Uma garotinha animada corria alegremente, as suas feições e as longas tranças denunciavam a sua inocência.

Yui: Mama! Mama! Olha o que eu fiz!

Esticou os bracinhos para uma senhora de cabelos rosas e olhos verdes que sorria pacificamente a menina que segurava uma coroa de flores brancas.

Charlotte: Que bonita minha borboleta! A tua irmã mais velha fê-la não foi?

Yui: NÃO! Fui eu, sozinha!

A menina fez uma cara emburrada, a mãe riu.

Charlotte: Eu acredito em ti…

A menina riu jovialmente pondo a delicada coroa na cabeça da mãe. Uma rapariga um pouco mais velha veio para a beira da senhora que estava de joelhos pondo-se de joelhos também dando um peteleco no nariz da mais nova.

Marianne: Então piolha fizeste uma coroa de flores? Está bem-feita para variar.

Yui: EI!

Um homem adulto apareceu dando um abraço á mulher sorridente olhando para as duas meninas que discutiam.

Tom: Ei vão parar minhas princesas?

Ambas pararam e riram. Era um cenário bem agradável de um campo de flores. Todos foram para casa. A sua felicidade era contagiável. Chegaram a casa. Jantaram. Como era habitual, Yui depois de ir para o quarto onde dormia também Marianne, ia com a irmã para o “seu local especial” á socapa. Elas eram as melhores amigas apesar das discussões, elas encobriam-se, ajudavam-se, não era exagero dizer que se “amavam”. O colar que Yui carregava era prova disso.

Marianne: Piolha, eu hoje não posso ir contigo, tenho assuntos para tratar com os nossos pais. Vai tu sozinha. Promete-me uma coisa, aconteça o que acontecer, aquele á de ser o nosso lugar especial. Um dia se levares alguém lá terá  de ser tão especial com aquele sitio, combinado? Aconteça o que acontecer, vamos sempre ser irmãs e tu lembrar-te-ás dos momentos que lá passamos e de mim quando estiveres aí. Por favor, se algo acontecer nunca te esqueças de mim…ok?

Yui: Eu não vou lá sem ti! Eu fico hoje, vamos juntas amanha!

Marianne: Não, vai hoje. Prome-te-me agora que eu não vou cair no esquecimento.

Yui: Mas…

Marianne: Por favor…

A mais velha esticou o mindinho com algumas lágrimas nos olhos, a mais nova apertou o dedo mindinho da irmã com o seu mais pequeno.

Marianne: Vai…

Ela saltou pela janela. Correndo, ela não sabia o que estava a acontecer. Ficou naquele local descansando, confusa como uma garotinha daquela idade estaria naquela situação. Uma explosão furou o silencio. Ela começou a correr como se a sua dependesse de isso. Em choque olhou para a casa que um dia era alegre, que agora era carbonizada sobre as chamas que iluminavam o céu com o seu brilho alaranjado. Ela não conteve as lágrimas, de repente uma sombra de uma jovem caminhava encostada á parede, devagar. A pequena correu em direção da sombra. Marianne caiu sobre a menina que caiu de joelhos com o peso. A jovem nos braços da criança sorria de leve com lágrimas que escorriam pela face devagar. A mais pequena chorava muito, sem sequer uma réstia de alegria.

Marianne: Yui…o-ouve o-o que eu tenho para dizer… Eu sempre te amei, eu a mãma, o papá, todos te amamos muito, nunca duvides, quando olhares para o céu, nós sorriremos para ti, não estás sozinha ouviste-me? Por favor, continua em frente, n-n-nós estamos aqui…

Yui: Marianne…MARIANNE! POR FAVOR! NÃO ME DEIXES!

A mão que acariciava a cara da pequena caiu devagar na terra aquecida pelas chamas impiadosas que queimavam sem se importar o que. Os olhos da jovem fecharam-se devagar. A vós lenta e fraca da mais velha saiu forçada daqueles lábios que ainda assim sorriam.

Marianne: Desculpa…Yui…Amanha…também…não vou contigo…

Uma pessoa vestida de preto, posicionou-se arás dela pondo-lhe uma mão no ombro.

???: Dor…

Yui começou a sentir uma forte dor no peito, mesmo assim não largava a irmã, elas pareciam coladas.

???: Sofrimento…

A cada palavra os sentidos do que acontecia esvaiavam-se, os berros agudos eoavam.

???: Desgraça…

Gritou ainda mais agoniando, a irmã caiu-lhe dos braços involuntariamente, ela já não aguentava mais.

???: Morte…

Yui afastou essas memórias da cabeça, afinal o que era aquilo além de imagens sem sentido? Passado é passado. Ela estava sentada numa rocha em frente a uma pilha de madeira queimada que um dia fora uma casa. Ela imaginava aquela família que para ela vivia nas estrelas. Um sorriso macabro apareceu no seu rosto, afinal matar era o que lhe restava, não era?