Ellerai escrita por lplaura


Capítulo 3
Ato II - A Ida




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Ato II

Inicio da manhã. Um dia após a conversa entre a Rainha e a Marquesa. Saída do Castelo de Kingsleigh.

O Castelo de Kingsleigh estava deserto. Apenas duas figuras se movimentavam dentro dele. Eram o Conde de Kingsleigh e a Rainha. Eles andavam calmamente, quase flutuando até a saída do castelo. Alice estava em um vestido de tecido ordinário e pobre, usando um longo sobreduto marrom muito velho. Seus sapatos eram sapatilhas pretas gastas. Quem a olhasse nunca saberia que se tratava de uma rainha. Até os seus longos e belos cabelo dourados cacheados estavam presos em um rabo de cavalo baixo e medíocre. O Conde olhava-a atentamente, não sabendo se podia se orgulhar ou devia se resentir por tamanha transformação da rainha em uma plebeia miserável.

Mais ainda estava ali, e Tom via. Ainda esta ali sua beleza simples e pura, com seus olhos negros e os cabelos louros. Ele carregava a pequena mala de Alice, que se dirigia a uma carruagem bastante precária, que a levaria para Ellerai. A carruagem era muito parecida com a que ele mesmo usava em seus tempos de caixeiro-viajante.

– Aqui vou eu! – disse Alice quando o Conde ajudou-a a subir na charrete.

Tom colocou a pequena mala ao lado da rainha e olhou para a estrada que se seguia. Deu um enorme suspiro e olhou para a rainha.

– Cuide-se, Alice. Sempre lembre que não está em Kingsleigh, que o mundo é imenso e selvagem; Ellerai não é para principiantes...

Alice olhou para seu amigo, seu grande amigo, seu melhor amigo Tom Miles. O homem sem teto nem nome que ela transformou em nobre, nunca sabendo se esteve certa ou errada em ter feito isso. Tom conseguiu um lar, mas ele também nunca mais saiu de Kingsleigh, sempre ocupado com seus comércios e o Conselho. Ela lhe deu um grande sorriso e segurou a sua mão cheia de calos.

– Você falando assim parece que sou uma criança! Vou ficar bem. Emma estará ao meu lado. Confie em mim.

– Vou confiar – Tom se inclina e beija a mão da rainha demoradamente. – Estamos dizendo adeus agora, não é? – Ele dá o seu famoso sorriso triste e cordial.

– Sim, estamos – Alice ainda segurava a mão dele. Ela o olhou, aflita – Tom, eu... Eu tomei uma decisão. Fiquei muito tempo pensando e decidi que...

O Conde, por instinto ou intuição, a interrompeu.

– Se não quiser falar agora. Não sei do que se trata, mas nesta viajem , pense nisso. Pense em mim. – Tom se inclinou e beijou o rosto da rainha. Ele saiu da charrete e fez uma reverência, em parte para não ver o rosto de Alice. – Adeus, minha rainha.

– Adeus Tom.

E a charrete seguiu até sumir da vista do jovem-velho Conde de Kingsleigh.

Inicio da manhã. Casa de Emma Lyon em Ellerai.

A casa de Emma Lyon em Ellerai estava vivendo um dia um pouco atípico. Ela estava mais arrumada e limpa do que o normal e a sua dona estava também mais nervosa do que normal. Seu filho, William ou Will estava tomando tranquilamente o seu café da manha e observando, um pouco inquieto, sua mãe correndo de um lado para outro. Naquela tarde iria chegar uma sobrinha sua, uma tal de Lacie, de quem ele nunca tinha ouvido falar até o momento. Alguém bateu na porta e sua mãe lhe lançou um olhar suplicante para que ele abrisse-a.

Eram apenas Daniel e Mestre Thomas. Eles moravam no sobrado vizinho aos dos Lyon. Mestre Thomas era o chefe de Will e Daniel, que trabalhavam em sua ferraria desde os 13 anos. Ele também era o “pai” de Daniel, que tinha a mesma idade de Will (24 anos) já que o menino cresceu na rua, pulando de família adotiva a família adotiva, até Thomas lhe dar um quarto em sua casa. Os dois sempre tomavam café na casa de Emma.

– Sua sobrinha chega hoje Emma? – perguntou Mestre Thomas, delicadamente. Ele tinha mais ou menos a mesma idade dela, mas parecia uns 20 anos mais velho devido ao trabalho pesado. Will e Daniel sempre acharam que ele tinha uma queda por Emma.

– Sim, sim ela vem hoje. Quero tudo arrumado para que ela se sinta o mais á vontade aqui, estando tão longe de casa!

– Por que ela vem Srta. Lyon? – perguntou Daniel, genuinamente interessado.

– Sua mãe esta doente e foi mandada para um hospital muito longe; então a mãe dela, que é minha prima, perguntou se ela não podia ficar aqui por algum tempo. Disse que não havia problema... E vou pedir que vocês não façam muitas perguntas para a pobre menina; sejam educados.

– Ei, por que a senhora está olhando pra mim, hein mãe?

– Porque você senhor William – disse Emma em um tom autoritário mais afetivo – sabe muito bem que não é nenhum exemplo de cavalheirismo.

– Ao contrário de Sir Daniel, é claro – bufou Will

Mestre Thomas interrompeu a pequena discussão.

– Deixe de bobagem Will. Vamos, estamos atrasados, temos que abrir a ferraria mais o mais cedo possível sempre. Muito obrigada pela refeição Emma.

– Até logo meninos! Will, venha cá; me de um abraço.

Will seguiu, meio envergonhado, até os braços da mãe. Ela nunca tinha parado com esse pequeno ritual matutino.

– Te amo meu filho – sussurrou Emma, a sua orelha.

– Também te amo mãe.


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