Para quem não me conhece sou Thalia Grace, atualmente tenho 24 anos. Eu sempre mantive uma distancia confortável e segura do que as pessoas chamam de amor. Mas o destino deu o seu jeito e diminuiu essa distancia para nenhuma e eu me apaixonei por ninguém mais ninguém menos que Nico diÂngelo.

Flash Back On

Era mais um daqueles dias entediantes no aras, eu estava com o meu cronometro na pista vendo como os cavalos iam se saindo. Sombra, uma égua campeã mundial estava na pista de corrida, ela era a mais rápida de todos os cavalos treinados até agora.

Faltava apenas meio metro de pista para ela bater o recorde de todos os cavalos quando ela capotou. Ela caiu, e foi como se tudo estivesse acontecendo em câmera lenta. Corri o mais rápido que pude e vi que mais alguma pessoas, que supus serem os veterinários do aras para ajudar a levantá-la de cima do homem que estava montado.

Eles vieram com um trailer e a buscaram, eu fui atrás deles caminhando. No caminho fui pensando, em um ditado antigo, porém que para mim não era um simples ditado mais um fato, ou até mesmo uma maldição. Aquele ditado que diz: “Nada dura para sempre”e que o “Para sempre”sempre acaba. Essas palavras eram as mais presentes em minha vida, e de certa forma eu já estava conformada com isso.

Quando cheguei ao estábulo meu pai estava conversando com o veterinário chefe do aras. E não vou mentir a conversa estava estranha.

Veterinário: Já lhe disse Zeus, a pata esta quebrada, o único jeito é sacrificar. –Meu pai deu um longo e cansado suspiro e agradeceu ao doutor.

Zeus:Tudo bem. Obrigada doutor.

Veterinário: Disponha e até. –Quando o veterinário saiu um dos homens que trabalhava pra o meu pai cuidando dos cavalos chegou e disse a parte mais estranha da conversa:

Homem: Patrão, o senhor não acha que deveria chamar seu irmão?

Zeus: Nunca, ele não.

Homem: com todo respeito patrão, o seu orgulho é mais importante do que os cavalos que cuida?

Zeus:Tudo bem ligue, e o peça para vir aqui.

***

Algum tempo depois chegou um garoto lindo, seus olhos eram de um negro profundo, seus cabelos eram como carvão, pretos e opacos. Era pelo menos uma cabeça mais alto que eu. Seu porte físico era impecável. Então ele foi em direção ao meu pai e se apresentou:

-Boa Tarde, sou Nico diÂngelo. Em que posso ajudar?

-Suponho que seja filho de Hades diÂngelo. –Perguntou o meu pai

-Sim, eu mesmo –Respondeu o garoto. Ele tinha um ar misterioso, explicito em cada uma de suas ações .

-Ótimo, venha comigo rapaz. –Disse o meu pai guiando o garoto até a baia de sombra. –Esta aqui é uma égua de corrida rapaz, hoje no aquecimento, de repente ela caiu, sua pata esta quebrada, o veterinário disse que a única saída para ela é o sacrifício, mas, se acho que deve ter alguma maneira de recuperar a pata dela, sem lhe causar seqüelas.

-Já estou pensando em algo, mas antes preciso examiná-la.

-A vontade. –Meu pai deu passagem para o garoto, que se apresentou como Nico, ir examinas Sombra. Ele passou a mão na pata quebrada dela, mexeu como se ela estivesse andando. Por fim disse:

-Preciso de cordas e bainhas de celas, um varal e correntes bem fortes.

-Para que esses materiais rapaz? –Perguntou o meu pai com uma sobrancelha arqueada.

-Vou fazer algo onde ela ira ficar pendurada e imobilizada. Imobilizarei também a pata, acompanharei por uma semana e se não houver melhoras, o único jeito será o sacrifício. -“Sacrifico”,aquela palavra naquele contexto, me deixava com náuseas. Perdida em devaneios tropecei em um balde de ferro, que quando caiu fez um baita barulho.

-Thalia? –Meu pai perguntou

-Ah –Maldito balde, porque tinha que estar na minha frente – Oi pai e oi Nico, é isso não é? –Perguntei ao garoto

-É sim.

-Então esta bem. Isso que você vai fazer com sombra vai funcionar?

-Com quem? –O garoto perguntou confuso e eu revirei os olhos.

-Sombra é o nome da égua. –Meu pai explicou – Thalia quem deu o nome –Ele disse apontando para mim.

-Eu não posso dar certeza Thalia, mas vou fazer o meu melhor

-Agradeço. –Me despedi do meu pai e fui para a minha casa, que ficava alguns metros a frente do estábulo.

***

Já havia se passado três dias que a Sombra estava naquele negocio que Nico tinha inventado. E hoje era a terceira noite em que eu escapava do meu quarto para dar doces para Sombra. Eu sempre dou balinha de canela para ela, ela gosta e eu também. Cheguei a baia dela e comecei a dividir as balas. Quando fui dar a primeira bala para Sombra, ouço uma voz conhecida atrás de mim:

-Então você é quem esta dando doces a ela? –Levei um susto e olhei para trás, Nico estava ali.

-Que susto, mas já que você descobriu o meu segredo, o que esta fazendo aqui?

-Eu venho aqui toda noite, e sempre quando estou aqui com ela, a porta do estábulo é aberta e alguém entra para dar doces a ela .

Ficamos conversando sobre coisas banais, enquanto dava balas de canela a Sombra. Era bom conversar com Nico, descobri varias coisas sobre ele, como: ele preferia balinhas de menta do que balinhas de canela. De como aquele ar misterioso era algo que ele carregava com si, próprio dele. A semana se passou com ele e eu toda noite dando balinhas a Sombra.

Passada a uma semana a pata de Sombra estava recuperada, porém ninguém queria treinar com ela. Então Nico se ofereceu. Descobri que ele era ótimo corredor e ele passou a correr em nome do aras do meu pai.

Durante esse tempo, eu e Nico viemos nos aproximando cada vez mais, passado seis meses, ele me pediu em namoro, três anos depois estávamos noivos e mais um mês depois estávamos casados. Ele continuava correndo em nome do aras do meu pai o que gerou uma parceria quase impossível em tempos passados. A parceria de Zeus Grace e Hades diÂngelo.

O ruim disso é que antes do meu pai contratar Nico como corredor, havia somente um corredor, seu nome era Dylan, e a única coisa que ele não aceita era a derrota. Quando Nico entro para os campeonatos, Dylan passou a perder, o que gerou um ódio dele sobre o Nico, e fora isso Dylan sempre teve uma quedinha por mim o que piorou as coisas quando aceitei o pedido de namoro do Nico. Mas deixamos em off, que Dylan sentisse seu ódio sozinho.

Um pouco depois do nosso casamento, uns três meses depois, Dylan desafiou Nico a uma revanche. E nós achamos que seria apenas mais uma corrida. Mas não, essa foi a pior corrida de toda a minha vida. Perto do fim da quarta volta, Nico estava em primeiro por alguns centímetros. Até que de repente após um movimento de perna do Dylan Nico cai do cavalo porém o cavalo continuou correndo, e os outros corredores não conseguiram parar. Nico foi totalmente pisoteado por treze cavalos.

Nesse mesmo momento, o meu mundo parou e todo o barulho da arquibancada parecia só ruídos aos meus ouvidos e apenas um grito de pavor e desespero saiu da minha boca. Corri o mais rápido que pude para a pita de corrida. Posso dizer com toda certeza que corri o mais rápido que pude pois fui a primeira a chegar l, não parei de correr um minuto e quando cheguei perto do corpo de Nico estirado no chão, não diminui a minha corrida, a única coisa que fiz foi dobrar os meus joelhos e deixar que o impulso da minha corrida anterior me levasse pelo ultimo metro que me separava de Nico.

Apesar de todo o esforço dos meus pés para correrem o mais rápido até Nico, só fui rápida o suficiente, para ver aqueles olhos ônix olhando nos meus, azuis elétricos uma ultima vez, e ouvi-lo balbuciar em alto e bom tom “EU TE AMO”. E eu disse a mesma coisa. Pois eu amava aquele garoto misterioso dos olhos ônix. Seus olhos fecharam e eu não senti mais o seu coração bater. E no mesmo momento meu coração falhou uma batida, e eu senti como se metade dele tivesse ido embora.

A minha visão ficou turva por causa das lagrimas que eu não consegui impedir que caíssem. Era muita dor para o meu coração agüentar sozinho, então eu desabei em lagrimas, e não consegui parar de chorar. Na fazenda, Meu pai havia construído um chalé para nós e pedi, ainda em lagrimas que me deixassem na porta do chalé. Eu fui para o quarto e abracei o travesseiro que era de Nico, o cheiro de menta ainda estava nele. Acho que entenderam que eu queria ficar sozinha e não me incomodaram durante um bom tempo.

Flash Back Off

Depois, no funeral de Nico, aquele maldito ditado me veio à cabeça “Nada dura para sempre”. E constatei que o “Para sempre”só existia em contos de fadas, e a vida não é um conto de fadas. Nunca na minha vida me senti tão contrariada e tão vazia. Nunca senti tanta falta de um abraço, mais no fundo eu sabia que não era qualquer abraço. Era aquele abraço, o abraço dele.

Desde a morte de Nico eu não consegui comer nada que não fosse coisas leves e sem gordura. Até que ontem fui jantar com meu pai e ele sabendo do estado em que se encontrava o meu estomago fez uma sopa. Na mesma hora que ele colocou o prato na mesa, senti um cheiro forte e ruim, como se a sopa estivesse estragada, e no mesmo momento afastei o prato. Meu pai perguntou o que era e eu disse que não sabia. Ele disse a mim, para só tentar comer. Coloquei uma colher na boca e foi como se tivesse acionado um botão. Eu saí correndo em direção a pia e vomitei tudo o que podia. Então agradeci o meu pai pela a intenção de me animar mais fui para casa.

***

Hoje tive uma idéia daquela que você tem só uma vez na vida. Peguei o carro do meu pai emprestado e fui à cidade do interior perto do aras. Fui ao uma farmácia e voltei para casa.

Neste momento estou no banheiro com um teste de gravidez nas mãos, e na frente dos meus olhos estava dois riscos rosa.