Assim que os olhos verdes se abriram novamente , encontrou-se com uma luz forte que a cegou.

— Você acordou! - ouviu uma voz ao seu lado.

Aos poucos a claridade foi diminuindo e a visão da enfermaria se fez presente. Não demorou muito para ver a dona dos olhos vermelhos ao seu lado.

—Mai... Onde eu estou? - perguntou confusa

—Em um trem a caminho da Cidade República.

Os olhos da morena se arregalaram ao ouvir o nome para onde iam, o que acontecera no tempo que esteve apagada?

—Eu não me lembro... Meu Deus, Senhora Won...

—Eu sinto muito Aira. Ela não resistiu.

—As crianças?

—Estão em outro trem. Minha mãe conseguiu um lugar para elas, em um abrigo infanto-juvenil na cidade. Vão ficar perto de você.

—Por que estão me levando?-perguntou a morena confusa.

—Aira você não se lembra mesmo?

Ela negou com a cabeça.

—Aira você é o Avatar!

A cara de surpresa da morena fez com que Mai tivesse certeza de que ela não sabia nada.

—Mas... Como?Por quê?

—Vamos responder todas as suas perguntas. Porém você precisa se trocar. Eu e os meninos estamos te esperando no saguão onde se encontra o escritório.

Nisso colocou em frente à dobradora de terra uma muda de roupa.

Assim que Mai saiu, Aira analisou o lugar novamente. Era uma típica enfermaria as paredes brancas o chão de azulejos brancos e uma cama hospitalar. Havia um espelho no banheiro ao lado.

Em frente ao espelho analisou seu estado era deplorável. Suas roupas estavam rasgadas e sujas o cabelo imundo e havia novas cicatrizes nos braços.

Não demorou muito para entrar no chuveiro.

***

As roupas de Mai ficaram bem, mesmo que fossem um número maior que seu tamanho. A blusa de linho vermelho e a calça de malha preta não fazia muito seu estilo, sentiu saudades das cores verdes das roupas da Nação da Terra.

Abriu devagar a porta de onde haviam indicado e lá dentro encontrou Woe e Kim em uma discussão animada, Mai rindo dos dois e Kai perto de uma das janelas.

Mai foi a primeira a ver a garota na porta assim a mandou entrar. Caminhou até o meio da sala onde todos a olhavam. Não gostava muito daquele tipo de observação, não era como estar no ringue, era mais íntimo.

—Acho que Mai já te falou o que temos certeza. - Pronunciou-se Kim.

—Sim. Mas...

—Vou fazer um teste com você. Assim iremos esclarecer suas dúvidas.

Ao se aproximar da garota Kim veio com quatro símbolos dos elementos. Uma pedra de terra foi a primeira a interagir com Aira, logo em seguida a chama da vela tento se aproximar da morena. O cata-vento rodopiou ao entrar em contato com ela e a água no copo se enrolou no pulso da menina.

— O que isso que dizer? - perguntou Aira quando levaram as coisas longe dela.

—Esse teste foi feito pela minha avó junto com a Avatar Korra. Esse teste indicaria o novo Avatar.

—Isso que dizer que...

—Sim Aira. Você é o Avatar.

Os olhos verdes ficaram arregalados. Como depois de vinte anos ela foi descobrir que era o Avatar?

—Eu sabia que você era especial!-falou Mai abraçando a garota. -Agora nós somos o time Avatar.

—Mai. - Kai a chamou. - Já não basta a fama que temos.

—Fama? -perguntou Aira.

—Não ouça meu irmão.

—Mai! Para você tudo é normal! Quando você vai crescer?

—E você? Quando vai entender que o mundo não gira em torno de você?

Os olhos de Kai tomaram um tom sombrio. Não demorou muito para ele sair deixando os quatro sozinhos.

— Você... -começou Woe

—Eu sei. Peguei pesado. Depois eu converso com ele.

— O que ele quis dizer? -perguntou Aira.

—Nós somos conhecidos por três jeitos. - Kim começou a explicação. - Primeiro, por sermos descendentes de alguem relacionado aos dois últimos Avatares. Segundo por sermos a equipe mais jovem a participar da Lótus Branca, começamos aos 15 anos. E por último, somos conhecidos como time aberrações.

—Aberrações?

—Sim. Nós temos alguma dominação rara. - falou Woe.

—Para ser mais claro. Somos dominadores raros. - disse Kim

—O que vocês dominam?-perguntou a menina com os olhos curiosos.

—Bem, além de dominar o ar tenho mais contato com o mundo espiritual que outros dominadores. Isso eu herdei da minha avó Jinora. Consigo me comunicar muito facilmente com espíritos e entrar no mundo espiritual com um fechar de olhos. Também consigo sentir a aura das pessoas e dos lugares por onde eu passo.

—Assim você desconfiou que eu fosse o Avatar.

Esse apenas confirmou com um balançar de cabeça.

—Woe e você?

—Eu? Herdei do meu avô paterno a dominação de terra. Meu avô Bolin casou-se com minha avó Opal Beifong, neta de Toph que criou a dominação de metal. Meu avô descobriu jovem em suas aventuras com o Avatar Korra descobriu que dominava lava. Pode nenhum dos seus filhos que dominam terra nenhum domina lava. Seus netos foram nascendo, alguns com dominação de metal, mas nenhum com lava. Até eu nascer. Eu domino lava. Mas há um ano e meio descobrir que tenho outra dominação especial. Eu também posso dominar metal.

—Woe isso é incrível!

—Você é um dos poucos que pensam assim.

—Mai.

—Bem, eu domino fogo. Mas consigo dominar fogo com a mente. É muito raro de isso acontecer porque não sou muito fã e da uma dor de cabeça enorme. E também sou boa com ferramentas. Graças ao fogo consigo sentir o calor do coração de uma máquina. Isso me alucina.

—Você também é incrível. Aliás, vocês três são. - disse Aira sorrindo aos três. - E Kai?

Aquele clima bom morreu. Mai se aproximou da janela antes de começar a falar.

—Meu irmão, é o mais raro de nós. Ele domina fogo azul.

—Mas os dominadores de fogo azul não são...

—Loucos? Sim são. No inicio meus pais ficaram com medo do que podia acontecer. Mas mesmo com as mudanças de humor bruscas do meu irmão ele é uma boa pessoa.

A sala ficou em silêncio por alguns instantes. Todos trocavam olhares uns com os outros. Significativos e silenciosos.

—Vocês não são aberrações!- falou Aira - Vocês são incríveis. Dominadores únicos. Eu ficaria feliz em ter vocês como minha equipe.

Assim a dominadora sorriu contagiando a todos a sua volta.

—Sabia que você era especial! - disse Mai a abraçando.

—Obrigada. Mas se eu sou o Avatar qual o elemento que eu tenho que aprender primeiro?

Os olhos de Mai brilharam com a pergunta da menina. E com um sorriso enorme respondeu.

—Fogo.

***

O ar da noite era frio e gelado, diferente de dentro da pessoa que queimava um fogo incontrolável. Era o fim do inverno, a mudança de clima era notável a os poucos podia se ver flores brotando em torno da estrada dando cor a paisagem fornada por rochas.

Os olhos vermelhos estavam fixos na lua, vivida em sua fase minguante era acompanhada de estrelas que iluminavam a noite de forma natural.

—É bonito. - disse à voz que estava ao seu lado.

Olhou para o lado e viu a cabeleira curta e os olhos verdes, usava ainda as roupas de sua irmã que a deixavam engraçada.

—Oi. - disse ela calmamente.

—Oi. -respondeu por educação.

—Acho que começamos errado...

—Não começamos. Eu só sou...

—Explosivo? - disse ela levantando uma das sobrancelhas.

—É explosivo. - disse rindo de leve.

—Você deveria sorrir mais. Combina com você.

Olhou assustado para ela e a viu sorrindo, era algo meio sapeca de menina e graça de mulher, não queria ter reparado nela, mas acabou reparando.

—Você também deveria.

Foi à única coisa que disse voltando a olhar para frente. Aira ficou vermelha. Nunca a haviam elogiado , claro que queria quebrar o gelo com Kai, mas não imaginou que ele também.

—Não te agradeci. - disse ela também olhando para frente.

—Por?

— Ter salvado as crianças. Muito Obrigada.

—Não foi nada. Só fiz algo que eu achava certo.

Os dois ficaram em silêncio por alguns minutos ambos olhando para o céu noturno. Era um silêncio constrangedor.

—Kai, posso te perguntar algo?

Ele apenas confirmou.

—Quando vou saber das suas mudanças de humor?

Ele olhou para ela, com um olhar surpreso, esperava qualquer pergunta menos essa.

—Nunca se sabe. - disse sorrindo.

Passou mãos nos cabelos sorrindo e caminhou para dentro do trem deixando Aira olhando sem entender nada.

É ele era mesmo louco.