(Giovanna)

            Meu despertador tocou exatamente às cinco da manhã, eu quase o ataquei na parede, mas no momento em que me toquei que meu celular era meu despertador, abortei a operação destruição.

            Era o dia do show, antes de sair de casa eu verifiquei o cartaz novamente, estava perfeito, tinha uma foto bem grande do tênis e ao lado os escritos em letras enormes. O papel utilizado era preto, então usamos caneta prata pra pintar as letras, tínhamos certeza de que o Bill iria adorar.

            Any passou na minha casa exatamente as seis da manhã, era incrível como ela tinha uma disposição sem fim, não parava de falar. Eu às vezes nem escutava, estava concentrada demais na hipótese de Bill Kaulitz querer me conhecer, nem que seja pra me devolver um tênis.

            Eu me impressionei com a quantidade de meninas naquela fila enorme, pelos meus cálculos eu devia ter ido dormir uns três dias na fila pra conseguir ficar entra as cinqüentas primeiras. Conclusão, eu não conseguiria nem por decreto colar na grade, até eu entrar já não teria mais lugares na primeira fila.

            Como Any era insistente agente começou a conversar com varias meninas, pra ver se conseguíamos ir mais pra frente, mas não deu certo. Bom o jeito era esperar naquela fila enorme durante o dia todo, e a noite esperar o momento certo de mostrar o cartaz.

            O dia passou extremamente devagar, na hora eu não soube diferencia se era minha ansiedade ou meu medo que mais me preocupava, mas com certeza eu tinha uma preocupação.

            Na hora do almoço a Any saiu pra comprar alguma coisa enquanto eu ficava na fila, então uma menina puxou assunto comigo.

            - Oi... – ela me cutucou no ombro – qual seu nome?

            - Ah, oi. Meu nome é Giovanna, e o seu?

            - Meu nome é Ligía – ela queria me perguntar mais alguma coisa, mas estava com medo. – Você curte os Tokio Hotel faz tempo?

            - Sim, curto eles as uns dois anos, mais ou menos. – Então eu sorri pra ela, estava tentando encoraja-la a me perguntar o que ela realmente queria saber, mas foi em vão.

            - Que legal, eu conheço eles há pouco tempo, há alguns meses, mas o amor que eu sinto por eles é tão grande. – A cara de apaixonada dela me deu medo – muitas fãs me chamam de poser, mas eu posso te garantir que não sou uma.

            Foi ai que eu tive a grande idéia de reparar como ela estava, uma calça skiny preta, uma camiseta preta, e um tênis colorido. Ela também tinha alguns cartazes, e uma pulseira de borracha escrito Tokio Hotel, sim ela era uma poser. Mas não foi pelo jeito dela se vestir que eu confirmei isso, e sim porque ela me fez a pergunta que estava entalada.

            - É verdade que o Georg tem namorada? – eu assenti com a cabeça, a cara que ela me olho me assusto, mas que culpa tinha eu de estar sendo sincera?

            Depois disso ela começou a rasgar uns dois cartazes que estavam em sua mochila, eu olhei um pedaço do papel no chão, mas não consegui ler nada, ela realmente estraçalho o papel. Aquele foi o momento em que eu consegui rir e relaxar, apesar dos pesares eu tenho que agradecer a uma poser pelo momento em que meus nervos acalmaram e eu pude pensar um pouco mais consciente.

            Any estava demorando pra trazer o almoço e isso foi até que bom, pois eu pude refleti em tudo que eu estava fazendo, e me achei uma louca por achar que Bill Kaulitz pudesse ter dado atenção ao meu tênis velho e sujo. Se ao menos aquele tênis ainda me desse sorte, mas em relação aos meninos do Tokio Hotel ele falhava, isso era tremendamente injusto.

            Depois que a Any voltou com o almoço eu lhe contei da poser, e ela racho de rir junto comigo, mas dessa vez minha preocupação continuava. A tarde fez muito calor, e eu já estava precisando de um banho, então Any teve uma idéia, na verdade ela sabia que isso iria acontecer e já tinha planejado tudo.

            Tinha um hotelzinho a umas duas quadras do local do show, era bem feio, nem parecia um hotel, mas era barato e Any tinha reservado um quarto lá, e tinha trazido roupas e toalhas, xampu e sabonete. Ela estava me assustando, como que pensou em tudo isso e ainda conseguiu pegar roupas minhas sem eu nem ver? Bom isso eu nunca descobri, mas eu tinha que agradecer a ela.

            Em menos de duas horas nós já tínhamos ido uma de cada vez tomar banho e se arrumar pro grande show, e foi incrível porque eu cheguei à fila, não deu cinco minutos abriram os portões e a fila começou a andar. Foi quando eu percebi como estava realmente longe da entrada, aquilo me deixava pior a cada segundo.

            Quando finalmente cruzamos as entradas disparamos a correr, passamos por muitas fãs que estavam cansadas e já andavam ofegante em direção ao palco. Eu sempre na cola da Any, ela era melhor pra abrir caminho na multidão. Mas o melhor que conseguimos foi ficar perto do palco na lateral esquerda, ainda estava um pouco distante, mas na frente e no lado direito nem conseguiríamos ver o palco direito.

            Foi então que eu me dei conta de que estava prestes a assistir o show que eu lutei muito pra trazer pra cá, junto com muitas outras fãs do Brasil inteiro, aquilo era surreal. O palco estava tampado por uma cortina enorme e preta, e quando ela finalmente se abriu, e ouvimos os primeiros acordes de guitarra e baixo, e os toques da bateria, quase colocamos o estádio a baixo, tamanho era a gritaria, o desespero, e a energia que tínhamos pra chamar por nossos ídolos.