Quem vai ficar com Sarada? escrita por Kamereon


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Eu devia estar estudando Terminologia e Linguística, mas estou aqui postando essa oneshot pra vcs, nesse sábado a noite solitário. ME AMEM.
HAHAHAHAH, boa leitura ♥



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- Sarada está crescendo tão saudável... Que bom, né Sasuke kun? – Sakura dizia. Era uma manhã agradável; tomava café da manhã com Sasuke. A pequena garotinha, com seus bracinhos gordinhos e mãozinhas habilidosas construía um castelo de peças de madeira no chão da sala, e balbuciava alguns sons sem sentido. Seu aniversário de um ano se aproximava, e ela estava cada vez mais esperta.

- Sim. Isso é possível graças a você, que cuida bem da saúde dela. – Sasuke disse, olhando com doçura para sua esposa. Sasuke não era aquele marido insensível e frio, como às vezes as pessoas de fora imaginavam que fosse. Ele era um marido e pai carinhoso, na medida do possível. Mas nessa pequena frase, Sakura percebeu um pouco de carinho a mais que o normal. Estranho, ela pensou. Mas ah, devia ser coisa de sua cabeça, claro.

- Awn Sasuke kun, você não precisa ser assim. Nem tudo de bom que acontece com Sarada é por minha causa. Você também é um pai incrível. – Sakura completou. – É sempre atencioso e cuidadoso com a nossa pequena, desculpe por nem sempre reconhecer isso como deveria.

Era uma típica cena de rasgação de seda. Minutos se passavam e cada um só sabia enaltecer cada vez mais as qualidades do outro. De um lado, “Oh Sasuke, você o pai mais habilidoso que já vi”, de outro, “Não Sakura, você que é a melhor mãe que eu poderia escolher para formar minha família”... O ambiente estava quase saturado de tanta doçura. Até que uma pequena frase estragou tudo.

- Que bom que você vai ficar com a Sarada, por que eu preciso ir trabalhar agora.

Os dois disseram. Em um só som.

Entreolharam-se. A situação era séria. Apenas o melhor venceria e poderia ir trabalhar tranquilamente naquela manhã. Olharam para a pequena Uchiha, que continuava distraída em seu castelinho.

- Vamos Sakura, eu preciso mesmo ir trabalhar. Kakashi me chamou para uma reunião, e quando ele me chama assim, sempre se trata de alguma missão muito séria.

- Eu também preciso ir trabalhar, Sasuke. Saiba que muitas vidas estão me esperando no hospital. Vidas que eu devo salvar, entende?

- E eu preciso saber qual é a missão que Kakashi vai me dar. A segurança da vila toda pode estar em perigo, sabia?

- Está dizendo que a sua missão é mais importante do que o meu trabalho no hospital? – Sakura o desafiou. Sim, foi o que ele deu a entender!

Sasuke ficou em silêncio por alguns segundos mortais. Se assumisse o que pensava, temia a reação de Sakura. Ela poderia quebrar a casa inteira facilmente se ficasse muito irritada. Se não assumisse, Sakura saberia que estava mentindo. Ela sempre sabia. Devia ter arrumado uma esposa mais fácil de lidar, pensou.

- Não foi o que eu quis dizer. – Começou. Precisava tentar mais uma vez. – Sabe que me orgulho de ter me casado com uma médica.

- Hum, sei.

- Mas preciso realmente ir, Sakura. Eu nunca te peço nada, hoje é importante. Por favor! – Era humilhante! Uchiha Sasuke precisando chegar ao nível de implorar a sua esposa para que pudesse sair de casa. Alguém precisava ficar com Sarada, afinal.

Sakura seria ideal, na visão dele. Outros médicos estavam no hospital e poderiam atender as pessoas. Ela não precisava ir para aquele lugar horrível todos os dias, era loucura. Sabia que Sakura não era qualquer médica; era simplesmente a melhor de Konoha. Ou talvez, de todo país, de todas as grandes nações! Mas preferia esquecer um pouco desse fato.

.

Afinal, mesmo a melhor médica que existia precisava de uma vida e uma família, não é?

.

- Sasuke, eu preciso ir, tenho pacientes me esperando. Preciso consultar as crianças da clínica e também visitar alguns pacientes internados. E se alguém morrer por eu não ter ido hoje?

- Não existem médicos competentes naquele hospital além de você, não?

- Sasuke! Está me chamando de prepotente?! – Sakura se ofendeu. Bateu com as mãos na mesa, como se estivesse em um tribunal. Não usou sua força toda, visto que apenas alguns recipientes reviraram sobre a mesa.

- Não! Por que você distorce tudo o que eu falo? Vocês mulheres são loucas.

Como assim? Sakura não podia entender. Onde estava aquele cavalheiro de minutos atrás, cheio de elogios e delicadezas? Ora, ela tinha responsabilidades, ele precisava entender! Sasuke, sempre que podia, caía fora da vila. Ela não, sempre ficou e cuidou de tudo. Tinha que ser assim. Cuidava de Naruto em seus treinos absurdos, ajudava a cuidar da sensei quando se embebedava, cuidava do hospital, das crianças... Muitos dependiam dela! Pacientes do hospital, crianças traumatizadas da guerra, até mesmo a equipe de pesquisa do hospital. Como Sasuke podia ser tão egoísta? Não poderia, só hoje, ficar e ajuda-la a cuidar de tudo?

.

Mulheres são loucas, né, meu bem? Pois homens são egoístas.

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- Pode dizer que mulheres são loucas, mas sem essa mulher aqui, não haveria nenhum clã reconstruído.

- Onde você está querendo chegar? – Esse terreno era perigoso, Sakura estava indo longe demais.

- A lugar nenhum. – Ela recuou. Compreendeu que não devia mexer nesse assunto, e resolveu apelar para outra estratégia. - Apenas saiba que quando vocês, “ninjas de elite”, chegam todos machucados de uma missão, quase morrendo, quem cura vocês sou eu. Uchiha Sakura, e ninguém mais. Entendeu?! Mais ninguém!

- Se eu for nessa missão, posso poupar a vida de muita gente. Consequentemente, posso poupar trabalho para você, Uchiha Sakura. – Falou com desdém. Sakura soltou uma exclamação de espanto antes de continuar.

- Ora veja! Você não presta, Uchiha Sasuke! – A mulher disse, enfurecida, imitando o tom que Sasuke usou para dizer o nome dela.

Sarada, que largou os bloquinhos de madeira e começou a assistir a briga, começava a se assustar com os gritos. Seus pais estavam tranquilos, e subitamente começaram a elevar as vozes. O que estava havendo? Mamãe e papai estavam brigando? Por quê? A pequena não entendia muito bem, só sabia que não gostava do que estava acontecendo. Aos poucos, a vontade de chorar crescia dentro de si. Mas algo mais a incomodava, sua barriga estava doendo um pouco. Não sabia no que prestar mais atenção, se na briga dos pais, ou na sua dor.

-Você sempre soube que eu não era exatamente um príncipe, então não adianta dizer que eu não presto agora. Tarde demais! Já estamos casados.

- Ainda bem que existe uma palavra chamada divórcio. – Sakura provocou. Estava blefando, claro. Jamais ousaria em fazer algo do tipo.

- Você não é louca o suficiente! – Sasuke arregalou os olhos. Por pouco mais ativaria seu sharingan, de puro nervosismo.

Sakura apontou o dedo para responder, mas parou assim que ouviu um barulho diferente. Ela e Sasuke atentaram na mesma hora para onde estava a pequena “causa” da briga. Sarada estava passando mal, vomitou todo o leite que havia tomado e agora chorava.

- Querida, o que houve? – Sakura, de imediato, foi até Sarada. Pegou-a no colo e limpou-a como pôde, usando uma fralda de pano que estava largada no sofá. Sasuke levantou-se assustado e cercou-as.

- O que será que aconteceu? – Perguntou. – Será que esquentei demais o leite?

- Pode ter sido. – Sakura disse. – Se ela estava acostumada a tomar leite morno, é normal que o estômago estranhe, a digestão do bebê é mais sensível.

Sasuke se sentiu culpado. Talvez sua filha estivesse ali, toda suja e chorando, unicamente por sua culpa. Não custava nada ter colocado um pouco de leite em sua pele para avaliar se estava muito quente ou não (na verdade custava, era um pouco difícil para ele, que só tinha uma das mãos). Perda de tempo, ele pensava com ignorância. Não era pela falta do braço, mas sim porque a criança estava com fome, devia alimentá-la logo. Além disso, aquecer a mamadeira fazia parte do plano de parecer o pai perfeito e convencer Sakura a ficar com Sarada enquanto ele ia trabalhar.

Não podia imaginar que isso faria mal àquela pequena criatura que ele mesmo havia ajudado a por no mundo. Não aguentava ouvi-la chorar, seu peito dilacerava e ele se sentia impotente.

- Pode ir, eu fico com ela. Eu causei isso tudo. – Sasuke propôs. Era o mais sensato a se fazer. Ele precisava de uma “punição”, ficaria sem ir à reunião com Kakashi, daria um jeito depois.

- Sasuke kun, essas coisas acontecem. Não fique se culpando assim. Pode ir, eu cuido dela. – Sakura dizia, cheia de autocontrole. Entregou Sarada no colo de Sasuke, pegou um pano na cozinha e limpou o chão rapidamente. As pecinhas de madeira, ela pegou uma por uma e jogou em um balde limpo. Cuidaria delas depois, sua filha era quem precisava de cuidados agora. Quando tentou pegá-la dos braços de Sasuke, ele negou.

- Não, eu ajudo você. Vamos, ela precisa de um banho. – Ele disse firmemente. Sua pequena já chorava menos, e encostou a cabecinha no ombro do pai. Acariciaria seu rosto para limpar as lágrimas restantes, se dispusesse de seu outro braço.

Não era necessário que dois adultos dessem banho em uma criança. Sarada já estava mais calma, e ao contrário de momentos atrás, não parecia mais sentir dor na barriga. Sakura checou sua temperatura; não parecia alterada. Foi apenas um vômito por indigestão, nada tão grave assim.

Mesmo assim, os dois ficaram e cuidaram de seu tesouro.

Sasuke mandaria um falcão com um recado para Kakashi e outro com um recado para o hospital, dizendo que ficariam em casa e cuidariam de Sarada.

Depois do susto e de reidratar Sarada, os três se deitaram na cama do casal, na esperança de que Sarada se aquietasse mais. A pequena dormiu agarrando o dedo indicador do pai, e com o rosto virado para a mãe.

- Ela é forte pra alguém de sua idade. – Sasuke cochichou.

- Puxou a mim. – Sakura respondeu e Sasuke sorriu.

- Acho que devo concordar.

Não havia mais briga, na verdade parecia que nunca havia existido briga nenhuma. Todos, absolutamente todos os insultos haviam sido da boca pra fora, ambos tinham certeza disso. Apenas contemplavam Sarada, que era tão importante para o casal. Ela era a prova da forte ligação que os unia, a prova de que havia amor ali. Discussões eram normais. Ora, eles eram de fato pessoas muito diferentes entre si. Mas nada mudava o fato de que Sarada existia. Nada mudava o fato de que sua família era mais importante que qualquer missão ou turno no hospital. Cada habitante de Konoha também fazia parte da família, isso era verdade. Mas primeiro vinha aquela pequena criatura branquinha, de cabelos lisos e pretos que denunciavam o pai, e de temperamento tão parecido com o da mãe.

- Desculpe.

Os dois disseram, em um só som.

O terreno não era mais perigoso. Não era mais necessário um ataque ou defesa. Tudo que era importante, no momento, estava bem diante de seus olhos.


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Notas finais do capítulo

EU SEI, EU SEI, talvez eles não tenham convivido como uma família dessa maneira, nessa época. Talvez Sasuke já estivesse em missão quando Sarada era bebê. Mas ah, eu sempre imaginei essa questão. Com quem essa criança fica quando os pais (ou quando Sakura) precisa sair? Com certeza ela por muitas vezes ficou com Shizune, ou com a avó, ou com Ino... Sei lá, com muitas pessoas, kkkk. Mas achei legal a ideia de fazer Sasuke e Sakura quase lutarem entre si para ver quem ia ficar com a pequenininha. Espero que tenham gostado também ♥