Blue Butterflies escrita por Pamisa Chan
Notas iniciais do capítulo
O capítulo vai conter 2 músicas. Aconselho que escutem-nas conforme aparecerem para ter mais emoção na leitura ;)
Enfim, divirtam-se. A história tomou um rumo diferente, mais focado nos acontecimentos estranhos do que o esperado. Espero que gostem!
Não se esqueçam de deixar um comentário, hein? :3
Quando a noite chegou, Warren estava na calçada na frente do colégio, esperando Max e Chloe. Ele usava uma camiseta vermelha com um desenho de cubo mágico derretendo e uma calça jeans azul. Chloe chegou em sua caminhonete barulhenta e ficou parada na frente do garoto.
— Oi, nerd! Cadê a Madmax?
— Eu não sei... ela ainda não veio. — logo após dizer isso, seu celular tocou — Max? Ah, oi! Hum... Sério? Melhoras. — Warren voltou-se para Chloe e prosseguiu — Ela não vem, disse que não tá se sentindo muito bem.
— Vou ver ela.
— Ela disse que podemos ir sem ela.
— Mas quero ir lá ver ela. — Chloe disse saindo de seu veículo.
— Ela quer falar com você. — Warren passou o celular pra a garota punk.
— Madmax? Tá tudo bem?!
— Chloe... podem ir sem mim, eu não estou muito bem. — Max tinha uma voz cansada e enfraquecida.
— Como você quer que eu saia sem você?! Ainda mais sabendo que você tá doente?!
— Pode ir sem mim, sério. — Max forçou uma tossida — É que eu acho que é... contagioso. Não venha aqui.
— Hum... claro. Ok, Maxine. Tchau. — Chloe zangou-se e soltou duas palavras sarcásticas — Muito obrigada. — logo em seguida, desligou bruscamente e devolveu o aparelho ao rapaz. — Ela não tá doente. Eu tenho certeza. Eu conheço essa garota.
— Ok... mas se ela não quer ir, não devemos atrapalhar... ela deve ter seus motivos. Bom, vou pro quarto, então... Boa noite, Chloe. — Warren virou-se, mas Chloe pigarreou, fazendo-o olhá-la novamente.
— Er... se você quiser... podemos ir ainda.
— Hum... claro. Por mim tudo bem. Eu queria muito ver esse filme.
Warren e Chloe entraram na grande caminhonete bege e saíram. Warren explicou onde ficava o local. O drive-in era do outro lado da cidade, então tiveram um bom caminho a percorrer. No rádio, uma música calma tocava. Quando uma nova música se iniciou, Piano fire, do Sparklehorse, Warren quebrou o silêncio entre as vozes:
— Eu... amo essa música.
— Eu também. Ela me acalma.
— Legal... — Alguns minutos se passaram novamente até o silêncio ser quebrado — Então... você era amiga da garota desaparecida?
— Rachel... sim. Eu sinto muito a falta dela...
— Lamento...
— Num dia ela estava comigo... e no outro... puf... desapareceu. E até hoje não voltou pra dizer que era só brincadeira.
— Espero que ela volte logo.
— Já me acostumei com isso, sabe, nerd? Quando eu tinha 13 anos, meu pai foi no mercado e nunca mais voltou... Sofreu acidente de carro. Um tempo depois, a Max foi pra Seattle e nunca mais conversou comigo. Hoje de manhã foi a primeira vez que falei com ela em cinco anos.
— Sério? Mas... por que você foi atrás dela? Você não estuda lá, estuda? Nunca te vi no colégio...
— Não. Mas eu tinha umas... pendências... a tratar com o babaca do Nathan Prescott. E a Max de certa forma me ajudou.
— Como?
— Sem detalhes, tá? Não quero mais falar disso. Chegamos. — Chloe estacionou o automóvel entre os vários veículos ali e os dois ficaram observando a grande tela, esperando o filme começar, enquanto vários outros carros chegavam e faziam o mesmo. — Cara, eu não venho num desses desde que eu e a Max tínhamos 6 anos de idade. Meu pai levou a gente pra assistir Star Wars. Até que gosto daquele filme.
— Uau... E a Max que me disse que você não gostava dessas coisas de nerd.
— E desde quando ela fala sobre mim?
— Desde que... conheci ela.
Chloe ficou atônita com a informação, abriu sua boca vagarosamente, tentando processar o que acabara de ouvir. "Então... a Max não me esqueceu completamente?". A grande tela branca de repente ficou negra, e alguns gritinhos puderam ser ouvidos vindo de outros carros. O filme começou. A garota de cabelos azuis pegou um cigarro e um isqueiro.
— Quer? — Ofereceu a seu companheiro de filme.
— Eu não fumo.
— Melhor, mais pra mim. — A garota sugava a fumaça e soltava-a do lado de fora do automóvel, tentando não incomodar o garoto com o cheiro.
Depois de uma meia hora de filme, Chloe comentou:
— Eu não imaginava que as pessoas ainda faziam isso.
— O quê?
— Drive-ins.
— É, foi uma iniciativa do colégio, um projeto de artes e culturas vintage. Meio hispter, porém, incrível. Gosto muito dessas coisas antigas.
— Olha só, um nerd retrô.
— Quase isso. E você, qual é seu estilo?
— Eu diria que sou uma... punk revoltada, talvez?
— É, faz sentido.
— Olha, nerd... Me desculpe por ter te tratado do jeito que tratei hoje cedo. É que eu estava meio irritada por ver que a Max arrumou novos amigos e me abandonou... Mas, bom... talvez ela tenha se sentido do mesmo jeito quando falei sobre a Rachel. Tanto é que ela ignorou o que falei sobre meu pai pra perguntar sobre ela. Às vezes, eu só quero chamar atenção.
— Sem problemas... Eu gostaria de chamar atenção também, mas já me acostumei a ser invisível pra todos. Afinal, ninguém gosta de "nerds retrôs", né?
— Se serve de consolo, você nem é tão retrô assim. Olhe pra você! Você nem usa óculos remendados e suéter. — Os dois riram.
Warren pegou sua carteira e mostrou para Chloe uma pequena foto antiga que havia ali. Era uma foto dele menor.
— Uau! — Chloe riu ainda mais — Isso sim é um nerd retrô. Quantos anos você tinha nessa foto?!
— Seis. Eu comecei a usar lente depois dos 14 anos. E a me vestir que nem uma pessoa normal. Naquela época, era minha mãe que escolhia minhas roupas. — disse olhando para o pequeno garoto de suéter xadrez vermelho e marrom na foto.
— E eu pensando que meus pais que eram cafonas. — Gargalhava a garota de cabelos azuis. — Olha isso. — Chloe abriu o espelho a sua frente que continha uma foto colada e mostrou a foto ao novo amigo.
— Puxa! Essas são você e a Max?
— Exatamente.
— Puxa, a Max tinha cara de garoto. — Warren riu um pouco e se sentiu culpado em seguida.
— Eu sempre dizia pra ela soltar os cabelos. Talvez ela não gostasse muito de cabelo comprido... Deve ser por isso que cortou e começou a andar de cabelo solto. — Chloe ficou séria de repente.
— Bom, você, em compensação, parecia gostar de cabelo grande. O que te fez mudar?
— Acho que o primeiro passo pra se tornar uma pessoa revoltada é fazer uma mudança no visual, né? — Riu novamente. — Eu sempre quis ter a franja que nem a Pris de Blade Runner...
— Blade Runner, sério?! Cara, eu amo esse filme! A gente podia assistir qualquer dia! — Warren soltou sem pensar e logo percebeu o que acabara de dizer. — Quer dizer...
— Tudo bem. Parece uma ideia legal até. Ei... a gente tá perdendo o filme.
— É mesmo, né? Acho que a uma altura dessas eu nem quero mais assistir. Estou distraído demais.
— Nem eu, nerd. Quer dizer...
— Tudo bem. Nerd. — Repetiu para si mesmo, para ver como soava — É legal.
— Tem certeza?
— Acho que sim...
— Bom, vamos embora daqui então... nerd!
— Você que manda... punk! — Disse em tom de brincadeira, embora receoso da possível reação.
— Ei! — Chloe se inclinou para um empurrão de brincadeira e acabou caindo em cima de Warren.
Os dois ficaram parados por alguns segundos, se fitando nos olhos, até que Chloe, num movimento astuto se reergueu e pigarreou. Ela virou o rosto para o outro lado, corada e deu partida no carro. Warren estava igualmente corado, sentia-se com as bochechas quentes. "O que acabou de acontecer aqui...? Por que estou me sentindo estranhamente atraído pela garota que me odiava assim que me conheceu...?"
— Vamos dar o fora daqui, então! — A garota disse acelerando a caminhonete.
— Vou te mostrar uma coisa.
Chloe dirigia em alta velocidade, deixando o rapaz assustado, porém animado. Ela ligou o rádio na música Hell Frozen Rain. Enquanto dirigia e gargalhava com o vento batendo dentro do carro e as janelas abertas, gritou para Warren:
— Você também não sente como se sua vida fosse uma chuva gélida no inferno?
— Às vezes! — Warren respondeu ao grito, com os cabelos todos bagunçados com o vento, cobrindo os próprios braços.
— Chegamos. — Chloe estacionou o carro na beira da praia, aumentou o volume do rádio e ambos desceram do carro.
Eram nove horas da noite. Chloe deitou-se na areia, na beira do mar, e convidou Warren a fazer o mesmo. Os dois deitaram-se a começaram a conversar:
— Eu vinha aqui com a Max quando éramos pequenas. A gente amava olhar as estrelas juntas e inventar constelações. Olha ali, parece uma borboleta! — Chloe apontou para o céu estrelado.
— É mesmo! Aquela parece... uma corça, eu acho.
— Verdade... sinto falta dos velhos tempos. Desde que ela se mudou pra Seattle, é como se... nos olhos da minha mente vivesse uma memória, difícil de encontrar, cegada por tristeza.
— E uma voz estranha, canta uma melodia... Ouve-a dizer... Chuva gélida do... — Warren continuou a letra da música que tocava, até que ambos foram parados por algo impressionante.
— Inferno... — Chloe prosseguiu o verso, assustada, e levantou-se rapidamente, chocada com a situação: geada.
— Cai. — Warren repetiu o movimento da garota do cabelo azul e levantou-se também.
Ambos ficaram observando o céu, as estrelas e a geada.
— Como... como isso é possível?! Tá um calor do inferno aqui! Você entende disso, nerd, né? O que pode ser?!
— Chuva gélida... do inferno. Isso não faz sentido! Não... não tem como! Eu vejo todas as previsões, eu estudo isso. A única explicação lógica é...
— É o quê?!
— Uma tempestade se aproximando... Um tornado!
— Oregon tem 5 tornados a cada 20 anos. Não pode ser isso... ou pode?
— Lembra das duas vezes que eu falei que precisava ver uma coisa? Eu estava pesquisando sobre isso. Tinha, na parede do banheiro do Two Whales, algo sobre isso escrito. Olha... — Warren pegou seu celular e mostrou uma imagem para ela.
— "O mar e o céu ficarão negros... e seres vivos morrerão por causa disso..."
— Isso faz parte da profecia Hopi. Eu conversei com uma mendiga no fundo do restaurante... Ela me falou sobre isso.
— Vamos sair daqui. Tá ficando frio. Precisamos falar com a Max.
Os dois entraram no carro e partiram em direção ao colégio.
— O que você sabe sobre essa profecia? — Chloe dizia um pouco nervosa, ao passo que acelerava a caminhonete.
— Não muita coisa, ainda. Mas essa neve... Pode ser parte do sinal. Esse choque térmico pode afetar os animais, especialmente os pássaros. E o "negro" da profecia nos mares pode ser o óleo despejado pelos navios. Logo teremos baleias encalhadas.
— Eu não quero acreditar em você, nerd... Mas depois de todas as porcarias que aconteceram hoje, eu tenho medo de que não possa duvidar.
— Algo grande pode estar por vir!
Chloe estacionou o carro e os dois saíram correndo no meio da geada e da chuva que caía. O chão estava molhado e os passos desesperados de Chloe espirravam água por todos os lados.
— Uau! Fazia tempo que eu não me sentia assim! — Queria gritar, mas se conteve em sussurrar com força.
— Assim como? — Warren acompanhava os passos e a voz da garota.
— Viva. — Ao dizer isso, Chloe segurou a mão do rapaz e rodou com ele pela chuva noturna. Deixou alguns gritos de felicidade escaparem.
— Vão nos descobrir, punk!
Os dois diminuíram o ritmo e entraram de mansinho no dormitório feminino. Atravessaram o corredor em direção à porta de Max e bateram. Em 10 segundos a porta se abriu. Max trajava seu pijama de pintinhos e estava com uma feição levemente sonolenta. A única coisa que conseguiu pronunciar ao ver os dois amigos foi:
— Uau, vocês estão ensopados.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
E aí, estão gostando?? Não deixem de comentar e dizer o que gostaram e o que poderia ser melhor!
Talvez o próximo capítulo demore um pouco pra sair, então aproveitem bem este... xD
Eu não sei porquê, mas Silent Hill Shattered Memories me lembra Life is Strange, principalmente as músicas. E essa se encaixou perfeitamente com a história.
Espero que tenham gostado! Até o próximo capítulo!
Beijinhos!