Sete anos. Sete anos se passaram desde que saí daquele laboratório e Logan me trouxe para o Instituto Xavier, onde aprendi a duras penas como controlar melhor esse poder que me foi dado.

Ganhei um nome e um lar, apesar de ser uma “garota problema”:

—Não Elise, não vou deixa-la ir em uma missão tão cedo. –Professor Xavier fala no momento que entro em seu escritório:

—Ah, qual é! Tem que ler os meus pensamentos antes de eu entrar? –reclamo –E por que não? Já faz mais de um mês desde minha última missão!

—Tenho que lhe lembrar o que acontece em toda missão que lhe dou? –ele me fita com seus olhos sábios:

—Tá, alguém morre porque eu piro. –bufo:

—E por que você “pira”? –ele vai realmente me encher o saco pra falar –Vou sim.

—Eu piro porque não tenho controle total sobre meus poderes e eu mesma. –bufo ainda mais, feliz?

—Muito –ele responde meu pensamento –Elise, eu sei o que passou quando acordou naquele laboratório, sei o que sente, mas aqui no Instituto é ensinado a proteger as pessoas, não mata-las.

—Caramba, você falando assim até parece que sou uma serial killer. –geralmente eram os caras maus que morriam nas minhas pirações...

—Você pode ser muita coisa, com certeza serial killer não é uma delas. –ele chega mais perto com sua cadeira de rodas –Sabe, pensando bem, vou lhe dar uma missão muito importante.

—Sério? –dou um enorme sorriso, mas ao ver o sorrisinho inocente dele, aquilo não ia ser boa coisa...

—----

—Você vai ver quando eu voltar, prepare seu traseiro! –reclamo pela décima vez equilibrando cinco caixas de pizza com uma mão. A “grande missão” que ele havia enchido de esperança meu coração era de trazer pizzas! PIZZAS?! Eu sei que você está ouvindo isso Leitor de Mentes, vou te estrangular!

—Ora ora, o que temos aqui... –uma mão me barra, interrompendo meu blábláblá mental –O que uma mocinha estaria fazendo no nosso território? –cinco caras me cercam:

—Não achei que a rua tivesse dono. –o encaro –Poderiam me dar licença? Tenho que voltar antes que as pizzas esfriem.

—Não tão rápido. –ele agarra meu ombro. Respiro fundo, não vou pirar:

—Olha, não vamos fazer nada que vamos nos arrepender... –aviso:

—Ah é? –ele me joga para trás, caio no chão, as pizzas caem empilhadas em um canto:

—Que tal nos divertirmos um pouco? –outro pergunta, sacando uma barra de ferro:

—Não podemos resolver isso pacificamente? –tento uma última vez:

—Devia ter pensado antes de entrar no nosso território. –o primeiro saca uma faca, se preparando para me atacar:

—Se me atacar, vão se arrepender. –eles me ignoram, o cara ataca. Desvio e dou uma rasteira, ele dá com a língua nos dentes. O com a barra de ferro tenta me golpear, errando, porém ele agarra minha mão direita, tirando minha luva. Merda!

—O-o que é isso?! –um dos que olhava berra, apontado para minha mão:

—Ela é uma mutante! –outro grita:

—Na verdade, não sou mutante, mas é muito chato ficar explicando. –suspiro, encarando eles –Agora podem me deixar ir?

—M-monstro! –viro o rosto na direção do homem e algo me atinge. Queimando, meu rosto queimava e chiava. Solto um berro bestial:

—O que você fez idiota?! –o da faca berra. Paro meus berros, a cura estava agindo:

—Eu avisei vocês... –minha voz estava rascante –Não queria problemas, e vocês jogam ácido na minha cara?! –eles berram, eu devia estar sem pele na cara, devia ser assustadora essa visão.

Eles berram e se viram, minha visão fica vermelha, meus tentáculos saem, o instinto de matar havia aparecido. Me seguro, eles correndo desse jeito era perfeito para caçá-los como animais indefesos... Espera, apenas quatro correram...

—Quem diria, você parece forte. –ouço uma voz atrás, era o cara da faca –Quero ver se é mais que eu!

—Bem que eu achei que você fedia... –meus tentáculos tremulam –Se batalhar comigo, espero que esteja preparado para morrer, porque não tenho controle algum.

—Hu, está se achando muito! –e ele avança. Me preparo, ele some. Sinto um movimento por trás e meus tentáculos atingem algo –C-como...?

—Já enfrentei mutantes muito mais poderosos do que ficar invisível, se fosse tele transporte, você teria um pouco mais de chances. –o encaro, sangue escorria de sua boca, eu havia acertado em cheio em seu peito –Descanse no inferno. –jogo seu corpo longe e vou até as pizzas, que estavam intocadas. Dou uma espiada dentro, tudo bonitinho. Me impulsiono e pulo de telhado em telhado para chegar mais rápido, eu já estava ficando tonta.

Pulo o portão do Instituto, meus tentáculos já se arrastavam, meu poder estava sendo drenado rápido por conta do meu rosto derretido.

Entro na mansão e coloco as pizzas na mesa:

—A COMIDA CHEGOU CAMBADA! –berro e me arrasto até meu quarto, o leitor de mentes já deve ter visto o que aconteceu...

—Elise? –falando no diabo...

—Oi gente, desculpe, não vou jantar hoje. –entro no meu quarto e tranco a porta, ouvindo berros logo em seguida, Logan deveria estar junto com o Professor...

Me deito com dificuldade, não preciso pensar muito agora para dormir, apenas abraçar a escuridão...