Depois de tudo peguei no sono. Acordo com despertador, 9 da manhã. Acordo esperançosa, pensando em procurar um emprego e ir na clínica com Lucas. Me levanto e me arrumo, tomo um café e deixo um bilhete pra minha mãe. Chego na frente da casa dele e vamos.
Deixo meu currículo em alguns lugares e sigo, fico uma hora perguntando pra pessoas se elas queriam alguém pra trabalhar e deixo meu telefone com elas.
Já eram 10:15 e fomos na clínica, pedimos consulta a uma garota mais nova com a voz fina.
"Temos uma aqui pra semana que vem, na quarta as 10:30" deixo marcado e seguimos pra casa.
Chego em casa acompanhada ainda dele. Sigo até quarto da minha mãe porque a casa estava exatamente do mesmo jeito que deixei de manhã. Abrindo a porta me deparo nela com os olhos cheio de lágrimas e estava mais cansada que nunca. "Mãe você conseguiu dormir?" ela balança a cabeça e pisca, com isso as lágrimas caem. Vou até ela e dou um beijo na sua testa e faço ela se deitar e a cubro e peço que ela tente dormir.
Estou no meu quarto, queria muito que a dor saísse de mim. Olho pra ele sentado na minha cama, seus olhos estão fixados no chão, está aparentemente pensando em algo sério, isso porque sua expressão não é das melhores. Vou em direção a ele e ainda em pé o beijo pra ver se aquela sensação sai. Ele pega em mim, na minha coxa e vai subindo, como se estivesse fazendo massagem. O beijo e corro até seu pescoço. E ele me joga na cama. Continua me beijando e chega até meu pescoço. Nisso percebo que não estava no momento. De novo. Acho que nem ele. Ele sai de cima de mim e deita do meu lado. Pergunto coisas aleatórias pra fugir dos pensamentos "onde achasse aquela casinha que estava chorando aquele dia?" digo baixo com a voz rouca "se lembra quando eu disse que minha mãe tinha morrido? quando ela se matou e minha vizinha me avisou que não era pra entrar em casa, na hora que tinha chegado da escola. Estava tudo tão confuso, tinha policiais e bombeiros na minha casa. E aí que eu olho pro lado e minha mãe está deitada numa maca dessas de médico, e eu me desesperei. Sai correndo o mais rápido que pude. Perguntei o que estava havendo e quase pulei em cima dela. Um dos médicos me puxou. Ele se abaixou me abraçou e disse que havia tido um acidente na minha casa. Ele disse que aparentemente minha mãe havia ligado o fogão e apagou o fogo e mesmo assim deixou o fogão ligado. Ele me perguntou se a minha mãe tinha algum problema e se ela estava triste ultimamente. E naquele momento meu mundo caiu. Minha mãe tinha se matado. Sai correndo o mais rápido possível, apenas disse que sim pro médico e sai. Sai chorando que nem uma criança. E então achei aquela casinha com uma placa de não entre. Pensei em como a minha vida tava toda fodida e entrei. Achei o lugar apropriado e fiquei ali, chorando e passei a noite. Aquilo era meu cantinho e ainda é, ia sempre lá e aquilo me acalmava. Não havia ninguém pra me abraçar e então de algum jeito fazia a casa me abraçar, não sei, me sentia adotado por ela". eu olhei pra ele me perguntando como ele conseguia dizer as coisas. deixar elas saírem tão rápido e tão claras. "O que foi?" ele me pergunta e percebo que estava viajando "nada não... ahnn com quem morasse na época que sua mãe faleceu?" "morei com a minha vizinha mas quando ela me enchia o saco eu ia pra lá e ficava por horas". E depois ficamos ali deitados. Esperando algo de bom acontecer.