o assunto, deixou os doces por um instante e subiu no ombro de Kagome, solícito e preocupado.

— Mas Naraku te machucou, Kagome? Torturou você?

Imediatamente, ela vislumbrou uma cena traumatizante de horas atrás...

Flashback ON

Naraku, totalmente pelado, molhado e cheio de sabão pelo corpo, havia saído do banheiro e ido até seu quarto, ensopando seu tapete favorito com espuma de shampoo enquanto dizia: "ei, miko, a água do seu ofurô é muito quente!". Desesperada, ela tapou os olhos e berrou que era só abrir o registro da esquerda. Mas, para sua infelicidade, ohanyou tinha mais coisas a perguntar e nenhuma pressa para voltar ao banho...

— "L'ORÉAL B. B. Cream Creme Milagroso"... O que é isso, Kagome? Para que serve? — inquiriu, olhando com atenção para o cosmético que estava sobre a cômoda da jovem.

— E-eu te explico quando você terminar o banho! Agora volte para lá, por favor! — gritou ela, apavorada.

O hanyou não entendeu o motivo do terror que Kagome demonstrava e, em vez de voltar, avançou alguns passos na direção dela, que estava abaixada ajuntando seus lápis que caíram no chão.

— Você não parece bem. Quer que eu faça algo para que se sinta melhor? — perguntou ele, já tocando-lhe o ombro. Contudo, o toque e a frase ambígua do homem nu apavoraram a colegial, que gritou ensandecida:

— Saia de perto de mim, seu... Seu... — ela abriu um dos olhos e viu o chão do quarto inundado, enquanto seu queixo caía. Naraku olhou também para a desordem que causara e, vendo a expressão assassina de Kagome, achou por bem terminar seu banho. Deu meia-volta e caminhou descontraído para o banheiro, a cicatriz de aranha nas costas e as nádegas quase totalmente cobertas pelos cabelos, enquanto cantarolava: "Bilidim isnó mai lóva...".

Flashback OFF

Miroku, notando que a colegial estava vermelha e com os olhos cheios de lágrimas, deduziu que houve realmente alguma tortura e pegou em sua mão, preocupado. Contudo, ela se recompôs e disse que "a tortura foi psicológica". O monge ia perguntar o que exatamente Naraku fizera, mas foi interrompido por um protesto de Shippou, que viu Jaken pegar a última trufa de coco.

— Ei, esse doce é meu, Jaken!

— Não tem seu nome nele, moleque! — retrucou o youkai verde.

— É meu, sim, seu sapo feio! Devolve! — gritou o filhote.

— Esqueça! Eu peguei primeiro, é meu!

— Não briguem! Ainda tem muitas trutas aqui — exclamou Rin.

— Você quer sentir na pele a temível Toukijin do mestre Sesshoumaru, miniatura de raposa? — ameaçou o youkai verde.

— Mas o senhor Sesshoumaru não deixou a Toukijin com o senhor, senhor Jaken...

— Calada, Rin! — gritou ele.

— Sango, olha só o que esse bicho verde está fazendo! — choramingou o kitsune. Jaken se encolheu, temeroso.

Sango se afastou de seu irmão e foi até os brigões, enquanto Kaede pedia a Miroku um auxílio com o jantar. Kagome, contudo, aproveitou a balbúrdia e, munida de uma bolsinha de mão, saiu da casa, mancando, para ver se a sacerdotisa estava bem. Encontrou-a sentada junto às raízes da árvore, com uma expressão tristonha e preocupada. Ouvindo os passos da jovem, Kikyou olhou-a com raiva.

— O que quer? — indagou ela, impaciente.

— Vim ver se você está bem...

— Estou ótima, nunca estive tão bem em toda a minha vida... — ironizou. — Satisfeita, Kagome? Agora já pode ir embora.

A jovem, entretanto, não se intimidou com a rispidez da outra e, com alguma dificuldade, sentou-se junto dela. Kikyou estranhou a atitude, mas permaneceu quieta, observando a jovem abrir a bolsinha de mão e retirar de lá um espelhinho e outro objeto desconhecido. Sem avisar, Kagome pegou no rosto de Kikyou e começou a espalhar algo cremoso no local da acne com um pequeno aplicador.

— Ei, o que... — ia dizendo a sacerdotisa, mas Kagome a interrompeu:

— Espere, estou terminando... Pronto! — exclamou ela, satisfeita, colocando o espelho nas mãos da outra. Mesmo com a pouca luz, Kikyou percebera que a espinha estava praticamente invisível.

— O que você fez?

— Apliquei um corretivo facial — respondeu ela, exibindo o cosmético. — Ele também funciona como secativo. Já-já essa espinha some.

Kikyou baixou os olhos, meio constrangida, se sentindo mal pela grosseria desnecessária. Definitivamente, Kagome era uma alma pura, que não guardava rancores.

— Obrigada...

— Não há de que — sorriu a jovem. — Eu também fico chateada quando tenho acne.

Fez-se um breve silêncio. Kagome pensava se não seria melhor voltar para dentro de casa, quando Kikyou interrompeu seus pensamentos:

— O miasma está alterado.

— Como assim, Kikyou?

— Era para estar me envenenando continuamente, mas noto que, às vezes, ele se torna essência humana purificada. Desde ontem, tenho sido capaz de experimentar sensações, como se este meu corpo de barro fosse vivo.

Kagome ficou boquiaberta.

— Sinto frio, percebo odores, e até mesmo fome. Sem contar isto — apontou para a espinha, com uma careta. — e os desconfortos que antecedem as regras de uma mulher, coisas que eu não sentia desde que morri, há cinquenta anos.

— Intrigante... — murmurou a outra.

— Tem abacate aqui, Kagome? — perguntou ela com certa ansiedade. Kagome, remexendo na bolsinha, retirou de lá uma barrinha de chocolate branco e lhe entregou, dizendo:

— Não tenho abacate, mas tenho chocolate, serve?

— Choco o que?

— Chocolate. Vai, prova.

Vendo como a colegial abria a embalagem de outra barrinha, a sacerdotisa fez o mesmo e, em segundos, se deleitava com a guloseima. Aquilo era infinitamente mais gostoso que abacate, pensou.

— Você também percebeu o feitiço em Naraku — afirmou Kikyou abruptamente, após um período de silêncio.

— As folhinhas no cabelo dele? Sim, eu notei que havia algo de errado... — respondeu Kagome, intrigada. — Mas ele mesmo não percebe.

— Veja isto, Kagome — Kikyou afastou a gola do quimono, exibindo a rachadura em seu ombro. O miasma, normalmente roxo, estava quase invisível e sua coloração levemente verde. — Olhe como está estranho esse miasma.

Depois de observar o ferimento, a colegial baixou a cabeça, pensativa, e murmurou:

— E o comportamento de Naraku anda muito diferente também.

— Realmente. Chamou as crias de "minhas meninas", abraçou-as... E não conseguiu fazer uma barreira. Eu poderia tê-lo purificado facilmente, se aquela youkai não tivesse interferido.

— O que você acha que aconteceu com ele, Kikyou?

— Não está claro para você, Kagome? Alguém o enfeitiçou!

— Sim, eu sei que ele está enfeitiçado — replicou a menina, meio impaciente. — Só gostaria de saber como e por quem! Afinal, parece que este é um feitiço bom, não acha? Ele foi capaz de ir à minha casa em Tóquio para buscar o cachorrinho de Kanna, sendo que um dia antes ordenara a Kagura para matar o bichinho aqui, na nossa frente...

E Kagome contou, em poucas palavras, as peripécias do hanyou na era moderna. Kikyou franziu o cenho, pensativa e intrigada. No fim do relato, resmungou apenas:

— Eu ainda vou arrancar a verdade dele...

— Mas como voc-

— Esqueça, só estava pensando alto. Me dá outro quilate? — interrompeu ela, ansiosa. Kagome desistiu de perguntar mais coisas e deu a Kikyou outra barrinha, dessa vez, de chocolate meio amargo.

***

O youkai branco, sem pensar duas vezes, se atirou dentro do lago e encontrou o jovem, desmaiado, preso sob o tronco de madeira, que impedia que seu corpo emergisse. Rapidamente, puxou-o e saiu da água. Deitou-o no chão sem muito cuidado, enquanto o xingava:

Hanyou maldito! Por que resolveu virar humano justo agora? Imprestável, inútil! Perdi o Naraku de vista por sua causa! — e, dando um sorriso sinistro de lado, concluiu: — Enfim, tudo o que eu desejo é que você morra mesmo... Escória...

Apesar da pouca iluminação, ele observara que o corpo de InuYasha estava cheio de cortes e arranhões. De seu nariz, escorria um pouco de sangue; certamente estava com ferimentos internos. Bastante molhado, Sesshoumaru ficou de pé, pensando em deixá-lo, mas algo diferente ocorria no interior de sua alma. Voltou para olhar seu odiado meio-irmão mais uma vez. A Tessaiga, principal fonte dos atritos entre eles, continuava lá, anexada no quimono vermelho.

— Se não fosse por sua estúpida existência, meu chichi-ue deixaria a Tessaiga para mim... — resmungou, mas sem deixar de olhar para o hanyou. Instantes depois, abaixava-se para dar um tapa no jovem.

— Acorde, humano nojento... Acorde! — e, colocando sua única mão no peito de InuYasha, percebeu que a pulsação do seu coração estava muito fraca. — Se quer morrer, morra logo, maldito. A Tessaiga será finalmente minha...

O youkai branco se sentia totalmente desconfortável com a situação e, por mais que alegasse querer a morte do hanyou, estava começando a ficar nervoso com aquele desmaio prolongado provocado pelo afogamento. Tirou de sobre si a estola encharcada e a armadura.

— Tudo em você me irrita, InuYasha! Eu o odeio tanto! — vociferou ele. — Odeio você, odeio meu pai por tê-lo gerado, odeio aquela princesa Izayoi por tê-lo parido, odeio aqueles humanos que te amam... Até a minha Rin é afeiçoada a você, hanyou dos infernos...

E, enquanto dizia isso, Sesshoumaru aproximava-se, a cada minuto menos interessado na Tessaiga e mais em alguma reação no rosto adolescente do outro. Era terrível a sensação de luta interior na sua mente.

— Meu único familiar vivo neste mundo, o único elo com meu pai... Mas, que diabos! É um hanyou, meu pai deu a Tessaiga para ele... E ainda por cima, esse desgraçado me arrancou um braço! Eu PRECISO odiar você, InuYasha!

Por fim, Sesshoumaru levou a mão à cabeça, aflito, bagunçando seus longos cabelos molhados. Xingou um palavrão. Vendo que a respiração de InuYasha estava cada vez mais fraca, tapou-lhe as narinas e colou a própria boca à dele, soprando com força e sentindo o gosto do sangue contido ali. Golpeou-lhe o tórax. Nada.

— Desgraçado, maldito, acorde! — gritou Sesshoumaru, sacudindo o hanyou, verificando-lhe a pulsação, angustiado. — InuYasha, que diabos! Acorde! Estou mandando!

Por fim, o youkai branco, ajoelhado e lívido, parou de gritar e de sacudir o irmão.

O coração de InuYasha havia parado de bater.


Continua...


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Notas finais do capítulo

Sim, gente, eu matei o InuYasha, mas foi por uma boa causa! Não me crucifiquem! hehe
Veremos como será a reação do Sesshoumarrento, que tanto queria sua morte...
O que falará mais alto? O desprezo? Os laços de sangue? Qual é a opinião de vocês?

Obrigada a todos que têm me acompanhado até aqui!

~TheOkaasan



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