Bubbles escrita por Tia Ariel


Capítulo 1
Capítulo Único.


Notas iniciais do capítulo

Quando eu curti a página Batatiras, o shipp "Escorpião x Peixes" me encantou de primeira e eu pensei "Por que não fazer uma fic?" e então eu resolvi escrever essa One-shot, para homenagear essa página que eu tanto admiro. Eu espero depois fazer uma "Capricórnio x Câncer" Bom, é isso!
Enjoy, guys!



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Eu sei muito bem que sou difícil de lidar.

Talvez por ser um pouco introspectivo ou talvez por estar sempre nos “bastidores”. Muitos me consideram extremamente calmo, mas creio que é apenas algo exterior, quer dizer, eu já me imaginei torturando Gemini algumas vezes quando ele aprontava alguma coisa. Entretanto, apenas espero o momento certo para cometer qualquer violência que eu possa, ou não, me arrepender.

Por causa desse meu jeito um pouco afastado e talvez até mesmo debochado – Sem intenção, é claro. – faz com que muitos me considerem uma pessoa estranha e não queiram se aproximar muito. Minha pele cinzenta e morta, meu ar relaxado, meu jeito corcunda de andar e meu cabelo negro que se assemelha a um ferrão de escorpião quando está trançado, devem de certo modo, ajudar também a uma má primeira impressão.

Ontem mesmo eu tive uma discussão com Leo que terminou com ele constrangido, mas eu juro que não sei o que disse para ele ter ficado tão vermelho. Eu apenas usei um pouco do que eu sabia sobre ele para atingir o orgulho dele. Algo simples e certeiro... Isso me faz um pouco cruel? Não, claro que não, foi por uma boa causa, certo? Ele estava me irritando, por mais que no momento eu não tenha esboçado expressão.

Como eu disse, sou verdadeiramente difícil de lidar, por mais que eu pareça uma pessoa simples e indiferente.

Esses dias eu encontrei alguém que de certo modo, me despertou uma curiosidade. Baixo, talvez chegasse a um e sessenta (Ou nem isso), com cabelos azulados claros e duas barbatanas, uma “cauda de peixe”, olhos extremamente expressivos e uma personalidade claramente ingênua e sonhadora. Seu nome era Pisces.

E não, ele não despertou curiosidade por apenas ser “adorável” ou algo do gênero, não sou um pervertido. Ele me despertou curiosidade por ele ser o único dos Zodíacos a se aproximar de mim dês que eu cheguei, mesmo que muitos –Virgo, por exemplo – dissessem para ele não se aproximar pois eu era “Doido” ou alguma coisa assim, não lembro. Pisces me comprou crepe nesse dia, e isso foi bem legal.

De início, era apenas ele que falava e eu o escutava. Mas não estava o ignorando, pelo contrário. Eu armazenava cada palavra dita pelo menino, com extrema paciência. Até detalhes supérfluos como “Eu comprei um livro de [Algum Autor Genérico] ontem” eu guardava e procurava o escritor dos livros que ele dizia. Também os gostos culinários, redes sociais, lugares favoritos, hobbies, com quem falava... Bom... Eu acredito que isso seja um pouco obsessivo. Mas não poderia me culpar, afinal, eu havia feito um amigo. Meu primeiro amigo.

Ele também não parecia gostar muito quando eu o defendia de Gemini, pois segundo ele “eu exagerava”. Não é exagero quando a pessoa merece, mas Pisces é muito gentil para pensar assim. Tirando isso, ele era incrivelmente doce e com o tempo passamos a conversar mais. Segundo a astrologia, signos de água tendem a se dar bem. Isso deve ter alguma influência, certo?

Mesmo agora, que ficamos próximos, algo ainda me incomodava. Pisces havia um número considerável de amigos, ou seja, todos os Signos gostavam dele. Até Virgo, que em teoria seria um dos inimigos naturais dele, consegue fazer amizade com ele, por mais que o azulado sempre me diz que o outro não parece ter muita paciência de ouvi-lo falando dos seus incontáveis livros e reclama de sua bagunça sempre que vai à sua casa.

No início, não era algo tão visível, mas eu estava ficando claramente com ciúmes. Quando ele me “trocava” para sair com outras pessoas, realmente era revoltante. Mas não conseguia ter raiva, por algum motivo eu acabava me derretendo por ele sempre que ele chorava pedindo desculpas por não poder sair comigo. Mas eu não esquecia, e guardava tudo isso. Junto com os meus sentimentos.

A vida foi seguindo como sempre, com a diferença que eu tinha alguém para me importar.

Hoje de manhã, estava há caminho de uma montanha perto da saída da cidade, fazendo trilha com Pisces. Havíamos saído de manhã, mas devido a diversos atrasos e imprevistos, acabamos chegando à trilha umas três horas da tarde. O que não ajudava também era o caminho ser longo e o menor parecia conversar freneticamente sobre um “Diário de Viagem” que Aquarius postou em seu “Blog” há alguns dias sobre algum lugar que ninguém conhecia ou se importava. Também não era muito fã de trilha, mas mesmo assim, não liguei muito, pois afinal, ele estava do meu lado.

Em certo momento, ele comentou:

–Bem que poderíamos fazer uma viagem juntos e retratar em um diário, não é? Scorpio? –O olhei ao garoto falar isso e confesso que quase sorri, pois “viajar juntos” significaria apenas eu e ele. Foi o que eu pensei, até ele completar... –Poderia ir todo mundo, seria bem divertido! Onde você acharia legal? Bahamas... Bahamas é uma boa ideia! Eu sempre quis ir ao Bahamas! Só que seria um pouco difícil tirar o Capricorn de seu escritório...

–É mesmo. –Disse num tom indiferente.

–Todos são tão legais... –Deu um sorriso singelo. – Você deveria se enturmar também, sabe? Tenho certeza que não seria um problema e com toda certeza você teria bastante assunto com o pessoal, sabe sobre... Essas coisas exotéricas que você gosta.

–É... Não é má ideia. –Novamente, num tom indiferente. Olhei para o céu, que estava num tom alaranjado de fim de tarde. –Está escurecendo.

–Ah, é mesmo! –Constrangeu-se, encolhendo os ombros. –Desculpa, desculpa... Eu realmente perdi a noção do tempo, caminhar com você estava sendo tão divertido que eu esqueci as horas...

Eu fiquei levemente contente pela primeira vez naquele dia ao ouvir as palavras do menor. Suspirei bagunçando o cabelo azul de Pisces e o mesmo olhou para cima com um ar choroso.

–Tudo bem. –Disse, logo tirando meus dedos finos de seu couro cabeludo. –Não há problema nenhum em perder a hora, você só esqueceu alguns segundos a mais...

–Isso é triste, eu... –O pisciano começou a chorar e eu creio que eu não ajudei muito. –Eu queria te mostrar o pico da montanha para soltarmos bolhas de sabão e não deu tempo, me desculpa!

Ele estava chorando por causa de bolhas de sabão?

–Bom, não é tão ruim... –Cocei a nuca, pensando no que dizer naquelas horas. –Podemos soltar bolhas outro dia... –Tenho certeza que eu não usei as palavras certas.

–Não é tão ruim? –Girou o calcanhar e parou na minha frente, fungando o nariz. –É horrível! Eu tentei preparar algo legal, mas... Mas... Eu sou péssimo com isso... Eu estraguei tudo... Agora vai anoitecer e vamos ficar perdidos...

Não podia vê-lo chorando daquele jeito, eu tinha que fazer algo. Era a primeira vez que eu o via tão cabisbaixo. Ou talvez eu não o conhecesse o suficiente. Fiquei em silêncio, pensando e ouvindo os soluços incessantes de Pisces. Então algo iluminou a minha mente e eu me agachei de costas na sua frente.

–Suba. –Disse simplesmente.

–Hein? –Antes que ele pudesse ter qualquer reação, coloquei-o nas costas e levantei com dificuldade. Não sou nenhum atleta ou forte, na verdade sou bem magricela. –Espera! O que é isso? –Espantou-se.

–Eu te coloquei nas costas. –Falei secamente.

–Eu sei! –Gaguejou um pouco, soluçando. –Mas está anoitecendo, e... –Afundou o rosto no meu ombro. –Não quero que você se esforce muito por minha causa...

–Vamos subir a montanha, aí poderá me mostrar as bolhas e voltaremos para a hora do jantar. –Sorri fracamente, tentando demonstrar confiança. –Então não se preocupe comigo, certo?

Levantou o rosto, enquanto secava os olhos. Demorando um tempo curto, sorriu de volta com o nariz vermelho devido ao choro. E por pouco não fez meu rosto pálido corar.

–SIM! –Segurou-se em mim o mais forte que podia e eu puxei a sua coxa para cima, começando a andar.

O resto do percurso foi até bem simples, mas um silêncio reinou. Era estranho ver Pisces tão quieto, mas ele parecia um pouco distraído com a trilha. E eu também estava quieto, pois havia parado para pensar e refletir, além de ter que me concentrar para não errar o caminho que as placas indicavam. O céu já passara do tom alaranjado para uma cor púrpura com algumas estrelas, ameaçando anoitecer a qualquer instante. O clima esfriou um pouco e eu me preocupei com o menor, mas ele havia conseguido se manter confortável ao afundar-se em mim, pois era notável que parecia um pouco quente.

E então, ao abraçar um pouco mais as minhas costas, Pisces quebrou aquele silêncio anterior.

–Você... Não é doido como as pessoas falam.

–Não sou? –Disse um pouco atento, ainda olhando para frente. –Obrigado.

–Você na verdade é bem... Legal, sabe... –Seus pés pareciam mexer-se um pouco. –É incrível como você se preocupar comigo, mesmo quando recebo algumas brincadeirinhas sem graça, ou até mesmo esqueço-me de algo... Você tenta me ajudar, do seu jeito, mas tenta. Isso é... Bem... Huh... “Fofo”... –Disse pausadamente, como se tentasse encontrar palavras para se expressar.

Parei de andar no mesmo instante ao ouvir as palavras do garoto, de maneira brusca, o que o fez quase cair das minhas costas.

–Eu disse algo? –Pisces falou trêmulo. –Me desculpa, eu não...

–Não é isso, é que eu acho que chegamos... –Comecei a descê-lo das costas e o garoto olhou por entre as árvores, admirado e correndo na frente.

Por sorte ele não viu meu rosto, que estava incrivelmente corado. Ninguém jamais havia dito isso para mim, e vindo de Pisces me parecia incrivelmente sincero. Passei a palma da mão na frente do rosto, ainda em estado de choque.

–Scorpio! Você não vem? –Começou a me chamar, gritando e me trazendo para realidade.

–Huh, está bem, estou indo, eu só... –Ajeitei a sola do tênis. –Estava pensando em uma coisa.

Andei até o pico daquela montanha lentamente, enquanto Pisces já estava sentado no chão e pegando várias coisas dentro da mochila de viagem, como comida e algumas caixinhas de bolhas de sabão. Tirei algumas plantas do meu rosto e avistei o céu coberto de estrelas e o rosto rosado do menino refletindo nelas. Era uma imagem que com toda certeza, eu não iria querer esquecer.

–Isso é lindo, não é? –Sorriu, virando-se para mim.

–É sim, eu acho. –Não disse com tanta convicção, saindo um tom sem querer apático.

Sentei-me ao lado dele, quando o mesmo estendeu uma caixinha para mim e eu a peguei, abrindo-a e vendo o aro para criar a bolha. Coloquei próximo aos lábios e assoprei até meu rosto ficar roxo, mas nada saiu. Isso me decepcionou um pouco.

–Está quebrado. –Falei, arquiando as sobrancelhas.

–Não é assim! –Riu e logo pegou a caixa da minha mão e molhou o aro, fazendo um bico com a boca. –É assim, veja. –E então, assoprou lentamente o meio, e várias bolhas translúcidas surgiram e se deslocaram do aro, soltando-se no ar. –Incrível, não é?

–Não sei se posso considerar uma bolha de sabão incrível... –Disse novamente de modo frio e sem intenção. Uma das bolhas voou à frente dos meus olhos e logo estourou próximo do meu nariz. –Oh.

–Haha, que engraçado! –Disse olhando para mim e logo estendendo novamente a caixinha de sabão. –Vai, agora tenta você. –Pegou outra caixinha de sabão para si e voltou a assoprar várias bolhas de sabão.

Novamente molhei o aro da bolha de sabão dentro da caixinha e coloquei próximo dos meus lábios, tentando assoprar do mesmo modo que o garoto e inesperadamente, várias e várias bolhas de sabão voaram de fora do aro, junto com as bolhas de Pisces. Confesso que achei interessante e molhei mais um pouco o aro, assoprando mais e o pequeno também fazia isso. Parecia até um tipo de sintonia com várias risadas e estranhamente, vindas de mim também.

Em menos de dois minutos, diversas bolhas de sabão sobrevoava nós dois e cintilava com o brilho das estrelas e da lua que se encontrava cheia aquela noite. Pisces jogou o corpo para trás e deitou-se na grama e eu fiz com mais cuidado, deitando ao lado dele. A cima de nós não havia só estrelas, mas sim várias esferas transparentes que iam sumindo ao irem para o horizonte.

–Isso foi... Bem divertido! –Disse virando-se para mim, com um sorriso cansado. –Obrigado por insistir por mim...

Respondi com um aceno com a cabeça, olhando para ele também. Era estranho pensar, mas ele parecia mais bonito do que nunca naquele momento. Ia aproximar minha mão de seu rosto para acariciá-lo, como se um imã me fizesse ser atraído por ele, mas o pisciano olhou para cima novamente, estendendo os braços às estrelas.

–Quando chegarmos, iremos comer bastante! Sabe, a culinária da família canceriana é a melhor! E é melhor irmos comer logo antes que o Tauros coma tudo, hehe!–Novamente, ele falava de outras pessoas. –Hum... Scorpio...?

–Diga. –Olhei para cima também.

–Sabe... Quando eu disse mais cedo que você deveria se enturmar... Eu... Eu falei sério, tá? –Mantive-me em um tortuoso silêncio que dessa vez confesso que foi levemente proposital. –Quer dizer... –Pisces ficou sem graça por eu ignorá-lo. –Tenho... Tenho certeza que você se adaptaria... Todos são bem legais e admiro-os muito!

Isso doeu. Isso realmente doeu.

Sentei-me e cocei a testa, soltando um grunhido que na verdade era para ser um suspiro, não olhando para o garoto, que continuou deitado sem entender a situação. Com toda certeza, essa foi à gota d’água e eu realmente fiquei bem irritado, mas tentei reagir o mais são possível.

–Você... Admira-me também? –Perguntei pensativo, agora o fitando.

–H...Hein? –Vi o seu rosto ruborizar-se. –Hum... Isso... Isso é bem repentino... Eu... Eu gosto de todos... E...

Eu acho que meu limite acabou.

Repentinamente, fui para cima do pisciano segurando seus dois braços e prendendo suas pernas com a minha, que por susto, encolheu os ombros. Meus lábios tremeram e logo um sorriso cínico apareceu em minha face.

Verdade, aquilo era divertido.

–Q...Que sorriso é esse? –Seu rosto ficou pálido, e como eu o segurava, conseguia ver que ele estava tremendo. –S...Scorpio... Eu estou assustado...

–Você não me respondeu. –Disse novamente, aproximando meu rosto do dele e batendo o meu nariz no nariz vermelho dele. –Então, agora me responda direito, você me admira?

–Eu... Eu... Huh... –Tentava desviar o olhar, timidamente. –Bom... Eu... Por favor, tem como sair de cima de mim? –Começou a choramingar. –Isso não é legal...

–Me responda primeiro... –Disse lentamente, assoprando em sua orelha, ameaçando mordê-la. –“Peixinho”.

Eu não deveria estar achando aquilo algo emocionante. Eu deveria estar me sentindo uma pessoa terrível, além do fato de Pisces ser bem mais novo que eu. Mas era como se tudo que eu senti todo esse tempo estivesse transbordando naquele momento, a raiva e a paixão que senti todo esse momento, misturadas e visíveis mais do que nunca.

–Eu... Eu realmente... Eu o admiro bastante... –Soluçou, jogando a cabeça para o lado. –Você é diferente e... Bom... E... E... É diferente... E...?

–E...? –Repeti agora ficando um pouco sério.

–E eu não sei... Desculpa... –Seus olhos brilhantes me olharam com suplica.

–Bom... Talvez eu deva lhe dar mais um motivo para me admirar. –Lambi o lábio inferior e aproximei de seu rosto. –A ponto de você apenas me admirar.

Via Pisces arfante e medroso, enquanto seus lábios pareciam estremecer. Minha testa encostou-se à dele e ele realmente estava fervendo. Apertei um pouco mais os seus pulsos, mas sem machucá-lo e senti meus lábios roçarem os rubros de Pisces levemente, pronto para beijá-lo.

–Por quê...? –Perguntou baixo.

O encarei, com os olhos semiabertos e então sorri singelamente, apenas para ele. Eu entendia finalmente que tipo de sentimento eu tinha. Eu acho que era aquela doença que muitos chamam de “estar apaixonado”.

–Por quê? Que pergunta boba... –Ri igualmente baixo. –Porque eu gosto de você, Pisces.

–Mesmo...? –Fechou os olhos lentamente e logo abriu um pouco os lábios. Ele parecia um pouco mais calmo, mas ainda tímido. Será que eu acertei?

Aproximei novamente dele, lambendo um pouco do lábio inferior, como se pedisse passagem e então, adentrei em sua boca, beijando-o. Era um pouco estranho pelo fato dos lábios dele serem pequeninos e era um pouco difícil de fazê-lo acompanhar-me, o que me fez imaginar se aquele havia sido o primeiro beijo dele. E isso me deixou bem satisfeito, aliás. Passei uma das minhas pernas por meio das suas pernas, afastando-me dos seus lábios e logo retornando a eles, sem muita pausa. Soltei gradativamente seus pulsos e abracei suas costas, aproximando mais dele com o maior cuidado possível, pois eu sentia como qualquer momento eu pudesse rachá-lo. O garoto também me abraçou, e eu me senti estranhamente acolhido.

Sentamos novamente na grama e eu segurei o seu rosto rosado, limpando as lágrimas anteriores que havia feito antes com alguns beijos, um pouco arrependido. Os lábios do garoto pareciam um pouco mais úmidos que os meus. Desci dando leves marcas que sumiam depois de um estalo e passei por sua clavícula, beijando-lhe seu pescoço e...

–Ai! –Pisces levou um susto, batendo na região do pescoço. –Você me mordeu!

–Isso é lógico. –Disse, o puxando pela cintura, observando a marca vermelha que ficou no lugar. –Afinal de contas, é sempre necessário marcar território, sabe? –Comecei a gargalhar baixo, enquanto cheirava-lhe o pescoço e imprensava o corpo dele ao meu. –Não quero que ninguém roube o que é meu.

–Isso soa um pouco assustador... –Murmurou, abraçando-se mais a mim. –Não ruim... Só assustador...

Ele era incrivelmente adorável e logo me lembrei do que eu disse no início dessa história: Eu não consigo me irritar por completo com ele, pois eu sempre acabo me apaixonando de algum modo. Seja por seu jeito romântico, seja por seu carisma, seja por sua ingenuidade, seja por sua bondade... Esse garoto é incrivelmente apaixonante em todos os aspectos, talvez por isso eu acabe tão obsessivo quando se trata dele.

Não quero que ninguém além de mim possa provar essa paixão que ele transborda.

Abri um pouco do casaco de Pisces e beijei-lhe os ombros que pareciam quentes junto com todo o corpo. Minha reação era apenas mostrar ao mundo que ele era apenas meu, então vez ou outra acabava dando-lhe um leve chupão. Meu coração batia incrivelmente forte e eu conseguia ouvir a respiração sufocante do pisciano, o que me deixava mais curioso para saber até onde poderíamos ir diante aquelas bolhas de sabão que já haviam desaparecido.

Deitei-o a minha frente, olhando por vários segundos cada estrutura de sua expressão e logo me aconcheguei de sua face novamente, beijando-lhe o rosto, as bochechas e logo sua cavidade bucal. Parecia um pouco mais intenso, pois eu realmente estava me animando um pouco na situação, ainda mais ao senti-lo puxando a parte de trás da minha camiseta.

Distanciei dele um pouco, segurando a ponta de sua camisa prestes a levantá-la. Não pensava se estava indo longe de mais, estávamos isolados. Ninguém saberia de nada, ninguém nos viria, mesmo sendo ao ar livre. Era como se o mundo fosse apenas meu. Meu mundo era de um garoto pisciano. Não havia ninguém.

Ou melhor, ninguém além de uma luz que nos cegou por um instante.

–Rapaz... Que droga é essa? –Uma voz familiar vinha da luz, parecia segurar o riso. –Estou sentindo um cheiro de um “aliciador de menores”?

Cocei os olhos e logo sai de cima de Pisces, enquanto começava a observar a silhueta que segurava uma lanterna e senti uma vontade de jogá-lo barranco abaixo, mas fiquei quieto, com a cara mais apática possível. –Diferente de Pisces que ficou incrivelmente vermelho, escondendo-se atrás de mim. – Depois de Genimi, Cancer e Virgo apareceram na trilha, com lanternas também.

–O que está acontecendo? –O ruivo aproximou-se, colocando a mão na cintura.

–Acho que chamam isso de “tarado”... –Virgo disse, jogando os cabelos para trás. –Eu esperava mais responsabilidade de você, Scorpio. –O enojou.

–Não é nada disso. –Arquiei uma das sobrancelhas. –Estávamos fazendo bolhas de sabão, não é?

–S...Sim! M...Muitas bolhas de sabão... –Pisces saiu um pouco de trás de mim, tentando disfarçar (Muito falhamente), enquanto pegava as caixinhas no chão. –Elas eram bem bonitas, vocês querem fazer também?

Os três recém-chegados se olharam e logo sentaram no chão, pegando cada um uma. Cancer molhou o dele impacientemente e logo assoprou de forma violenta, não conseguindo resultar no resultado que esperava. Gemini encarava de modo travesso o pacote e Virgem começava a criar algumas bolhas liricamente.

–Está quebrado! –Resmungou, tacando do pico. –Eu estou perdendo meu tempo aqui, daqui a pouco será o jantar e Capricorn não vai jantar de novo, pois vai perder a hora... Humpft... Apesar de que ele parecia bastante ocupado com o Libra, então não é do meu interesse. –Cruzou os braços.

–Está com ciúmes?

–Não estou não! Eu só...

–Bom, então esquece isso. Sobre as bolhas, talvez você não tenha feito direito, se você fosse menos instável... –Virgo disse, enquanto fazia várias bolhas com extrema facilidade, o que eu invejei um pouco. –Conseguiria fazer isso. Viu só? Fácil e... –Uma caixa de sabão caíra nos cabelos negros do menino, o encharcando. –QUEM FEZ ISSO?!

–Opss... Foi sem querer... –Gemini começou a rir, enquanto corria montanha abaixo. –O último a chegar beija a minha bunda, otários! –Bateu nas nádegas e mandou um beijo, zombeteiro. Ele é realmente... Impossível.

–Eu vou matá-lo, Gemini! –Começou a correr atrás dele e eu acho que torci bastante para Virgo o alcançá-lo, ao ver a fúria em seus olhos.

Cancer correu até os dois tentando acalmá-los, entretanto, ele se estressava ao mesmo tempo e eu já conseguia ouvir os três longe o bastante. Os ignorei e me levantei também, talvez já fosse hora de ir embora. Comecei a andar, um pouco chateado, afinal, atrapalharam em um momento realmente importante. Mas os três talvez não se importassem se algum momento, eu não sei, algo importante deles desaparecesse. Senti minha mão ser segurada, fazendo eu sair dos meus planos de vingança futura. Olhei, por fim, para baixo, avistando Pisces, que sorria enamorado.

–Depois... Você ainda vai tentar me fazer admirá-lo? –Perguntou baixo com algumas risadas finas, como se fosse um segredo só nosso.

–Sempre. –Apertei a sua mão com a maior segurança do mundo, falando igualmente sussurrado.


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