A Jornada escrita por DLeindecker


Capítulo 1
Agora


Notas iniciais do capítulo

Bom dia//tarde//noite//madruga pessoas desse mundo! Esse é o primeiro capítulo de A Jornada - reboot - O capítulo ficou bastante extenso para um prólogo/primeiro capítulo, mas foi bom assim, acho que nenhum capítulo vai baixar de 1500 palavras, podem se preparar!Espero que gostem! E que deixem um comentariozinho no final do capítulo!Até as notas finais! BOA LEITURA!



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Cheiro de merda:

"Mesmo se ele tivesse conseguido frear, e não atropelar a pobre garotinha, não haveria tempo, pelos menos uma pancada de leve acabaria acontecendo. Agora seu carro está amassado, e seu boletim de ocorrência com sua primeira linha de acusação. Que ótimo dia para o professor de escola pública!"

            Podia ser um dia normal. Mas não era. Era primeiro dia de aula do ensino médio. Saco. Ele tirava as cobertas de cima de seu corpo, ainda gelado. Estende os pés ao chão, que estava frio como uma pedra de gelo. Era fevereiro, calorzão no Brasil, o pequeno ar-condicionado ficou ligado durante a noite inteira, esfriando a todos que estavam dormindo ali. Ele estava sozinho no quarto, mas o cheiro de ovos fritos, torradinhas, e presunto entravam por debaixo da porta e se espalhava por todos os cômodos. Era ela quem fazia todos os cafés da manha.

            Gravata, calça social, sapato social, gel no cabelo, perfume, desodorante, estava tudo perfeito diante de seus olhos ao espelho. Ele abriu a porta do quarto e viu ela, com seu sorriso lindo. Andou até ela e deu um beijinho em seu rosto, logo depois se dirigiu ao banheiro, para terminar de se ajeitar. Em todos os lugares que ia, o cheiro do maravilhoso café da manha o seguia, deixando seu estomago com mais, e mais vontade de comer.

            Ele viu que já estava totalmente pronto, sentado a mesa apenas ele e ela. Os dois com grandes sorrisos no rosto. Ela por conseguir terminar de fazer a limpeza na casa graças às aulas ter começado, e ele, por sempre estar com seu sorriso na cara, acho que nada conseguia tira-lo de seu rosto.

— Ansioso? — ela começou a falar, levando a xícara de café até a boca — Digo, para voltar ao ensino médio?

— Você nem imagina quanto!

            Ele se levantou da mesa, abotoou o último botão da camisa, terminou de amarrar os cadarços, deu uma leve referencia rápida para ela e, por fim, pegou as chaves do carro. De acordo com o GPS do seu celular, conhecido popularmente como Waze, mostrava que a escola não ficava tão longe da sua casa, mesmo ele sabendo o caminho, usava o aplicativo para acumular pontos, pra conseguir trocar seu personagem.

            Ele conseguiu estacionar o carro na frente da escola, olhou em seu relógio e viu que ainda tinha alguns minutos de descanso, antes de entrar no que alguns chamam de mausoléu.

— Não vai entrar no primeiro dia Augusto? — disse um gordo, com poucos fios na cabeça, batendo no vidro do motorista — Venha comigo. Vou aproveitar e te mostrar a nova professora de Biologia, é um filé meu amigo!

            Ele revirou os olhos dentro do carro. Fez sinal para o gordo do lado de fora esperar, começou a fingir que estava fazendo algo importante dentro do carro. Um pouco depois decidiu, finalmente, sair lá de dentro.

— Vamos, anime-se Augusto! — o gordo ainda tentava faze-lo se animar para o primeiro dia de aula, como se fosse uma promoção de rodizio de pizza — Você está muito tenso, solte-se!

— Como posso me animar, Carlos? Tente-me dizer como! — ele disse um pouco alto de mais, estava realmente exaltado com toda aquela situação — Recebi, em minhas férias inteiras, meu salário parcelado! Sabe o que eu posso fazer com os R$500, 00 que recebi? Ou eu pago o aluguel, ou a luz, ou a água, se eu tentar fazer mais que isso, entro no cheque especial! Satisfeito?!

— Desculpe-me, de vez em quando, eu esqueço de que sou rico e não preciso viver do meu salário de professor de Educação Artística!

— Vá à merda, Carlos! — Augusto respondeu, para não amassar a cara de seu amigo.

            O gordo riu, e continuou acompanhando Augusto. Sabe, para ser uma escola que necessita da ajuda do governo, ela está bem conservada. O prédio de tijolo à vista não tinha nenhuma rachadura, aparentemente, as janelas todas estavam com os vidros originais, as goleiras, redes de basquete e redes de vôlei estavam todas no lugar, as três bandeiras estavam levantadas no mastro: a do Brasil, a do Rio Grande do Sul e uma bandeira toda preta escrita "LUTO" — que fazia uma homenagem aos professores que tiveram seus salários, que já eram baixos, parcelados em três vezes, sem juros — que lástima!

            Os dois caminhavam pelo largo corredor principal, os ternos pretos, com gravatas vermelhas, combinavam com suas camisas brancas, parecia lei por ali. Augusto olhava para o lado e via alguns alunos com máscara cirúrgica, ele sabia que era por causa do novo vírus A58P, que começou em alguns animais domésticos e depois passou para os humanos, o que ele não entendia era o porquê de muitos não terem tomado a vacina.

— Acho que você não está a fim de ver a nova professora de Biologia, não é mesmo Augusto?

— Parabéns Carlos, você ainda pensa um pouco! — ele respondeu com sarcasmo — Quero ver meus alunos de hoje, vai lá e se deslumbre com sua nova professora de Biologia. Nos vemos no intervalo?

            Carlos concordou com a cabeça e, logo, saiu da visão de Augusto, que agora subia uma escada para o segundo piso da escola. Ele andava por um corredor sem graça de tijolos e entrou somente na sala 223. Colocou sua maleta em cima da mesa do professor, olhou para os alunos de 1º ano sem falar nada, pegou uma caneta preta e escreveu no quadro branco: Augusto Silva. Virou-se de novo para os alunos, viu que poucos prestavam a atenção nele. Sentou-se em sua cadeira e colocou seus pés sobre a mesa, de uma maneira brusca, gerando um barulho bastante alto.

            Alguns dos alunos que nem tinham notado sua presença agora faziam cara feia ao olhar pra ele, ele tentava imitar o máximo de caras possível, dando um jeito de encarar todo mundo de uma vez só.

— Se algum de vocês é analfabeto, eu digo o que está escrito no quadro. Está escrito meu nome: Augusto Silva. — ele disse, depende como soasse pareceria grosseiro, mas se ele for frouxo, não o respeitarão — E eu realmente espero que me escutem dentro da sala de aula, eu nem precisaria estar aqui, sabem o por quê? Por que nem o relógio trabalha de graça, e sabe quanto provavelmente ganharei esse mês para sustentar eu e minha noiva? Aproximadamente uns R$600,00, se não menos! Espero que realmente me escutem, pois eu não tenho medo algum de ir preso! A final, lá eu ganharia um salário de quase mil reais, melhor que meu salário atual.

            Ele olhou de uma maneira geral dentro da sala de aula, viu que alguns dos CDF's já tinham até colocado os óculos em cima da cabeça, que as mais patricinhas até pararam de mascar chiclete de boca aberta, e que aqueles que se achavam fodões, não conseguiam ser tão fodas como ele. Ele continuava encarando cada um, tentando entrar no intelecto dos mesmos, colocou seus óculos escuros, ficou parecendo o Keanu Reeves, nos filmes de Matrix.

— Que fique bem claro, aqui entre nós, turma 121, não estou aqui pra ser amado, muito menos pra vocês gostarem de mim. Eu estou aqui pra ser respeitado e pra ensinar! — ele disse tirando os óculos escuros, e movendo-os por todos os lados da sala de aula — Outra, como é o primeiro dia de aula, vocês só terão aula comigo hoje, e até a hora do recreio, depois vão poder vadiar com a palestra pra encher linguiça da diretora Faustina.

            Ele se levantou, colocou a mão esquerda no bolso do paletó preto e tirou uma caneta, e começou a escrever no quadro branco. Ele era professor de História, um bom professor de história para falar a verdade.

— Mitologia grega? Sério isso? — ele se virou e viu um garoto ruivo, cheio de sardas e com os olhos cheios de ramelas — Eu já olhei Percy Jackson, sei de tudo!

— Escuta sardento, quem é o professor aqui? E outra se eu tivesse pedido pra ti olhar um filme de mitologia mesmo, teria recomendado um melhor! — o professor respondeu, se virando novamente para o quadro branco e, continuado a escrever — Quando quiser ver mitologia de verdade, e não uma mitologia ficcional, que por sinal é horrível, venha falar comigo. Entendeu sardento? — o garoto ficou sem reação alguma, ficou vermelho o bastante para abaixar a cabeça e deitar sobre os braços cruzados.

            Ele pouco escreveu no quadro, e logo uma voz começou a sair das caixas de som, já empoeiradas de tanto tempo sem uso, a voz era feminina e rouca, e Augusto logo notou de quem era: Faustina Bullius.

            "Caros professores e queridos alunos, quero por meio desse comunicado vos avisar que as aulas do primeiro dia de aula estão canceladas. Por motivos do vírus A58P, que está bastante forte aqui na escola, já que muitos não tem verba o suficiente para pagar a vacina e pelo fato de um aluno, ter tido uma convulsão logo pela manha de hoje, o mesmo foi levado a UPA mais próxima. Então queria vos pedir, caros alunos, que com cautela após a sineta tocar depois do meu recado, que se dirijam devagar para fora do colégio, e queria pedir para os professores que viessem até a sala de reuniões, para revermos algumas questões. Obrigado a todos, e vos avisaremos quando as aulas retornarão, pelo grupo estudantil, no Facebook da escola! Obrigado!"

            Ele se virou de costas novamente para os alunos e começou a apagar o pouco que tinha escrito, estava esperando o sinal tocar. Quando o mesmo soou ele colocou seus óculos escuros, esperou todas saírem da sala, chaveou ela e esperou o tumulto de todas aquelas crianças para saírem do colégio, que era pequeno, mas tinha aluno pra caramba.

             Quando todos saíram de sua frente, ele caminhou vagarosamente pelo corredor, desceu as escadas como uma lesma, ele odiava as reuniões de professores, então, os mesmos, já começavam a reunião antes dele chegar. Bem, naquele dia foi diferente. Afinal, tudo estava diferente para um primeiro dia de aula. Ele entrou na sala de reuniões.

— Chegou quem faltava! — mencionou a mesma voz rouca e feminina que, antes estava falando pela caixa de som — Você podia andar um pouco mais rápido da próxima vez, não é mesmo Augusto?

— Vá à merda Faustina, eu nem deveria estar aqui, R$600,00 não paga nem a água e a luz da minha casa juntos, e como não é tu que paga meu salário, não é tu que vai falar alguma coisa de mim! — ele respondeu — E fala logo o motivo dessa reunião que eu pretendo ir embora daqui, já que estamos livres.

— Já que tu estas pra ser grosso e estúpido pode ir! — ela respondeu — Pra ti não vai ser importante mesmo.

            Ele mandou todos ali tomar no cu, com um lindo dedo do meio na cara de todo mundo. Colocou novamente seus óculos escuros, que tirou quando chegou à sala. Caminhou pátio a fora do colégio, e chegou ao seu carro, de novo. Ligou o rádio, o pen drive com músicas de bandas nacionais e internacionais de Rock, MPB e alguma coisa de POP, como Michael Jackson, Amy Winehouse e Madonna, enchiam os auto falantes do carro. Ele não era do tipo que escutava música alta dentro do carro, mas ele estava tão estressado que precisava relaxar de alguma maneira.

            Pegou seu celular, desbloqueou a tela com sua senha super difícil, que era a sua data de aniversário, entrou no WhatsApp e foi no ícone de sua namorada, e começou a digitar.

"Amor, fomos todos liberados mais cedo, estou passando em casa."

            Quando ele largou o celular de volta no porta celulares, olhou pra frente na rua já era tarde de mais. Mesmo se ele tivesse conseguido frear, e não atropelar a pobre garotinha, não haveria tempo, pelos menos uma pancada de leve acabaria acontecendo. Agora seu carro está amassado, e seu boletim de ocorrência com sua primeira linha de acusação. Que ótimo dia para o professor de escola pública! Ele saiu do carro desesperado, e logo foi ver se a garotinha estava bem.

— Pequena, pequena você está bem? — ele perguntava ansiosamente, e com muito medo — Meu Deus, como foi que você correu na frente do carro?

            Ele correu de volta para o carro, e pegou seu celular e digitou rapidamente o número 192.

— Alô?! É da SAMU? Eu preciso de uma ambulância com urgência na Rua Das Figueiras, eu atropelei sem querer uma garotinha, consegue trazer alguém da policia? Preciso fazer outra ligação urgente!

— Senhor, estou encaminhado uma ambulância agora mesmo, talvez demore um pouquinho e, sim, enviaremos uma PM junto, obrigada!

            Ele desligou o telefone e logo depois já começou a digitar o numero de sua noiva. A primeira ligação caiu na caixa de mensagens. A segunda também. Na terceira ele resolveu deixar o maldito recado.

— Amor, não sei se vou conseguir chegar a tempo para almoçar, ocorreu um acidente, uma garotinha correu na frente do carro e eu acabei a atropelando, a ambulância está vindo, provavelmente terei que ir pra delegacia, te mandarei um retorno, me liga assim que ouvir a mensagem. Te amo!

            Colocou seu celular novamente no bolso preto do paletó. Se virou para a garotinha que, não tinha nem mais espaço para respirar de tantas pessoas que tinham em volta da pobrezinha. Ele mesmo foi levando as pessoas para trás com seus braços abertos. Por incrível que pareça a ambulância do SAMU veio rápido, mas nenhum policial veio junto.

— O senhor teve sorte, os policiais estão contendo um ataque de arruaceiro, que não param, lá no alto do morro. — o paramédico dizia para Augusto — Só preciso de seu endereço, para mandarmos as faturas das despesas médicas, ou para a polícia bater lá, para o caso de óbito da menininha.

— Sim eu estou disposto a pagar todas as despesas, vai apertar um pouco mais as despesas de casa, mas eu ajeito os erros que cometo. Senhor, por acaso, o estado dela é grave?

— Pelo que vi por cima, ela deve ter fraturado apenas alguns ossos, nada tão grave! Talvez os policiais nem batam na sua casa! — ele respondeu de tal forma que aliviou o ar que estava bastante pesado — Os pais dela não vão te processar nem fazer B.O, eles viram que ela correu na frente do carro, e ainda te agradeceram por ter chamado a gente e não ter fugido.

— Eu quem agradeço! Pode mandar as despesas pra mim, meu número de telefone está nesse cartão, pode me ligar para qualquer coisa que for preciso. Tenho que ir, minha noiva está esperando! Por falar nisso meu nome é Augusto, Augusto Silva!

— Prazer Augusto, eu sou Carlos, Carlos Macedo!

            Augusto fez uma referencia a Carlos, e viu-o fazendo o mesmo. Entrou novamente no carro, fez algumas manobras e saiu do local. Ele não tinha ligado mais o rádio e deixou o celular no bolso do paletó. O dia dele estava meio abalado, bastante abalado, para falar a verdade. Enquanto ele passava pela Avenida Antônio Dutra, escutava barulho de tiros, e não era de pistolas ou revolveres, estava mais para metralhadora, pelo pouco que entendia de armas, ele só conseguiu decifrar isso. Algumas poucas pessoas perambulavam vagarosamente pelo parque, outras delas corriam em volta da pista.

            Ele parou o carro em frente à sua casa, pegou suas coisas e saiu do mesmo. O portão estava trancado, ele o abriu, entrou em casa e viu sua noiva desmaiada no chão, com a boca coberta por sangue. Pegou o telefone e ligou, pela segunda vez consecutiva, para o SAMU.

— Augusto?! De novo?! — Carlos falava do outro lado da linha, por incrível que pareça a ligação caiu direto para ele e não para a atendente, como da outra vez — O que aconteceu?

— Carlos, por favor minha noiva está cheia de sangue na boca e esta desmaiada dentro da cozinha, acho que ela bateu a cabeça também, tem um pequeno rasgo na lateral! — ele respondeu vendo que sua noiva estava se mexendo novamente — Carlos ela está se mexendo, fica na linha já falo com você de novo!

            Augusto deixou o telefone, com o viva-voz ligado, em cima da mesa, e se dirigiu a noiva.

— Janine você esta bem?! — ele disse vendo ela se levantar com os olhos esbranquiçados — Janine o que foi que aconteceu aqui? Amor, me responde!

            Ela não respondia a nenhuma pergunta e estava totalmente diferente, se aproximou lentamente de Augusto e, pulou em cima de seu corpo. Ele a empurrou e viu-a vindo em sua direção novamente, fazendo alguns barulhos esquisitos pela boca. Ele se defendeu usando os braços e a jogou novamente para trás, pegou o celular, e correu pra fora da casa, fechando a porta principal, deixando-a trancada dentro de sua casa.

— Augusto?! Augusto?! — o paramédico gritava do outro lado da linha, preocupado com o homem que a pouco conhecera.

— Carlos você ouviu tudo, não é? Ela não está bem, parece que esta fora de si! Eu acho mesmo que ela está endemoniada.

— Pegue seu carro e, sei lá, vai visitar algum amigo, ou alguma coisa do tipo, conte a ele o que aconteceu, preciso terminar o meu trabalho aqui, depois vou até sua...

            Augusto escutou a ligação cair, pegou o carro e saiu em direção ao centro da cidade.


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Notas finais do capítulo

Uiiiiii gostaram? O que acharam do primeiro capítulo de AJ? Espero, do fundo do meu coração, que tenham gostado, e que cometem ♥ Os próximos capítulos serão postados durante a tarde, como o Nyah não permite a programação de capítulos para o primeiro capítulo, estou postando agora, pois foi agora que acabei de escrever!Então nos vemos na próxima! Até, MIL BEIJOS!



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