Old Feelings escrita por Vtmars


Capítulo 12
Capítulo 11 - Dia de Casamento


Notas iniciais do capítulo

Olá, leitores! Espero que tenham tido um ótimo Natal! Hoje é um dia especial na fic. Revelações... Boa leitura e nos vemos nas Notas Finais!



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Gerda e outras criadas davam os últimos pontos no vestido de noiva de Louise, enquanto eu andava de lá pra cá no quarto, terminando os preparativos e me certificando de que estava tudo perfeito. Finalmente, exclamações de admiração anunciaram que o vestido estava pronto, e me virei para conferir.

– Ah, Louise... Você está maravilhosa. Perfeita – elogiei, emocionada.

– Obrigada, mãe. Você também está simplesmente deslumbrante.

Louise e eu nos abraçamos apertado e eu suspirei, tentando não começar a chorar.

– Falta só uma coisa.

Com um movimento de mãos rápido, fiz flocos de neve e cristais de gelo caírem sobre o vestido de Louise. Ela agradeceu novamente, e então Nikolas bateu na porta.

– Será que eu posso entrar?

– Está sozinho? – perguntei.

– Estou sim.

– Então pode entrar.

– Me desculpem se estou atrapalhando, mas eu não aguentava mais ficar olhando o Richard se arrumar e... Uou! Louise, você está linda! – Nikolas arregalou os olhos e se aproximou para checar o visual da irmã.

– Obrigada, Nikolas. Você até que está bem ajeitado – ela riu.

– Eu não gostei muito do que fizeram com meu cabelo, mas tudo bem.

– É só um pouco de gel, querido. Por favor, não fique desarrumando o cabelo, ou teremos problemas – pedi.

– Já passei dessa fase, mãe. – Louise e eu o olhamos sério. – Eu não vou mexer no cabelo, tá? Prometo.

– Ótimo, Nikolas. Agora, por que não vai andando, cumprimentando os convidados...?

– Entendi. Vou dar um volta, ver onde a tia Anna e a Lynae estão...

– Isso mesmo. Aproveite e peça a elas para virem nos ajudar.

Nikolas meneou a cabeça e saiu. Anna e Lynae chegaram logo depois.

– Precisam de ajuda? – perguntou Anna, com um sorriso.

– Sim, Anna. Pegue o colar e a tiara ali na penteadeira, por favor.

Anna e eu colocamos a tiara cuidadosamente no cabelo ruivo de Louise, Lynae colocou o colar em volta do pescoço dela e uma criada fez a maquiagem.

– Agora sim, está perfeita. Uma princesa, da cabeça aos pés! – exclamou Anna.

Louise estava lindíssima. O vestido era de um branco puro, cintilante. O cabelo estava preso num coque trançado e seus olhos brilhavam de felicidade.

– Um dia eu quero ter um casamento tão lindo quanto o seu, Louise! – disse Lynae.

– Você terá, Lynae – afirmou Louise, sorrindo.

– Muito bem, acho que está na hora de irmos. Pronta, Louise? – indaguei.

Ela confirmou com a cabeça. Gerda abriu a porta para nós e desejou boa sorte. Nos encontramos com Hans, Nikolas, Kristoff e Daven no fim do corredor e fomos até a capela. Permaneci perto do altar e observei a entrada de Louise e Hans. Louise irradiava felicidade, e Hans apenas estava contente por ela. Hans e Richard se cumprimentaram e Louise entregou seu buquê à Lynae. Passei os olhos pela capela; estava completamente lotada. Henktris, Vegard, Forseti, Kelsig, Wilheim, suas esposas e filhos estavam presentes. Yran, Dagny, Joseph, Isaac, Royd e Styr voltaram para As Ilhas do Sul logo após o Natal, e nem Magnor nem Patrick vieram para o casamento, por algum motivo. A cerimônia começou, e tudo ia perfeitamente bem. Os votos foram feitos e o padre disse:

– Se alguém se opõe a este matrimônio, fale agora ou cale-se para...

– Parem este casamento!

Foi possível ouvir o barulho causado quando todas as pessoas presentes na capela se viraram na direção da entrada, onde dois homens estavam parados. Patrick e Magnor.

– Mas que diabos está acontecendo aqui?! Patrick, Magnor! O que estão fazendo? – gritou Hans.

– Lamento por interromper a cerimônia, mas há algo muito importante que precisa ser dito! Patrick e eu investigamos a vida desse sujeito, e descobrimos coisas muito interessantes – afirmou Magnor.

– Por exemplo?

– Os noivos são primos!

Houve uma exclamação de surpresa coletiva, e um burburinho teve início. Eu não podia acreditar que aquilo estava acontecendo. Parecia um sonho absurdo.

– Essa é a coisa mais ridícula que eu já ouvi! De onde você tirou essa história, homem? Você é completamente louco! – bradou Richard.

– Louco é você, seu cínico! Nós temos provas de tudo! Este homem não é quem diz ser! Seu nome na verdade é Edgar, pra começo de conversa!

– Edgar? Como o...? Não, não. Não pode ser aquele Edgar – disse Hans, espantado.

– Mas é! É ele, sim! Edgar Westerguard, filho de Gardar e Lydia Westerguard. Não é mesmo, querido sobrinho? – A expressão de Magnor era dura, e ele cruzou os braços.

– E que provas você tem disso?! – questionou Richard. Ou seria Edgar?

– Várias! Patrick, por favor.

Patrick tirou uma pasta do bolso de seu casaco e abriu-a, pegando alguns papéis que ali estavam guardados.

– Estes são documentos que provam que Edgar foi, juntamente com sua meia-irmã mais velha, para um internato em Oslo, onde morou entre os anos de 1841 e 1854. E agora, pensando bem, eu me lembro de que quando Gardar e Lydia foram mandados para a clínica, você e sua irmã foram para o internato – disse Patrick.

– E, investigando a fundo, nós descobrimos o que vocês andaram fazendo da vida. – acrescentou Magnor. – Sua irmã foi embora para a França logo que atingiu a maioridade, e hoje é casada e vive confortavelmente. Já você... Viajou sem rumo, chegou às Ilhas do Sul, visitou seu pai algumas vezes e tramou um plano. Não foi assim?

– Isso é tudo loucura! – gritou Richard.

– Loucura? Aqui nós temos diversos comprovantes de passagens compradas por Edgar... E uma delas, a mais recente, era para Arendelle. – Patrick tirou mais documentos da pasta e exibiu-os.

– Como podem provar que sou eu? Esse tal Edgar pode ser qualquer um!

– Ah, é claro. Esqueci-me de falar do mais importante: Smogdain não existe. Uma cidade completamente fictícia. Assim como não havia qualquer registro da chegada de um Richard de Smogdain em Arendelle. Quando descobrimos que Edgar viera até Arendelle, imediatamente começamos pesquisar sobre ele. E adivinhe? Descobrimos na clínica psiquiátrica que Gardar estava sendo visitado frequentemente, e que recebia cartas vindas de Arendelle! Suspeito, não? Mas se ainda duvidam, revistem as coisas dele, e verão por si próprios! – assegurou Magnor.

Fiquei atordoada com tantas informações. Virei-me para Hans; ele tinha uma expressão de ódio que eu não via desde que Gardar declarara guerra contra Arendelle. E isso não era nada bom.

– Isso é o suficiente. Guardas, revirem os pertences desse homem! – ele ordenou.

– O casamento está cancelado – acrescentei, com o coração pesado.

Os guardas foram imediatamente até o quarto de Richard, e Hans e eu os seguimos de perto. A porta fora deixada aberta, e eles adentraram, revirando a mala, o guarda-roupa e as gavetas do lugar.

– Um passaporte, Majestade – disse um guarda, me entregando o documento.

Peguei o passaporte com as mãos trêmulas e olhei os dados de identificação. Edgar Westerguard.

– Hans. É verdade – sussurrei, mostrando o passaporte para ele.

Enquanto Hans fitava o passaporte, incrédulo, os guardas encontraram cartas. Cartas de Gardar. Não tive coragem de ler.

– Tragam esse desgraçado aqui! – berrou Hans.

Os guardas arrastaram Richard até seu quarto e o colocaram a nossa frente. Ele nos olhou com deboche e deu sorriso de escárnio.

– Vou tirar esse sorriso do seu rosto, seu...!

– Não, Hans! Não faça nada. Antes, você vai nos falar o que pretendia com tudo isso – exigi, me virando para Richard.

Richard, ou melhor, Edgar, riu brevemente e falou:

– Vocês tiraram minha família de mim. Humilharam meu pai. Me mandaram para um internato. Destruíram minha vida. Acho que eu tinha direito de devolver-lhes o sofrimento que causaram em mim. Eu podia ser só uma criança, mas sabia o que estava acontecendo, e ia me vingar disso. Logo que saí do internato, quando fiz 18 anos, fui procurar meu pai. Ele também queria vingança. E, juntos, nós planejamos nossa revanche. Eu sabia que eram vocês os responsáveis pela derrota dele, sabia que tinham uma filha, e sabia como executar o plano.

– Céus, ele é tão louco quanto o pai! Como se atreve a dizer uma coisa dessas?! Você sabe muito bem que não foi isso que aconteceu! – replicou Hans.

– Eu ia fazer vocês pagarem. Eu casaria com a princesa, mataria todos vocês e me tornaria rei. Eu teria Arendelle, como meu pai queria.

– Você não passa de um verme asqueroso!

Edgar sorriu do seu jeito psicopata novamente e disse:

– Talvez você se esqueça de que já tentou fazer a mesmíssima coisa antes. Eu estava prestes a fazer o que você não fez por muito pouco.

– Tentou copiar meus erros?! Que ideia mais estúpida!

– Pode até ter sido estúpida, mas funcionou muito bem, não foi? Só o que pôs tudo a perder foi um descuido da minha parte.

– Santo descuido, que nos permitiu descobrir tudo... – murmurei.

Quando me dei conta, já havia um monte de gente no quarto de Edgar, incluindo Louise.

– Parece que este é o fim do nosso relacionamento, princesa – disse ele, com um sorriso descarado.

– Não lhe dirija a palavra! Não lhe dirija a palavra, seu porco sórdido! – Hans gritou, furioso.

Louise estava em estado de choque. Eu tentei chegar até ela e confortá-la, mas ela saiu correndo antes. Se eu a conhecia bem, ela estava indo até o pátio de entrada do castelo. Eu ainda não conseguia acreditar no que estava acontecendo.

– Majestade? – chamou um dos guardas que segurava Edgar. – O que fazemos com ele?

– V-vocês podem levá-lo às masmorras – gaguejei. – Ele irá embora para As Ilhas do Sul no próximo navio.

– Sim, Majestade.

Os guardas começaram a arrastá-lo pelo corredor.

– Esperem – disse Nikolas. Ele se aproximou de Edgar com as mãos nas costas e o fitou seriamente por alguns segundos. – Seu grande filho da mãe. Ninguém mexe com a minha irmã. – E então seu punho direito enluvado foi com tudo de encontro ao rosto de Edgar.

Edgar praticamente voou até a parede, bateu a cabeça e caiu no chão. Os guardas o levantaram e seguiram seu caminho e, até eles virarem o corredor, eu senti os olhos de Edgar fixos em mim, apesar de não ter o olhado.

Anna, Kristoff, Daven e Lynae estavam ali também. Hans caminhou até mim com passos lentos e pôs uma mão na minha cintura, me puxando para um abraço apertado.

– Hans...

– Eu sei, eu sei. Não é justo. Não tinha que ser assim. Eu sei – sussurrou.

– Louise não merecia... Isso tudo é culpa nossa. Pelo que aconteceu no passado. Devíamos ter tomado mais cuidado...

– Elsa, nada disso é culpa de ninguém – disse Anna, colocando uma mão sobre meu ombro. – Ninguém poderia prever isso. – Ela fez uma pausa. – Elsa e Nikolas, será que dá para os dois se acalmarem? A última coisa de que precisamos é uma nevasca dentro do castelo.

Olhei para cima e vi os flocos de neve caindo rapidamente sobre nós. Fechei os olhos, respirei fundo e contei até dez. Nikolas fez o mesmo. A neve tinha parado, mas as paredes e o chão ainda estavam congelados e fazia frio.

– Só espero que a neve lá fora seja natural, e não mágica – observou Daven.

– Não, não acho que seja um inverno eterno, se é o que teme – eu disse.

– Louise está lá fora? – perguntou Hans, se aproximando de uma janela.

Aproximei-me da janela também e olhei para o pátio lá embaixo. Louise estava sentada num chafariz, e mesmo à distância eu pude perceber que estava chorando. Senti um aperto no coração.

– Acho que ela precisa de um tempo sozinha.

Hans concordou e disse:

– Vamos falar com Patrick e Magnor. E depois... Temos que dar algumas explicações aos convidados...

Quando voltamos para a capela, a maioria das pessoas já estava do lado de fora, esperando por satisfações. Completamente sem jeito, eu anunciei que o casamento não iria acontecer; que o noivo realmente era um vigarista. Houve alguns murmúrios de descontentamento, e também muitos lamentos e palavras solidárias. Fui até Hans, que conversava desanimado com Magnor e Patrick.

– Eu sinto muito mesmo pelo transtorno causado, mas esse casamento não podia acontecer. Nós não pretendíamos interromper a cerimônia assim, mas nos atrasamos – justificou Magnor, pesaroso.

– Nós simplesmente catamos os documentos e corremos pra pegar o navio que vinha pra Arendelle. Tínhamos acabado de chegar das Ilhas. Viemos apenas com as roupas do corpo – informou Patrick.

– Eu compreendo... – disse Hans. – Ao menos Louise está a salvo.

– Eu lamento muito mesmo, Hans. – Magnor balançou a cabeça.

– Do que está falando?

– Bem... É difícil de explicar...

– Louise vai ficar com uma má reputação – falei. – O noivo na verdade era um primo em busca de vingança que foi preso durante o casamento. As pessoas vão comentar.

– Nos preocuparemos com isso depois. Agora, há problemas piores. – Hans bufou. – Acho que vou tomar um chá de camomila – disse, antes de se afastar.

– Eu vou com você...

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Notas finais do capítulo

Há um motivo para eu ter postado hoje. Foi nesse dia (27/12/1860) que o casamento ocorreu, na fic. Sobre o Richard, sinceramente, eu o considero um protótipo de Gardar... Tal pai, tal filho. Bem, espero que tenham gostado, bjs, comentem e até a próxima!