Veritaserum escrita por SBFernanda


Capítulo 1
Capítulo Único: Veritaserum


Notas iniciais do capítulo

Mais uma vez apenas lembrando que esta é a primeira coisa que escrevo de Harry Potter apos muitos anos longe dessa escrita, um pedido encarecido de que sejam bonzinhos no julgamento.

O fato de James ser Monitor-Chefe é algo que encontrei em uma das páginas que discorrem sobre o personagem e não sei ao certo se é apenas um boato, porém, usei dele para montar a One, e espero que tenha ficado bom.

Se gostarem, peço com carinho que comentem e deixem suas impressões. Responderei a todos, sem dúvidas.


Enjoy!



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Capítulo Único: Veritaserum

Escrito por SBFernanda

Foi uma verdadeira surpresa para todos os alunos de Hogwarts quando viram a insígnia de Monitor-Chefe no peito de ninguém menos do que de James Potter. Todos imaginaram que do grupo, o monitor chefe seria o mais responsável deles, Remus Lupin, porém este ficou apenas como monitor, como nos anos anteriores. Apesar de toda a Hogwarts ter se surpreendido com tal cargo para James, ninguém teve surpresa maior do que Lily Evans.

No dia 1º de setembro, o dia que os alunos ficaram sabendo deste ocorrido conforme viam James, foi o mesmo dia que a ruiva Evans também soube. De início, ao contrário do que todos esperavam, James não usara o seu distintivo quando chegara na estação. Nem mesmo pensara em o fazer, apesar de diversas vezes Sirius dizer que ele deveria e até mesmo sua amável mãe pedir. Para ele, um maroto declarado, aqui poderia significar duas coisas: ou ele queria se aparecer, como teria feito se tivesse ganhado o título de monitor no quinto ano; ou então ele morreria de vergonha e evitaria usar até o momento que fosse realmente necessário, e esse era realmente o caso.

Foi por isso que, a não ser os amigos de James que já sabiam da novidade, ninguém nem mesmo suspeitou até o horário em que ele deveria se unir aos monitores na cabine separada para eles chegou. Sirius não poupou comentários e piadas, dizendo que queria ter uma câmera para registrar aquele momento para toda a eternidade. Peter, claro, não comentou nada, mas ria escandalosamente com aquilo. Foi naquele momento que tanto James quanto Lupin estavam com seus uniformes e seus distintivos que James Potter se sentiu envergonhado.

Mas essa vergonha foi embora, mesmo depois das expressões surpresas, mesmo depois das piadas. Quando James viu a expressão surpresa de Lily Evans ele se sentiu bem. E como não estar bem, afinal? Ela o olhava não apenas com surpresa, mas como se tentasse enxergá-lo melhor. Talvez, pensou, Dumbledore estivesse lhe ajudando em seu maior intento. Ele tinha desistido dela, tinha dito, ele até mesmo tinha parado no final do ano anterior, a chamá-la para sair. Mas isso não significava que ele tinha parado de sentir algo, de querer a atenção dela. Quando comentou isso com seu pai naquele verão, este lhe explicou que ele se sentia não apenas atraído pela ruiva, mas que provavelmente realmente gostava dela.

Foi também isso que o fez se sentir tão envergonhado. Ele queria mudar, como aconselhara seu pai, queria mostrar que mudara, que poderia ser mais maduro e receber a atenção dela, mesmo sem confidenciar isso a mais ninguém. Mas seu maior temor foi de que com aquilo, com o novo cargo, ela o olhasse da mesma forma de sempre e pensasse até que Dumbledore tinha pirado, como ele mesmo pensara ao ver o distintivo.

James, que se colocara ao lado do amigo dentro da grande cabine dos monitores, observava os olhares, inclusive o de Ranhoso, todos curiosos e surpresos, alguns não escondendo o desagrado, como o último. Foi só então que sorriu, do jeito que apenas James Potter era capaz, uma mistura de divertimento e zombaria, que deixou a caranca feia de Ranhoso ainda pior, a seu próprio comentário depois. Ao contrário do que se esperaria, Lily não o repreendeu, mas o ignorou, dando a abertura que ninguém parecia ser capaz. Ela falava com desenvoltura e como se sempre estivesse ali, disposta a explicar tudo que lhe era passado através de um simples pedaço de pergaminho, assinado por Dumbledore. James, porém, não ligava pra uma palavra dita, não quando o cabelo ruivo lhe tampava os olhos enquanto ela gesticulava ao falar e, constantemente, ela tinha de tirá-lo dali e pôr atrás da orelha de novo.

Mas o melhor, para Potter, foi ao final da reunião, onde Lily chegou até ele para lhe cumprimentar sobre o distintivo, perfeitamente calma e sem qualquer repreensão. Parecia outra pessoa, até mesmo lhe dando um sorriso. Mais do que isso, foi saber que eles dois teriam reuniões semanais para o relatório que deveriam entregar a McGonagall, que eles teriam rondas constantes pela escola. Que eles ficariam juntos muito tempo. Isso alegrou James a ponto de ele não conseguir esconder e foi então que Lupin, e não Sirius, soube de seu grande segredo.

E de fato, James percebeu que ser monitor-chefe lhe era de grande vantagem. Inúmeras foram as vezes que deixou sua capa para algum dos amigos, já que agora não cabiam mais todos dentro, e andara normalmente pelo corredor, até mesmo dando detenção para alguém. Afinal, apenas os “autorizados” podiam andar por Hogwarts. Seu pai lhe dera a capa para isso, e eles tinham um mapa para terminar antes do ano letivo acabar. Desde que descobriram o segredo mais profundo de Lupin e a primeira passagem secreta para fora da escola, tinham decido descobrir outras e conforme conseguiam, anotavam. Isso até ter a ideia brilhante de fazerem um mapa que mostrasse onde outras pessoas estariam no castelo, um mapa que os ajudasse a fujir de problemas.

De fato, ser monitor-chefe ajudou em diversos propósitos para James e também seus amigos. Mas muito mais a James. Ele agora conseguia andar ao lado de Lily sem que ela gritasse com ele ou o chamasse de idiota. Ele conseguia até mesmo “bom dia”, toda vez que a cumprimentava no café da manhã. Ele até mesmo conseguia ajuda ou dicas com elas sobre poções e nos relatórios semanais, por ela saber que ele estava mais enrolado do que nunca. James além de aluno modelo, o que talvez viesse a ser uma surpresa para alguns, e monitor-chefe era também o capitão do time de quadribol, desde o ano anterior.

As pessoas começavam até mesmo a comentar quando viam James e Lily juntos, comentar por ver algo tão impossível se tornar verdade. Apesar de alguns poucos comentário maldosos, muitos continuam surpresos apenas com a amizade que eles começaram a desenvolver. Não que James mudara demais, ele ainda era o mesmo, e ainda tentava manter sua aparente desistência aos amigos. Até Sirius, que mantinha o véu da ilusão, deixara de acreditar no amigo a partir do momento que o via com a Evans.

Tudo mudara, ou assim decidiu um grupo de amigos que seria, na noite que antecedeu a abertura dos Jogos de Quadribol, Gryffindor contra Hufflepuff. James e Lily tinham o relatório da semana para terminar e por isso ele correu após o fim do último treino direto para a sala comunal. Era tarde e a biblioteca já estaria fechada a uma hora daquelas, por isso, mesmo com as muitas pessoas por perto, este fora o local escolhido. Tinha tomado um banho rápido no vestiário e por isso sua gravata estava apenas pendurada ao redor do pescoço, sua capa aberta e os cabelos despenteados e molhados.

Lily o mirou por alguns segundos antes de acenar para a cadeira e os dois começaram a conversar sobre aquela semana e o que achavam relevante ser colocado, cada detenção. Ela tinha tudo anotado, ele lembrava tudo de cabeça. Era algo que nunca mudaria, ela já tinha percebido. Assim, enquanto Lily escrevia rapidamente em uma caligrafia fina e perfeita, James olhava para fora, observando o céu.

– Um dia, ainda vamos trocar as funções. - ela comentou e ele a olhou, curioso. - Você escreve e eu olho o céu.

– Eu não a pouparia de usar todo o charme em sua caligrafia e também toda a sua inteligência. Você sabe que é melhor nisso do que eu, não me faria passar tamanha vergonha, não é mesmo?

– Não apostaria nisso, James. - ao ouvi-la lhe chamando por seu nome e não “Potter”, ele sempre sorria. - Mas não permitiria, afinal se escrevesse alguma coisa idiota seria meu nome junto.

– Potter e Evans. - ele a olhou, sugestivamente. Surpreso, ele a viu rir em reação.

– Evans e Potter, na verdade. Eu venho primeiro. - e então estendeu a folha para ele assinar.

– Pode ser… - murmurou antes de assinar rapidamente. - Mas não falei só disso.

– Não comece. - ela o cortou, mas não de forma seca. Na verdade James quase pôde ver ela sem graça naquele momento, mas ao prestar atenção mudou de ideia.

A verdade é que Lily realmente ficara sem graça, mas se recompôs o mais rápido que pôde, mantendo sua fachada forte e impenetrável. O que ela não esperava era estar sendo observada muito mais atentamente por pessoas que a conheciam melhor do que James, pessoas que não deixariam passar um momento como aquele. Um sorriso estampou o rosto de Alice e Marlene, ambas trocaram olhares rápidos e caminharam até o grupo dos “amigos do James”. Alice convencera Frank a ir também, mesmo com ele não entendendo nada.

– O que vocês estão fazendo aqui? - era Sirius quem falava, mas seus olhos pararam em Frank, que apenas deu de ombros, mostrando não entender o que acontecia.

– Será que vocês podem olhar para aquele lado da sala? - Marlene agarrou a cabeça de Sirius e girou de modo que ele pudesse olhar James e Lily.

– Eles estão fazendo os relatórios, e daí?

– E daí, seu idiota cego, é que algo mais está acontecendo. Ela não o xingou.

– Ela não tem xingado e nem gritado com ele desde o início do ano. - Sirius falou antes que Lupin, que tinha aberto a boca, tivesse chance.

– Sim, mas agora ela demonstrou outra coisa. - essa era Alice, chamando atenção e curiosidade para o que tinha a dizer. - Lily ficou sem graça com algum comentário de James e agora eles estão rindo e ela está realmente se divertindo e rindo.

– E o que isso quer dizer? - Lupin se apressou, antes que Sirius e sua falta de tato pudessem estragar tudo.

– Quer dizer que acho que ela sente mais do que conta e deixa transparecer.

– E vocês vieram por um motivo até nós…

– Inteligente, Lupin. - elogiou Marlene, sorrindo. - O que James sente?

– Acha que vamos contar? - Sirius impediu que Lupin falasse novamente.

– Ótimo! - a moça revirou os olhos. - Então façamos o seguinte. Vocês conhecem ele e nós conhecemos ela. Se ele estiver afim dela ou vocês suspeitarem disso, podemos fazer os dois admitirem.

– James nunca admitiria depois de todo esse tempo.

– Muito menos a Lily, e é justamente por isso que preciso dos serviços de vocês. Sabemos que vocês conseguem o que quiserem, seja de dentro ou fora da escola, certo? - Sirius deu um sorriso orgulho, imitado por Peter, e Lupin corou.

– E o que você tem em mente, Mckinnon?

– Veritaserum. - foi tudo o que ela respondeu para Sirius. Recebeu um olhar surpreso não só dele, como de todos, inclusive de sua amiga.

– Você está doida? Isso pode acabar dando completamente errado. Ela pode perguntar algo que a fará o odiar em vez..

– Ela não vai. Fica tranquilo, a parte dois é comigo e com Alice. Apenas estejam com a poção amanhã, no cafe da manhã. Tudo bem?

Antes que os marotos pudessem responder James e Lily se aproximaram, curiosos com aquela aproximação dos amigos. Marlene se levantou, puxando Alice disfarçadamente e passou o braço pelo de Lily em seguida.

– Você acabou? Bem, então vamos, temos de conversar. Vem Alice! - gritou enquanto puxava a amiga para o dormitório feminino.

– A gente se vê no jogo. - Lily se apressou a dizer enquanto era puxada.

Nada poderia surpreender mais os amigos do que ver Lily Evans dizendo aquilo para James Potter, tanto que os três olharam para o amigo com grandes e visíveis indagações.

– Ela vai ver o jogo, só isso. Por falar nisso, temos de dormir, Pads. - ele começou a se virar, mas notou que ninguém se mexera. - O que foi?

– Tenho que ir em um lugar, você me empresta a capa? Wormtail vai pra cama também, não quero ninguém atrás de mim, se é que me entende. - Sirius era bom em desculpas, ainda mais se sorrisse como quando ia encontrar alguma garota.

– Tudo bem. - James deu de ombros, e então se virou para Lupin. - E você? Vai ficar estudando até que horas?

– Só até terminar o que planejei, como sempre. - por sorte ele tinha um livro no colo, do contrário Sirius teria de se virar sozinho.

– Você quem sabe. E você, como meu jogador. - ele apontou para Sirius, jogando a mochila para ele. - Não quero que chegue tarde, não importa o quão gata ela seja. Temos de começar ganhando.

Dizendo aquilo, James subiu para o quarto com um assustado Peter, que para não ter de contar nada e depois sofrer com a fama de “dedo-duro” que ele já carregava, disse que estava com sono e iria dormir. O amigo, porém, não conseguira. Não apenas pelo nervosismo do jogo, mas porque Lily e sua promessa de estar nas primeiras filas no dia seguinte para assistir o jogo permeavam seus pensamentos. Ele tinha de ganhar e aquele tinha de ser o melhor jogo, sem dúvidas.

Na manhã seguinte, como todos os dias de jogo, ao sair para o seu banho matinal, James jogou seu travesseiro em Sirius, o acordando e recebendo o dedo do meio como resposta. A partir da risada alta do Potter, os demais acordavam lentamente, alguns, como Peter, simplesmente voltavam a dormir até alguém o bombardear com travesseiros. De lá seguiam para o salão principal, onde o café da manhã era fundamental, James lembrava assim que passava por cada um de seus jogadores.

Se surpreendeu quando seus amigos escolheram sentar junto de Frank e a namorada, e consequentemente, Marlene e Lily. Ele não tinha escolha a não ser se deixar sentar perto da ruiva e finalmente o nervosismo se fazer presente. Esta não era a reação que ele gostava, mas aprendera a ignorar, pelo menos em grande parte.

– Nervoso? - foi o que ela disse após o bom dia que trocaram. Ele deu de ombros e ela sorriu. - Eu duvido. Não era você que estava sempre se exibindo por ai com um pomo de ouro?

– Ah, então você via? - ele era James Potter, nunca perderia a oportunidade de implicar com ela.

– E tinha como não? Você praticamente esfregava ele na nossa cara. - ambos riram e James teve de se segurar para não passar a mão pelo cabelo, como fazia sempre que queria se exibir ou ficava nervoso. Ela não sabia da segunda condição para a sua “mania”.

– E quanto aposta na nossa vitória? - era Sirius perguntando. Ele e Marlene tinham trocado palavras rapidamente, decidido que era melhor não usarem a poção antes do jogo.

– Como?

– De quanto acha que vamos vencer? Sempre fazemos isso.

– E quando perdem? - ela perguntou, não querendo acabar com a alegria, mas ela era Lily Evans, a realista.

– Então todos pagam a aposta. Mas por ser um pouco brava, podemos lhe livrar dela caso percamos, o que, claro, não vai acontecer. - e finalmente ele a brindou com um clássico sorriso convencido.

– É bom mesmo que não percam. Eu acho que de 150 a 30. - deu de ombros.

– Disputa acirrada. Não gostei. Mckinnon? - Sirius anotava.

– De 170 a 30. - ela revirou os olhos.

– Melhor. Mo… Lupin? - ele quase soltara o apelido que eles evitavam usar na frente dos outros.

– De 190 a 60. - enquanto lia o jornal, ele chutou.

– E eu e o Peter apostamos 200 a 30. - Sirius nunca apostava para ganhar, apenas para se exibir como artilheiro, afinal, era uma aposta apenas entre eles.

– E eu… - disse James após tomar um grande gole do seu suco de abóbora. - Aposto em 170 a 10. Irei capturar o pomo antes que qualquer um se canse. - Sirius revirou os olhos enquanto o amigo ria. Lily o olhou, mirando primeiramente o sorriso convencido e em seguida, o passar de mão pelo cabelo. A surpresa dela foi não se sentir irritada com aquilo.

Assim foi até o jogo, onde o time saiu da mesa um pouco antes ao chamado de James, que queria dar as últimas instruções e os demais ficaram ou começaram a seguir para as arquibancadas, coisa que Lily deixou claro que era o que faria ao chamar Marlene. Um breve olhar calou a amiga, sem perguntas, apenas a acompanhando.

– Você nunca ficou ansiosa para assistir o jogo de um lugar privilegiado. - comentou a Mckinnon.

– Eu prometi. - foi a resposta simples da ruiva que deu de ombros.

– Eu acharia legal se você desse uma chance ao James, sabe?

– Eu já estou dando, não? Estou deixando ele tentar conquistar minha amizade e tem funcionado.

– Não falei nesse sentido, Lily.

– Qual sentido então?

– Se ganharmos hoje o jogo ele vai estar muito feliz. Consegui arrancar do Sirius o que vai ser essa comemoração e aposta e é apenas tomar uma bebida forte que eles conseguiram no Três Vassouras e a dose varia de acordo com o erro. Enfim, ele vai estar feliz e você pode aproveitar disso. - ao dizer aquilo recebeu um olhar cético da amiga. - Quero dizer, faça perguntas a ele, Lily. Não sei, vai dar uma volta, vá pra um lugar onde ele não possa se exibir e pergunte o que quer saber. Mas evite perguntas que envolvam o Snape, você sabe que nada de bom sai disso.

– Nem eu quero falar dele. - murmurou a ruiva, erguendo a cabeça de modo altivo e caminhando mais decidida. Ela nunca abaixava a cabeça, muito menos quando o assunto era sobre seu ex-melhor amigo.

– Então, o que acha?

– Vou pensar. Nada garante que ele vá querer sair da comemoração de sua vitória comigo, tampouco.

– Eu garanto. Ele sairia até do jogo, se bobear. - Marlene riu e com isso conseguiu arrancar riso até mesmo da ruiva, que revirava os olhos.

Saindo do vestiário, após a breve instrução de última hora para os jogadores, James foi interceptado pelo amigo que lhe sorria de forma marota. Tinha uma breve ideia do que viria a seguir e por isso mesmo permaneceu caminhando na direção do campo, evitando o olhar.

– Vamos continuar fingindo que você não sente nada pela Evans por quanto tempo mais, Prongs?

– Não sei do que está falando. Deveria estar concentrado no jogo.

– Aham. Eu vi como vocês estão, apostaria que ela está começando a sentir algo por você também. - e foi nesse momento que James se entregou, olhando para o amigo surpreso. - E você acabou de comprovar minhas suspeitas.

Eles entraram no campo, não havia mais como conversar naquele momento. Mas James vez ou outra olhava para o amigo sem saber muito bem o que pensar. É claro que ele notava a diferença de Lily, mas ele sabia que era uma chance para a amizade, ele não podia estragar tudo seguindo os conselhos de Padfoot. Mas o amigo não lhe dera nenhum conselho, não havia o que estragar.

Quando o apito soou, as vassouras foram ao ar, logo depois de um aperto de mão de James e do capitão de Hufflepuff e foi neste instante que por breves segundos, Sirius ficou ao seu lado.

– Vamos ganhar e você deveria pelo menos tentar algumas perguntas pra ela. Algo no estilo maroto de ser, sem ela notar.

– Vá jogar, Black! Não quer mostrar ser desmerecedor de sua casa adotiva, não é mesmo? - ele gritou para o amigo, mas em seu rosto havia um grande sorriso. Aquele era o melhor conselho que Pads poderia lhe dar.

Na arquibancada, a torcida de ambas as casas iam à loucura a cada quase ponto que era feito. Primeiro, Hufflepuff foi a frente, marcando o primeiro ponto, mas não mais do que três minutos depois Gryffindor passou para o empate, sendo o líder dessa proeza, Sirius Black. Não muito depois mais um ponto foi feito por Gryffindor, mas neste ponto, os olhos de Lily se prenderam em James. O rapaz estava voando bem acima de todos, não apenas analisando o jogo, como ela percebeu, mas também a procura do pomo. Ela se perguntava se ele conseguiria ver se o pomo estivesse mais na parte inferior do campo, onde julgava ficava distante demais, ainda mais para alguém com miopia. Mas o que Lily Evans não sabia é que James era como uma águia com o pomo e este era a sua caça.

Após mais uma pontuação para Gryffindor, acompanhada de gritos de comemoração pela arquibancada ela o viu, bem na sua frente. O pomo dançava ali e ela queria muito o pegar. Marlene riu quando percebeu o mesmo que ela, mas como que prevendo o desejo da ruiva, o pomo se afastou, descendo ainda perto da arquibancada, se camuflando no dourado das cores de Gryffindor. Ela olhou para James, percebendo que ele não estava mais no seu lugar e sim, agora, a centímetros de distância do pomo e antes que pudesse pensar que ele não conseguiria ou que cairia da vassoura, James erguia o braço triunfante.

Todos da casa explodiram em comemoração, inclusive Lily que estava tão perto daquela pequena bolinha dourada. Como em todo jogo, James se virou na direção da arquibancada, curvando-se sobre a vassoura, como um astro em agradecimento após o final de seu show. Ela riu, revirando os olhos e ele se aproximou, mostrando o pomo que ainda batia as assas inutilmente em suas mãos.

– Parece que ele também gosta de você. - e a deixou, tão repentinamente quanto aparecera com a vassoura ali. Sendo quase derrubado por sua equipe assim que pisou no chão.

– Também? - Marlene sussurrou no ouvido da amiga que a empurrou para longe, também rindo. Desta vez Lily abaixara a cabeça, mas para deixar seu cabelo cair no rosto e o esconder.

– Vamos sair logo daqui. Temos apostas a pagar e cobrar.

– Cobrar? - Marlene gritou em meio a algazarra que se instalara pela comemoração.

– Ninguém ganhou, lembra?

– Me diga que não vai dar pra trás por medo. - Sirius dizia enquanto se aproximavam da sala comunal. Tinha tomado banho e, de propósito, ficaram para trás para conversar. - Qual é, Prongs, olha qual é a sua casa! Covardia não combina.

– Só não quero me precipitar, não é covardia. Aliás, eu disse o que falei com ela no jogo, se ela comentar, tudo bem, se não, já sabemos o que vai ser.

– Apenas pense melhor depois de pagar a aposta.

– Primeira vez que ninguém acerta. Mas por muito pouco, é claro.

Antes de Sirius pudesse dizer alguma coisa, tinham passado pelo retrato que dava para a sala comunal e naquele instante, ao ver o capitão do time, toda a sala explodiu em gritos. James estava agora em seu habitat natural desde que pudera se alistar no time. Ele estava acostumado com aquela recepção e aquela atenção e não podia negar que gostava daquilo. Gostava de certa bajulação que lhe enchia o ego. Não tinha ideia de como o apanhador de Hufflepuff não o seguira daquela vez, mas ali ficou sabendo que um de seus batedores o tinha acertado com um balaço bem no momento que o viu pronto para seguir James. Uma grande onda de gritos em comemoração foi o que ele ganhou.

Era apenas uma noite normal após um jogo e uma vitória, era assim que James sentia até aquele momento, quando Marlene chegou puxando Lily pelas mãos e Sirius se levantou no mesmo instante a olhando. James poderia estar enganado, mas tamanho interesse só podia significar, vindo do amigo, que ele tinha algum interesse ainda oculto ali.

– Vamos logo pagar essa aposta? Quero ver se a tal bebida é mesmo tão forte quanto você - e ela apontou para Sirius - disse que era.

– Seu pedido é uma ordem, venha Remus, vamos pegar nossa belezura.

– E parabéns James, bem no momento, mais um pouco e poderia ter ganho essa. Aposta, digo. - Marlene comentou.

– É, bem, faz parte, pelo menos assim vira um brinde, não é mesmo? Se bem que a margem de erros de vocês foi grande. Acho que eu sou menos, assim como a Lily.

– Sorte a minha. - ela falou e Marlene a olhou. - O que? Eu não vou fingir que estou ansiosa pra beber algo que pode me fazer cuspir fogo.

– Ah e aposte que isso faz. - James comentou rindo no mesmo instante que Sirius voltava com Lupin e Peter. Um copo foi empurrado na mão de cada um, mesmo alguns sabendo que precisariam beber mais de um copo. As caretas feitas foram todas iguais, deixando claro que era muito mais forte e desagradável do que todos pensavam.

No mesmo instante olharam para James e Lily. Lupin garantira que colocar a poção em algo forte como aquilo não mudaria em nada seu efeito, afinal era magia e a bebida não, eles se garantiram disso. Mas nenhum deles ficaria como zumbi. Na verdade, essa era a melhor parte da poção, eles nunca desconfiariam. Marlene não aguentou esperar mais, puxou a amiga pra alguma distância para lhe falar:

– Vai logo. - recebeu então um olhar curioso dela. - Vai logo falar com ele. Não quer saber sobre aquele também do jogo?

– Claro que sim, mas… - Lily levou as mãos à boca, percebendo o que falara. Algumas gotas, fora o que Lupin usara, a pessoa contaria as coisas, mas não perderia a sua sensibilidade normal. Nada de zumbis.

– Então vai logo. Essa bebida te fez bem! - Marlene riu, puxando a amiga de volta. - Tudo bem, mais uma vez então.

– Posso falar com você? - Lily tinha se aproximado um pouco mais de James, parando ao lado dele. Mas antes que ele pudesse responder alguém veio o cumprimentar.

– Ei, e aí. Eu não posso falar agora, tudo bem? - sinceridade, uma sinceridade que o pegou de surpresa, tanto a ele quanto a pessoa que o cumprimentara. No mesmo instante ele se virou para Lily e sorriu. - Vamos sair daqui logo, que tal?

No que ambos concordaram com o plano, caminharam para a saída da sala comunal rapidamente, sendo observados pelos criadores do plano. Cada um tinha um sorriso igual no rosto, a certeza de que daria certo… se nenhum dos dois comentasse sobre algo “errado”.

Por mais que James quisesse se sentar e conversar com ela o mais rápido o possível, achou melhor andar. Nenhum dos dois falou nada naquele momento e o silêncio seria desconfortável se eles não tivessem presos em seus pensamentos, até chegarem no pátio do castelo. Lá finalmente Lily se posicionou:

– Preciso perguntar o que quis dizer com aquele “também” no jogo. Digo, Marlene me convenceu a perguntar, porque apesar de querer, se ela não tivesse me convencido e nunca perguntaria. - sem dúvidas, a falsa confiança que Lily queria tanto manter foi-se e ela não conseguia recuperar.

– Sobre o pomo também gostar de você, não é? - ela confirmou e ele sorriu. - Achei que não iria perguntar. Óbvio, não? Eu gosto de você e ele também. - apesar de não se sentir pronto para falar a verdade, James não a esconderia, ele se orgulhava de ser sincero.

– Gosta?

– Ora, Lily… Acha que só porque eu era meio idiota anos atrás eu não seria melhor agora?

– Eu sei que é melhor agora, eu vejo. - ela parou, surpresa em confessar algo que costumava tentar negar sempre pra si.

– Obrigado. - ele foi sincero. - Eu acho que mudei pra te chamar atenção. Meu pai disse que se não me fosse tão sacrificante, quanto antes melhor, afinal uma hora eu ia precisar. Por que estou contando isso? - foi só então que ele percebeu que algo estava errado.

– Você falou com seu pai sobre isso?

– Sim. Eu estava confuso, eu precisava de uma ajuda. Eu era idiota e Sirius me ajuda a ser idiota porque acha divertido. Que droga, por que estou dizendo isso? - ambos se olharam, assustados. - Lily, você gosta de mim?

– Sim. Quero dizer, sim. Oh, Merlin! O que está acontecendo aqui? - James ria. De alguma forma tinha notado um segundo antes que nenhum dos dois conseguiam falar mentira.

– Acredito que eles nos deram algo pra falarmos a verdade. Isso explicaria porque Sirius me convenceu a falar com você.

– E Marlene com você. Não acredito que eles fizeram isso, na verdade, acredito sim. Agora você sabe que eu comecei a te achar interessante e que nem mesmo você dando esse sorriso prepotente e orgulhoso me fazem desgostar, porque sei que pode ser melhor. Oh, Merlin! - ela colocou as mãos no rosto, o escondendo enquanto tentava se afastar.

Assim que percebeu que ela estava se afastando, James segurou-a pelo braço e a trouxe de volta, puxando as mãos dela para que parasse de esconder o rosto. Esperou, não soube quanto tempo para que os olhos verdes que agora o estavam desconcentrando tanto lhe encarasse.

– Não vou prometer mudar, eu estaria mentindo. - ela o olhou, sem entender. - Não posso mentir agora, então vamos aproveitar não é? Eu sempre vou ser um maroto. - deu de ombros e a viu rir. - Mas eu te peço uma chance, Lily. Todos sabem que sou sincero e mesmo sem essa poção. Viu? É verdade, eu não posso mentir agora. - ele riu e ela o acompanhou. - Me dê uma chance. Uma chance de tentar lhe conquistar.

– Você já está fazendo… - ela sussurrou, lutando com esta verdade que mesmo sem querer admitir, admitia.

– Então me deixe continuar quando essa poção terminar. Aceite sair comigo uma vez, aceite ser bajulada e admirada por James Potter, mesmo que secretamente no começo.

– Não quero nada escondido, Potter.

– Então, Evans… Deve ter em mente que direi a todos que assinamos nossos nomes lado a lado. E que é meu grande apreço e não pretendo mudar.

– Isso me agrada. - e ao ouvir isso e ver a expressão no rosto dela, ele percebeu que ela não estava acostumada a ser tão sincera com ele.

– Vai mesmo me dar essa chance, Evans?

– Você pode apostar que sim, Potter. Não a desperdice.

– Não irei.

– Anda, me beija logo.

Ele riu, apenas alguns segundo antes de levar as mãos ao rosto dela e colar seus lábios naqueles que ele tanto fixara os olhos. Talvez, eles pensaram algum tempo depois daquilo, um pouco de Veritaserum não fizesse mal a ninguém. Tinha um efeito melhor que uma poção do amor, sem dúvidas.


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