(Giovanna)

            Que a viagem a Paris tinha sido perfeita isso eu não podia negar, mas meu medo estava depois de voltar de Paris, pois Mary estaria na loja, e me encheria de perguntas, isso era o que eu mais queria evitar. Na verdade eu não sabia se ela tinha visto que era eu, ou se apenas estava tentando ver quem era a namorada do Bill, mas depois das fotos e das entrevistas em Paris ela me reconheceria. Eu sabia disso.

            - Bom dia meninas, como estão?  - Entrei no ateliê depois de ensaiar muito o que diria sobre não ter ido trabalhar.

            - Bom dia... – Catarina respondeu de mal humor. As outras meninas murmuraram algo como oi e nem me deram atenção. Ótimo elas não me encheriam de perguntas sobre os dias que estive fora.

            Fui direto arrumar o ateliê, nem fui falar com Mary, algo me dizia que ela tinha muito a falar, ou talvez a cara que ela estava quando me viu entrando no ateliê me deu medo. Só sei que a evitaria até ela esquecer tudo que pode ter percebido.

            Ainda bem que eu sei que quando se quer evitar uma pessoa sempre se fica perto de muitas pessoas... Como eu sou burra não fiz isso, fui guardar algumas roupas no closet da nova coleção e assim que fechei a porta e dei três passos a porta se abriu e Mary entrou.

            - Então os “disfarces” – ela fez as aspas com as mãos – não eram pras sobrinhas da D. Tânia, e sim pras namoradas dos Kaulitz...

            Ela estava afirmando, será que ela estava jogando verde e esperando eu dizer tudo? Ou será que ela realmente sabia? Vou fingir que não sei de nada, talvez a convença.

            - Não entendo do que você está falando... – me virei e continuei andando em direção aos cabides de roupas pra guardar.

            - Então agora você se faz de desentendida? Você mente, fingi ser uma pessoa e na verdade é a namorada de Bill Kaulitz, e agora me vem com essa? E quer que eu acredite? – Ela veio até mim e me virou de frente pra ela, aquilo me assustou. – Não seja falsa comigo e nem desentendida, era você naquela boate? E você estava em Paris com ele por isso não veio trabalhar todos esses dias?

            Ela estava seria, e muito brava, pelo visto ela não gostava de mentiras, e quem é que gosta? Ninguém... Entrei em desespero, comecei a chorar, não conseguia falar mais nada, e Mary não parava de me exigir a verdade.

            - Pare de chorar, e assuma suas mentiras, e me fale a verdade eu não quero mais ouvir mentiras e lamentos falsos seus. – ela saiu da minha frente e começou a andar em círculos, ela colocava as mãos na cabeça e jogava seu cabelo pra trás. – Porque você mentiu? Por quê?

            E ela, finalmente, gritou, o que me fez chorar mais, e eu continuava sem conseguir falar. Ela começou a chorar então, em um gesto automático, se virou de costas pra mim.

            - Eu só queria entender porque você fez isso, eu só queria saber por que mentiu, porque quis me consolar aquele dia que o Bill declarou estar namorando, sendo que devia estar rindo de mim por dentro. – ela se virou e caminhou até mim. – Por favor, me diga por que não me disse a verdade desde o início? Eu não contaria a ninguém, mas também não me sentiria idiota como estou me sentindo agora, por descobri que a pessoa que eu desabafei esse tempo todo está no lugar que eu gostaria de estar.

            Eu a abracei, mesmo ela recusando meu abraço, e chorei, chorei tudo que estava dentro de mim esses dois meses, chorei por ela, pelo Bill, pelos meus pais, e principalmente por mim, pelo que eu estava sendo e fazendo com as pessoas que gostavam de mim. Depois de uns vinte minutos eu finalmente consegui falar.

            - Me perdoa, não era minha intenção te enganar, mas fiquei com medo, sabe... – ela me olhava atenta não queria perder nada do que eu falava. Eu deveria cuidar com as palavras. – Quando D. Tânia sugeriu os disfarces eu achei que seria a melhor coisa a se fazer, achei que poderia levar uma vida normal e uma vida como namorada do Bill, sem misturar os papeis, sem ser parada na rua como Giovanna a namorada do Bill, e sim como a Giovanna que trabalha na Boutique de D. Tânia. Mas percebi meu erro quando vi a sua reação e a reação das meninas, eu me senti mal por dentro, me senti suja por estar mentindo a vocês, e pior que isso, comecei a não querer ser mais a namorada do Bill, nem a disfarçada, eu o amo, e toda vez que estou com ele consigo ser apenas a namorada dele, sem pensar no acontece aqui. Mas quando entro nesta loja penso em tudo e fico a cada dia pior.

            - Então você se arrepende disto? Do disfarce? E de mentir? E de namorar o Bill? – Mary me olhou incrédula.

            - Sim me arrependo de maioria destas coisas, mas não me arrependo de namorar o Bill, me arrependo de ter usado um disfarce, eu não deveria ter feito isso, deveria ter feito igual a Any, que criou coragem e seguiu em enfrente como namorada do Tom sem se disfarçar.

            Mary então me abraçou, e desta vez choramos juntas, creio que agora conseguíamos chorar pra por todo o arrependimento pra fora. Já fazia mais de uma hora que estávamos ali, e ninguém tinha ido nos procurar, mas isto era bom, teríamos tempo de resolver tudo.

            - Mary, você me perdoa? Eu não queria que tudo chegasse a essa proporção, mas quando eu vi já era tarde, não tem mais como eu voltar atrás, sem contar que o Bill adorou meu disfarce, não vou parar de usá-lo...

            - Ok, te perdôo, mas eu não sabia que você estava tão mal assim por nossa causa, quando eu percebi que era você na boate eu fiquei sem reação... – Mary me olhou nos olhos. – Eu vou te ajudar nesse namoro, se é você que está fazendo o Bill feliz, irei te ajudar.

            E minha mais nova amiga estava junto comigo pra tudo. Estranho isso, mas eu não tinha mais a Any, depois que ela virou modelo, ela só viajava e saia com o Tom, nunca mais pude conversar com ela. E agora Mary estava comigo pra me ajudar, e sabia tudo.