" Sinto ciúmes de tudo que é meu, e de tudo que acho que deveria ser. " - Bob Marley. 

Mansão RF/Brasil

Paulo não acreditava no que seus olhos viam, Valéria ali, tão segura nos braços de Jaime, é difícil para qualquer cara saber que sua namorada tem uma amizade tão íntima com outro homem, e com Paulo não era diferente, o mesmo deu um forte soco na porta, fazendo Jaime e Valéria acordarem assustados.

— Mas, o que... – Valéria parou de falar e fixou seu olhar para a porta.

— Bom dia. – Paulo disse sínico cruzando os braços.

— Que horas são? – Jaime perguntou naturalmente, como se não houvesse se abalado com a presença do Guerra.

— Hora de acordar. – Paulo respondeu ríspido.

— Ás seis da manhã? Ah, eu não sei o que você faz acordado essa hora Paulo, mas, eu vou voltar a dormir. – Jaime disse se surpreendendo ao olhar as horas no despertador.

— Bom, e eu vou voltar para o meu quarto e dormir mais. – Valéria disse calçando suas pantufas rapidamente. – Obrigada. – ela disse sorrindo para Jaime.

— Conte comigo, sempre. – Jaime respondeu sorrindo largamente.

Paulo sentiu uma sensação estranha, aquela cumplicidade existente entre os dois o irritava, ele nunca conseguiria ter um terço da ligação forte que Jaime tinha com Valéria, nem se ele tentasse, a Ferreira deu um beijo na bochecha do amigo e caminhou em direção a porta, sorriu para o Guerra, Paulo apenas se fez de indiferente e caminhou pelo corredor.

— Tá tudo bem? – Valéria perguntou preocupada o seguindo.

— Como você pode me perguntar isso? Eu acabei de ver que você passou a noite inteira agarrada com outro homem, é obvio que não está nada bem. – Paulo esbravejou irritado.

— Você está com ciúmes? Do Jaime? – Valéria riu como se fosse impossível.

— Porque está rindo? Ele é um homem Valéria, um homem como qualquer outro, cheio de desejos, de vontades, não é certo vocês serem tão grudados assim, não confio nele. – Paulo disse sincero.

— Mas, eu confio, e ele não é um homem como qualquer outro, Jaime é especial, é verdadeiro. – Valéria defendeu o amigo.

— Não é igual aos outros? Diga isso para as putas que dormem com ele todas as noites, ainda não sei como você pode ser amiga de alguém como ele. – Paulo disse indignado.

— Você não entende Paulo, nunca vai entender, ele é o único amigo que tenho, é como um irmão para mim. – Valéria disse calma.

— Amigos não se olham do jeito que vocês se olham. – Paulo falou convicto em suas palavras.

— Para de paranoia, é com você que eu estou. – Valéria acariciou o rosto do namorado e lhe deu um casto beijo nos lábios de Paulo.

Ela tentou intensificar o beijo, mas, Paulo recuou rapidamente e se desviou dos seus carinhos, Valéria suspirou triste, ela apenas deu as costas para o mesmo e seguiu rumo ao seu quarto, Paulo ficou imerso em seus pensamentos naquele corredor.

Foi quando de repente o Guerra ouviu umas risadas na área externa da mansão, Paulo abriu levemente a janela e não acreditou no que viu, Alicia e Daniel aos beijos na beira da piscina, a Gusman estava com as roupas todas amarrotadas e sujas, assim como Daniel, Paulo resolveu ir até eles, com um instinto de preocupação e desconforto em seu peito.

— Finalmente chegou Alicia. – Paulo disse se aproximando dos dois.

Alicia encarou o Guerra estática, Daniel apenas apertou a morena em seus braços, fazendo Alicia estranhar sua atitude.

— Paulo, bom dia. – a morena disse com a voz falha.

Paulo se aproximou ainda mais da morena e pode sentir o cheiro de álcool impregnado nas roupas de Alicia.

— Que cheiro é esse? Você bebeu. – Paulo revirou os olhos. – Alicia, não me diga que você... – A Gusman o interrompeu rapidamente.

— Não, eu não usei drogas. – Alicia respondeu o tranquilizando.

— Ele sabia? – Daniel perguntou estranhando.

— Sim, Paulo me viu drogada uma vez. – Alicia respondeu dando de ombros.

— Vi mesmo, e quer saber o que eu acho? Que a culpa de tudo isso é sua Daniel, sua. – Paulo gritou irritado.

— Como é que é? Escuta aqui, porque você não cala a boca? Seu babaca, sai daqui. – Daniel gritou irritado se afastando de Alicia.

— Eu não vou sair daqui, eu moro aqui, o único intruso é você. – Paulo respondeu trincando o maxilar.

— Se acha não é? Só porque mora numa mansão, é famoso, tem um dinheirinho, pois, fique sabendo de uma coisa, eu preferia muito mais o Paulo Guerra travesso de antes, pelo menos ele era verdadeiro, e não um hipócrita. – Daniel falou se aproximando do Guerra.

— Eu também preferia muito mais o Daniel de antes, o que se preocupava com os outros, que ajudava as pessoas, e não ao contrário, olha quem você se tornou...  – Paulo cruzou os braços. – APENAS UM DROGADINHO DE MERDA! – gritou irritado.

— Desgraçado! – Daniel disse perdendo o controle.

Daniel deu um soco em cheio no rosto de Paulo, em seguida o empurrou no chão, o nariz de Paulo começou a sangrar, Daniel já estava prestes a continuar, foi quando Alicia se ajoelhou apoiando a cabeça do Guerra em seu colo, a morena encarou Daniel séria.

— Vai embora. – Alicia disse fria o expulsando.

— Não acredito que você vai ficar do lado dele, não ouviu o que ele disse porra? – Daniel indagou com os olhos cheios de decepção.

— VAI EMBORA! – Alicia falou alto dessa vez, ela mirou sua atenção para Paulo. – Você está bem? Eu vou cuidar desse machucado. – disse sem esconder sua preocupação.

Daniel encarou aquela cena abismado, sentiu um desconforto estranho, mas, não deveria sentir nada, certo? Errado, quando você passa tanto tempo ao lado de uma pessoa, é normal sentir ciúmes, porém, isso jamais seria normal para os dois, o combinado era apenas uma diversão, um Passa-Tempo, uma troca de favores, nada além disso.

— Você realmente vai ficar do lado dele não é? Tudo bem Alicia, já era de se esperar. — Daniel disse por fim fazendo Alicia encara-lo.

Ás vezes ela queria decifrar o que o olhar de Daniel transmitia em certos momentos, os dois se encararam por longos segundos, antes de Daniel virar as costas e sair sem olhar para trás, Alicia deu de ombros, a única coisa que lhe importava no momento era cuidar de Paulo.

— Eu deveria ter revidado. – Paulo disse teimoso.

— Não deveria não, vem comigo, vamos dar um jeito nesse nariz. – Alicia disse se levantando junto com o Guerra.

Os dois seguiram até a cozinha, a morena pegou o um kit de primeiros socorros nos armários, Paulo se encostou no balcão e sorriu enquanto Alicia cuidava de seu pequeno sangramento.

( Coloquem: https://youtu.be/ij_0p_6qTss )

— Não precisava. – Paulo disse sorrindo fraco.

— Precisava sim, sabe Paulo, as vezes o Daniel passa do ponto, as vezes não, sempre. – Alicia disse um pouco nervoso pois a respiração do guerra estava muito próxima a sua.

— Você deve gostar muito dele. – Paulo falou desconfortável.

— Não temos nada sério, é apenas curtição, ficamos um com o outro até que a pessoa certa para nós apareça. – Alicia respondeu dando de ombros.

Ela guardou as coisas no kit, já havia terminado de cuidar do ferimento do Guerra, foi quando de repente Alicia sentiu as mãos de Paulo segurarem seus pulsos, fazendo com que seus corpos se chocassem.

— E como seria a pessoa certa pra você? – Paulo perguntou curioso, tentando não se enfeitiçar pelos olhos negros da morena.

— Sei lá, não posso definir direito, só sei que quando ela aparecer eu saberei. – Alicia disse sendo sincera.

— Sorte vai ter a pessoa que merecer você. – Paulo falou sorrindo lindamente para morena.

Alicia sorriu com aquilo e sentiu a respiração de Paulo se aproximando da sua, ela fechou os olhos por instinto, Paulo fez o mesmo, tudo que eles mais queriam era provar dos lábios um do outro novamente.

Ouviram o barulho de Cirilo cantarolando enquanto descia as escadas, os dois se separam rapidamente e tentaram esconder o nervosismo evidente, Alicia saiu praticamente correndo daquela cozinha, Paulo bagunçou os cabelos e respirou fundo se dando conta da besteira que quase havia cometido, a morena estava mexendo com ele de um jeito estranho, e nenhum dos dois sabia decifrar o que realmente estava acontecendo.