Estou que nem maluca ainda estudando para os vestibulares, estou bem nervosa mas confiante. Lucas já disse que está se matando, que está morrendo de medo. Mas falta apenas um dia. Vou tomar um banho cedo e dormir cedo também, pretendo acordar disposta e tomar um remédio pra controlar o nervosismo e a ansiedade.
O amanhã chega voando e eu acordo totalmente drogada como se eu tivesse batido minha cabeça numa parede várias e várias vezes. Não consegui dormir direito e meu estômago está revirado. Mas tenho que está pronta em uma hora.
Depois de tanto medo, nervosismo e insegurança consegui fazer a prova, estava feliz pelo meu desempenho mas não achei Lucas e ele não me respondeu nas mensagens.
Estava começando a ficar preocupada mas espero que ele tenha ido bem, assim como eu fui.
Lucas me responde depois de séculos, ele avisa que passou mal e estava triste por perder a prova. Diz apenas isso. Fiquei preocupada e liguei pra ele, me atende e parecia estar chorando, pergunto se ele ta bem e apenas diz que não e da um suspiro. "Vou aí na sua casa, agora" "não precisa... De verdade" "Lucas você não tem que escolher, eu vou e deu" "são dez horas da noite e você não sabe dirigir" "você mora a dez minutos de mim" "não estou em casa, por favor me deixa em paz" e ele desliga. Ele sempre esteve ali presente mesmo quando queria ficar sozinha, ele nunca demostrou ser fraco, mas com sua história e seu jeito triste me fazia pensar que ele precisava de mim e o que ele acabou de gritar era um pedido de socorro. Só preciso saber onde ele estava. Peguei meu casaco e fui, morrendo de medo e sem pedir pra ninguém de casa.
O procurei em toda a esquina, olhava em cada canto. O céu estava negro, não havia estrelas, meu coração estava apertado e eu estava com frio. Até perceber que meu celular estava vibrando no bolso e olhar e ver que era ele. Atendi as pressas e esperei ele falar. "Me ajuda" diz ele com a voz rouca e fraca por causa do choro. Comecei a chorar de desespero, eu não sabia o que falar o que fazer e nem sabia mais me mexer, estava congelada... "Onde você está?" assim ele sussurrou algumas ruas que deveria virar e vi uma casa muito pequena, o vi pela janelinha da casa. Eu o observei em sua bolha de tristeza. Estava pálido e chorando, estava sentado no chão e vê-lo naquela situação me fez perceber o quanto ele era lindo, o quando ficava adorável a luz da lua. Adorava essas coisas, não que gostasse de ver pessoas tristes, mas sempre via uma beleza nos traços tristes de cada. Achava que a tristeza tinha sua beleza. Estava sufocada, eu estava preocupada. Saio correndo até a porta e bati forte, ele atendeu nas pressas e me puxou com muita força pra dentro, trancou a porta e voltou a seu lugar. Fui até ele e o abracei forte e fiquei ali enquanto ele se contorcia de dor psicológica nos meus braços. Ele começou a gritar e chorar como um bebé, eu chorava ao ver o garoto mais incrível sendo torturado pelas travessuras da vida. E comecei a sussurrar desculpas pra ele como se fosse a única coisa normal que poderia fazer "me desculpa me desculpa" e ele se atacou nos meus abraços mais do que já estava e deitou em cima de mim naquele chão frio e gritou "eu... eu... não consigo mais... eu me sinto sozinho... minha mã... mãe... cade ela? eu sinto muito... eu preciso de alguém, eu preciso de você" e ele continuava a chorar assim como eu, que estava assustada. E ele se abaixou até meus lábios e me beijou com vontade e com força, como se quisesse fazer aquilo a tempos. Seu beijo era tão doce e sensível, eu podia sentir toda a sua dor com aquele contato. O frio estava sendo substituído por calor e mágoa. Eu queria mais, mais e mais...
Estamos nos beijando como loucos, ele vasculha cada canto assim como eu também, me sinto sufocada mas não quero parar eu me sinto bem e eu não consigo fazer nem eu nem ele parar. Nos beijamos mais um pouco e ele me respeita, o beijo vai parando até que ele me olha nos olhos, e deita em mim e não diz nada. Ficamos ali por um tempo. Estava paralisada por perceber o que tinha acabado de acontecer. Meu telefone toca e é minha mãe, limpo meu rosto e o deixo no chão pra atender o telefone. Minto "estou na casa dele, ele precisa de mim, ele não fez a prova por nervosismo" conversamos e ela concorda em eu dormir na "casa dele".
Eu me viro pra ele, já em pé e o beijo, nos beijamos como antes. Nos beijamos como se nós dois se conhecíamos a anos, ele é tão quente mas tão suave, tão meu. Não poderia ser melhor. Ele me pega no colo e me leva pro sofá, seus beijos desesperados ficaram lentos e eu pude o acompanhar. Sinto seus lábios macios contra o meu. Sinto o seu calor, seu medo, sua esperança, sua vontade de me fazer feliz. Ele passa a mão pela minha perna, vai até minha barriga. Suas intenções eram diferentes da minha, não queria ali, não queria agora. Não estava no clima pra aquilo. Me obriguei a parar por mais bom que estava e o olhei e olhei e olhei e não me cansava. Me achava uma estúpida por não sentir muita coisa por ele até o beijar. Vi seus lindos olhos me encarando, e ficamos ali no silêncio.
Os brilhos dos olhos dele era notável e ele estava ofegante.
Infelizmente o momento bom acabou, ele se levantou e começou a chorar mais e colocou as mãos em sua cabeça e gritou muito, parou e sussurra pra si que não aguentava mais aquilo. Ele vem pra perto de mim meio agressivo e me puxou de um jeito doce, me fez levantar e me abraçou e agradeceu "obrig..." ele não conseguia terminar sua frase "obrigada por ter vindo aqui, obrigada por ser única", sorriu com os olhos molhados.
E deitamos e pegamos no sono. Um no braço do outro.