O Máscara escrita por MileFer


Capítulo 26
Epílogo




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Rafael ainda estava absorto nas palavras escritas de forma urgente na folha de papel amassada em sua frente, tentando processar de onde havia partido aquela carta inteira. 

Estava desenhando nos cantos, lendo e relendo a todo o momento as frases escritas de forma ilegível, reunindo toda a sua coragem e cansaço para convencer a si mesmo a não escrever uma quarta carta.

Queria ser menos covarde para poder despedir-se pessoalmente de Adélia, tocar suas mãos e expressar o quanto aquele pouquíssimo tempo que passaram juntos havia sido significativo para ele.  

Queria lhe dar algo que a fizesse se lembrar dele, mas não tinha tanta certeza se Adélia receberia bem qualquer coisa que lhe desse. Não sabia se ela gostaria de tê-lo em suas lembranças. Principalmente depois do que acontecera. 

Fazia três dias que nenhum dos dois se falava. Parecia pouca coisa, levando em consideração as lembranças vívidas que Rafael ainda tinha do último momento.

Sempre que fechava os olhos, ele conseguia sentir sua proximidade. Conseguia ver seu rosto próximo ao seu, o impacto suave de sua testa ao encostar-se em sua máscara...

Mas então Rafael tirava a máscara e mostrava quem realmente era. 

Não conseguia desviar os olhos dela. Não conseguia deixar de encarar seus lábios escancarados de terror, os olhos petrificados em sua pele horrível. 

Mesmo depois de ter fugido para seu refúgio, Rafael não conseguia afastar aquela sensação de imunidade, como se estivesse nu e venerável. Não conseguia deixar de pensar em coisas horríveis. 

É claro que Adélia havia ficado chocada demais com sua aparência para falar qualquer coisa, mas Rafael não conseguia deixar de imaginá-la o amaldiçoando. Não havia ficado por muito mais tempo para descobrir o que ela pensava a respeito. Não sabia se conseguiria suportar. 

Mal havia pensado duas vezes ao escrever furiosamente a primeira carta, chegando até a acusá-la por manter-se calada por tanto tempo.

Precisou de apenas algumas horas de sono para perceber o quão imaturo estava sendo. Não podia culpá-la por se negar a manter contato com ele. 

Será que ela não tinha sequer uma pequena noção do que o seu silêncio significava para ele? 

Mesmo que tivesse, ela se importaria o suficiente para escrever? 

Rafael sentiu uma fúria arrebatá-lo ao escrever a segunda carta, desculpando-se por soar tão grosseiro. 

Não havia tido nenhum resposta, e o silêncio de Adélia estava começando a preocupá-lo. 

—Está sendo chato - Fordy lhe disse, naquele mesmo dia. - Insistindo em manter contato. O que há de errado com você, afinal?

O velho não sabia o que havia acontecido - ou pelo menos era o que Rafael esperava. Não questionara as seguidas e insistentes cartas até se deparar com uma terceira.

—Estou realmente preocupado - Fordy disse, antes de sair e fazer seu trabalho. 

Rafael estava ficando louco. Que outra explicação teria para seu ataque súbito a paz de Adélia? 

Agora percebia o quão irritante havia soado durante todos aqueles dias, incomodando-a sem precedentes.

Por isso decidiu acabar com sua agonia e escrever uma despedida formal, rápida e indiferente, tomando todo o cuidado para não expressar nada do que desejasse.

Isso é um ‘adeus’ era tudo o que poderia dizer naquele momento.


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