Me olhei mais uma vez no espelho, tentando acreditar que eu estava apresentável mesmo com um coque bagunçado e vestindo legging. A campainha tocou e só puxei alguns fios de cabelo além da minha franja para fora. Resisti a tentação de espiar pelo olho mágico e abri a porta dando de cara o que chamaria de perfeição em pessoa com o braço encostado na entrada e olhando pra mim de cima a baixo.

– Oi. - comecei antes que eu ficasse mais constrangida.

– Oi. - Nick continuou me encarando. - Não vai me pedir pra entrar?

Dei um passo para trás lhe dando passagem.

– Não, imagina, te chamei aqui só pra te observar ficar que nem um modelo na minha porta. - resmunguei baixo.

– Eu ouvi isso. - falou já na sala.

– Era pra ouvir. - falei alto. - E nossa, pode continuar à vontade.

O observei se jogar no sofá, Nick estava de calça jeans e camiseta branca, acho que fiquei uns cinco minutos o estranhando porque nunca o tinha visto desse jeito.

– Que foi? Achou bonito tira foto. - e fez uma pose mostrando os músculos, o cômico era que ele tinha mesmo.

Joguei uma almofada na sua cara. Ele imediatamente me agarrou fazendo cosquinha até eu cair no sofá de tanto me contorcer.

– Para, por favor. - ele continuou mesmo comigo pedindo arrego, consegui me desviar e fugi para atrás do sofá. - Se você fizer isso de novo não vai ter pipoca.

Nick se sentou finalmente parecendo uma pessoa normal.

– Sim, a gente vai assistir o que mesmo?

Revirei os olhos e o ignorei indo para a "cozinha", entre aspas porque estava mais para um cubículo com um balcão e um fogão, afinal no apartamento do hotel, fora o quarto, só existia mais um cômodo em que estavam divididos por uma parede esse espaço e o outro que tinha a televisão e um sofá, que eu gostava de chamar de sala mesmo, e o resto era um mini corredor que levava a porta. Deixei a pipoca no microondas e voltei para colocar o DVD.

– Sério isso? Nunca ouviu falar de Netflix ou internet?

– É minha série favorita, ganhei o box de presente e gosto de usar, dá licença.

– Você devia fazer uma conta e assistir as séries que eles fazem, são muito boas.

– Não quero me viciar em mais, mas obrigada.

– Pode me dizer pelo menos qual é?

Botei a capa na frente do meu rosto.

– Nossa, Supernatural? Eu sei que é feriado e nada melhor do que fazer maratona , mas 11 temporadas parece um pouco demais.

– A gente não vai assistir tudo, até porque eu só tenho as 5 primeiras, que são minhas favoritas.

– Posso saber por quê?

– Porque foi quando conheci meus maridos.

O primeiro episódio começou e quando pensei que ia assistir tranquila, Nick riu descontroladamente.

– Você está séria. - disse quase sem ar.

– Claro, às vezes eu fico em dúvida entre os atores e os personagens, mas eu suponho que tenho os dois. Melhor do que ficar entre o Sam e o Dean, como antes. Agora, fica quietinho.

Nick ficou tossindo, era bem provável que estava escondendo seu riso, mas ignorei o fato, o que era mais fácil que ignorar seu braço musculoso em torno de mim. Então, ao trazer a pipoca o peguei prestando atenção tão hipnotizado que tive que cutucá-lo para ele comer. Acabei entrando no mesmo estado e ficamos assim até o meio da temporada, quando ele se esticou me tirando da minha fixação.

– Nossa, tipo nossa veio.

– Viu? Por isso que eles são meus.

– Não se eu te roubar.

Antes que eu percebesse ele já estava me beijando, mesmo se não tivesse meio lerda eu não tenho certeza se impediria que me puxasse para o seu colo como fez. Puxei seu lábio inferior e dei uma mordida de leve para que parasse, mas ao contrário Nick foi para o meu pescoço, acho que a essa altura havia percebido que era o meu ponto fraco. Tremi e gemi sem querer com o que pareceu um chupão, numa última tentativa tentei me desviar, mas ele segurou meus pulsos e me deitou no sofá continuando.

Em pouco tempo, a vozinha na minha consciência que me alertava que estava fraquinha se calou de vez e tudo que eu sentia era os arrepios que ele provocava no meu corpo, cade vez que ele sentia fazia mais forte. Fiz de tudo para me soltar, mas somente quando abaixei a cabeça para encontrar sua língua, consegui. Seu aperto afrouxou enquanto eu o beijava com toda a vontade que ele tinha me deixado.

Levantei e foi a minha vez de segurá-lo pelos pulsos o deitando mesmo sabendo que era ele que deixava, sentei na sua barriga e comemorei.

– Minha vez.

Me senti estranha beijando o pescoço de Nick, mas assim que senti o cheiro do seu perfume maravilhoso que parecia incluir chocolate e tudo de bom que eu conseguia imaginar, não queria mais parar. Ele só tremeu uma vez, mas fiquei satisfeita porque parecia que estava gostando. Bem, pelo menos até eu mordê-lo, dessa vez não foi nada fraco.

– Ouch! - sua mão foi direto para o pescoço no lugar atingido. - Virou vampira, foi?

Comecei a rir e levantei depressa para fora do seu alcance. A expressão que ele fez me lembrou o dia em que nos conhecemos.

– Isso não é justo!

– Você mereceu.

– Não sabia que você era vingativa.

Pisquei meus olhos fazendo cara de inocente.

– Agora sabe. Tem que prestar mais atenção, eu já sabia que você era safado.

– Eu? - ele bancou o anjo, o que no caso dele era fácil.

– Vai precisar mais do que isso e sua proposta na noite da festa para conseguir o que quer. - cruzei meus braços.

– Você sabe o que eu quero? - Nick me encarou, seus olhos irradiavam desejo.

– Não precisa ser um gênio para adivinhar. - desviei o olhar para me concentrar na conversa.

– Ótimo. - e lá estava seu ar convencido - O que preciso, então?

– Esperar.

– O que? - sua decepção era aparente. - Eu já estou esperando.

– Nossa, se isso é esperar, não sei como seria ir direto.

Nick bufou contrariado.

– Foi pra isso que você me chamou?

– Chamei porque estava com saudades, mas é para se comportar.

– Não acredito nisso.

De má vontade ele se sentou como estava antes e voltamos a assistir Supernatural, antes de ficar vidrada percebi que tinha deixado a marca dos meus dentes e mordi os lábios para não rir. Do seu lado, percebi que além de tudo Nick era realmente amigo, daqueles que implicam, mas são ótimas companhias. No caso um amigo incrivelmente gostoso e perfeito para beijar. Por isso, beijei minha marca e o abracei, o que ele ignorou, mas não me importei. Afinal, estávamos bem, eu tinha uma certeza de que aquela era sua maneira de dizer sim.