O barulho insistente do meu celular indicava que meu dia estava prestes a começar, mesmo quando fossem 5 horas da manhã.

– Fala Jane. - Disse atendendo o telefone e já me encaminhando para o armário para trocar de roupa. - Ok. E onde eu encontro vocês? Pode deixar. E em quanto ao Benji?

Joguei a camisa na cama enquanto colocava calça.

– Fechado. Estou à caminho.

Não demorei muito para chegar até o ponto marcado com Jane e Ethan. Ambos já me aguardavam e eu sabia que tinham encontrado alguma pista.

– Finalmente Brandt, achei que nunca chegaria. - Zombou Hunt.

– Qual é? Vocês me ligaram quando já estavam aqui. Isso é injusto.

– Tudo bem bebezão, não precisa chorar. - Riu Jane.

Mostrei a lingua para ela e comecei a prestar atenção na tela do notebook que estava em cima do capô do carro enquanto Hunt dava as instruções.

– Este é Cameron Johnson.

– Um dos sócios da Monkelling Company? - Perguntei.

– Exatamente. Ele é nossa pista. Ontem foi feita uma transição de mais de 100 mil dólares para a conta dele e adivinha quem depositou essa grana? - Ethan me encarou.

– Thompson?

– Quem mais seria? - Hunt falou enquanto Jane se aproximava com um mapa virtual, parecia uma espécie de tablet, só que era um apetrecho. Coisa de espião.

– Fizemos esse mapeamento e descobrimos que o dinheiro saiu da Alemanha. Thompson está por lá fazendo negócios e curiosamente hoje, Cameron Johnson está a caminho da Tailândia, onde a IMF tem uma forte suspeita de que será lá que acontecerá o próximo ataque. - Jane explicou indicando cada detalhe do mapa.

– Alguma ideia de em qual cidade o ataque pode ocorrer ou quando?

– Não dá pra saber nem onde e nem quando. Mas, temos que ir investigar. - Ethan disse enquanto digitava algo em seu computador.

– A IMF pediu para que você fosse com Hunt averiguar as coisas na Tailândia. Já eu vou ficar aqui na sede com o Benji tentando encontrar novas pistas e assim vou ir informando vocês.

– Tudo bem, Jane. - Perguntei e me virei para Ethan - E quando partimos?

– Hoje no fim da tarde. Se precisar de algo que esteja em casa pode ir pegar, preciso que me encontre na sede da IMF às 3 da tarde. Pode ser?

– Sem problemas, Hunt.

–--

Fechei a mala com as poucas coisas que tinha juntado para a viagem até a Tailândia. Abotoei o último botão da blusa e ajeitei a gravata. Me encaminhei até a cozinha para preparar um café antes de me dirigir para a sede da IMF.

Foi quando a minha campainha tocou.

– Hey Barton! - Falou Natasha assim que abri a porta. - Está todo arrumadinho. Vai pra uma nova missão com a IMF?

Dei espaço para que ela adentrasse em meu apartamento.

– Vou. Tenho que ir para a Tailândia. - Falei andando até a cozinha com Nat em meu encalço. - Mas e aí? Quais são as novidades?

– Os treinos estão normais, a equipe B tá execelente e ao que tudo indica teremos novos poblemas mais pra frente.

– Que tipo de problema? - Indaguei enquanto colocava água, que já fervia, no coador.

– Daniel, mais conhecido como Ikarus.

– Aquele cara ilusionista que é mutante de fogo?

– Exatamente. - Natasha respondeu enquanto pegava uma caneca para mim e para ela. - Como sabe esse caso é nosso. Meu, seu e do Steve.

– Sim, fizemos todo o levamento na última missão. Mas, o que houve?

Me sentei à mesa de frente para ela, encarando seus olhos e reparando na expressão indecifrável que ela tinha no rosto. Era impossível decifrar o que Natasha Romanoff estava pensando ou sentindo só por sua expressão.

– Ele escapou da prisão. Está aprimorando seus poderes com alguns outros mutantes. Fury pediu para que a gente ficasse de olho. Talvez, ele use ilusionismo para recrutar pessoas inocentes. Esse é o nosso maior medo.

Chacoalhei a cabeça e encarei meu copo.

– Isso significa que temos que investigar mais profundamente isso. Se infiltrar.

– Exato. Eu vou cuidar do lance da infiltração, mas preciso que você e o Steve verifique os outros pontos do caso. - Disse ela, tomando um longo gole de seu café.

– Verificar possíveis alvos, vítimas, locais...

Falei caminhando pela cozinha.

– Sim. Enquanto isso, vou dar um jeito de entrar na galera, fazer amizades e ver o que eu consigo.

– Para destruir de dentro para fora. - Completei o pensamento.

Ela sorriu.

– Adoro nossa sintonia.

– É por isso que somos parceiros em grande parte das missões. - Respondi pegando os copos e indo em direção a pia para lavá-los. - É, eu preciso focar no Ikarus também.

– Sim e com isso precisará passar mais tempo na SHIELD. Embora, ande dedicando quase que seu tempo exclusivo a IMF.

– Eu sei, Nat. O problema é estar em missão.

– Não meu amigo. O problema é que agora você está oficialmente em duas missões e precisa manter uma identidade secreta em ambos os lados.

Natasha seguiu para a porta da sala e eu a acompanhei. Ela prosseguiu.

– Vou deixar você finalizar suas coisas para a viagem. Te espero na volta, temos muito o que fazer e você precisa montar um plano para poder se revezar entre a IMF e a SHIELD.

– Vai me ajudar, não é? - Pedi.

– Mas, é claro! O que seria de você senhor Clint Barton, sem alguém como eu para encobrir seus rastros.

– E nisso você é sem dúvidas a número 1.

Natasha riu e piscou para mim.

– Vou indo. Tenho que me encontrar com o Bucky. - Disse a ruiva apertando o botão do elevador.

– Romanoff e Barnes, quem diria. - Brinquei.

Natasha ficou vermelha e mostrou o dedo do meio.

– Cuida da sua vida, Arqueiro.

– Uh, ela ficou nervosa!

– Vai se foder Clint. - Falou ela antes da porta do elevador se fechar.

–--

Estava no hall de entrada da IMF junto com Hunt. Repassamos o plano e ficamos esperando o sinal para ir até o pátio externo, onde o jato estava nos esperando. Depois que a liberação veio, pegamos um elevador em direção ao subsolo e de lá percorremos um extenso corredor que nos levava até uma área externa que era camuflada digitalmente para não ser detectada pelos sistemas de satélite. Não queríamos nossa base sendo vista no Google Maps.

Nosso jato estava a nossa espera e mais a frente eu podia ver a pista. Segui atrás de Ethan e com a minha mala na mão. Vi o pessoal da manutenção passando e acenei para eles antes de entrar na aeronave.

Lá dentro, procurei meu lugar para guardar minha mala e dei um pulo para trás quando ao me virar me deparei com uma mulher de cabelos castanhos. Em um primeiro momento, apenas encarei seus olhos tentando entender quem era ela. Depois passei a reparar NELA.

Me perdi.

– Brandt. Temos uma novidade, a IMF designou Seline Walker para nos ajudar. Ela é uma grande agente, participou das principais missões da agência e já tivemos a oportunidade de trabalhar juntos uma vez em uma missão tática rápida.

Ela estendeu a mão e sorriu para mim que provavelmente ainda estava encarando ela.

– Olá, sou Cli... William Brandt.

– Sou Seline Walker, mas pode me chamar de Sally.

– Tudo bem... Sally. - Sorri finalmente encarando ela como uma pessoa normal. Não é preciso dizer mais para ficar claro que me encantei por ela.

Sally tinha cabelos castanhos e compridos, era uns 10 centímetros mais baixa do que eu, tinha uma inteligência que era para poucos e lutava de maneira espetacular. Também tinha uma mira invejável e manejava objetos como facas e espadas com maestria.

– Será um prazer trabalhar com vocês. - Respondeu e logo em seguida se virou para ajeitar suas coisas.

E eu continuava vidrado por aquela mulher que era uma completa estranha na minha vida.

Meu lado Clint Barton estava falando mais alto.