(Giovanna)

            Eu sabia que isso iria acontecer, só não queria acreditar que ia doer tanto. Eu precisava me acostumar a não ter o Bill sempre por perto, mas também não queria me acostumar a isto.

            Tentei então me concentrar em aprender o que Mary me explicava, não foi difícil, aquilo era legal. Eu comecei a perceber que tinha alguma coisa que me puxava pra aquele lado da moda, que eu não ligava antes.

            - Olha está vendo o que aquelas meninas estão fazendo? – Mary me apontou pra duas meninas loiras que estavam arrumando as mesmas manequins do dia anterior, mas com roupas diferentes. Assenti. – Então, elas estão montando os looks que serão referência na coleção da marca desta grife. É assim que trabalhamos aqui, e cada dia uma faz uma coisa. Vem.

            Desta vez ela não me segurou pelo braço, mas foi novamente no terceiro closet, o da nova coleção. Creio que elas só trabalhavam em lançamentos.

            - Aqui está a roupa original desenhada por D. Tânia. – Arregalei os olhos quando percebi a diferença entre as peças que estavam na manequim e as que eu estava vendo. Eram parecidas, mas os detalhes eram totalmente diferentes. – Eu sei, não são muito parecidas, bom elas tem apenas o corte em comum, entende agora porque eu estava tentando achar o corte do vestido ontem?

            - Entendo, então a diferença é essa, a grife são roupas únicas, e as roupas da marca possuem o mesmo corte, mas precisam ser diferentes nos detalhes... – Mary sorriu, eu estava certa.

            - Isso mesmo. Aqui as coisas funcionam assim, mas eu já ouvi meninas da faculdade dizer que nos locais que elas estagiam as coisas são bem mais desorganizadas, e nem sempre conseguem fazer certos os cortes e tudo mais...

            - Nossa... Mas me diz uma coisa, porque que vocês têm que achar o corte? Se a roupa já não foi feita uma vez, não seria mais fácil pegar o molde e ver?

            - Sim, mas daí porque estaríamos estagiando? – Mary deu risada de mim, ok eu estava me esquecendo deste detalhe, estágio. – Então, nós aqui aprendemos a fazer cortes de roupas, e também a remodelar seus detalhes, aprendemos a fazer as primeiras peças, e depois a montar os looks, é isto o que fazemos o dia todo trancadas naquela sala.

            - Hum... – Aquilo era muito mais que apenas cortar pano e costurar, e a minha mente pequena estava se abrindo pra isto.

            - Vamos voltar à sala, hoje é meu dia de trabalhar na “fabricação” do vestido que estava desenhando ontem... – Mary sorriu e saiu do closet, como ela não me puxou, eu tomei a liberdade de ficar um pouco mais lá e olhar as roupas.

            Uma mais linda que a outra, D. Tânia tinha muito talento e realmente entendia de moda. Achei estranho o fato de não conhecer metade das roupas que estavam lá, pois já tinha feito compras na loja há um tempo. Fui perguntar a Mary o que tinha mudado.

            - Mary porque maioria das roupas que eu vi no closet eu não conheço, se experimentei mais da metade quando vim fazer compras? – Mary riu novamente, estou começando a achar que sou muito burra.

            - Olha, D. Tânia lança roupas novas todo mês, e vocês vieram no final do mês passado, a coleção deu uma repaginada. Isso sempre acontece pra ter as clientes sempre aqui. D. Tânia é um gênio da moda, e ninguém vê isso...

            - Que legal!

            Mary realmente adorava a D. Tânia, toda vez que falava da loja e de como as coisas aqui funcionavam seus olhos brilhavam, realmente aquilo era a vida dela. O telefone da sala toca, e uma menina ruiva atende, e logo me aponta o telefone.

            - Alô? – disse meio confusa, não esperava a ligação de ninguém.

            - Amiga, como estão às coisas por ai? – Ah tinha que ser Any, ela foi a Leipzig com os meninos, já que agora estava conseguindo virar modelo.

            Mas o combinado foi esse, Any não usaria mais o disfarce, e iria ser apresentada como a namorada do Tom. Eu ficaria aqui, e Bill apenas diria que agora está namorando, e que quando pudesse iria me apresentar, disfarçada, mas isto apenas nós sabíamos.

            - Estou bem! – Mentira. – e Você?

            - Estou ótima! Vou passar o telefone pro Bill agora, ele só me pediu pra ligar porque teve medo de que outra pessoa atendesse, e ele estava certo. – ela riu. – Beijo.

            - Oi minha Namorada... – Sua voz suave me fez sorrir. – Como você está?

            - Oi... – Droga, não podia falar nada que me comprometesse, aquelas alemãs curiosas estavam com toda a sua atenção voltada pra mim. – Estou bem melhor agora, e você como está?

            - Estou bem melhor agora também. – Espero que ele tenha notado o motivo de eu não chamá-lo de namorado. Todo mundo ia me perguntar muita coisa depois.

            - Vocês vão gravar que horas amanhã? E voltam quando? – eu falava o mais baixo que podia.

            - Amanhã de manhã já gravamos e de tarde já estamos em Berlim novamente. Não se esqueça de ver o programa, vai passar ainda de manhã, acho que umas onze horas.

            - Ok, não vou perder por nada esse programa...

            - Giovanna, eu amo muito você... – meus olhos se encheram de lagrimas. – mas agora eu tenho que ir.

            - Amo muito você também. Se cuida viu. – ele riu.

            - Eu me cuido se você se cuidar também... – ri junto com ele. – Tchau minha Linda, até amanhã.

            - Tchau... – e ele desligou, e tudo que eu estava lutando pra não pensar nele não adiantou mais, ele não saia da minha cabeça.