Purezasg escrita por 0 Ilimitado


Capítulo 1
PUREZAS(G)




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Leia como um processo catártico invertido, o tempo está de ponta de cabeça, entortado.

Minha mente está em chamas, espessas e permanentes, corroem os alicerces que demorei fixar, cavam um local para as minhas ruínas, este é o outro passo duma outra história. Ela está dentro. Ela está dentro.

Está tudo escuro, o teto do quarto parece um ótimo funeral. O verdadeiro significado de um litígio infernal e silencioso se resume nas minhas lágrimas pesadas, minha mãe deitada ao lado, o choro abafado, a vontade de gritar, de correr, de fugir!

A sensação que tive por dois dias ao seu lado foi tamanha discrepante, afinal eu havia apenas tido aquela contemplação após beijos fugazes com contatos anônimos, porém, ao lado da minha única confidente sentimental, tenho a sensação intrínseca, com a mínima necessidade de um beijo.

Foi uma caça constante, por um lado eu a procurava e pelo outro, ela se questionava da minha localização. O abraço no início, o abraço no “final”, depois daquilo eu tive a certeza que a tempestade castanha não havia passado ainda, e por sorte minha, ela estava ali para sanar minhas feridas com seus abraços calorosos. Eu sabia o quanto ela queria estar ali, num abraço apertado, apenas eu e ela em infinitas constelações. Um conjunto “adeus” com a voz embarganhada ressoou. Um tempo depois a revi do meu lado.

Uma conversa informal, como se uma corda enlaçada em nossos calcanhares surdira efeito, puxando-a de volta, impedindo-me de sair dali com a esperança de sua volta... E ela voltou. Abro um sorriso, pela lembrança, pela presença.

Antes de partir, tocou meu ombro, não se permitiu olhar nos meus olhos, e já se afastando, alçando voo, arrastou sua mão sobre meu braço e se foi. Olhei para o céu e agradeci pela oportunidade de estar ali. Defronte um sonho ingênuo que me instigava à regeneração, por ela, por nós.

Gabriela (consegui escrever, com a mesma dificuldade de um pecador tentando escrever “Deus”), questionou diversas vezes se apareceria na segunda prévia, dei certeza, confirmou com um sorriso, os dentes brancos, que sempre precipitam uma geada, uma tempestade de neve, após sua despedida. Como um jardim florido que murcha após a sua cuidadora desvanecer, esforçando-se para viver novamente.

Eu não quero ser um herói, nem ao menos um grande homem, só quero ser capaz de passar mais de dois dias eventuais, tornando uma semana, um ano, não preciso de muito, se no pacote de viagem vim incluído você (mudo as designações a todo o momento, agora sem estética, sem altivez, outro passo dado, eu não aguentava admitir que isso é para ela, ou melhor, para você, por simples fraqueza).

O Yago veio falar comigo, abriu seu coração, e senti veracidade, doeu, afinal ele conseguiu o que tanto almejei em tempos passados. Princípio de inveja que se transmutou numa vontade maior ainda de tê-la comigo, não de voltar ao passado, talvez avançá-lo para o nosso próximo encontro.

Constato que o seu feitiço não atinge apenas casos particulares. A verdadeira Condessa que transforma água em vinho.

Realço, o que jamais senti por uma menina, se reflete na sua silhueta, pequena, escultural, do modo que gosto. As veias escapando de seus olhos transformando minha alma em sangue para percorrê-las, a hipnose.

Homens gamados e corajosos em momentos de desespero abaixam a guarda, em prantos, correm com o rabo entre as pernas.

Quem diria que o meu senso de perfeição me levaria a você? Impulsiva, bela, sonhadora, insegura, apenas você, nada mais, um baú em transformação com uma fragrância inigualável.

Espero aquele salgado, os seus cabelos, ver a sua bendita parede com uma parte minha, conhecer os cantos sagrados de sua morada e quem sabe subitamente me tornar uma parte inseparável da sua vida... Talvez eu já seja, talvez seja difícil admitir, ou você já admitiu e eu não sei.

Não sinto necessidade de beijá-la, anti-romântico? Não! Descobri isso com naturalidade, bocas são instrumentos, não gosto de parcialidade, prefiro a integridade das suas palavras, o modo que anda, o modo que pensa, o medo que encontra na vida, focalizado nas pessoas... Lembro quando disse sobre como se sente horrível quando outros pensam em você como um símbolo de fragilidade, não tema, dois copos (corpos) frágeis, meio-cheios, meio-vazios, se completam com a calma necessária, são mais difíceis de quebrar.

Até ele sonhou com você, eu sonhei também, quem diria que soa como sintomas do seu poder? Fascínio, sonhos, despedida, dor, repeat ... Alguns diriam ser estágios sindromáticos, eu aceitaria isto mesmo se reduzisse o meu tempo de vida.

Não estamos no meio-termo, nem na incerteza, fico cômodo quanto a isso, além de amigos, menos que namorados, uma relação sem rótulo, como você gosta. Sem extremos. Lembro do texto sobre os rótulos que certa vez me enviou... Lembro-me de tudo, até de quando tomou meu leite com açúcar, pois neguei tomá-lo sem achocolatado; de quando se negava a acreditar que poderia um dia ser uma boa amiga, lembra-se do que respondi? Que é a garota mais incrível que conheci num encontro; de quando disse sobre a dificuldade de conversar com alguém olhando nos olhos. Ahh, bons tempos.

É como se não existisse o que sou hoje antes da data que a conheci, um divisor de mares. Meus demônios apareceram, e as águas violentas que dividiu os extinguiram.

Gosto do sonho, e de como isso aparenta ser tão pacífico e intenso, indivisível e impagável. Obrigado por me proporcionar isto.

Estou de saída, eu escreveria outras páginas, mas imagino você pensando ao receber isto um dia: “Que exagero”, ultrarromantismo, a fase de uma das minhas escolas literárias prediletas.

Sempre pensei na distância como um terror, vejo que em seu estado verídico é um artifício que objetiva nossos mais profundos sentimentos.

Adeus, sem ponto, afinal há histórias que não merecem terminar com ele

20.07.15


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