Descobrindo o amor escrita por Lailla


Capítulo 19
Mais forte




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Depois de ter ligado para Akashi, depois do que ele disse pra mim... Eu não soube mais o que fazer. Eu não havia feito nada, foi Norimi-san que me beijou a força. Por que ele disse a Akashi que passamos disso? Eu nem o conheço! Fiquei tão triste que não fui para o colégio por dois dias. Minha mãe começou a ficar preocupada comigo e eu precisei voltar logo para o colégio, se não ela tiraria alguns dias do trabalho para cuidar de mim, achando que eu estava doente. Não podia fazer isso, eu não estava doente e as contas não seriam “canceladas”. Quando eu cheguei no colégio, algumas garotas me encaravam. Aquele maldito boato devia ter se espalhado mais enquanto eu estava em casa e acho que eu ter sumido do colégio apenas piorou. Quando cheguei na sala de aula, as meninas me fitaram.

– Mina! – Yue exclamou preocupada, correndo em minha direção – Daijoubu?

– Hum. – Disse sem expressão.

– O que houve? Não respondeu às mensagens de nenhuma de nós esses dias.

– Nada.

– Oe, Mina. – Naoko disse, se aproximando – Pare de mentir. Por que você faltou o colégio esses dias?

Eu a olhava e Kime se aproximou também. Sabia que não conseguiria esconder delas, então eu contei o que houve. Nos sentamos, elas ficaram em volta de mim e eu contei tudo. Elas arregalaram os olhos.

– Qual o problema com vocês?! – Naoko exclamou – Antes foi por causa da palhaça da Kime! Sem ofensa, agora você é nossa amiga, ne. – Ela disse rapidamente a Kime – E agora é por causa desse babaca?! É a vez do Akashi ficar de palhaçada?!

Abaixei o olhar.

– Eu queria falar com ele, mas não sei se ele me escutaria. – Disse cabisbaixa.

– Akashi-kun realmente tem estado sumido esses dias. – Yue disse.

– Chihiro disse que ele está ficando muito no ginásio, treinando. – Kime disse – E ele pediu apenas um tempo pra pensar. Ele já deve ter pensado!

– Hum. – Disse cabisbaixa.

Na verdade eu não sei o que eu faria. Estava com medo de ir até Akashi e ele dizer que queria terminar nosso namoro, mas eu não gostava de ficar longe dele e ainda mais por causa de um desentendimento. Estava tudo bem antes... Nós estávamos indo bem, eu estava evoluindo e dando passos aos poucos. Por que isso tinha que acontecer? Eu não entendo isso. O que eu fiz a Norimi-san?

A aula foi longa e triste pra mim, eu não conseguia me concentrar e não fiquei com medo das minhas notas caírem, apenas pensava em Akashi. No intervalo eu não tive coragem de procurar por ele e fui para o terraço. Me aproximei da grade e fiquei vendo a vista, tentando não pensar em nada, o que era impossível. Naoko, Yue e Kime foram ao encontro de seus namorados e viram que eles conversavam com Akashi no banco.

– Oe, Akashi. – Mibuchi dizia – Vai falar com a Mina. Ela estava realmente mal aquele dia. Você sabe que ela não faria isso.

Akashi estava com os braços cruzados, o olhando falar.

– Oe, fala alguma coisa. – Kotarou disse.

Ele apenas suspirou e desviou o olhar. As meninas viam aquilo ao lado dos meninos. Chihiro suspirou, escorado na parede e com as mãos nos bolsos.

– Oe, baka. – Ele disse sério com Kime ao lado dele – Pára de palhaçada e vai falar com ela. Você sabe que são apenas fofocas, por que fica de pirraça? Você não é criança.

– Porque você não sabe de nada. – Akashi disse – O que você faria se sua namorada beijasse outro cara?

– Baka, foi ele que a beijou! – Naoko exclamou.

Akashi desviou o olhar. Naoko se irritou e levantou, ficando de frente para ele. Mibuchi arregalou os olhos, não era bom quando ela se irritava.

– Qual o seu problema? Por que disse aquilo pra ela?

– Nani?

– Que você não sabia se ela era virgem mesmo!

Ele franziu levemente o cenho.

– Isso não diz respeito a vocês.

Ela rangeu os dentes.

– Akashi, você disse isso a ela? – Kotarou ficou surpreso.

Ele não o olhou.

– Ela é, bakayarou! – Naoko exclamou, quase gritando – E daí se ela não fosse? Isso faria você gostar menos dela? Isso a faria ser diferente do que ela é? Reo me pediu em namoro sabendo como eu era antigamente! Chihiro pediu Kime em namoro mesmo sabendo que ela já dormiu com você! – Ela apontou pra ele – E daí? E se ela não fosse?!

Ele a olhou sério.

– Mas você nunca diga que ela te trairia dessa forma, dormindo com outra pessoa, porque ela nunca faria isso com o garoto que ela ama! – Ela exclamou, concluindo.

Todos ali a olhavam. Mibuchi a olhava, surpreso. Kime segurou na mão de Chihiro, receosa, assim como Yue com Kotarou. Akashi olhava Naoko nos olhos e levantou, pondo as mãos nos bolsos e começando a andar.

– Ja ne.

Naoko o olhou, indignada.

– Oe...!

– Naoko. – Reo pegou no ombro dela – Deixa ele.

– Nande? – Ela o olhou sem entender.

– Ele já se decidiu. – Ele disse – Com o que você disse... Acho que qualquer um se decidiria logo. Ne?

Ele sorriu pra ela, que corou e desviou o olhar.

...

Eu ainda estava no terraço, perto da grade. Suspirei, pensando se deveria falar com Akashi, tomar coragem. Apertei a blusa do uniforme na altura do peito, ele parecia estar apertando. Eu tinha que falar com ele! Tinha que dizer que o amava e que nunca faria isso com ele! Talvez esse tivesse sido o problema, eu nunca disse a Akashi que o amo. Talvez ele tenha ficado desconfiado porque eu nunca me declarei de fato. Mas eu o amava mesmo! Saí de perto da grade e me decidi, não o perderia por causa daquilo. Não foi minha culpa. Eu iria falar com ele e fazê-lo me ouvir de qualquer jeito. Mas na hora que me virei, vi Masaru-kun.

– Uhm... Você. – Disse surpresa.

– Ohayou. – Ele cantarolou.

Franzi o cenho com raiva.

– Foi tudo sua culpa! – Exclamei – Por que fez aquilo?

– Por que eu quis. – Ele deu de ombro – Você não me impediu.

– Você me segurou! A culpa não foi minha!

Ele tampou a boca com a mão, rindo.

– Nee, mas já que vocês dois não estão mais namorando, você quer sair comigo?

Arregalei os olhos. Que garoto maluco!

– Não quero, baka! – Exclamei – Você vai contar a Seijuro que o que disse a ele era mentira!

– Nande? Ele acreditou tão bem. – Ele sorriu maliciosamente – Que namorado é esse que não confia na própria namorada?

Cerrei o punho.

– Você é um mentiroso!

Ele desfez o sorriso. Eu comecei a andar, passando por ele.

– Oe. – Ele disse me segurando.

Eu exclamei e dei um tapa na mão dele, recuando.

– Você é maluco! – Disse receosa – Eu vou contar tudo a ele.

Voltei a andar, mas ele me segurou de novo.

– Não vai contar não. – Ele deu aquele sorriso de novo – Acha que ele vai te perdoar?

– Eu não fiz nada... – Meus olhos marejaram – A culpa é sua.

– Mas pelo que sei ele acha que já dormimos juntos.

– Uhm... – Arregalei os olhos – Nani...?

Ele alargou um pouco mais aquele sorriso.

– Nee, já que todos acham isso, não acha que deveríamos pôr isso em prática? – Ele disse – Já faz um tempo que eu não conheço alguém bonita como você. Parece tão inocente.

– Não... – Disse, querendo chorar – Você é maluco...

Ele suspirou irritado e me puxou pra chegar mais perto dele. Exclamei e tentei empurrá-lo, mas ele me empurrou ainda me segurou e segurou minha perna, me fazendo deitar no chão à força. Ficou em cima de mim, me prendendo com as pernas e segurando meus pulsos.

– Nani...? – Chorava.

– Do jeito que você é, parece que nunca dormiu com ninguém. – Ele riu.

Eu tentava me soltar, mas não adiantava. Ele apertava meus pulsos a ponto de me machucar.

– Onegai... – Chorava.

“Não devia ser assim...”, pensava enquanto chorava, “Eu quero que seja com Akashi...”.

– Hum... – Ele cantarolou – Então você é virgem mesmo? – Ele riu – Por isso que Akashi ficou com tanta raiva. Nossa, você não devia ter feito aquilo comigo.

– Eu não fiz nada! – Exclamei.

– Mas agora vai ser verdade.

Eu me debatia e ele desabotoava meu casaco e em seguida minha blusa.

– Sai! – Gritei, desesperada.

Ele sorria maliciosamente e de repente alguém o pegou pelo uniforme e o tirou de cima de mim, jogando-o contra a parede da entrada do terraço. Eu respirava ofegante e vi Akashi, que estava com o olhar furioso em direção a Masaru-kun. Masaru bateu as costas na parede e levantava, fuzilando Akashi com o olhar.

– Oe... Vai defender ela agora?! – Ele exclamou.

– Bakayarou! – Akashi exclamou, indo pra cima dele e dando vários socos no rosto e barriga de Masaru.

Ele perdeu o ar com os socos, mas Akashi não parava. Me sentei, arregalando os olhos. Ele não ia parar! Levantei e corri até ele, abraçando-o por trás para tentar segurá-lo, mesmo sabendo que não adiantaria.

– Seijuro! Onegai! – Pedi.

Ele deu mais um soco, bem forte em Masaru, que caiu no chão, e parou ofegante.

– Onegai... Vamos embora. – Pedi.

Segurei o braço dele e o tirei dali. Saímos do terraço e descemos as escadas, mas entre um lance e outro, ele parou de repente e me abraçou, nos fazendo ajoelhar ali mesmo.

– Nani...?

– Gomen... – Ele dizia, chorando – Gomen...

Acalmei o olhar e o abracei. Ele cessou o abraço e enxugou as lágrimas com o braço.

– Foi tudo minha culpa. – Ele me olhou.

Arregalei os olhos, surpresa. Eu via suas lágrimas escorrerem e sua expressão chorosa em minha direção. Nunca imaginei que um dia o veria desse jeito. Ele parecia estar se sentindo impotente, mesmo tendo me defendido e me salvado. Acalmei o olhar e comecei a chorar também, emocionada. Poderia mesmo ter acontecido algo de ruim comigo e ele me salvou. Ele me salvou! Akashi pegou em meu rosto e o acariciou com o dedo.

– Gomen... Eu não devia ter duvidado de você. – Ele disse – Gomen... – Ele me abraçou de novo – Foi minha culpa... Se eu tivesse falado com você, isso... Você podia ter... Mina... – Ele chorava com raiva me abraçando mais forte.

– Daijoubu... – Eu tentava acalmá-lo, mas também chorava.

Ele balançou a cabeça, negando.

– Aquele desgraçado... – Rangeu os dentes – Gomen nasai.

Eu o abraçava, mas cessei o abraço, pegando em seu rosto e o olhando nos olhos.

– Eu amo você. – Disse com a expressão chorosa e o beijei em seguida.

Ele pôs a mão atrás da minha cabeça, fechando os olhos. Cessamos o beijo e ele acalmou o olhar, me olhando.

– Gomen nasai. – Ele disse se acalmando – Se eu tivesse acreditado em você, você não precisaria dizer isso pela primeira vez numa horas dessas.

– Hum. – Balancei a cabeça, sorrindo – Eu já queria dizer... Gomen.

Ele me abraçou e eu o abraçava forte com o rosto contra seu peito. Estávamos ali entre dois lances de escadas, sentados e abraçados no chão, chorando agora em silêncio por algo terrível que poderia ter acontecido por causa de uma simples falta de confiança. Eu não o culpei, não foi culpa de ninguém. Não sei se isso acontece com muitos casais, mas com o que quase houve comigo e o que houve agora entre nós, acho que nosso relacionamento ficou mais forte contra esses tipos de dificuldade.

...

Akashi e eu quisemos esquecer o que houve no terraço, mas nossos amigos nos forçaram a contar ao ver nossas caras de choro ao irmos para o pátio naquele mesmo dia. Contamos por fim e eles arregalaram os olhos. Yue começou a chorar e correu para me abraçar. Kime pôs as mãos em frente à boca e também chorou. Naoko ficou com os olhos marejados, mas sua expressão era de raiva. Ela saiu andando de repente e Mibuchi foi atrás dela. Olhamos na direção ao qual eles foram, mas ficamos ali em silêncio. Porém logo depois o diretor e alguns professores chegaram com Naoko e Mibuchi ao lado deles. O diretor perguntou a mim e a Akashi se o que houve no terraço era verdade e também perguntou a Kime se o que Masaru-kun fez com ela foi verdade. Ela gaguejou surpresa pela pergunta, mas confirmou. Eu abaixei o olhar, envergonhada e Akashi confirmou por nós dois. O diretor quase xingou por conta disso e nós descobrimos que Norimi-san tinha esse tipo de coisa em seu histórico. Ele nunca estuprou alguém de fato, mas havia várias tentativas em outros colégios aos quais ele estudou. O diretor nos pediu desculpas e disse que com o monitoramento que ele sofria, achou que isso não aconteceria. “Que monitoramento?!”, pensei, “Pelo que eu via, ele andava livremente pelo colégio!”. Acho que Naoko também pensou isso já que a vi revirar os olhos.

Enfim, o diretor disse que com o assédio sexual que Kime sofreu e a tentativa de estupro que eu sofri – fora a calúnia por ele ter mentido e isso ter se espalhado pelo colégio –, Masaru-kun não poderia mais sair na sala nos intervalos e quando quisesse ir ao banheiro, um inspetor o acompanharia. Além de ele ser obrigado a ficar longe de mim por no mínimo 50 metros, excluindo a hora das aulas. Nesse caso o sensei o vigiaria. Isso tudo ocorreria até o final daquele ano letivo, pois depois disso Masaru-kun seria transferido para outro colégio com vários avisos sobre seu histórico. Eu não sei o que aconteceria com esse garoto depois, mas fiquei aliviada por ele ficar longe de nós. Com ele no colégio até o final do ano letivo, Akashi não saía do meu lado. Depois que ficamos bem de novo, ele ficava comigo o tempo e até pediu desculpas uma vez, perguntando se estava exagerando. Eu sorri e balancei a cabeça, negando. Pra mim a companhia dele era ótima. Eu amava!

Apenas espero que até o final desse ano tudo continue bem.


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Notas finais do capítulo

Esse mais forte do título parece que tem duplo sentido, pelo menos pra mim 'kkkk Tipo, Akashi dar uma porrada legal no cara e mais forte pelo relacionamento deles. Sei lá, na hora que escrevi, pensei nisso 'kkk