As Crônicas de Gelo e Ferro escrita por Miss Greyjoy


Capítulo 13
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

Esse sonho será bem importante para a Mereena na "sexta temporada", portanto atenção nele.
O que vocês acham que pode significar? Deixem nos comentários! Beijinhos, miss Greyjoy



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Tudo estava escuro. O lugar onde estava se assemelhava a uma masmorra, mas ela só percebeu isso quando os olhos se acostumaram ao breu do ambiente. Sentia frio, e ao abaixar a cabeça, percebeu que não vestia nada além de uma fina camisola de seda e sua inseparável capa prateada. Seus cabelos estavam molhados e escorridos pelas costas, ainda pingando algumas pequenas gotas no chão. De repente, começou a escutar alguns sons animalescos ao longe. Correu para as barras de ferro do portão que a separava do barulho e ficou horrorizada com o que viu.

Aquela cena havia sido contada por Robb, algum tempo depois de encontrarem a matilha de lobos gigantes. O irmão lhe dissera que a mãe dos filhotes tinha sido morta por um cervo, e aquilo fizera calafrios subirem pela espinha da jovem. Estes voltaram a aparecer com o que estava acontecendo à sua frente. Os dois animais lutavam violentamente entre si. Enquanto cinco dos lobinhos tentavam em vão ajudar a progenitora, dois deles estavam afastados. Um, bem ao fundo, circulava farejando o local. A moça não poderia afirmar devido à escuridão, mas cria que aquele animal fosse Fantasma, o familiar de seu irmão Jon, ou então alguém muito parecido. O lobo parecia estar em seu próprio mundo, de tão alheio que estava com aquela briga.

O outro estava sentado majestosamente, com ampla visão dos dois animais brigando. Ora lambia os pelos, ora pousava a cabeça sobre as patas. Parecia ignorar totalmente a cena à sua frente e sequer pretendia tentar ajudar sua mãe. Aquilo fez com que a raiva subisse à cabeça de Mereena. Quanta ingratidão! Aquele lobo lhe lembrou Lady, que pertencia à Sansa. A irmã não poderia ter escolhido-a melhor; eram iguais. Sua vontade era entrar no meio dos dois animais e separá-los, mas as barras a impediam de sair. Merda.

De repente, um grito fez com que a Stark se virasse para outro ponto daquela masmorra. Seu estômago se revirou ao ver quem havia gritado; era Theon, que parecia amarrado em algo. O homem gritava o mais alto que podia, provavelmente com alguém.

Mereena entrou em desespero. Queria correr até lá, abraçar o protegido e enfiar a espada pelo corpo de quem o estava maltratando. Tentou em vão abrir o cadeado; impossível. Sua cabeça começou a rodar e ela caiu no chão, fechando os olhos e soltando todo o peso de seu corpo.

Quando os abriu, ao contrário de anteriormente, estava em um lugar claro, com muita neve. Ela não conseguia ver nada além de montes brancos ao longe e um lago congelado por perto. Correu até lá com dificuldade. As pernas desnudas começaram a escurecer, devido ao frio intenso. A direita congelou por completo. Mancando, chegou até o local com neve em seus cabelos. Ao abaixar a cabeça para observar seu reflexo, soltou um grito seco. Sua imagem estava como um pesadelo; possuía bolsas profundas e olheiras arroxeadas, os lábios rachados e ensanguentados do sangue que provinha de suas narinas. Usava uma coroa prateada, que agora estava manchada pelo sangue que escorria de sua testa. Os olhos, antes esverdeados, apresentavam um certo brilho carmesim, e apresentavam uma expressão de raiva. Podia se ouvir, ainda que em baixo tom, uma voz que murmurava “...minha. Ela é minha, não sua...nunca foi sua...”. Assustada, Mereena tateou a face para ver se aquilo era real e caiu de joelhos quando sentiu o líquido escarlate em suas mãos. Num sobressalto, acordou, em busca do ar que havia perdido.

— Mereena! – A jovem, um pouco desorientada, procurou pelo rosto de quem lhe chamara. O calor lhe preencheu ao ver que era Arya, que sentada com Jon aos pés da cama da irmã, sorria de felicidade. Vagarosa, a loba mais velha se recostou e sentiu uma forte pontada de dor no ferimento abaixo de seu seio. Gemeu baixo e sorriu para os irmãos, retribuindo o gesto – Graças aos Deuses, você acordou! Tivemos tanto medo de perder você! – A menor pulou no colo da primogênita, a abraçando com cuidado, seguida do bastardo.

— Eu estou bem...com um pouco de dor, mas bem. Tive um sonho tão estranho... – Arya a largou, sentando-se novamente ao lado de Jon, que a aninhava nos braços – Estava numa masmorra, vi um cervo brigando com um lobo, vi Theon sendo torturado, talvez...e me vi desfigurada num lago com muita neve ao redor.

— Desfigurada? – A lobinha parecia curiosa como sempre. Mereena franziu as sobrancelhas, tentando se lembrar dos detalhes.

— Sim...eu estava machucada, tinha sangue por todo o meu rosto, meus olhos estavam avermelhados e eu tinha uma coroa na cabeça. Alguém sussurrava algo como...”é minha, não sua...nunca foi sua”, não me lembro direito. Foi estranho. E não entendi do que a pessoa estava falando.

— Talvez da coroa. Quem sabe era Sansa dizendo a você que sempre foi ela que deveria se casar com um príncipe e virar rainha, não você – A mais velha riu leve, tentando demonstrar que não estava preocupada com aquele pesadelo. Mas é claro, ela estava. Só não queria demonstrar aquilo para a irmã – Ah, vou chamar Theon. Ele deve querer lhe ver agora que acordou. Volto logo! – Deixando-a com Jon, Arya disparou pelo corredor. O bastardo sabia que não estava tudo bem com a irmã, por isso, bastou olhá-la que a mesma começou a contar tudo o que estava pensando.

— Me assusta muito o fato de ter visto um cervo e um lobo brigando. Sei que não deveria acreditar em tais besteiras, mas isso me parece uma premonição. Com os Baratheons por aqui e essas propostas de casamento, o Rei pedindo para papai ser sua mão...Robert não encostaria um dedo dos Stark, já seus filhos...- A menina tremeu, receosa de pensar no que poderia acontecer.

— Também pensei nisso, Meri, mas garanto que não precisamos nos preocupar. Logo o Rei e seus arautos estarão indo embora. Então, vocês poderão ficar sossegados, e você poderá ensinar à Arya como lutar com espadas de madeira – Snow deu um sorrisinho de canto, meio triste. A jovem arregalou os olhos.

— Mas foi você que prometeu ensiná-la a lutar!

— Eu vou embora – O coração da Stark pareceu se quebrar em mil pedaços. Não! Jon não podia ir embora! Ele era seu irmão predileto, sempre a protegia de tudo, e ela sabia que poderia contar com ele para tudo. E quanto à Arya? A menininha iria chorar por uma eternidade quando soubesse – vou me juntar à Patrulha da Noite com tio Benjen. Partimos daqui dois dias.

— Mas e Arya? Ela ficará arrasada quando souber. Ah, Jon! Por que?

— Eu não sou um Stark, não pertenço a esse lugar. Lá na Muralha, ao menos, estarei fazendo serviços realmente úteis. E Arya ficará bem, ela é forte, vai aguentar.

— Mas e você, Jon, vai aguentar?

Aquela pergunta pegara o bastardo desprevenido. De todos os irmãos, aquela de quem sentiria mais falta certamente era da terceira filha de Ned. Como seriam os jantares dela sem ele para lhe dar o melhor pedaço ou cortar-lhe a carne mais dura? Como seriam as brincadeiras no pátio ou as noites de insônia em que ela podia ir até seus aposentos e se aconchegar em seus braços até que o sono batesse? Como seria a vida dele, sem ela?

— Não – Algumas lágrimas ameaçaram escorrer do rosto do rapaz – Mas ela vai achar quem a trate melhor. Alguém nascido de uma família influente, não um bastardo – Naquele momento, a garotinha de quem ambos falavam retornou, trazendo Theon pelas mãos. O rapaz correu para os braços da amada, que o abraçou o mais forte que pôde. Jon meneou com a cabeça para Arya, para que deixassem os dois sozinhos.

Ficaram um tempo abraçados, apenas aproveitando o contato um do outro e se lembrando dos momentos na cachoeira. Quando o ferimento começou a incomodar, Mereena soltou-se do prometido, que sentou ao lado da jovem.

— Desculpe, você deve estar desconfortável. Oh, Deuses, Mereena! Por um momento eu pensei que tinha te perdido!

— Eu estou aqui agora – O kraken acariciou as mãos da garota delicadamente, observando o quanto eram pequenas se comparadas com as suas.

— Tenho algo pra te contar. Seu pai conseguiu. Sansa foi prometida à Joffrey em seu lugar. Você está livre novamente – A felicidade transpassava o peito da menina. Livre dos leões! Livre da coroa, livre de Porto Real, de tudo. De agora em diante, seria apenas ela, seus irmãos, o arco e ele. Será que ele estava feliz? A loba esperava que sim.

— Você está...feliz com isso? – Theon sorriu, afirmando com a cabeça.

— Mais do que você imagina. Mereena Stark, primeira de seu nome, herdeira de Winterfell e futura rainha do Norte, você me daria a honra de ser também a Lady das Ilhas de Ferro, Rainha de Pyke e esposa de Theon Greyjoy? – O coração de Meri parou por um momento. Aquilo era sério? Theon Greyjoy, seu amigo de infância, o refém de seu pai, o último filho de Balon Greyjoy, aquele que dormira com metade de seu reino, estava pedindo sua mão? Sua resposta não seria outra senão sim!

— Mas é claro que sim, oh, Deuses! – Os dois colaram os lábios apaixonadamente. O beijo de Theon era salgado, mas macio. Sua boca era tentadora o suficiente para que a jovem quisesse ficar beijando-o pelo resto da vida. De repente, o rapaz começou a descer os beijos para o colo de Mereena, que sentiu um arrepio provindo do baixo ventre. Ela o deixou continuar até que chegasse bem próximo do vale de seus seios, quando puxou-o de volta para cima – Ainda não. Foi o suficiente por hoje – Beijou-o por mais um tempo, mordendo seus lábios provocativa. Dois poderiam jogar aquele jogo. Quando o rapaz pousou a cabeça no colo da menina, esta lhe mordeu o pescoço suavemente, mas de modo que a mordida lhe marcasse a pele. Theon gemeu, mas certamente não era de dor.

— Por que fez isso? – Meri sorriu maliciosamente, segurando o rosto de Greyjoy entre as mãos.

— Para que todos saibam que você é meu, que sempre foi meu. Desde aquele dia há quase dez anos, você sempre foi meu. Aquelas vadias com quem você dormiu só brincaram com algo emprestado. Você sempre foi meu, não tente negar isso – Theon estava maravilhado com aquele lado lascivo da garota. Sua vontade era de tomá-la ali mesmo, consumar o casamento que ainda nem havia sido comunicado ao restante da família. Mas sabia que não podia; mesmo se mostrando uma mulher sensual e provocante, ainda era Mereena. A sua Mereena. Ele colheria sua flor, e queria fazê-la sentir-se especial quando isso acontecesse.

— Sim – A voz do Greyjoy saiu entrecortada, assim como sua respiração – Eu sempre fui seu. E agora você será minha – Agarrou para ainda mais perto a cintura curvilínea da donzela, que sentiu o volume que provinha de sua virilha. Quando o sentiu, Mereena fechou os olhos. Nunca fora uma garota sonsa, tampouco era maliciosa, mas estava adorando aqueles momentos. Sua loba interior parecia tomar conta de si, e mesmo por baixo de todas aquelas roupas, a jovem se sentia no céu. Queria senti-lo por completo, mas sabia que ainda não era o momento. Além disso, não poderia engravidar agora que a notícia de sua “infertilidade” havia se espalhado.

— Toda sua – Sussurrou para o noivo, que se levantou, ajeitando o gibão. Agora, ambos estavam vermelhos; Theon, pela excitação e Mereena, pelo pudor. Não estava acostumada com aquilo e estava um pouco envergonhada com as coisas que tinha feito e dito. O rapaz beijou mais duas ou três vezes os lábios macios da menina e por fim, beijou-lhe o topo da cabeça, virando-se em direção à porta.

— Você ainda tem que descansar. Vou resolver alguns assuntos com seu pai e volto mais tarde. Será que quando voltar, mereço mais um pouco de carícias? – A loba arregalou os olhos e o kraken riu de sua vergonha – Eu amo você, até mais – O rapaz ia saindo pelo corredor quando Mereena o chamou de volta. Seus olhos tinham um brilho sonhador, meio infantil.

— Você disse “eu te amo” – Theon sorriu de canto, abobalhado também. Aquelas palavras saíram de uma maneira tão corriqueira que o rapaz não havia percebido, mas ficou feliz pela garota ter percebido-as.

— E eu te amo mesmo, Lady Greyjoy. Agora descanse, você precisa se recuperar para nossas núpcias – A menina riu, deitando-se de volta.

— Eu também te amo.

Somente quando fechou a porta atrás de si foi que Theon percebeu o que havia feito.


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