Os opostos se atraem ? escrita por Evil Queen 42


Capítulo 8
Descobrindo


Notas iniciais do capítulo

Hello *-*
Gente, fiz esse capítulo com um aperto enorme no coração, vocês logo entenderão o porquê.
Voltei rápido, né ?! Me amem heheh
Espero que gostem do capitulo.
Boa leitura.



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Mais um dia sozinho novamente. Tenho que admitir que estou preocupado, na verdade estou morrendo de medo, afinal, Sakura pode muito bem sair espalhando sobre o que "descobriu".

Ah, claro, com que provas ? Não viaja Sasuke, ela nunca vai descobrir. Nunca.

Tanto Sakura quanto Naruto estavam sentando no fundo, admito que, lá no fundo -bem lá no fundo-, sinto falta das criaturas que tagarelavam o tempo inteiro. Mas agora o meu sossego foi finalmente resgatado, só fico meio aflito por ter tratado alguém mal como tratei a coisa rosa. Bem, talvez algum dia eu peça perdão. Quem sabe um dia...

Foi quando uma mulher diferente entrou na sala, é nova, bonita, mas não sei quem é.

- Bom dia - A mulher falou sorridente - Meu nome é Anko, darei aula para vocês hoje - Ela falava enquanto escrevia o próprio nome no quadro branco - O professor Ibiki está doente, então irei substituí-lo.

Ela se mostrou uma ótima professora de física, explicou muito bem o assunto novo. Até que aquela nova professora, que não estava ciente sobre mim, disse algo que fez meu sangue gelar.

- Qual é o seu nome ? - Ela me perguntou.

- Sasuke.

- Por favor, Sasuke, leia o primeiro parágrafo para a turma.

Esse é o lado ruim de sentar na frente, os professores olham logo pra você !

Enfim, a professora pediu para que eu lesse e agora não tinha escapatória. Os outros professores que me conhecem nunca me pedem para ler algo em voz alta, mas uma substituta que não me conhece obviamente não saberia disso...

- Vamos, leia o primeiro parágrafo - Ela insistiu, visto que eu estava enrolando enquanto olhava para aquele texto que estava no livro de física e que falava alguma coisa sobre energia cinética.

Não sou do tipo de pessoa que funciona sob pressão, isso só piora as coisas pro meu lado. O fato de saber que estava sendo meio que obrigado a ler para todos só me deixou mais nervoso, a insegurança tomou conta de mim de uma maneira nostálgica, de uma maneira que eu só sentia na infância.

As letras pareciam estar embaralhadas, era como se eu não conseguisse diferenciar o "p" do "b" ou o "m" do "n", consequentemente acabei pronunciando algumas palavras de forma errada, sem falar que estava lendo como um aluno que mal tinha sido alfabetizado.

Eu lia devagar, tentando manter a calma para não errar, mas foi impossível. Eu praticamente lia sílaba por sílaba, parecendo uma criança pequena que está começando a formar palavras. Foi constrangedor.

Mal li quatro linhas -mal mesmo- e fui calado pelas risadas dos alunos. Eu sabia, sabia que eles não eram maduros para entender. A história está se repetindo, como quando na minha infância. Senti meu coração bater mais forte, minhas mãos suaram, um nó se formou em minha garganta... Não, esse fantasma não pode ter voltado para me assombrar.

- Silêncio ! - A professora falou autoritária, calando os idiotas que riam de mim - Não riam do colega de vocês !

Claro que não consegui ficar naquela sala. Quem conseguiria depois dessa ? Me levantei da carteira e saí da sala de aula, andei sem rumo pelos corredores da escola até encontrar a biblioteca, local que sempre fica vazio, principalmente em horário de aula.

Entrei naquele local infestado de livros, me fechei ali, caminhei para um cantinho entre as várias prateleiras de livros, sentei-me no chão e deixei as lágrimas rolarem.

Jamais pensei que isso fosse acontecer, agora a história vai se repetir como quando eu era criança. Chacotas, apelidos bobos, piadinhas... Tudo o que me assombrava na infância vai voltar com tudo após esse vexame !

Vi a maçaneta da porta sendo girada, alguém vai entrar aqui e eu não tenho mais tempo pra fugir. Abracei minhas próprias pernas, escondendo meu rosto entre elas com a testa apoiada em meus joelhos.

Ouvi a porta ser aberta e depois fechada, ouvi passos lentos que foram até mim. Droga ! É, mesmo estando encolhido num canto, minha presença não passou despercebida. Não importa quem seja, não vou voltar pra sala de aula.

- Sasuke - Conheço essa voz... Sakura ?! - Sasuke, olha pra mim - Ela se sentou ao meu lado e passou a mão pelos meus cabelos, mas eu continuei do mesmo jeito, sem encará-la.

Eu estou morrendo de vergonha, principalmente após tê-la tratado tão mal ontem. Ainda assim ela vem aqui e fala comigo da maneira mais doce do mundo, isso é motivo o suficiente para eu querer enfiar a minha cabeça num buraco e não tirar ela de lá nunca mais !

- Sakura, sai daqui - Falei com a voz chorosa, ainda escondendo o rosto. Não consegui encará-la.

- Não seja bobo, Sasuke... - Sakura passava a mão pelos meus cabelos da forma mais carinhosa possível, por um momento eu não quis que ela saísse - Anda, olha pra mim, fala comigo. Eu saí da sala em horário de aula só pra ver se você está bem, então olha pra mim, não me ignora.

Resolvi ceder, levantei a cabeça e olhei para ela. Sakura sorriu para mim, tirou meus óculos para limpar minhas lágrimas e depois os colocou de volta.

- Obrigado - Agradeci com a voz fraca, embargada pelo choro.

- Sasuke - Sakura respirou fundo antes de jogar a bomba - Você tem dislexia, não tem ?

Senti um arrepio acompanhado de um medo imenso. Não adiantava mentir, Sakura já estava desconfiada antes, ela já sabia e só queria confirmar.

- Sim, eu tenho - Assenti e mais lágrimas brotaram em meus olhos. Eu não queria chorar na frente da rosada, mas foi realmente impossível.

- Não fica assim - Ela me surpreendeu quando me abraçou, me deixando totalmente sem reação - Sasuke, você não precisa ficar assim.

Ela se afastou de mim e sorriu docemente, achando graça por eu ter ficado com o rosto corado após aquele abraço. Limpei minhas lágrimas por baixo dos óculos e forcei um sorriso. Me senti um idiota, a tratei tão mal e ela está sendo super gentil comigo.

- Como não, Sakura ? - Solucei - Você viu o que aconteceu lá na sala, eles não entendem e nunca vão entender.

- Se você não contar, realmente ninguém vai entender. Mas, Sasuke, devo dizer que eu te entendo perfeitamente e que já desconfiava que você tivesse dislexia.

- Eu percebi que você sabia, por isso te tratei daquele jeito - Fiquei todo desconcertado - Desculpa.

- Sem problemas - Ela riu - Eu entendo que deve ser difícil pra você. Não sei o que você passou para não querer ter amigos, mas não precisa disso, pois amigos de verdade jamais te julgariam ou zombariam de você por conta da sua dislexia. Sabe, sempre tem alguém pra rir e pra dizer coisas sem noção e isso pode acontecer com qualquer um, às vezes por ser muito magro ou por ser gordinho, por exemplo. Mas você não pode deixar esse tipo de coisa te abalar, por que realmente não vale a pena - Sakura chegou pertinho de mim, de forma que me assustou e fez com que eu me afastasse dela. Não preciso nem dizer que minhas bochechas ficaram incrivelmente vermelhas - Ok, já percebi que você não gosta desse contato físico - A rosada riu e então prosseguiu - Enfim, você não precisa de muitos amigos, só precisa daqueles que realmente sejam verdadeiros, aqueles com quem você sempre poderá contar.

Odeio admitir, mas Sakura estava coberta de razão. É difícil pra mim admitir para os outros que tenho dislexia, uma vez que já sofri bulling por causa dela e tudo mudou quando minha mãe me mudou de escola, finalmente eu estava num lugar onde os alunos não sabiam sobre o meu problema e os professores estavam cientes da situação.

- Eu... eu... - Desviei o olhar para milhões de lugares diferentes, sem saber o que dizer para a Sakura após aquele discurso - Eu acho que você tem que voltar para a sala.

- Sim, eu tenho - A coisa rosa se levantou e estendeu a mão pra mim - Vamos ?

- De jeito nenhum - Neguei - Não vou voltar pra lá.

- Quer dizer que agora você vai ficar fugindo pro resto da vida ? Não vai voltar pra sala nunca mais ? - Ela arqueou a sobrancelha - Olha, se esconder não vai adiantar, sabia ?

- Eu só quero ficar sozinho.

- Tudo bem - Rendida, Sakura se virou e caminhou em direção à porta, mas, antes que ela saísse eu a chamei.

- Sakura ? - Tomei coragem para chamar a atenção da rosada e ela se virou para mim - Por que você foi tão boazinha comigo mesmo depois de eu ter te tratado tão mal ?

- Bem - Ela sorriu - Eu realmente simpatizei com você, Sasuke. Eu não quero ser sua amiga por pena, não me entenda mal. Eu ficaria muito feliz se você me desse uma chance.

Assenti com a cabeça e ela sorriu alegre antes de sair da sala, me deixando novamente sozinho com as prateleiras de livros.

Alguns minutos se passaram, eu não conseguia voltar para a sala, simplesmente só conseguia ficar me lembrando do ocorrido. Me lembrando das risadas daqueles idiotas que não compreendem o que é estar no meu lugar. Eles são "normais", nunca irão me entender.

Foi quando a porcaria da maçaneta girou novamente, tomara que não me notem aqui. Quando a porta abriu, vi o novato ali, ele parecia procurar algo e sorriu contente quando me viu, ainda sentado no chão e encolhido perto de uma prateleira.

- Sasuke ! - O loiro fechou a porta, veio andando até mim e se sentou ao meu lado - Mano, vamos pra sala.

- Não - Respondi - Por favor, Naruto, eu quero ficar sozinho.

- A Sakura me contou tudo - Ele suspirou e escorou as costas na parede branca atrás de nós - Você tem dislexia.

- Quem mais sabe ? - Indaguei, sentindo novamente um nó se formar na minha garganta.

- Pela boca da Sakura, apenas eu. Ela só me contou por que eu realmente estava preocupado contigo - Pelo jeito ele não estava brincando - Você não precisa ficar grilado, algumas coisas são mais comuns do que você imagina.

- Eu sei disso, mas... - Suspirei pesadamente, tentando conter as lágrimas - Mas machuca. Eu me sinto diferente sabe... Como se o meu mundo fosse diferente do dos outros, como se uma pequena dificuldade me afastasse das pessoas simplesmente por que eu tenho medo do que elas vão dizer... Enfim, acho que você não entende...

- Sasuke - Naruto começou a rir. Poxa, eu estou super magoado e ele fica rindo ?! E as pessoas ainda querem que eu faça amigos - Eu te entendo perfeitamente - O loiro parou de rir e me encarou, dessa vez mais sério - Cara, eu sou hiperativo.

O que ? Bem, realmente não me admira, uma vez que Naruto não cala a boca e não consegue ficar quieto. Já notei que, na sala de aula, ele sempre está mexendo em alguma coisa, como se não conseguisse ficar parado.

- Isso é sério ? - Indaguei desconfiado.

- Já melhorei bastante, mas, na infância foi difícil, sabia ? Eu era tido como o garoto problema, sempre arrumando confusão, sempre querendo ser notado. Pra mim era um sacrifício ficar quieto na sala de aula, eu atrapalhava os outros e não conseguia aprender direito, consequentemente ia mal nas provas - Ele contava as coisas na maior naturalidade, como se aquilo não o ferisse - Por causa das minhas brincadeiras, muitas pessoas se afastaram de mim na escola. Meus pais sempre eram chamados na escola, sempre tinha alguma reclamação ao meu respeito. "O Naruto queria pular o muro", "O Naruto jogou tinta no cabelo da coleguinha", "O Naruto tira a atenção dos outros alunos na aula" - Ele fez uma voz feminina e irritante, como se estivesse imitando alguém. Claro que eu ri daquilo - Já mudei de escola inúmeras vezes, mas era sempre o mesmo problema. Sem falar que eu era um péssimo aluno, já que não conseguia manter a minha atenção focada na aula e nem professores particulares que os meus pais contratavam, na verdade eu acho que nem eles me aguentavam. Eu também sofri bastante, Sasuke. As pessoas diziam "Você não pode ser assim, você é chato, esse seu jeito irrita as pessoas", mas aquele era o meu jeito e eu não podia mudar. Eu ficava triste, pois os meus colegas de classe não queriam ficar perto de mim por causa da minha personalidade, realmente as minhas brincadeiras eram idiotas e irritantes, eu acabava afastando quem se aproximava de mim.

- Quando você descobriu que é hiperativo ? - Indaguei curioso.

- Eu tinha uns dez anos - Ele respondeu. Tinha quase a mesma idade que eu quando descobri a dislexia - Daí as coisas passaram a melhorar, afinal, as coisas sempre melhoram quando você descobre o problema, não é verdade ?

Realmente ele estava com a razão. As coisas melhoraram bastante quando meus pais descobriram o porquê de eu sempre ir mal na escola e de ter dificuldades com leitura e cálculos mesmo estudando bastante.

- Você tem razão - Fui obrigado a concordar com ele. Juro que nunca pensei que aquele idiota fosse me compreender tão bem, afinal, ele também sofreu na infância.

- Mas eu nunca tentei afastar as pessoas - Ele prosseguiu - Acho que a solidão torna as pessoas tristes e frias, principalmente quando se acostuma com ela. Quer saber de uma coisa ? Eu acho que você saberia enfrentar muito melhor os seus problemas se tivesse amigos com quem contar - O loiro se levantou e foi caminhando em direção à porta, mas antes de sair ele ainda disse algumas palavras - Você devia dar uma chance para as pessoas se aproximarem de você, acredite em mim, você verá que a vida pode se tornar muito melhor e mais fácil.

Dito isso, ele saiu da biblioteca. É, tenho que engolir o que eu disse anteriormente, Naruto está bem longe de ser apenas um idiota; ele é um idiota que sabe tocar os outros com sua experiência. Ele entende como eu me sinto, com ele foi quase a mesma coisa, mas ainda assim ele é alegre, gosta de fazer amigos e não tem medo ou vergonha de ser quem é... Eu posso ser assim também ?

Com a desculpa de estar passando mal, fui até a sala da coordenação e pedi para que ligassem para a minha mãe -já que meu celular ficou na minha mochila e eu não entraria naquela sala de aula depois do que aconteceu-, sei que não é certo mentir dessa forma, mas eu também não iria conseguir me manter focado na aula.

Shizune ligou para a minha mãe, eu falei que sentia muita dor de cabeça e a coordenadora me mandou ficar sentado enquanto ela pegava as minhas coisas na sala de aula.

Não demorou muito para a minha mãe chegar, ela deve ter ficado muito preocupada, mas terei que manter a minha mentira descarada por enquanto.

Entrei no carro e percebi que a dona Mikoto estava realmente preocupada comigo, ela foi logo colocando a mão na minha testa para verificar se eu estava com a temperatura normal.

- Querido, o que você tem ? - Ela indagou, a preocupação estava estampada em seu rosto e meu coração doeu por eu estar mentindo para ela.

- Minha cabeça começou a doer um pouquinho - Menti, escorando a cabeça no vidro do carro.

- Sasuke - Minha mãe segurou em meu queixo e virou o meu rosto para ela - Filho, você estava chorando ?

- Ora essa, não... - Tentei parecer o mais convincente possível - Meus olhos só estão irritados... Eu devo estar com sinusite, rinite... Sei lá, como é o nome daquela doença que deixa os olhos inchados ? - Minha mãe me olhava desconfiada - Posso estar desenvolvendo alguma alergia...

Não sou uma pessoa acostumada a mentir assim na cara de pau, fiquei tão nervoso que comecei a me enrolar todinho e falar coisas sem sentido. É claro que a minha mãe não acreditou, obviamente, ela é a pessoa que me trouxe ao mundo e me conhece melhor do que ninguém.

- Alergia, é ? - Ela me olhou desconfiada enquanto dava partida no carro - Vou fingir que acredito.

Mamãe não insistiu no assunto, apenas ligou o carro e dirigiu rumo à nossa casa. Não trocamos uma palavra de quer durante o trajeto, eu fiquei o tempo todo com a cabeça escorada no vidro, pensando que sou uma pessoa terrível por mentir para a minha mãe.

- Tá com a chave, né ? - Minha mãe perguntou assim que estacionou o carro em frente à nossa casa.

- Tô - Assenti. Respirei fundo e encarei a minha mãe - Mãe, posso te pedir uma coisa ?

- Você parece triste, o que foi ?

- Me coloca em outra escola, por favor.


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Notas finais do capítulo

Será que ele vai mudar de escola ? Heheh
Mereço comentários ?
Beijinhos ♡