Faz muito tempo, não faz? Naquele dia prometi nunca sair do seu lado mas parece que menti, dessa vez juro nunca mais te deixar.

Faz mais de 100 anos des de que você pode voltar para o mundo e eu continuei preso a esse mundo, parece que vai demorar muito para ser perdoado como você. Alan, por onde você anda?
Naquele dia tudo passava devagar sem uma companhia tudo passa mais devagar, para que foi ser tão idiota e deixar a chance de viver uma vida eterna junto da pessoa de quem gosta? Mas por hora apenas colher essa ultima alma e ter que aguentar mais um dia longe de você.
Cheguei a casa do senhor que teria a alma levada nessa noite, na entrada um grande jardim mais para dentro na janela de um dos quartos alguns vasos com... Eram Ericas ? Sim, parece que não vou conseguir me livrar dessas lembranças tão cedo.

Lá dentro duas mulheres conversavam.
–parece que ele está ainda pior do que ontem.- uma dizia.
– o que realmente me preocupa é meu sobrinho, ele tem pensamentos estranhos, não parece preocupado com nosso pai e diz umas coisas estranhas, como se pudesse saber o que tem depois.
– verdade, e ainda conversa com as flores que tem no quarto e diz que lembra um velho amigo, ele nunca teve amigos.

Me afastei e entrei no quarto do senhor, ele estava em uma cama grande e em uma cadeira um menino que não aparentava mais que seus 16 anos, estava magro, talvez tivesse ficado ali e se esquecido de comer e de dormir.
–quem está...-parece que ele pode me ver, como alguém, um humano pode me ver? Mas ele pode.
Não respondi, talvez achasse que pera apenas truque de luz ou algo do tipo e não desse atenção.
–é um ceifeiro não é?- ele perguntou- eu estava te esperando faz dias.
–sabe sobre mim?- perguntei
–sim, eu posso ver, vejo coisas estranhas desde pequeno, no início me assustavam mas agora me lembram uma vida que eu queria ter...
–como assim.
Ele mostrou os braços.
–me chamam de louco por isso e por ver. Posso te pedir uma coisa?
–pode.
–me leve no lugar dele, pode ser velho mas ainda tem muita coisa para fazer, quanto a mim, acho que não falta nada.
Estava um pouco espantado, porque uma criança pediria isso, talvez...
–qual seu nome?
–Alan- ele respondeu baixo.
Que sensação estranha e como se estivesse realmente na presença dele de novo em mais de um século e por um segundo, apenas um segundo conseguia sentir de novo conseguisse sentir uma ponta de alegria.
Andei na direção dele.
–porque quer morrer?
–eu não quero, mas acho que essa troca vale a pena. Sei que deliberadamente vou acabar me matando, mas não estou preocupado.
–seu amigo como se chamava?
Ele me encarou, parecia que tentava se lembrar de alguma coisa, sussurrava algo. Do nada começou a chorar.
–Éric... Parece que no fim....
–então você estava aí, pode voltar para casa agora.
Estendi a mão e ouvi algo caindo, não precisamos desse corpo para acordar novamente. Afinal anjos não morrem apenas voltam para casa, não é, Alan?
Naquele dia prometi nunca sair do seu lado mas parece que menti, dessa vez juro nunca mais te deixar.