A outra dimensão; escrita por Val-sensei


Capítulo 8
O terceiro guardião.




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Andamos bastante, aquelas vilas sempre eram longe, mas era divertido passar o tempo com aqueles dois pelo caminho.

Logo paramos de frente a uma casa mais simples, com um solo seco, com a grama morta, a porta era meio amarronzada. A casa parecia que estava abandonada há muito tempo. Senti-me triste por isso, porém Royne suspirou fundo e bateu a porta.

A porta abriu sozinha e em seguida entramos, logo a porta se fechou com força atrás de nós e a casa se transformou, pois havia um belo jardim de flores silvestres bem pequenas enfeitando as laterais, no meio havia uma passarela em pedras transparentes que iam até a outra porta, enquanto que a  casa de dentro era em um verde clarinho que trazia uma paz enorme.

Sorri imaginando como seria o guardião dali e o que eu teria que aprender com ele.

A porta de vidro se abriu, entramos e do nada apareceu uma moça com um vestido meio rodado até o joelho de alcinhas com flores silvestres e pulou no pescoço do Royne e lascou um beijo na boca dele.

Aquilo mexeu um pouco comigo, mas não podia fazer nada.

Royne a afastou e ela disse:

— Veio me ver? - ela passou a mão pela camisa dele ainda abraçada. - Ah já sei ficou com saudades em? - deu para ver o olhar malicioso dela para o primeiro guardião e me irritou um pouco.

— Vem Royne, vamos matar a nossa saudade - ela foi puxando pela mão quando Tiana disse:

— Não viemos aqui para isso Aki - a moça olhou Tiana e depois olhou para mim com um olhar meio malvado.

"Outro sofrimento" pensei comigo enquanto ela me dava um olhar pior que o Fai.

— Não vou treinar essazinha aí, ela está aqui por causa do meu Royne e não vou treinar e pronto.

Royne tirou a mão dela da sua e a encarou.

— Aki, não é hora para caprichos, Deci logo vai conseguir o que quer e nosso mundo vai virar um pesadelo.

— Não vou treinar e pronto - ela cruzou os braços e fez bico.

Rolei os olhos, desanimada.

— Bom se você me treinasse era bom que o Royne poderia ficar mais tempo com você, mas já que você não quer, nós vamos para o outro vilarejo - eu virei de costas e comecei a ir para porta. Tiana também então Royne disse:

— Desculpa Aki, mas eu prometi que iria com elas até o fim - ele ia saindo junto conosco.

— Eu á treino, mas você vai ter que dormir no meu quarto todas as noites.

Vi Royne revirar os olhos e disse:

— Está bem - ele me olhou com aqueles olhos azuis dele como se quisesse uma autorização.

Bom, não tenho nada a ver com a vida dele, não sei por que ele me olhou daquele jeito, mas eu apenas fiz um gesto de sim e ele foi para perto dela. "Idiota" pensei comigo.

Aki veio até mim e disse:

— Sou Aki, a terceira guardiã do cristal, meu elemento é a água.

— Muito prazer Aki, sou Ayane a...

— Eu sei quem você é e não gosto de você, por ter aparecido para o meu Royne e ai de você se tentar roubar ele de mim.

— Primeiro ele não é propriedade sua, segundo faça o que quiser, por que eu quero apenas aprender e vencer esse Deci e voltar para o meu lugar.

Ela me deu um sorriso sínico e me chamou para acompanhá-la, com certeza eu ia sofrer nas mãos dela, mas esse era o meu destino, salvar a terra dos sonhos e voltar a minha vida normal depois disso se eu não morresse naquela luta.

************

No hospital tudo estava do mesmo jeito, Ayane estava em coma ligada a aparelhos, a família e Lin sempre estavam por ali vendo o que os médicos diziam, mas nada do quadro dela evoluir. Ayane estava estável, mas nenhuma melhora ou piora.

Lin entrou no quarto e pegou na mão dela com um sorriso no rosto e disse:

— Sabe Ayane, eu espero que você acorde logo, para eu ver a cor dos seus olhos, sua voz e seu sorriso. Queria ter te encontrado de outra forma, mas eu sei que você vai voltar - ele segura forte a mão dela e sente-a apertar. Ele sorri de forma meiga e fica mais um pouco até o seu telefone vibrar em seu bolso. Então ele sai da UTI e atende o aparelho.

— Alô?

— Lin, tudo bem? - ele rolou os olhos.

— Kia... O que quer?

— Nossa que mau humor, isso é por que você ouviu a minha voz?

— Você sabe que eu não...

— Eu sei, até por que agora você tem uma queridinha no hospital, queria saber o que ela tem que eu não tenho.

— Isso não te interessa, mas pode ir direto ao assunto - ele estava perdendo a paciência.

— Ia te convidar para gente sair, afinal você mora nesse hospital, mas pelo visto você não vai querer?

— Não mesmo - ele desligou o telefone e a deixou bufando de raiva do outro lado da linha.

Lin voltou para o quarto e ficou com a menina lhe fazendo companhia.

*******

O treinamento que Aki ministrava estava sendo pior que o do Fai, ela dominava a água, não era fácil pegar a forma de criar a água. Pior era quando vinha cada pedaço de gelo em minha direção que eu mal conseguia desviar e não dava muito para usar o fogo e a luz.

— Você quer o meu Royne e isso é imperdoável, além do mais você só está treinando comigo para o Royne ficar aqui mais tempo.

— Hãm? - eu não entendi o que ela quis dizer com ficar com o Royne.

Perdi a concentração e a água caiu toda em cima de mim, quase me sufocando.

— Queria saber o que ele viu em você - ela partiu com tudo em cima de mim lançando água com pedras de gelo junto, tentei desviar agindo rapidamente, mas algumas pontas de gelo cortaram parte dos meus braços, pernas e rosto, mesmo agindo rapidamente, quase morri nas mãos dela.

Parecia que ela estava com muita raiva de mim e tinha algo mais que eu ainda não tinha percebido ali.

Foi um treino duro e logo chegou à noite, eu estava moída de cansada e ferida. Tomei um banho e logo deitei na cama meio mal preparada, pois aquela garota realmente não me queria ali e eu tinha que terminar aquele treino o mais rápido possível.

Fechei meus olhos para dormir, mas escutei vozes do corredor. Levantei-me com o corpo meio dolorido e abri a porta devagarzinho e comecei a ouvir.

— Vem Royne para o meu quarto e vamos matar a saudade - ela estava abraçada a ele, mas ele não.

— Aki, eu sei que tive algo com você no passado, mas agora eu não gosto mais de você desse modo - ele afasta, mas ela o puxa de novo.

— É mesmo, então sua amiguinha pode morrer amanhã - ela dá um sorriso sínico a ele. 

— Ayane não morrera assim, além do mais não vou para cama com você, até por que você me traiu com o Deci antes dele virar malvado - ele passa por ela a deixando ali com muita raiva.

Amanhã eu realmente morrerei nas mãos dela, fechei a porta e cai na cama apagando completamente.

*******

Na manhã seguinte já estava pronta para treinar novamente e de frente a Aki. Ela me olhava com os olhos sedentos de sangue, de raiva e de vontade de que minha existência sumisse.

— Então pronta para nosso teste final - ela me encarou firmemente.

— Estou prontíssima - dei um sorriso de vitória e a ela e ela não gostou.

Fez uns movimentos com as mãos enquanto eu apenas fixava meus olhos nos movimentos e nas palavras que ela dizia e quando ela jogou a água que saiu de suas mãos em minha direção, eu fiz o mesmo gesto e lancei na mesma direção. A água se chocou e saiu espirrando para todos os lados.

— Hum... Gostei de ver - Aki deu um sorriso lateral e fez outros movimentos, então eu fiquei olhando enquanto concentrava no poder do fogo, da luz e da água juntos foi então que eu descobri uma forma de uni-los então quando ela veio para cima de mim, lancei um vapor e junto com a luz a cegando completamente para em seguida fazer alguns movimentos com as mãos e fazer a água a derrubar no chão.

Ela se levantou e me encarou com um sorriso sínico no rosto.

— È... Você pegou mesmo o jeito de manipular a água e ainda combinou as técnicas que já aprendeu. Parabéns mocinha...  - ela parou na minha frente de uma forma desdenhosa. - Subestimei você, aprendeu bem rápido o poder da água, pelo visto você é mesmo a forasteira - ela e encara cruzando os braços. - Nosso treinamento termina aqui - ela saiu dali pisando alto e eu não entendi, mas estava feliz por ter terminado mais um treinamento.

Suspirei fundo e vi Royne e Tiana entrar no salão.

— Cada dia que passa você fica melhor - Tiana me dá um sorriso animador.

— Eu preciso voltar logo, minha família deve estar preocupada comigo... Vamos ainda temos seis guardiões, e o Deci. Espero que os outros não sejam possessivos ou durões. - Saí da sala acompanhada pelos dois. Logo já estávamos na estrada novamente.

Royne sempre me olhava com carinho e me levava com ele no cavalo, Tiana ia sozinha, mas os nós três sempre no caminho que parecia ser o único que ligava as vilas dos guardiões.

— Royne quais são os guardiões que ainda faltam? - eu tinha que saber afinal era cada um mais doido que o outro.

— Faltam o guardião que manipula a terra, o que manipula o ar, uma está conosco e a guardiã da cura, o guardião do amor, o guardião da força e tele transporte e finalmente o Deci que é quem vamos encontrar, mas creio que eles serão tranquilos.

— Tiana é uma guardiã?

— Sim logo estaremos no vilarejo dela.

— Por que temos que ir assim se vocês podem sair dos seus vilarejos com o tele transporte.

— Nós podemos sim, mas você não, pois ainda está em aprendizado e além do mais é muito arriscado usar o tele transporte com você junto, afinal você está aqui, mas seu corpo não e você está entre a vida e a morte onde qualquer passo em falso você pode morrer e precisamos de você aqui, sã e salva.

— Entendi...

— Deci será o pior deles - Royne fala com desprezo na voz ao citar o nome do último vilão.

Dei um sorriso e continuamos a nossa jornada.

*****

Lin dormia no seu quarto quando o seu celular tocou, sonolento ele atendeu.

— Alô.

— E aí cara, como você está?

— Na medida do possível Ren - ele está com a voz sonolenta.

— Entendo a garota ainda está mal? - ele perguntou. - Sim, mas eu sei que tudo terminará bem - ele senta-se na cama.

— Queria te passar uma grana para ajudar, afinal todos nós tivemos uma parcela de culpa - ele estava meio triste.

— Bom quero descansar mais um pouco antes de voltar para o hospital então pode depositar para mim se não for incomodar.?

— Claro me passa a sua conta aí - ele sorriu ao amigo.

Lin passou o número da conta para depois conversar um pouco mais com o amigo, se despede e vai descansar mais, pois eram dias duros.

****

Os cavalos corriam a toda à velocidade na estrada, sabia que vinha muita coisa pela frente e ainda tinha que passar por muitas provações para poder aprender aquelas magias e purificar o cristal.

Sorri ao perceber que entravamos em uma vila com uma estrada feito em grama da mais límpida e verde e nas laterais da estrada se via árvores de todos tamanhos e tipos. Sentia o vento bater no meu rosto e o ar límpido e puro... Era tudo tão verde e lindo.

Mas a paisagem começou a ficar negra e se transformar e aos poucos Deci apareceu na nossa frente com os Supiers.

— Vocês andaram bastante em? - ele me encarou e deu uma ordem para que os Supiers atacassem Royne e Tiana.

Os Supiers saíram correndo em direção aos dois e Deci veio rapidamente em minha direção me derrubando do cavalo.

Enquanto Royne lutava com um dos Supiers e Tiana se defendia com o outro, Deci estava bem diante dos meus olhos.

— Não vou deixar você ir mais longe - ele dá um sorriso malicioso e começa a pronunciar palavras e de suas mãos sai uma mistura de rajadas de vento e pedaços de gelo em minha direção.

Concentrei formando o poder do fogo e lancei em direção ele, mas o vento soprou o fogo para o meu lado e eu consegui me defender, porém o vento cortou-me bastante e o sangue caiu no chão.

— Olha como você é fraca, nem sabe se defender - ele me encarou sério e eu senti uma certa tristeza nos olhos dele, uma implicância familiar, mas não sabia de onde.

— Posso ser fraca, mas jamais vou desistir da minha missão - olhei para Royne e ele tinha exterminado um dos Supiers lançando seu poder da luz de uma forma nova, mas que eu acabei pegando só de olhar. Tiana ainda dava uns golpes físicos no Supier que lutava com ela.

— Tolices, esperança é uma tolice - ele lançou vários poderes em minha direção.

— Não são tolices, sonhos e esperanças não são tolices - concentrei em todos os poderes que eu tinha e os misturei assim como ele fez e lancei.

Royne se posicionou ao meu lado e também lançou parte do poder dele, mas Deci ficou com muita raiva e lançou outro poder misturado bem mais forte e tudo aconteceu muito rápido. Royne se lançou na minha frente, mas não deu muito tempo e parte do poder nos atingiu...

Royne se levantou pingando sangue pelos braços e quando olhou em volta tudo estava como eles haviam chegado e quando olhou para traz viu a garota desmaiada.

— Nãoooooo - ele correu até ela e viu Tiana se aproximar e ver Ayane suja de sangue e piscando.

— Acalme-se Royne -Tiana enfia a mão em um pequeno compartimento escondido entre a cintura e a barriga de Ayane e tira uma capsula meio azulada.

— O que é isso? - Royne olhou para a cápsula.

— Saliva do Oráculo, para manter Ayane viva em nosso mundo. Agora faça ela engolir. - ela entregou a cápsula para Royne o mesmo colocou na boca e abaixou-se forçando a entrada pela boca de Ayane e a fez engolir.

*****

No hospital os aparelhos estavam monitorando os batimentos cardíacos da moça, mas os médicos perceberam algumas alterações e começaram a examinar, pois ela poderia ter uma parada a qualquer momento e apesar de os batimentos e a respiração estarem meio irregulares eles permaneciam de prontidão, pois a menina tinha sérios riscos de morte.

******

Senti certo peso sobre mim e algo na minha boca, abri lentamente meus olhos e vi Royne com a boca dele na minha, me assustei e o empurrei assustada, mas senti uma dor lacinante e o sangue escorrer.

— Não se mexa, eu vou te curar - Tiana estendeu as mãos sobre mim e logo estava sem cortes e me sentindo um pouco melhor.

— O que ouve? - perguntei olhando a tristeza do Royne.

— Achei que você ia morrer, mas Tiana sabia onde você tinha guardado as cápsulas que o Oráculo te deu.

— Você estava me dando a cápsula?

— Sim - ele desviou o olhar.

— Eu me assustei um pouco, desculpa - comecei a me levantar devagar e olhar tudo em volta. - Deci queria mesmo me matar? - perguntei olhando alguns estragos na paisagem.

— Me parece que sim - Royne deu um leve sorriso e virou-se para Tiana. - Vamos Tiana, sua casa não está longe - ele me pegou no colo e continuamos a pé.

Logo paramos perto de uma escada e olhei para frente uma porta feita bem um troco de uma árvore, onde as raízes retorcidas nas laterais dava um ar bem rústico e tinha alguns vasos de flores dependurado próximo à porta.

Tiana destrancou, abriu a porta e deu um sorriso.

— Sejam bem vindos ao meu humilde lar - ela nos olhou e Royne me colocou no chão.

Olhei cada canto e todos os móveis eram feitas de árvores que pareciam ter caído e foram reaproveitadas, tudo muito rústico, mas tinha um ar de beleza e um toque de carinho.

— Ayane pode vir comigo - eu a acompanhei ainda meio tonta, mas estava bem.

Vi ela abrir outra porta e descer uma pequena escada, para depois começar a ver uma luz verde bem densa e por fim ver a parte do cristal dos sonhos.

— É lindo! - me aproximei. - Qual seu sonho Tiana? - perguntei a ela passando a mão na parte do cristal.

— Já foi realizado Ayane.

— Já!

— Sim, eu posso curar pessoas de quaisquer doenças nesse mundo, eu sou como uma médica, me chamam de fada da cura por isso - ela também tocou o cristal e nele apareceu uma imagem de uma moça loira vestida de branco, cuidado de pessoas.

Sorri e me perguntei se seria ela, mas não podia ser, afinal ali estava uma médica e diante de mim uma fada com vários poderes.

— Vamos, temos que treinar você - ela sorri e se levanta para sair, mas eu ouço alguma coisa e me viro.

Vejo o mesmo livro que havia na casa do Royne e do Fai e ele brilhava intensamente. Caminhei até ele e o toquei.

As letras foram saindo do livro e formando frases na minha frente e pouco a pouco foram entrando na minha mente enquanto eu flutuava no ar e depois de tudo cessar não vi mais nada.

Tiana correu até ela.

— Ayane - ela a chamava.  - ROYNE CORRE AQUI - ela gritou desesperada.

Royne chegou lá e a viu desmaiada e correu para pegá-la.

— O que aconteceu Tiana? Ela ainda está machucada? - ele ajeita Ayane no colo.

— O livro começou a brilhar e ela começou a brilhar junto, não vi direito o que aconteceu só vi quando ela caiu desmaiada depois de estar flutuando no ar. - Tiana o olha e completa. - Não foi nada com o ataque do Deci - ela deu um sorriso.

Royne ainda com ela no colo aproximou-se do livro e o olhou, depois tocou com a mão enquanto apoiava Ayane no chão.

— Não se preocupe ela só pegou a sabedoria do livro antigo - ele deu um sorriso. - Agora vamos a deixar descansar - ele pegou novamente no colo e a levou acompanhando Tiana até um dos quartos de sua casa.

Royne puxou a cadeira e sentou-se ao lado da cama enquanto Tiana fechava a porta do quarto os deixando ali.

Royne pegou em sua mão e ficou velando o seu sono.

*****

No hospital os batimentos e a respiração da garota normalizavam gradativamente sem que os médicos fizessem algo, os mesmos ficaram achando meio estranho, mas a deixaram assim que o quadro se estabilizou novamente.

Os médicos a deixaram para receber visita...


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