MEU DEUS SETE E SETE penso aos corredores de casa correndo que nem uma doida pra poder me vestir. Já vi que vai ser um dia daqueles. Chego na escola e a Amanda não da a mínima pra mim, obviamente porque está ocupada com seu melhor amigo, Nicolas. acho que nunca vi eles separados, ela é um amor de pessoa, sabe quando está errada e diz as coisas mais impossíveis de serem ditas, suavemente, já ele é engraçado e um doce, é um garoto bom e inteligente, que se pode parar pra se conversar por horas. Eles ate parecem namorados, mas sabem os limites. As vezes me da um ciúme até porque ele deveria ser meu namorado, e isso me doí. Temos uma história engraçada, nós tivemos nossos primeiro beijo juntos e sempre fomos mais de abraços do que de beijos, tivemos uma separação difícil. Ele me traiu numa festa de formatura, achei que era piada ao ouvir as palavras sendo cuspidas por José ao telefone as 5:30 da manhã "ele te traiu com uma gostosa, ele tem uma baita de uma sorte, ele está bêbedo e fumando com os amigos dele" aquilo partiu meu coração, já que também podia ouvir ele gritando que a garota era a menina mais linda que ele pegou na vida, o bom é que logo no outro dia ele admitiu seu erro e quis voltar, mas eram dois anos de namoro. Paro de pensar, respiro fundo e vou até eles, digo oi, arranco algumas risadas e eles de mim. Amanda e Nicolas são e sempre foram meus melhores amigos, conheço eles a uns quatro anos e sei que sou algo pra eles, mas sempre as coisas mudam e no fim nos distanciamos e eles parecem mais fortes em relação a amizade.

Algumas semanas se passaram e até que está indo tudo bem, mas hoje o dia está diferente, cinzento e triste. estou sentada na minha cama mexendo no meu celular. Minha mãe abre a porta e me olha, vejo seus olhos enormes se enchendo de lágrimas. Ela chega perto e diz que tem algo sério para contar e começa a abrir sua boca de um jeito adorável "seu pai está doente e isso você já sabe..." ela faz pausas "...mas não quero que chore, porque vai me fazer chorar. eu... eu te amo meu amor..." ela começa a chorar e eu já sei o que vem, a pior das piores notícias que eu poderia receber. "Seu pai partiu nessa madrugada". Meu pai era a melhor pessoa pra se sentar e conversar, pra poder correr e não pensar no tempo, pra poder falar besteiras e ter uma relação saudável, ele era inteligente e um pouco malvado as vezes, mas sabia seus limites e sabia me fazer rir, mas infelizmente a diabetes o arrancou de casa. Já não sentia mais meus olhos de tanto chorar, sentia como se meu coração fosse sair pela boca, mas eu encontrei conforto nos braços da minha mãe. E ela nos meus. E os dias passam e passam e eu não percebia, minhas notas estavam indo de boas pra péssimas, meu humor não era os dos melhores, e eu não conseguia parar de pensar. E já era quarta da outra semana. Quartas é o dia da semana que eu mais gosto, minha psicóloga me ajuda nesse dia e eu posso dizer que ela é uma grande mulher que sempre foi uma grande ajuda. "Quartas são sempre chuvosas né" olho pra ela de um jeito morto e balanço a cabeça "não estou me sentindo bem hoje" "e como você está? quer escrever?" não era a das melhores mas amava escrever, nesse dois anos de terapia aprendi que escrever ou desenhar ajuda mais que qualquer coisa. Peguei um papel e desenhei alguns rabiscos e comecei a chorar, e não parava, escrevi "me sinto vazia, mas me sinto cheia ao mesmo tempo, estou cansada de ter medo, estou com saudades do passado, estou cansada desses dias e desses momentos torturantes, estou cheia dessa vida vazia que levo" e chorei mais. chorei muito.