"Please don't let me go,

I desperatly need you."

— Você está atrasada!

Annabeth torceu o nariz quando ouviu a reclamação do amigo. Como assim, estava atrasada? Chegara exatamente na hora marcada!

— Você que não sabe ver as horas nesse seu relógio.

Percy estudou rapidamente o próprio relógio de pulso analógico, presente de sua mãe. Ela tinha razão.

— Bom... Isso não importa. Vem, sente-se — disse a ela, dando pequenos tapas no gramado fofo ao seu lado.

— Você pode ao menos me explicar o porquê de estarmos aqui a essa hora da noite?

Percy abriu um sorriso bobo e insistiu que ela sentasse ao seu lado. Depois, fixou o olhar no céu.

— Você tinha que ver isso.

Annabeth decidiu que não tinha nada a perder. O sono já havia lhe escapado, então daria atenção à ele. Ao encarar o céu, via, sem nenhuma dificuldade, centenas, milhares de estrelas, cintilando na imensidão do espaço. Via, ainda, imagens incompreensíveis, que variavam de todas as mais belas cores, do roxo mais escuro ao verde mais brilhante.

Era realmente uma bela noite.

— Está vendo aquele conjunto? — ele dizia, apontando em um direção — É a constelação de Touro. Conhece a história? — Percy contava, maravilhado — Europa era a bela filha do rei Agenor. Zeus, o rei dos deuses, ao vê-la colher flores próxima ao mar, imediatamente apaixonou-se por ela, e transformou-se em um magnífico touro branco, aparecendo à beira mar aonde Europa passava seu tempo. O grande touro caminhou gentilmente até ela e curvou-se aos seus pés, e sua aparência e seus movimentos eram tão gentis que Europa colocou flores em seu pescoço e ousou montá-lo. Mas então subitamente o touro correu para o mar sequestrando Europa. Somente então ele revelou sua identidade e a carregou para a ilha de Creta, no Mediterrâneo. Lá, Zeus desfez-se do disfarce e, de volta a sua forma humana, fez de Europa sua amante sob uma árvore de cipreste. Europa então tornou-se a primeira rainha de Creta e teve três filhos de Zeus. Enfim, Zeus reproduziu a forma do touro branco, usado para seduzir Europa, no céu noturno formando a constelação de Touro.

— Como você sabe disso? — Annabeth indagou.

— Você não é a única que lê, sabia.

Ele a surpreendera. Não conhecia esse seu lado, curioso e inteligente.

— Gostaria de fazer isso.

— Fazer o quê? - ela perguntou.

— Formar uma constelação no céu.

Riu, inconscientemente. Ela esquecera o lado heróico e sonhador do amigo. Imaginou-o lutando e saindo vitorioso contra poderosos inimigos, escrevendo suas batalhas no céu.

— E o que você escreveria no infinito? — Decidiu questioná-lo.

— Seu nome.

Seu coração pulou uma batida.

— Meu... nome?

— É. Ou algo como Zeus fez. Algo que simbolizasse o que eu sinto.

Annabeth ficou completamente corada. A resposta a pegou desprevenida e não sabia o que dizer. Percy se virou para ela e disse:

— Eu te amo, Annie. Mais que o número de estrelas desse céu. — Fitou-a, procurando em seus olhos alguma resposta. Ficou em silêncio por alguns momentos e, por fim, completou — E, mesmo que eu não seja muito inteligente, sei que é muito.

Ela deu uma pequena risada, o que era mais do que suficiente para ele. Aproximou-se e a beijou de maneira carinhosa, sutil e apaixonada. Aproveitou-se da situação, puxando-a para si e deitando-a na grama, envolvendo-se em seu abraço.

E ela sussurou:

— Eu também te amo, idiota.

Entreolharam-se e riram, deliciando-se do momento. Beijaram-se novamente, e imaginaram se, algum dia, as estrelas contariam sua história.