I am incomplete escrita por Lolita Moe


Capítulo 4
Capítulo 3 - Cerejeira


Notas iniciais do capítulo

Retornei com mais um capítulo, pessoinhas do meu kokoro :3



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Acordo sobressaltada. O que aconteceu? Onde está o Logan e o Wade? O armazém? Onde raios estou?

Olho o local, era um quarto simples e confortável, as portas eram de correr, parecendo alguma casa japonesa tradicional.

Afasto as cobertas e tento me levantar, falho miseravelmente e caio no chão, e aquilo doeu, e muito.

Tento me sentar no chão, grunhindo de dor enquanto tentava. Termino com as costas recostadas no pé da cama, noto que meus tentáculos ainda estavam expostos, frágeis e mal consigo os levantar. Mas que merda! Estou totalmente inútil! Como espero achar o Logan e o Wade ferida desse jeito?!

Não noto que estava esmurrando o chão até a porta se abrir e alguém entrar, tocando em meu ombro e me fazendo encolher:

—Não me toque! –berro, olhando para o chão. A pessoa ignora e agarra meus braços, me fazendo gemer de dor –Me larga! Vou te matar! –ele me coloca sentada na cama. O que? Ele me ajudou?

Finalmente olho quem era o intruso, era o cara da katana que usava uma máscara. Ele não havia falado nada quando me encontrou no armazém...

—O-o que você quer? –guincho enquanto a mão dele se aproximava do meu rosto, encostando perto do meu olho e afastando, mostrando que eu estava chorando. Chorando, eu? Só pode ser brincadeira –E-eu não estou chorando, ouviu bem? –ele vira a cabeça de lado, como se dissesse “É sério mesmo? ”. Tento me levantar para começar a berrar com ele, porém ele me faz sentar de novo –Me deixa levantar criatura! –fuzilo ele om o olhar, ele dá um suspiro e move as mãos... Espera, aquilo era linguagem de sinais:

Se não descansar, não irá se curar.

—Isso é meio óbvio né? Eu só quero tomar um ar! –ele pareceu surpreso por eu tê-lo entendido.

Tome ar depois. Se deite e recupere de seus ferimentos. ”

Bufo, tá, eu me rendo! Me deito e ele me cobre com o cobertor, fazendo-me sentir como uma criança:

—Poderia me dizer onde estão meus amigos? Onde estou? –peço. Ele fica um tempo me olhando, imagino como seriam os pensamentos dele...

Não sei sobre seus amigos, agora descanse”. Ele se encaminha até a porta, parando e se voltando para mim, “E você está na minha casa”.

A porta é fechada e sem esforço algum eu durmo.

—----

Sangue. Eu pisava em sangue.

Estava no laboratório em que acordei sete anos atrás, o local inteiro pintado em vermelho, assim como meu corpo:

—Olha só isso, você matou todo mundo... –me viro e me deparo com um garoto que parecia ser um pouco mais velho que eu, com quatro tentáculos prateados saindo de suas costas –Não é mesmo, pequena incompleta?

—Não me chame disso! –berro e ataco com meus tentáculos, o garoto some:

—Por que eu não chamaria? É o que você é, uma incompleta sem controle algum. –ele estava atrás de mim, ataco e ele some de novo—Sempre agindo como uma fera selvagem, se continuar assim, vai acabar que nem aquele pássaro.

—Que pássaro? –ele me agarra por trás, seus tentáculos se enroscando em meu corpo:

—Ora, já se esqueceu? Não lembra o quão desfigurado ficou o coitadinho? –ele prepara um dos tentáculos:

—Não... Não, não...—não tinha como fugir, estava imobilizada:

—Hora de você ser o pássaro... –e o tentáculo atravessa minha cabeça:

—NÃO!

Me sento sobressaltada, o coração a mil. Foi tudo um sonho, apenas um sonho ruim...

A porta é aberta abruptamente, o cara da katana entra com a arma em mãos, alarmado. Ao ver que só havia eu enrolada como uma bola, relaxa um pouco, colocando a katana de volta na bainha.

Você está bem? Alguém entrou aqui?

Ele chega perto, eu me encolho mais, queria chorar, mas não com aquele cara me olhando. Sinto ele tocando em meu ombro:

—Poderia me deixar sozinha? –não tenho coragem de olhar na cara dele, ou máscara.

Tem certeza?

—Sim, não tem ninguém aqui para me machucar. –ele se vira e sai lentamente do quarto, talvez esperando que o chamasse de volta.

Quando ele fecha a porta, abraço minhas pernas e deixo as lágrimas caírem. Não queria que meus pesadelos me atingissem assim, mas aquilo trouxe à tona lembranças que queria esquecer, desejos de que tudo poderia ser diferente se eu não fosse o que sou hoje. Me sinto sozinha e perdida, além do medo pelo que sou.

Eu tremia e soluçava, tentando controlar esse choro silencioso, até que ouço um barulho que parecia vir de fora, um som inconfundível e que tampouco esperaria ouvir em um lugar estranho como esse. O som para e em instantes ouço passos na casa, vindo em direção ao quarto que estava. Eles param, um som metálico:

—Snake, pare de neura! Estamos aqui por ordens superiores! Temos que descobrir quem é ela e se é perigosa! –a voz era daquele loiro do armazém, Duke. Outro som metálico.

A porta é aberta e entram cinco pessoas. O cara da katana fica na frente deles, com Duke um pouco atrás e os outros três mais atrás. Eles estavam com curativos em várias partes do corpo, então aqueles soldados realmente não os deixaram sair:

—Não precisa nos encarar com essa cara hostil, estamos aqui em paz –Duke levanta uma mão, seu tom era calmo, porém seu olhar demonstrava que me via como um monstro perigoso:

—Sua palavra não quer dizer nada já que está segurando uma arma atrás de você caso eu resolva arrancar a cabeça de todos. –cruzo os braços, levantando uma sobrancelha:

—Certo, você me pegou. –ele levanta a mão, mostrando uma arma estranha –Como soube da arma?

—Acha que vou dar de graça assim meus segredos?

—Achei que você fosse mais cooperativa, já que nos salvou.

—De nada, mas não fui eu que entrei aqui com uma arma nas costas. –estreito os olhos. O cara menor que estava atrás solta um assobio e ri:

—Ela te venceu nessa hein! –ele chega mais perto e sorri para mim –Me chamo Tunnel Rat, estou ao seu dispor.

—Dispenso. –falo ríspida:

—Tunnel! –a mulher ruiva o puxa:

—Qual é Scarlet! Se ela fosse inimiga, não estaríamos aqui.

—Tunnel tem razão. –o cara musculoso fala, cruzando os braços –Mas a questão é, você nos ajudou por querer ou foi apenas “acidental”?

—É meio óbvio que eu me preocupo mais com meus amigos, mas não queria que ninguém morresse. –encaro ele:

—Viu, ela é legal! –Tunnel fala:

—Se ela é tão legal assim, não vai se importar em nos contar quem é e o que é isto. –Duke indica meus tentáculos ainda expostos, a cara dele transparecia um pouco de nojo:

—Ah claro, vou contar toda a história sombria da minha vida para estranhos porque sim. –reviro os olhos, ele era mais tapado do que aparentava:

—Bem que você podia colaborar, não é? –ele suspira, desapontado. Pode suspirar o quanto quiser, não vou falar nadicas de nada!

—Se quiser minha “colaboração”, me diga onde estão meus amigos.

—Aqueles dois esquisitões? Não sabemos de nada.

—Reviraram os escombros? Acharam algum corpo? –cruzo os braços, estava na cara que eles haviam procurado sinal do Logan e Wade:

—Nada.

—Então eles escaparam.

—Por que se importa? Eles obviamente estão nem aí para você. –sinto meu sangue ferver:

—E fala isso baseado no que? –sibilo, meus tentáculos tremulam:

—Duke... –Scarlet nota minha mudança de postura:

—Se realmente se importassem, você estaria com eles, não conosco.

—Já não passou pelo seu cérebro de minhoca que não estou com eles por que vocês praticamente me raptaram? –eu estava perdendo o controle, aquele cara me dava muita raiva:

—Nós lhe salvamos, é bem diferente. Devia mostrar um pouco de gratidão por isso ao invés de ficar perguntando sobre seus amigos tão importantes.-tá, chega, não vou mais aguentar esse tom debochado desse loirinho retardado. Antes que qualquer um se movesse, meus tentáculos estavam com as pontas solidificadas como lâminas e rente ao pescoço de Duke:

Gratidão? Acha mesmo que fez algo tão heroico? —rio, minha visão estava em vermelho –Você apenas trouxe um monstro para perto de você...

—Abaixe esses... Tentáculos! –viro meu rosto para os outros quatro. Scarlet mirava com sua arma estranha no meu peito:

Acha mesmo que vai me parar com uma arminha dessas?

—Você vai se arrepender... –Duke fala entredentes, desafiador:

Nah, claro que não, já matei por menos.—finjo desinteresse olhando minhas unhas. Os quatro dão um passo à frente, os encaro. Apesar da minha sede de sangue, não valia a pena derramar sangue ali, ainda mais que eles me salvaram, mesmo que eu não queira admitir isso. Solto um rosnado e me levanto, e antes que os outros façam algo, pulo e saio correndo, quebrando a porta japonesa e correndo pelo corredor até sair de dentro, pulando para  telhado em seguida. Ouço eles berrarem dentro da casa, nem a pau voltava para lá.

Olho ao redor para constatar onde eu realmente estava... Merda. Aquela casa ficava em uma montanha. Não tenho como fugir, não enquanto não estiver completamente curada. Droga, o que faço agora? Tentar descer a montanha mesmo sabendo das chances mínimas de sobrevivência? Volto lá dentro e encaro o retardado do Duke?

Uma brisa sopra e sinto um cheiro, interrompendo toda minha confusão mental. Aquele cheiro me lembrava algo... Alguma coisa de meu passado... Desço dos telhado e sigo o cheiro. Um caminho tinha sido construído para dar acesso ao cheiro que seguia.

Chego em um jardim, e no centro dele estava uma enorme cerejeira, era dela o cheiro que chamou a atenção:

—Um jardim no topo de uma montanha com uma cerejeira. Isso tudo deve ser do cara da katana. –murmuro, chegando perto da cerejeira e tocando em seu tronco, inspirando aquela paz e vendo minha visão ficar normal novamente.

A paz reinava ali até que ouço um barulho atrás de mim:

—Se é o loiro idiota, é melhor sair daqui antes que eu arranque sua cabeça. –falo, sem me virar. A presença continua ali. Bufo e me viro, me deparando com o cara da katana –Ah, é o cara da katana... –noto que o chamei pelo apelido retardado que coloquei e arregalo os olhos, colocando as mãos em mina boca em seguida. Ele mexe os ombros, como se estivesse rindo, em seguida mexendo em seu capacete e ouço um clique:

Snake Eyes, me chamo Snake Eye.

—Quem diria, você não é mudo. –rio –Elise. –me apresento –Espera, se você fala, porque usa a linguagem de sinais?

Essa não é minha voz real, é um programa que me fizeram usar para comunicação, já que tive alguns problemas com o time.—ele coça atrás da cabeça –Fiz um pacto de silêncio.

—E usar um programa de voz não vai quebrar esse pacto?

Tecnicamente não.  –rio do tom de voz robótico. Apear de soar robô, aquela voz conseguia expressar emoções, o que era inédito, quem fez esse programa manja muito:

—Então... Só está você aqui? –recosto minhas costas no tronco da arvore:

Os outros também estão procurando, só deu a casualidade de eu achá-la primeiro.—ele dá de ombros, chegando mais perto e se recostando no tronco também:

—Aposto que você também está louco como o Duke e quer saber quem eu sou.

Adoraria, porém sou paciente, sei que cada um tem seu tempo, ainda mais que nos conhecemos de um modo tão conturbado.—ele me olha:

—Agradeço a consideração.

Posso perguntar apenas uma coisa?—o encaro com cara de interrogação –O que você é?

—Bem, simplificando a história, sou um experimento incompleto de laboratório. –dou de ombros, rindo –Me deram uns poderes e tenho regeneração acelerada. –mexo os tentáculos para ilustrar:

Notei, você estava se curando mais rápido que um humano.

—Sim, e mesmo assim não estou totalmente curada, tanto é que não consigo “recolher” os tentáculos. –faço beiço, era chato andar por aí arrastando eles –Ah, e sobre aquilo que aconteceu no quarto, é bem comum comigo, eu me descontrolo as vezes e quero matar todo mundo. Os outros devem estar querendo minha cabeça por aquilo...

Não se preocupe, vamos dizer que foi por autodefesa.—eu quase podia ouvir o tom cumplice naquela voz robótica –E não posso dizer que não me diverti vendo você fazer o Duke tremer de medo.—ele ri:

—Vocês dois não se dão bem?

Somos colegas, mas ultimamente andamos tendo algumas desavenças.

—Oh... –Snake Eyes olha para a casa, e com um suspiro fica na minha frente e estende a sua mão:

Devemos voltar.

—Não sei se quero voltar, tenho quase certeza que vão querer me levar e ficar me pesquisando, ver o que sou... –eu cruzo os dedos, nervosa:

Esta é minha casa, e não vou deixá-los fazer algo assim à uma convidada. Você não vai sair enquanto não estiver completamente curada.

—E depois que eu me curar?

Você decide o que irá fazer.—o encaro e sorrio, até eu o cara da katana não era má pessoa. Pego em sua mão e vamos caminhando em direção a sua casa.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo capítulo :3



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