Outono escrita por 517


Capítulo 1
one




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A paisagem bronze do início do pôr-do-sol manchada pelas sombras, negras e pequenas, do pássaros que se recolhiam. A brisa sem destino soprava as folhas secas que rodopiavam antes de se esconderem em algum canto qualquer. Algumas dessas folhas caíram aos pés daquele rapaz, que todos os dias admirava o fim da tarde, sentado naquele velho banco de madeira, situado no meio da antiga praça. Um lugar, que já havia sido esquecido pelos apressados de plantão, esquecidos por aqueles que pensavam conhecer tudo por ali, mas que se enganavam, pois a cada novo dia, vários detalhes eram adicionados, cada dia uma nova particularidade. E estas eram apreciadas pelo rapaz sentado ao banco, que como todos os pequenos detalhes passava despercebido pelos outros.

Pegou uma das folhas caídas, suspirando ao olhá-la. Quando alguém passaria as tardes ao seu lado? CLICK. Virou o rosto a procura da causa do ruído, e com facilidade, o encontrou. Ali, a alguns metros um vestido dançante em companhia de cabelos escuros e cheios, que balançavam ao ritmo do vento. O rosto não era visível, uma grande máquina preta o encobria, mas mesmo assim ele já a achava linda. CLICK. Continuava a bater suas fotos despreocupadamente, sem perceber que era observada. 

Alguém que apreciava as mesmas coisas que ele... Oras, se não era um milagre?! O garoto sorriu. E então, ela reparou. O visor de sua câmera mostrava o belo sorriso do rapaz apreciador de folhas. Um sorriso que entrava em perfeita harmonia ao rosto bochechudo e os cabelos longos e escuros. Um clicar rápido e ela o havia capturado, agora possuía aquele sorrir, e poderia apreciá-lo sempre que quisesse.

- Desculpe atrapalhar... – deixou que a câmera descansasse presa ao seu pescoço, junto ao cachecol, que era pesado o suficiente para ficar imune a ventania. – Sophie.

“Ela... Falou comigo?!” Olhou surpreso para a mão estendida a sua frente, erguendo seu olhar pelo corpo da garota, chegando até seu rosto sorridente e tímido.

- Gabe... Não, imagina! ... Não atrapalhou em nada – apertou-lhe a mão com certa força, na tentativa de descobrir se a situação era real ou não, roubando um olhar curioso da fotógrafa.

- Posso me sentar?

- ...Claro! ...Posso ver as fotos?

- Sim, claro.

Naquele velho banco, com folhas caindo sobre suas cabeças, os dois conversaram até que o céu laranja se tornasse escuro e coberto de pontos. Duas pessoas que passavam despercebidas pelos apressados, que eram apenas mais dois detalhes naquela antiga praça. E assim, uma rotina fora criada. Uma rotina que se seguiu por várias outras estações. Que foram repletas de folhas, fotos e sorrisos capturados.


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