(Giovanna)

            Por um momento senti o Bill escapar de meus dedos e escorrer pra fora do meu coração, mas um segundo depois o vi me olhando preocupado e tudo voltou ao seu devido lugar. Dei um meio sorriso e voltei a falar com Gustav.

            - Hum... – Disse, Gustav me olhava curioso, talvez esperando minha reação em relação ao que acabava de acontecer. – Acho que Bill tem uma nova melhor amiga...

            - A sim, ele adora fazer amigos e a Mary tem sido muito legal conosco, não falando sobre agente na mídia, já que faz tempo que ela convive com você, e bom sabe do segredo. – Ele sorriu, parecia um menino que precisava de atenção, fofo e lindo. Sorri, foi automático, e sincero.

            Não me contive e falei tudo que sentia pra Gustav, em relação a Mary e ao Bill, e a tudo que está acontecendo, menos sobre o plano de juntá-lo a Mary. No começo ele ficou atônito e meio sem graça, mas depois viu que eu precisava de alguém pra conversar e que mesmo tendo Mary e Bill, eles não eram as pessoas mais indicadas a ouvir isso.

            - Nossa Gi, não sabia que você pensava em tudo isso em relação aos sentimentos dos outros... – lutei com uma lágrima que queria escorrer e me acalmei.

            - Se eu amo a pessoa eu me preocupo muito com o que ela sente, se ela está feliz. Eu gosto de ver quem eu amo bem. – e a lágrima que teimava em cair, rolou pelo meu rosto. Gustav a enxugou.

            - Gi, não fique assim, o Bill te ama e vai ajudar a Mary a não ficar triste por vocês, pode ter certeza disso! – Como ele era otimista, sempre tudo daria certo em sua visão, isso era bom, eu estava precisando de uma pessoa assim na minha vida. – ok? – Assenti – vou ao banheiro!

            Assim que Gustav se distanciou eu olhei pra Bill que estava falando algo muito engraçado a Mary, pois ela ria demais. Então lhe fiz um sinal de positivo e ele deixou Mary e veio falar comigo.

            Me senti bem outra vez em tê-lo perto de mim, por dentro eu sentia uma magoa boba pelo momento que Bill teve com Mary, e sim eu estava com ciúmes, mas não deixaria ninguém perceber isso.

            - Amor, não faz mais isso com a Mary ok? – Disse, tentando fazê-lo acreditar que eu não estava com ciúmes, mas apenas preocupada com Mary.

            - Ok Amor, não farei mais, mas me diz uma coisa, você ficou brava? Com ciúmes?

            Se ele soubesse como eu me senti mal em pensar que eu poderia ter perdido ele, e o ciúmes que eu senti foi tão cruel e bobo, ao mesmo tempo.

            - Ai lógico que fiquei com ciúmes, mas brava não, eu sei que isso é normal em você, ser carinhoso e lindo assim... – e a verdade mais uma vez tem que ser dita, não com toda sua intensidade, o abracei e lhe de um selinho.

            Isso me lembrava que aprendi a ser verdadeira com o próprio Bill, quando estivemos juntos pela primeira vez no Brasil, foi uma noite incrível, e só quando eu fui direta e disse a verdade foi que ele me beijou. Por um momento eu tinha me esquecido de como era bom falar a verdade. Por pouco eu não cai na ilusão da mentira, e quase destrui meu relacionamento com Bill. E minha amizade com a Mary.

            Após alguns minutos David apareceu e fez um discursinho pra “iniciar” o tour, e os meninos concordaram e brincaram com ele, depois foram terminar de se arrumar e ficaram atrás do palco até o início do show.

            Eu fui falar com Mary, Any foi atrás de Tom e não o deixou sozinho até que entrassem no palco.

            - Mary, e então o que você está achando disto tudo? – Sorri, sem muita vontade, mas sorri.

            - Ai nem sei o que dizer. Conversar com o Bill hoje foi muito doido, mas eu adorei, e estar aqui com todos eles, sei lá, faz tudo valer à pena. – Ela estava sorrindo.

            - Fez tudo valer à pena? Você quer dizer ter vindo para a Alemanha?

            - Sim! Eu tinha um namorado no Brasil, eu tinha uma vida, e estava feliz com ela. Eu sabia que eu podia me dar mal aqui, mas eu apenas pensei que um dia eu ia estar onde estou hoje! E isso fez valer à pena! Todo meu esforço pra conseguir a bolsa, e todo o sacrifício que foi pra eu me formar, simplesmente tudo. – Seus olhos brilhavam.

            - Ah entendo... – Eu não sabia o que dizer, a vida dela estava destinada aquilo, viver aquilo, tudo tinha caminhado pra isso. Não tinha sido igual a mim, que fiz a minha vida chegar até aqui, que fui atrás e fiz tudo para vir pra cá, pra estar perto do Bill. Mas uma coisa a minha vida tinha feito por mim, e isso eu devia ao meu tênis, que estava um pé comigo, e outro com o Bill, até hoje.

            O show ia começar e nós tínhamos ido pra lateral do palco, Bill, desta vez, apareceria de um elevador que desceria de um andar acima do palco, Georg e Tom surgiriam no palco em meio a explosões, Gustav subiria de um elevador de dentro do palco, já com sua bateria.

            Eis que começa o show. Mary solta alguns gritinhos de emoção de acordo com os acontecimentos do show. Any e eu já estamos acostumadas que nem nos surpreendemos. Quando o show estava na metade, a minha música começou a ser cantada, Bill me olhou do meio do palco e veio em minha direção, parou pouco antes de desaparecer do palco, me mandou um beijo, e disse “Eu te Amo” apenas com os movimentos dos lábios. Isso fez meu coração disparar, está parte não estava nos ensaios.

            Olhei pra Mary e vi seu sorriso murchar aos poucos com a continuação da canção. De certa forma fiquei chateada, mas entendi que ela não estava tão preparada pra viver perto de mim, do Bill e do nosso amor.