Cassis escrita por Sereny Kyle


Capítulo 1
one shot


Notas iniciais do capítulo

Essa é, como eu disse na sinopse, a primeira fanfic de uma LONGA série que eu escrevi ao longo desses anos aqui no Nyah! E que eu tinha reajustado quando a categoria de bandas foi excluída. Decidi repostá-la, porque o Nyah e eu temos uma longa história que eu espero que não acabe!
Esse ano, eu completo sete anos de Nyah e essa é uma data importante, por isso, eu precisava fazer alguma coisa importante por aqui!
Sereny Kyle



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Takanori

Eu me senti de repente muito infeliz e alguma coisa não me deixava mais ficar deitado na cama. Olhei o relógio sobre o criado mudo: seis horas da manhã... Por que é que eu tinha que acordar tão cedo bem no meio de uma turnê?

Levantei da cama, jogando para o outro lado o edredom e bocejando. Já que eu não ia conseguir voltar a dormir, ia me arrumar e tomar um café da manhã caprichado. Não que eu tivesse ânimo o suficiente para isso...

Vesti uma roupa normal e me olhei no espelho. Uma expressão estranha se encontrava em meu rosto, uma expressão cansada e desolada, uma expressão que eu ainda não tinha conhecido em mim mesmo... Apesar de muitas pessoas terem dito que eu não parecia eu mesmo no último Gran Finale que fizemos para a turnê do Stacked Rubbish... Como eu era grato a críticas inúteis...

Coloquei um de meus grandes óculos escuros e um pouco daquela feição magoada ficou escondida por trás dele. Saí do meu quarto e o corredor ainda estava deserto, meus companheiros de banda ainda deviam estar em suas camas quentinhas, submersos em seus sonos profundos, enquanto que eu estava ali, parado, infeliz sem nem saber o motivo, descendo sozinho para meu café da manhã...

O restaurante também estava completamente deserto... Era provável que apenas eu tinha acordado dos hospedes do hotel todo... Alguns funcionários me olhavam como eu se eu fosse maluco por estar acordado tão cedo tendo ido dormir tão tarde...

Olhei para o grande buffet que ainda fumegava recém feito. Servi-me de chá, mas não quis comer nada, eu me sentia vazio como se pudesse me encolher no canto do aposento e esperar pela morte... Era um pensamento estanho até mesmo para mim, mas eu não pude evitar, como se eu só o escutasse em minha mente... Como se ele me fosse dito por outra pessoa ou pensado por outra cabeça... Será que estou enlouquecendo?

Sentei sozinho em uma das mesas vazias, olhando para o dia que nascia lentamente diante de meus olhos, os raios ainda alaranjados dando o lugar a uma atmosfera quente e solitária... Eu me sentia em paz e, ao mesmo tempo, completamente perturbado, como se uma bomba tivesse sido jogada em minha cabeça...

Comecei a olhar atentamente para o céu lá fora e eu senti realmente que queria sair, que queria andar... Até mesmo sem rumo... Não que eu pudesse ir muito longe... Eu só queria sair e respirar um pouco de ar fresco da manhã... Talvez mudasse meu estado de espírito...

O hotel tinha uma grande piscina no lado de fora e eu me sentei em uma das cadeiras a sua volta, sendo cegado momentaneamente pelo brilho branco azulado e forte do sol. Comecei a murmurar Cassis para mim mesmo, como se fosse a trilha sonora daquela manhã. Era bonita e ao mesmo triste e silenciosa. Eu não tinha certeza de qual o motivo me fez murmurar Cassis, porque eu nunca tinha feito isso antes... Já tinha murmurado muitas músicas nossas... Murmurava principalmente quando estava criando... Mas, nem mesmo nessas circunstâncias, eu tinha feito isso com Cassis... Esse era um dos motivos pelo qual eu não conseguia realmente gostar daquela música... Era estranho eu tê-la escrito... Estranha relação que dois tínhamos...

Mas eu estava realmente murmurando-a, sem saber explicar, e ela parecia aquietar minha alma... Como eu podia ter escrito essa música? Como eu podia ter escrito alguma coisa tão incompreensível para mim? E como ela podia ter esse efeito calmante em mim agora?

Eu não conseguia explicar nem para os membros da banda como foi que Cassis nasceu em minha mente tão perturbada... Era como se eu me causasse sempre uma nova dor ao me lembrar dela... Como se uma parte minha tivesse sido mortalmente arrancada e sofresse sozinha... Eu me sentia impossibilitado de me mover... E era exatamente por isso que era doloroso para mim tocá-la... Cassis só me lembrava a dor de minha alma...

Pra alguém com tantas histórias de amor mal acabadas, era até irônico ter feito uma canção tão carregada desse sentimento puro e nobre... Era como se o amor que eu cantava em Cassis fosse um amor imaculado... Um amor desconhecido... O tipo de amor pelo qual as pessoas estão dispostas a morrer...

Como um amor incondicional... Eu era velho demais para acreditar em almas gêmeas, não era? Mas era o que Cassis dizia, não era? Pelo menos, era assim que eu conseguia entendê-la... Um futuro prometido ao lado de alguém que merece ser amado...

Mesmo com essas circunstâncias dolorosas, por favor, esqueça seu sentimento de desespero... Apesar de sua crescente solidão, por favor, não fique chorando sozinha... Não importa quão distantes possamos estar, nós deveríamos continuar acreditando um no outro – juntos... Por favor, fixe seus olhos apenas em mim... Por favor, não solte a minha mão... Eu andarei junto ao futuro não prometido que continua andando juntamente com o futuro em que você está...

Mesmo se você for magoada... Você, que em algum lugar sabe de mim... Você que está aí me sentindo e me ouvindo... Não importa se te fizeram chorar... Eu sinto que nossos caminhos estão para se cruzar...

- Perdido em pensamentos, Ruki? – a voz sonolenta de Aoi veio às minhas costas.

- Alguns... – eu disse ainda tentando entender por que eu tinha feito Cassis e o que me fazia odiá-la e amá-la daquela maneira tão estranha. – Yuu-san... O que você pensa sobre Cassis?

- Cassis? – Yuu estranhou e se sentou ao meu lado. – O que quer dizer?

- O que acha dela?

- É uma boa música... Um sucesso...

- Hai... Os fãs gostam dela... – eu disse pensativo. – Você gosta dela?

- Hai... Eu gosto dela...

- Por quê?

- Eu nunca me perguntei isso... Acho fácil gostar dela... É melodiosa... Harmoniosa...

- Mas gosta dela além disso? Além de ser uma música bem feita?

-Na verdade... Eu não sei se entendo direito o que você quis dizer nela...

- Hum... – meu coração se acalmou como se eu tivesse adormecido.

- Você não gosta dela, gosta? – Yuu perguntou divertido.

- Eu não sei... Estava pensando nisso agora... Estava me perguntando se eu realmente não gosto dela... Se ela realmente não me diz nada...

- Às vezes, por estarmos nesse ramo há algum tempo... As coisas deixam de fazer sentido mesmo... – ele disse, olhando para o horizonte, mas eu não acho que estivesse mesmo vendo alguma coisa...

- É uma sensação ruim... – eu fiz uma careta.

- Não saber pra onde se está indo? – Yuu perguntou, se virando para mim.

- Não... Estamos ficando velhos... – eu gargalhei e foi a vez dele de fazer uma careta.

- Não fala disso... Eu sou o mais velho de nós cinco... – eu levantei rindo.

- Vem... Vamos tomar café da manhã... – Aoi se levantou da cadeira e me seguiu. Meu mal estar tinha cedido um pouco e, por alguma razão que eu desconhecia, isso me fazia muito mais feliz.

Camila

Eu estava diante do computador e, por mais que eu sentisse que o que eu pretendia fazer pudesse ser ruim e minha irmã faria de tudo para me dissuadir se estivesse ali, eu digitei lentamente para meu melhor amigo:

“Eu gosto de você...”

Por um tempo, eu não obtive nenhuma resposta. Aquela angustia era pior do que o nervosismo ao decidir que eu lhe contaria tudo.

“Eu também gosto de você...” ele digitou em resposta, me surpreendendo de verdade. Será que ele tinha entendido o que eu queria dizer?

“Não só como amigo...” eu expliquei.

“Eu sei...” ele deu risada. “Mas, não importa...”

“Não importa o quê?”

“Não importa mais gostar de você... Eu não quero namorar...”

“Não estava te pedindo em namoro... Só queria que você soubesse...”

“Dado o recado então...”

Senti meu coração ser esmagado contra meus pulmões. Eu tinha decidido contar tudo pra que eu parasse de pensar nele, por que tinha que doer tanto? Por que as palavras dele me feriam tão profundamente? Por que ele tinha que agir daquele jeito e me fazer chorar?

“Eu preciso sair agora...” disse de repente. “Até segunda...”

“Até... Boa convenção pra você amanhã...”

“Arigato...” saí do MSN e desliguei o computador, saindo da sala com pressa para me fechar no quarto antes que minhas lágrimas escorressem por minha face e me dedurassem para meus pais.

Era uma dor pior do que eu imaginava levar um fora... Eu já tinha visto minha irmã sofrendo encolhida na cama, mas achava que eu conseguiria ser muito mais forte do que ela jamais foi... Por que doía tanto se eu sabia que ele não merecia nem um quarto do que eu chorava?

Abri a janela e olhei para o céu e ele estava roxo, mais roxo do que eu jamais imaginei ver... Era tão... Poético... Como se ele se compadecesse da minha dor... Como se ele sentisse pela minha dor e se vestisse da cor mais linda e triste que tivesse... Era um roxo azulado nas bordas, salpicado de estrelas tímidas e uma tonalidade lavanda serena próxima ao branco onde ainda tinham vestígios de sol do dia mais triste de toda a minha vida...

Decidi ligar o rádio no CD do the GazettE que eu tinha ganhado e colocar em Silly God Disco... Talvez conseguisse melhorar meu estado de espírito... O rádio não tinha mais o controle remoto, então tinha que ir até a música doze manualmente... Era cansativo... E o visor não ajudava... Eu apaguei a luz e puxei o cobertor até a cabeça... Eu podia muito bem esperar a morte ali...

Mas, a música que começou a tocar não era Silly God Disco... Era calma e lenta... Era uma música que eu sempre gostara, mas que, até então, nunca tinha parado para realmente ouvir... Era deliciosa e reconfortante... Era como se quisesse me dizer alguma coisa... Como se estivesse falando comigo...

Sua melodia me fazia derramar cada vez mais lágrimas e eu não sentia que essas estavam sendo desperdiçadas... Eu não sabia mais pelo que eu estava chorando ali... Eu só queria me afundar naquela melodia... Naquela voz deliciosa...

Mesmo com essas circunstâncias dolorosas, por favor, esqueça seu sentimento de desespero... Apesar de sua crescente solidão, por favor, não fique chorando sozinha... Não importa quão distantes possamos estar, nós deveríamos continuar acreditando um no outro – juntos... Por favor, fixe seus olhos apenas em mim... Por favor, não solte a minha mão... Eu andarei junto ao futuro não prometido que continua andando juntamente com o futuro em que você está...

E tinha um solo de guitarra... Eu ainda não sabia quem o estava tocando... Mas era o segundo solo, porque, quando eu não percebia direito, já estava no terceiro e eu ficava brava. Era lindo... E ao mesmo tempo doía... Mas era uma dor boa... Uma dor que eu sabia que não duraria muito tempo... Uma dor que não ficaria ali para sempre... Uma dor que seria recompensada... Como quando você deseja ter de volta uma coisa que perdeu e reencontra... Uma recompensa boa...

Aos poucos, eu consegui parar de chorar histericamente... Consegui pesar as coisas em minha cabeça e me sentir esperançosa de novo... Consegui sentir meu coração bater acelerado novamente e que eu não queria morrer ainda... Saí de baixo das cobertas e terminei de escutar Cassis antes de desligar o rádio. Sentei no sofá ao lado da janela e fiquei olhando o céu agora coberto de estrelas, azul escuro... Lindo demais... Lindo demais...

Eu não soltaria a minha mão da do destino... Não me deixaria abalar daquela maneira outra vez e esperaria pelo futuro não prometido... O futuro que vinha na minha direção e buscava por mim por aquele céu estrelado, exatamente como eu buscava por ele...


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Notas finais do capítulo

mereço reviews?
a próxima fanfic se chama "Faltanto um Pedaço"



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