As Crônicas de Gelo e Ferro escrita por Miss Greyjoy


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Eu gostaria de agradecer à nova leitora, Cami, que tem sido uma fofa nos comentários ♥ e à Julia, que na maioria das vezes é a única que lê os capítulos e sempre me dá dicas, ♥
Esse capítulo mostra que mesmo em épocas diferentes, todas as adolescentes tem seus momentos de brigas. Acontece nas melhores famílias.
Espero que gostem, beijos!



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Robb seguiu o pai até um canto reservado do Salão. Embora o rapaz fosse seu amigo, estava detestando receber ordens do Greyjoy, que resolvera ignorar seus pedidos de se afastar da irmã. Até nisso, Theon era cabeça dura.

— Senhor Stark...pai. Precisamos conversar – O herdeiro do Norte suspirou. Seu coração estava acelerado, mas ele precisava agir como um homem feito – O senhor bem deve saber que não me agrada a ideia de mandar Mereena à Porto Real, tampouco a de casá-la com um Lannister tão insuportável como Joffrey. Então pensei em propor-lhe um acordo; e se prometêssemos outra moça ao príncipe? Uma moça mais bem treinada para a vida de rainha – O pai franziu as sobrancelhas – Perdão pai, mas o único treinamento que Mereena tem é no arco e flecha. Embora saiba como ser uma lady, já está mais do que na hora de crescer. Mesmo assim, penso que ainda não é tempo de deixa-la partir. Ela ficaria refém dos leões – Ned apenas escutava, com o semblante sério de sempre. A ele, obviamente, não agradava o fato de sua lobinha se casar com alguém tão sujo quanto um Lannister, mas esse era um fato que guardava para si.

— E posso saber em quem pensou para ir no lugar de sua irmã? – Robb pigarreou.

— Sansa. Não há ninguém nos Sete Reinos melhor do que ela para tal tarefa. Veja, meu pai, desde pequena Sansa sonha em ser como as princesas das canções que tanto gosta; além disso, tem a idade mais aproximada do príncipe, e boto minhas mãos no fogo que sente mais afeição por ele do que um dia Mereena poderia sentir. Deixe-a aqui, em Winterfell, onde é o seu lugar. Deixe-a para que um dia despose algum herdeiro de um lorde, e seja feliz com ele. O senhor bem sabe que ela planeja assumir o posto de Rainha do Norte, feito esse que não se concretizará se ela for embora. Por favor, meu pai, eu lhe suplico – Em seu coração, Lorde Stark desejava que isso fosse possível. Mais ainda, desejava que sua primogênita nunca crescesse; que fosse para sempre aquela menina-lobo que adorava correr com os irmãos, escalar e atirar arco e flecha. Aquela menina com olhos tão bondosos, que o seguia como uma sombra pelo castelo. Aquela doce menina, que desejava e merecia a coroa de Guardiã do Norte, a mais Stark da família. Por vezes, Eddard via Lyanna na jovem.

— Robb, meu filho...há coisas que podemos solucionar. Por exemplo, uma dor terrível pode sem dúvida ser curada com leite de papoula. Um braço ferido pode ser atado e parecerá como novo. Mas outras...o Inverno, por exemplo. Até nós, das casas do Norte, desejamos mais alguns anos ao sol. Infelizmente, as coisas não são assim. O Inverno está chegando, e sua irmã tem que partir. Esta ideia me agrada tanto quanto agrada você, mas o rei quis assim e ninguém deve se opor ao rei. Eu sinto muito – Os ombros do lobo murcharam. Com uma reverência discreta, voltou ao Grande Salão, seguido pelo pai.

Arya e Mereena brincavam nos jardins com pedaços de madeira, fingindo ser espadas. A mais velha tentava se distrair, pois estava muito nervosa desde o anúncio de Robert. Agora já era do conhecimento de todos o casamento, e não desejava olhar para o rosto do antigo prometido, que deveria estar um tanto ressentido com tudo aquilo.

Meri esperava que sim.

—Assim não vale! – A Cara de Cavalo jogou o toco no chão revoltada – Você já treina com aço, e não me deixam sequer ter uma espada idiota de madeira! – A primeira das Stark soltou uma gostosa gargalhada – Para de rir, sua cretina! – As bochechas da menor coraram violentamente. Mereena apenas revirou os olhos e puxou o ar enquanto terminava as risadas.

— Não deveria tratá-la assim, Lady Arya! Que diria a senhora sua mãe? – Uma voz conhecida e calorosa atraiu a atenção das meninas; era Jon, com Fantasma em seus calcanhares.

— Ora, os três bastardos reunidos! – A loba mais velha riu. Arya a acompanhou. O real bastardo olhos para os lados aflito – Ah, qual é, Jon! Ninguém vai nos ouvir aqui.

— Não deveria falar esse tipo de coisa alto, Meri. Muito menos com os leões por aqui.

— Pros Sete Infernos com eles! – Os olhos de Snow de repente baixaram, evitando que vissem sua tristeza.

— Podem pensar que eu botei essa ideia em sua cabeça. Vocês são as filhas legítimas, eu sou o único intruso aqui – A Stark mais novo correu para abraçá-lo.

— Nós amamos você, Jon, sendo nosso irmão de sangue ou não – Mereena repetiu o gesto da irmã, e logo as três cabeças castanhas estavam emboladas num abraço tão quente quanto as paredes do castelo. Certa vez, Arya lhe dissera sobre seu medo de ser uma bastarda também, por ter a aparência semelhante à de Jon. A moça, é claro, gargalhara, e respondera que se fosse assim, ela também seria ilegítima. Algumas pessoas diziam que a menor iria ficar parecida com a irmã quando crescesse, e esta concordava veemente. Eram muito parecidas; cabelos castanhos lisos, os de Mereena, longos e sempre penteados com duas mechas enroladas e presas, e os de Arya, mais curtos e sempre presos displicentemente. Os olhos também, embora a menininha os tivesse mais parecidos com os de Jon. Por essas semelhanças, a primogênita denominara o trio de bastardos, por serem os únicos herdeiros dos traços Stark.

— Meri...seu irmão acabou de falar com o senhor seu pai – Arya o cortou.

Nosso pai, Jon.

— Nosso pai – Deu ênfase no pronome e seu semblante ficou sério de repente – Creio que está na sua hora de agir.

Mereena suspirou. Ajeitou as sedas e fez preces silenciosas direcionadas aos deuses dos pais.

— Cuide de Arya, penso que não será problema pra você, certo? – A menor sorriu para o irmão travessamente. Este começou a fazer-lhe cócegas, arrancando as doces risadas de que tanto gostava – Bom, isso pelo jeito é um sim.

A caminhada até os aposentos do pai foi a pior coisa que Mereena já fez. Seu estômago revirava, e sua cabeça latejava. Ela esperava desmaiar, bem ali no corredor. Ao chegar na porta, deu três batidas e entrou, sem fazer nenhum barulho como sempre.

— Com licença, senhor...atrapalho? – Ned estava respondendo alguns pergaminhos, de costas para a garota, mas fez com a cabeça que não – Eu gostaria de tratar de um assunto de extrema importância – O homem se virou e sentou-se na cama. A jovem fez o mesmo.

— Estou escutando.

— Senhor...pai – Mereena suspirou – Eu descobri há pouco algo terrível, tanto para nós, quanto para a família de meu futuro noivo – Naquele momento, pensou em Theon, lhe dizendo para ser tão mentirosa quanto conseguisse – Eu descobri...que sou incapaz de gerar herdeiros. Eu sou estéril, meu pai – O senhor do Norte arregalou os olhos por um momento. Algo estava errado naquela história. Como ela poderia saber disso tão cedo?  A menina desatou em lágrimas – Sinto muito, nunca poderei dar-lhes netos! Oh, deuses! O que vão fazer comigo quando descobrirem? Pai, o que vai acontecer? – “Se Theon pudesse me ver agora, até pensaria que sou uma das pantomimas do reino, tão boa está sendo minha atuação”, pensou.

— Mereena, minha filha, mas como você sabe disso? Como...não me diga que andou se divertindo por ai com o Greyjoy! – A jovem fez a cara mas inocente que conseguiu e negou rapidamente, como se qualquer toque além de um abraço fosse para ela um desaforo.

— Não, meu pai. Descobri através de algumas poções que a Velha Ama me deu.

Ned se levantou até a janela. Olhou para o pátio, onde as crianças brincavam. Suspirou, ponderando se a filha estava mentindo ou não. E é claro, ele reconheceu que estava. Sempre que Mereena mentia, não conseguia olhar nos olhos da pessoa com quem falava. Mantinha a cabeça baixa, e quase sempre, empalidecia. Assim como ele próprio.

— Sei que está mentindo – Mesmo não podendo ver, Lorde Stark sabia que a filha arregalara os olhos e se encolhera – Mereena Stark, a senhorita entende a proporção dessa mentira? Por quê está fazendo isso? É tão difícil assim para você crescer? Você tem que entender que uma hora, o verão acaba, as flores murcham e as crianças se tornam adultas! Veja seu irmão Robb. Logo estará governando Winterfell, e não tarda muito para que prometamos Sansa a algum Sor. Você é a mais velha, deveria dar o exemplo. Está na hora de desabrochar, minha querida. E ainda mais...- A jovem cortou o pai, a raiva no extremo.

—  E ainda mais o quê? O senhor já não está contente? Está me tirando tudo. Tirou-me meu prometido, o único rapaz que um dia acreditei poder amar, tirou-me o Norte, a chance de um dia governar esse lugar, meus irmãos, minha vida em Winterfell! E sempre essa comparação ridícula com Robb! Ele não faz mais do que uma porta faria. Não sabe resolver problemas políticos ou coisa parecida – As lágrimas caíam grosseiramente por sua face, molhando seu vestido – Eu esperava que ao menos o senhor me apoiasse com essa história de infertilidade, que desse um jeito de me deixarem ficar, como sempre fez. Mas agora eu vejo que tudo o que mais quer é me mandar para longe! O senhor está cansado de minha imaturidade— Frisando bem essa última palavra – Você prefere que Sansa fique, Sansa...quantas vezes Sansa foi rezar com você? Quantas tardes passou ensinando-a a atirar? Eu só sirvo para lhe dar dores de cabeça, não é?

— Não, não é – Finalmente, Mereena parou de gritar. Sentia-se um pouco melhor, embora um tanto envergonhada por tratar o pai daquele jeito – Meri...eu amo você, e embora você seja teimosa, sabe disso. Eu nunca seria capaz de tirar-lhe nada, muito menos o Norte ou seus irmãos. E Greyjoy – O pai parecia um pouco enciumado – Embora aquele rapaz não seja lá muito confiável, eu sei de seus sentimentos por ele – A menina corou – Aquilo foi uma escolha do Rei, eu não podia contestá-lo. Não naquele momento. E quanto à sua imaturidade, está errada. Você de longe é a mais madura entre seus irmãos, até mais do que Robb. Mas não conte à ele – Ambos sorriram – Meri, você sempre vai ser minha menininha, não importa a idade que tenha, mas se você um dia quer governar Winterfell, precisa crescer. Mas isso, é assunto para outra hora. Então, já falou para sua mãe que ela nunca verá netos vindos de você correndo por aqui? – A Stark mais velha alargou o sorriso o máximo que pôde.

— Então o senhor vai...

— Não prometo nada. Vou explicar a situação à Robert. Até lá, tente parecer o mais apática possível. Lembre-se que você acabou de descobrir que não poderá gerar herdeiros – Mereena pulou no colo do pai, o abraçando o mais forte que podia.

— Obrigada pai – Ela sussurrou – Do fundo do meu coração.

— Não tem de quê – Ned beijou o topo da testa da filha – eu não suportaria perder minha lobinha tão cedo.

Após um tempo de conversas banais com o pai, Mereena desceu correndo as escadas, dando de cara com Jon e Arya no corredor. Lançando-lhes um olhar significativo, correu para os estábulos, onde encontrou Theon e Robb escovando seus cavalos. Andou até eles dando pequenos pulos de felicidade. Greyjoy, obviamente, foi o que a notou primeiro.

— Meri! Conte-nos tudo! E então? O que o senhor seu pai disse? – O irmão foi até ela, colocando uma mão em seu ombro, antes que o protegido o fizesse.

— Você é incrível, Theon! Meu pai quase chegou a acreditar, mas disse para me esforçar para parecer triste quando ele contar ao rei – O coração do nascido do ferro descompassou.

— Então quer dizer...que você fica? – Seus olhos azuis brilharam. Mereena lhe lançou o melhor dos sorrisos.

— É quase certo que sim – Subitamente, foi abraçada e carregada pelo amigo, que a girou no ar. Robb mordia os nós dos dedos, de raiva e um pouco de ciúmes.

— Ah, deuses! – Exclamou Greyjoy – Você vai ficar! Eu sabia! Eu sabia! Meu plano tinha que funcionar!

Quando a jovem se desvencilhou do abraço dele, preparou a sela em seu cavalo. Desejava passear um pouco, agora que a felicidade irradiava em seu corpo. Dispensou a companhia de Theon, pois sabia que se aceitasse, Robb teria uma síncope, mas também rejeitou que o irmão a acompanhasse. Gostaria de ter alguns minutos a sós, como uma comemoração particular.

A tarde estava amena em Winterfell. Floco de Neve, seu cavalo, trotava vagarosamente pela relva, enquanto Mereena saboreava a sensação de liberdade que tanto adorava. Nada de leões, nada de coroas, nada de Lannisters! Só o seu amado Norte, seus irmãos e ele. Será que o protegido de Ned pediria sua mão, agora que estava livre novamente? Ela ansiava que sim. De repente, seus sonhos de uma viagem às Ilhas de Ferro foram cortados abruptamente, quando avistou algo que fez com que seu coração parasse por alguns segundos.

— Bran!


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