Formatura & Casamento escrita por Temperana


Capítulo 1
Capítulo Único: Diplomas & Alianças


Notas iniciais do capítulo

E aí meus docinhos azuis!
Estou aqui postando uma fanfic de Percabeth e espero que gostem! Até as notas finais...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/643018/chapter/1

Diplomas e Alianças

 

Passaram-se cinco anos desde a Guerra contra Gaia e a união dos dois Acampamentos de semideuses, gregos e romanos.

Muita coisa aconteceu em nossas vidas quando enfim derrotamos a "Mãe Terra". O que pode se dizer sobre o rumo dos sete semideuses que formaram a grande profecia, é que tomaram direções bem diferentes, principalmente o meu.

"Eu abraço Percy com mais força e o beijo.

 — Conte-me sobre Nova Roma — pedi. — Quais eram seus planos para nós?

— Nova Roma... para nós...

— É, Cabeça de Alga. Você disse que poderíamos ter um futuro, lá! Me fale sobre isso!

Eu nunca tive vontade de deixar o Acampamento Meio-Sangue. Era o único lar de verdade que conheci.

 Mas alguns dias antes, no Argo II, Percy dissera que imaginava um futuro para nós dois entre os semideuses romanos. Na cidade de Nova Roma, veteranos da legião podiam se estabelecer com segurança, fazer faculdade, se casar e até ter filhos.

— Arquitetura — murmurou Percy. Seus olhos começaram a entrar em foco. — Achei que você ia gostar das casas, dos parques. Tem uma rua cheia de chafarizes bem legais.

Eu já conseguia vencer a correnteza. Meus membros pareciam sacos de areia molhada, mas Percy agora estava me ajudando. A linha escura da margem estava a alguns metros de distância.

— Faculdade — disse eu, ofegante. — Será que poderíamos estudar juntos?

— É... É — concordou ele, com um pouco mais de segurança.

— O que você estudaria Percy?

— Não sei — admitiu.

— Biologia marinha? — sugeri. — Oceanografia?

 — Surfe? — perguntou ele.

Eu ri. O som produziu uma onda pela água, e o impacto fez os lamentos se reduzirem a um ruído de fundo. Perguntei-me se alguém já havia rido antes no Tártaro, apenas uma risada pura e simples de prazer. Eu realmente duvidava."

O fato de ter uma oportunidade de viver uma vida diferente, sem uma preocupação na vida maior do que a de outras pessoas normais — leia-se que não são semideuses ou algo do tipo — me dava uma sensação de paz.

E eu realmente acreditei nessa nova esperança de viver.

Piper e Jason ficaram no Acampamento Meio-Sangue.

O Percy era o líder, já que ele nos liderou em uma guerra, o que não é pouca coisa, e como ele também já exercia essa função antes de ele perder a memória, acabar em outro Acampamento e essas coisas da vida de um semideus. Mas quem passou a exercer essa função, depois que nos despedimos do nosso lar, foi Jason Grace.

A sua experiência como pretor do Acampamento Júpiter foi realmente válida para isso. PiperMcLean, sua fiel companheira permaneceu ao seu lado. Os dois iriam se casar nesse ano que conto meus relatos e eu, juntamente com Percy, seríamos os padrinhos deles.

Seria um bom motivo para retornar para onde foi a minha casa durante 10 anos.

Leo Valdez mandava cartas — quando ele bem queria, é claro — e cartões postais de lugares inusitados. Pois é, ele tinha uma boa vida de viajante após ter parado na Ilha de Calypso novamente e a resgatado de Ogygia.

E eles haviam sumido no mundo. Leo mandou uma grande carta para nós depois que se recuperou, visto que estávamos preocupados pensando que ele havia morrido. Ele então avisou que estava tudo bem com ele e que havia retornado para Calypso. Bom, ele estava mais do que bem na realidade.

Eles iriam ao casamento de Piper e Jason e finalmente iriamos reencontrá-los, após tantos anos. Provavelmente uma fila seria feita para dar uns bons tapas naquele menino desnaturado que não voltou para ver os amigos.

Agora, como ele ficou sabendo que eles iriam se casar é ainda um mistério para nós, já que ninguém lhe contou e ele já mandou a carta confirmando presença. Contudo o importante é que ele e Calypso estariam lá, embora eu desconfiasse que não falaria muito com ela.

Hazel Levesque e Frank Zhang continuaram no Acampamento Júpiter. Frank era o pretor ainda, juntamente com Reyna Avila Ramírez-Arellano.

Nico por sua vez ficara longe da irmã, continuando no Acampamento Meio-Sangue, representando lá o Chalé de Hades, vivendo muito ao lado de Will Solace. Entretanto, ele sempre visitava sua irmã, continuando a transitar entre os dois Acampamentos. Mas fazia um tempo que nós não falávamos com Nico.

Porém, Hazel e Frank nos visitam frequentemente. Eles estavam cada vez mais unidos, afinal, estavam juntos há tanto tempo — embora isso seja um trocadilho em relação à Hazel, mas não foi a minha intenção.

E eles na realidade simplesmente se completam de uma maneira única e eu sempre os achei um casal muito fofo. Talvez esteja parecendo uma filha de Afrodite, mas é inevitável.

Eu e Percy terminamos nosso Ensino Médio, com um tanto de dificuldade devido a nossa dislexia, perto do Acampamento Meio-Sangue e de Sally Jackson. Ela ficara bem feliz com a ideia de estudarmos em Nova York.

Eu como filha de Atena odiava algumas notas baixas que recebia, mas tive que aguentar isso até o fim. Percy recebia notas baixas numa quantidade bem maior que a minha, mas ele não parecia se importar muito. Às vezes, a calma dele me irritava um pouco, já que eu era muito acelerada.

Além da questão das notas, alguns monstros insistiam em nos atacar às vezes. Tínhamos um cheiro forte, principalmente quando estávamos juntos. Se acho que Afrodite tem culpa nisso? Claro. Ela e seus encantamentos para tornar minha relação mais interessante.

Monstros também acham semideuses bem interessantes.

Percy e eu estudamos na mesma turma e nos formamos juntos. Foi muito bom tê-lo ao meu lado na hora da formatura. Cada momento naquela cerimônia me fazia lembrar das tardes que tentávamos decifrar os livros de inglês e que acabávamos vendo um filme e apenas desistindo.

Lembrei-me de todas as nossas batalhas, das dificuldades pelos quais passamos. Dos momentos em que estivemos juntos em lugares mais do que inesperados, como o do início do meu relato.

Depois fomos para Nova Roma.

Lá foi bem melhor para nós em questão de qualidade de vida. Havia uma maior proteção, como no Acampamento Meio-Sangue, mas era uma cidade, era como viver em Nova York, só que estávamos rodeados de semideuses da legião. Além disso, a arquitetura me encantava a cada esquina, é claro.

Como era próximo à cidade de São Francisco, eu podia visitar com mais frequência o meu pai, minha madrasta e meus irmãos. Eles não podiam atravessar as fronteiras da cidade, é claro. Mas era realmente bom pensar que estava próxima deles.

Sally ficou um pouco chateada por estarmos tão longe dela. Mas havia um grande sorriso em seu rosto ao nos ver juntos e unidos.

Eu iniciei na Faculdade de Arquitetura, como você deve imaginar, quando eu tinha 18 anos. O curso durava em média 4 anos. Estudei em grego (tinha a opção de estudar em latim, mas a oportunidade de estudar em grego era tentadora demais para mim). 

Percy iniciou na Faculdade de Biologia Marinha quando tinha 18 anos também. O curso dele durava 5 anos, pois a parte marinha era uma especialização. Ele também fizera em grego algumas matérias, mas outras foram em inglês. As diferenças dos nossos cursos eram enormes, mas era bem divertido trocar informações com ele.

Morávamos em uma casa, afastada do centro e mais próxima do Acampamento Júpiter, para uma maior proteção. Contudo era próxima da nossa faculdade. A casa tinha dois quartos, mas digamos que não usávamos os dois.

Digamos que alguns dias depois de nos mudarmos e nos fixarmos na nova casa, eu tive um pesadelo horrível. Tão horrível que até relembrá-lo me deixa mal.

Fazia tempos que eu não tinha pesadelos como aqueles, que era terrível para qualquer filho de Atena.

Eu olhava para o meu corpo e havia aranhas nele todo. Eu tentava tirá-las de mim, entretanto elas retornavam em maior número. E em um instante estava presa em uma enorme teia.

As lágrimas rolavam em meus olhos e havia um pânico tão grande dentro de mim que eu não podia mais raciocinar, o que é realmente ruim para uma filha de Atena. Até aquele momento o pesadelo não se diferenciava muito com os que eu tinha quando era uma menina de 7 anos.

Contudo, Percy apareceu no sonho. Péssimo momento por sinal.

— Percy! — eu gritei.

Ele correu em minha direção, todavia eu gritava para que ele se salvasse e corresse para bem longe. Eu observei as aranhas enormes chegarem até ele enquanto eu só podia gritar, pois estava presa à teia.

Ele lutava, mas elas eram mais fortes demais. Tive que ver elas o levarem. Eu gritava com todas as minhas forças, mas cada vez ele estava mais e mais longe de mim. Inalcançável.

Quando voltei à realidade, chorava numa quantidade absurda. Eu devia ter gritado bem alto, pois Percy acabou arrombando a porta do meu quarto. Ela ficava emperrando às vezes e ele arranjou um jeito de entrar no quarto de qualquer modo com medo de que fosse algum monstro ou algo do tipo.

Quando ele entrou e encarou meus olhos, eu só pude abraçá-lo com todas as minhas forças. Ele sentou-se ao meu lado e acariciou os meus cabelos.

— Tem aranhas em mim? — eu perguntei, com os olhos fechados e a cabeça na curva do pescoço dele.

— Não, Annabeth, não tem nada aqui. Foi só um pesadelo. Ruim, mas só um pesadelo — ele me disse calmamente. — Agora está tudo bem.

— Promete que nunca mais vai ir embora, Percy?

— Nunca quis ir embora, Annabeth. E eu nunca vou te deixar, nunca mais, ouviu? Vou ficar contigo para sempre. É uma promessa e eu sempre cumpro as minhas promessas.

Ele beijou o topo da minha cabeça. Eu me acalmei gradativamente e finalmente encarei os seus olhos, verdes e calmos. E constatei que realmente não havia aranhas em mim s em nenhum lugar perto de mim. Além de não ter teias gigantes, é claro.

Ele enxugou minhas lágrimas e acariciou meu rosto. Eu vi que estava em seu colo naquele momento, mas sinceramente não sentia mais vergonha de nada com ele. Havia tempos que morávamos juntos e ele sempre foi respeitoso e carinhoso comigo.

Ele olhou atento para o meu rosto e eu sorri.

— Obrigada por arrombar a minha porta e estar aqui Percy — ele riu. — Mas faz sentido eu estar com medo? Pois eu estou com medo desse quarto — eu esfreguei as minhas mãos em meus braços e fechei os olhos. — Fazia tempo que não sonhava com elas. E dessa vez elas levavam você para longe de mim.

Ele me beijou docemente. Paz. Carinho. Era isso o que eu sentia. Percy sempre fazia com que eu me sentisse assim. Quando nos separamos, ele encarou os meus olhos, sorrindo, e eu o acompanhei.

— Eu te amo, Sabidinha. E nenhuma aranha vai me separar de você, por mais forte que ela seja.

— Eu também te amo, Cabeça de Alga.

— Agora vem, você irá ficar comigo — ele me disse. — Vou te proteger.

Eu ri. Ele me levou até o "seu" quarto, que acabou virando o nosso. Dormi com a maior tranquilidade que poderia ter, pois sabia que ele estava ao meu lado. Ele estaria comigo para sempre. Havia a sua promessa.

A partir daquele dia nunca mais dormi no outro quarto. Comecei a me acostumar com o cheiro de Percy, do mar, daquele Cabeça de Alga. Eu havia me apegado ainda mais àquele filho de Poseidon.

Eu não podia mais viver sem ele.

Naquele dia, era a formatura de Percy. Finalmente ele ganharia o diploma de sua tão esperada graduação. Ele lutou muito para isso, e era um orgulho para mim. Bom, ele era o único semideus filho de Poseidon na turma, era de se esperar que ele fosse um dos melhores.

Eu trabalhava em uma empresa criada por mim. Os deuses me deixaram para construir estátuas deles pela cidade, monumentos a eles e outras coisas, sendo eles gregos ou romanos. Eu também construía casas e construções diversas na idade. Era algo que me deixava bem feliz, pois eu trabalhava com o que eu gostava.

Percy trabalharia no Aquário do Acampamento, cuidando de criaturas mitológicas e não mitológicas também que apareciam por lá. Era algo que ele queria fazer se quisesse fazer algo um dia. Além de fazer "faculdade de surfe" como sugeriu anos antes.

Francamente.

— Estou pronta Percy — eu lhe disse, descendo as escadas da nossa casa.

Ele estava de costas para mim e eu podia ver que usava um terno, algo realmente raro de se ver. Só havia visto ele de terno na minha formatura, um ano antes. E trabalhando no aquário não o veria usando terno também.

— Até que enfim, Annabeth. Pensei que tivesse acontecido algo contigo, estava demorando demais. Até parece...  — ele disse, interrompendo sua fala ao se virar e me ver. — Por Afrodite!

Eu ri da sua expressão de surpresa.

Eu usava um vestido azul, porque era a sua cor preferida. As mangas dele iam até a metade dos meus braços e ele não cobria as minhas costas. Ele era longo e totalmente rendado e havia o achado bem bonito. Como haveria um baile de gala, achei-o apropriado, além de ser azul, é claro.

Os meus sapatos eram cinza, assim como a minha bolsa de mão. Eu prendi meu cabelo em um coque, mas uns fios encontravam-se soltos em meu rosto.

Me aproximo de Percy e ele pega minha mão, me girando. Nós rimos.

— Então, como estou? — eu perguntei.

— Você está linda demais, Sabidinha — ele declarou. – Mais do que o normal, é claro — eu ri. — Vou te deixar demorar mais sempre agora.

— Obrigada, Cabeça de Alga, você também está muito elegante — ajeito a sua gravata, para variar, azul. — Também está lindo — ele encarou os meus olhos e sorriu.

Nós saímos de casa e entramos no carro. Como eu disse a Faculdade era perto, eram apenas duas quadras de nossa casa, mas de salto alto, coisa rara de eu usar, não chegaria nem na esquina.

Ele estacionou do lado de dentro da Faculdade e entramos no auditório, onde ocorreria a Colação de Grau. Ele seguiu para o palco e eu sentei em uma das cadeiras da plateia.

Ele havia sido escolhido para ser o aluno orador da turma de Biologia. Quando ele me contou eu fiquei bem feliz. Contudo eu tive que ajudá-lo a fazer o texto dele.  Típico não?

Claro, que tivemos que traduzi-lo para o inglês também. Afinal, era a língua universal da faculdade e uma grande parte dos professores dele falava inglês apenas.  Mas mesmo assim, não tivemos muitas dificuldades depois de tê-lo em grego.

Os formandos foram chegando e se posicionando no palco, assim como os convidados. Duas pessoas sentaram-se ao meu lado e, quando me virei para observá-los, notei que eles eram conhecidos.

— Hazel! Frank! — eu exclamei.

Eles me abraçaram e eu sorri para eles. Sabia que eles viriam, eram muito amigos de Percy desde que ele foi parar no Acampamento Júpiter.

— Você está linda, Annabeth. Imagino que Percy amou a cor do seu vestido — Hazel disse e nós rimos.

— Com toda certeza gostou mais da cor do vestido do que eu com ele. Mas você também está linda — eu disse.

Ela sorriu. Usava um vestido lilás muito bonito e Frank estava de terno.

— Como vocês estão? — eu perguntei.

— Estamos bem — Frank disse. — Vamos sair do Acampamento no começo do próximo ano. Vamos fazer faculdade como vocês e tudo mais. Vou deixar de ser pretor. Campistas mais novos, filhos de Marte, vão assumir.

— A Reyna já deixou a pretoria então?

— Não ainda, ela vai sair junto conosco. Vai finalmente sair do Acampamento também, acho que ela passou muito tempo por lá.

— Fico feliz por ela, de verdade. Ela precisa viver um pouco mais, não sei. E quem sabe conseguir o que ela realmente quer na vida e provar a Afrodite que ela pode sim se apaixonar?

— Falando em Afrodite, e você e Percy, como estão? — Hazel perguntou.

— Estamos bem. Já sabem que Percy vai trabalhar no Aquário, né? E a minha empresa está muito bem também. Nossas brigas são normalmente relacionadas à comida azul, então estamos bem realmente.

Nós rimos. Na verdade não brigávamos muito realmente o que para mim demonstrava ser um milagre, já que éramos muito diferentes.

Avistei Percy correndo em minha direção já vestido com a beca e arqueei minha sobrancelha.

— Meu discurso está contigo? – eu revirei os olhos.

Eu procurei o papel em minha bolsa e o achei. Dei em sua mão.

— Obrigado, Sabidinha.

— Percy, a Hazel e o Frank estão aqui — eu chamei sua atenção.

Ele se virou para os dois e abriu um largo sorriso ao vê-los.

— Olá pessoal, eu adoraria falar mais com vocês, mas todos estão só me esperando para começar.

E com isso ele saiu correndo de volta ao palco, fazendo com que Hazel e Frank soltassem uma risada.

— Esse Cabeça de Alga — eu disse sorrindo.

Após as falas de alguns diretores de curso e do paraninfo, chegou a hora do orador da turma falar. Percy subiu no púlpito e a plateia começou a aplaudi-lo. Ele respirou fundo e então começa a falar.

— Bom, eu confesso que tive ajuda para fazer esse texto. Bom, ela me ajudou a fazer todas as tarefas feitas no dia certo, então tinha que participar desse momento, não é mesmo, Annabeth? – ele encarou os meus olhos e a plateia riu.

Eu revirei os olhos, mas o sorriso percorreu meu rosto involuntariamente.

— Mas estamos aqui. Todos estamos aqui. Foram cinco anos para a turma de Biologia Marinha e eles foram longos, todos aqui podem concordar. Lembro-me da nossa primeira aula no aquário, quando tivemos certos problemas com a água e caímos dentro do tanque dos golfinhos. Alguns descobriram que não sabiam nadar naquele dia. Sem comentários — os formandos riramentre si. — Também devemos muito aos nossos professores que nunca nos deixaram desistir e sempre nos incentivaram a viver dia após dia. Bom, ameaçados por tubarões nunca desistiríamos mesmo. Não vou mencionar nomes, mas...

— Culpado — um dos professores declarou na plateia, interrompendo seu discurso.

— Continuo sem mencionar — Percy continuou falando e todos riram. — Mas, brincadeiras a parte, o que mais importa é o fato de que estamos aqui hoje. Que cada um de nós venceu essa batalha, pessoal e profissional. E que estamos aqui hoje, com essas roupinhas legais e vamos receber canudinhos legais — eu ri, só aquele Cabeça de Alga. — E é por isso que digo que a vida é uma guerra, cheia de batalhas para ganhar. E vencemos uma delas, basta apenas continuar agora. Permita-me pedir uma salva de palmas para nós, pois enfim conseguimos a nossa graduação hoje.

Todos nós batemos palmas de pé e os formandos deram um grande abraço.

Legionem ,victoria! — Percy gritou.

Significava em latim: Legião, vitória!

Victoria! — todos responderam.

 Eu sorri. Percy havia dado as suas modificadas no texto, ou ele não seria o Percy. E, além disso, estava ali mostrado a união da Legião, afinal, ele fez parte dela e todos os outros também.

— Agora, os que irão entregar os diplomas aos formandos, posicionem-se, por favor — o locutor chamou.

Eu me levantei e dirigi um sorriso a Hazel e Frank. Andei em direção ao palco e lá me deram o "canudo" que deveria entregar a Percy. Subi no palco e me encaminhei até ele.

Vi o seu sorriso e sorri junto com ele. Quando cheguei em sua frente, o abracei, entregando-lhe o canudo.

— Parabéns, Cabeça de Alga. Estou muito orgulhosa de você.

— Obrigado, Sabidinha. Por tudo.

Ele me beijou inesperadamente e eu correspondi ao beijo, sorrindo.  Quando nos separamos, ele encarou meus olhos profundamente.

— Tenho tanta coisa para te falar, Annabeth. Mas creio que não vá dar tempo — ele me disse, em um tom meio sério.

Por favor, retornem para os seus lugares, o locutor anunciou.

— O que houve, Percy?

— Nos falamos depois — ele beijou minha bochecha.

Eu fui voltando para o meu lugar, pensando e raciocinando. Havia nele uma expressão séria e diferente. Droga, eu odiava não saber das coisas, era tentador demais pra mim. Queria decifrar o enigma de uma vez.

— Tudo bem, Annabeth? — Hazel me pergunta. — Você parece preocupada.

— Acho que sim. Percy quer falar comigo e pelo visto é algo sério.

— Não deve ser algo ruim, afinal o Percy teria lhe dito naquele momento. Não se preocupe tanto.

— Fácil falar para mim. Mas como filha de Atena vou formar hipóteses até ele falar o que é.

Várias outras pessoas falaram e eu não prestava mais atenção em nada. Tentava retornar ao presente, mas só os meus pensamentos tomavam conta de mim. A cerimônia enfim acabou.

Juro que demorou uma eternidade.

Percy veio em nossa direção, sem a beca e com o canudo na mão. Nós nos levantamos e ele finalmente falou com Hazel e Frank da maneira correta. Eles se abraçaram e os dois o parabenizaram pela formatura.

— Vocês vão ficar pra festa então? — Percy perguntou.

— Infelizmente não. Frank tem que voltar para o Acampamento. Do contrário Reyna irá enlouquecer — Hazel disse.

— Que pena, deviam ficar — eu disse.

— Pois é, mas nós temos que ir agora. Parabéns de novo, Percy — Frank disse.

— Muito obrigado.

Eles nos abraçaram e nós observamos eles irem embora. Percy encarou os meus olhos, e sabia que havia várias perguntas neles.

— Vem comigo — ele disse.

Eu o segui para dentro da faculdade, ele andando cada vez mais rápido. Vi que estamos na Ala de Biologia e logo depois mais a fundo, em Botânica. Eu o segui sem dizer nada, pois confiava completamente nele.

Ele parou em frente a uma porta grande.

— Certo, estou ficando nervoso — ele disse para si mesmo.

— O que está acontecendo, Percy? — eu perguntei.

Ele não me respondeu, apenas abriu a porta e nós entramos. Era um lindo jardim, não havia teto nem nada, apenas o jardim. Era realmente incrível.

Um jardim secreto no meio da Universidade.

— Tivemos algumas aulas de botânica no primeiro bimestre aqui. Desde aquela aula disse a mim mesmo que te traria aqui um dia. Bom, eu fiz um plano para que tudo desse certo. Mas, sinceramente não sei se vou conseguir fazê-lo com perfeição. Afinal, eu sou um pouco lerdo e lento para fazer tudo certo.

Eu ri, e nos aproximamos do chafariz localizado no centro. Ele pôs seu canudo na ponta dele e encarou os meus olhos.

E por um minuto ficamos em silêncio, apenas olhando um para o outro. Apenas isso.

— Eu até me ajoelharia, mas se for falar tudo o que eu planejei não me levantarei mais — ele disse.

Ele retirou uma caixinha de seu bolso. Eu pisquei os meus olhos e tentei não deixar as lágrimas virem.

— Quando eu tinha 12 anos, minha vida virou de cabeça para baixo. Afinal eu descobri que eu era um meio-sangue. De uma maneira bemestranha na realidade. E então eu conheci certa garota loira. Ela era um tanto irritante eu diria.

Eu ri em meio as lágrimas escorrendo e acariciei seu rosto.

— E então ela se ofereceu para ir a uma missão comigo e me ajudou a limpar meu nome no Olimpo, o que foi realmente ótimo. Me ajudou a atravessar o Mar de Monstros. E eu me transformei em um porquinho da índia e nos preocupamos um com outro. Você se machucou e me culpei por isso. E o que mais me deixou feliz foi te ver bem.

Percy segurou minhas mãos perto de sua bochecha, se aconchegando nelas com um sorriso.

— Você sumiu e nunca fiquei tão preocupado em toda minha vida com a ideia de te perder. Segurei o céu em seu lugar para te ver segura. Fiquei preocupado com a ideia de você se tornar uma caçadora e aliviado por você não fazer isso. Entrei no Labirinto de Dédalo contigo, mesmo com certo temor. E então você me beijou. Sabidinha, você sempre me confundiu muito. Se você me amava ou não eu não podia ter certeza. E então a vi chorar quando pensou que eu havia morrido. E prometi a mim mesmo que por mim você não choraria mais.

Senti mais lágrimas caírem e sorri.

— E então lutamos juntos. Você estava disposta a morrer por mim. E eu desisti de ser imortal por você. Porque queria para sempre estar contigo. Você disse que nunca facilitaria as coisas para mim e eu prometi a mim mesmo que iria te amar para sempre. E dali por diante dividimos um amor sem igual. Eu simplesmente não me esqueci de seu rosto. De seu nome. Annabeth. Mesmo quando fui parar em outro Acampamento em outro lugar em meio a romanos. E quando te reencontrei foi o momento mais feliz da minha vida. Pois pude te ver novamente. Seu rosto inesquecível, sua voz inconfundível. Quis te seguir até o fim e não deixa-la por nada. Se possível queria entrar com você naquele lugar e seguir a marca de Atena mesmo não sendo filho dela. Pois estaria contigo até o fim. Eu caí no Tártaro com você, pois eu nunca te deixaria sozinha.  Peguei as maldições para te salvar. Estava disposto a ficar por lá e salvá-la. Nós acabamos com a rixa de Atena e Poseidon. Simplesmente isso. Se isso não é amor Afrodite, não sei o que é mais.

Eu sorri e encarei seus olhos. Eu não sabia o que dizer, pela primeira vez não tinha palavras para responder. E ele ainda continuou a falar.

— Nós viemos para cá, Annabeth, para ter um futuro, para viver melhor. Onde os semideuses podem viver sem os monstros, podem se casar, ter filhos. Para se casar. Eu realmente tenho uma coisa muito séria com você, senhorita Chase. Acho que falta um Jackson no seu sobrenome.

— Percy...

— Hey, me deixe terminar, Sabidinha — ele me interrompeu, provocando a minha risada. — Annabeth, dizer eu te amo pode ser até clichê. Eles normalmente são ditos da boca para fora e sem um pingo de sinceridade. Mas, Sabidinha, eu devo dizer que eu te amo mais do que a minha própria vida, como muitas vezes você deve ter tido prova disso. Tenho que te dizer que as palavras que saem da minha boca são as mais sinceras possíveis. Mas tudo que eu disse até agora foi com a ideia de te convencer. Então, se isso não ocorreu eu vou ganhar um grande passa fora nesse momento. Mas eu vou arriscar.

Ele se ajoelhou em minha frente e abriu a caixinha que continha um lindo anel. Eu soltei meus braços ao lado do corpo. Não sabia o que fazer na realidade.

— Tecnicamente, tendo em vista que somos originários de um Acampamento grego, deveria jogar uma maçã para você e tal. Mas prefiro dessa forma — eu ri em meio às lágrimas. — Annabeth Chase, você quer se casar comigo?

Eu me ajoelhei em sua frente e o abracei. Ele correspondeu o meu abraço e acariciou os meus cabelos. Deixei mais lágrimas rolarem e sorri ao mesmo tempo.

— Você está me deixando nervoso — ele me disse.

Eu encarei os seus olhos.

— Não precisava ficar nervoso. Te aguento esse tempo todo. Acho que até a morte não vai ser nenhum problema — eu disse.

— Acho que vou te importunar até depois dela.

— Estou contando com isso.

— Ainda vou te estressar muito — ele completou com uma risada.

— O que eu posso fazer quanto a isso? — eu respondi rindo.

— Me responder — ele sugeriu.

— Ora, Cabeça de Alga, é claro que sim — aproximei meu rosto do seu. — Acho que você não precisava perguntar. Eu poderia fazer um grande discurso aqui agora. E você sabe como eu amo falar sobre determinados assuntos, e "nós" é um deles. Mas como ficaria realmente monótono, eu prefiro ser mais simples. Aceito a sua maçã. Será uma honra casar contigo, Percy Jackson. Eu te amo demais, que chega até a doer. Amo você, Cabeça de Alga.

Eu o beijei, calmamente e docemente. Eu queria ficar ali até o resto da minha vida. Se fosse com ele, em qualquer lugar, eu teria paz, tinha certeza disso. Ele se levantou e me puxou com ele, pegando o anel da caixinha e o colocando em meu dedo. Ele tinha duas pedras, uma azul e uma cinza. Era realmente lindo.

— Cinza e azul — eu disse.

— Eu e você — ele respondeu, olhando em meus olhos.

Eu sorri. Ele colocou as mãos em minha cintura e eu entrelacei meus braços em seu pescoço.

— Eu e você — repeti. — Juntos para sempre.

Ele me beijou novamente e é só isso que importava. Eu e ele. Nós dois juntos. Apenas isso para mim. Falar de amor não me faz uma filha de Afrodite. Amar também não. Aquele Cabeça de Alga ainda provou ser muito romântico sem ser filho dela.

Percy e eu não temos uma história perfeita. Afrodite a tornou interessante, quando ela seria normal?

Ela era apenas linda. Apenas forte. Apenas nossa.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Sinceramente nunca vi uma história tão linda como a de Percy e Annabeth. Foram tantas coisas pelas quais eles passaram, que realmente me fazem acreditar no amor de verdade. É realmente lindo demais.
Espero que tenham gostado. Agradeço aos que pretendem comentar, favoritar ou recomendar. Vocês são lindos!
Até uma próxima semideuses!
Temp ♥