Metamorfose escrita por Mia Elle


Capítulo 5
Coisas Que Começam Pelo Fim


Notas iniciais do capítulo

“Um dia tudo volta para o seu lugar
Um dia vai ficar como devia estar
Vai ficar como devia estar.”
#Como Devia Estar – Capital Inicial



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/64204/chapter/5

Começou a chover pouco antes de Frank e Gerard deixarem a St. Martin, lado a lado. Frank sempre tagarelando, tentando ser simpático com Gerard; tentando mostrar ao outro que não guardava mágoa dos acontecimentos passados. Gerard desejando com todas as suas forças que o pequeno calasse a boca, sem prestar muita atenção no que o outro falava.

Destrancou a porta do carro e entrou, inclinando-se por cima do banco do passageiro para abrir a outra para Frank, que batia freneticamente no vidro, irritado com a demora de Gerard que estava fazendo com que ele se molhasse. Esperou o garoto entrar no carro. Frank olhou estranho para o banco de trás e Gerard franziu o cenho, não havia nada ali. A verdade é que, para Frank, parecia ter um animal morto em decomposição dentro do carro, a julgar pelo cheiro. Deu nos ombros e virou-se para frente.

- Então, onde mora? – Gerard perguntou, entediado.

- Oh, só vá reto aqui nessa rua, eu lhe direi quando tiver de virar – Frank respondeu prontamente, e Gerard deu a partida no carro – sabe, pelo menos tem algo de bom nisso tudo, meus pais não estão em casa – Gerard não demonstrava estar ouvindo, mas Frank continuou mesmo assim – eles estavam meio mal com o casamento e resolveram passar o fim de semana fora, voltam apenas na segun... Oh, é aqui que você vira, a esquerda – Frank apontou para a rua que deveriam pegar.

Era um bairro calmo, sem muito movimento na rua, de modo que logo eles chegaram à casa de Frank, que ainda tagarelava.

- Então, hm, obrigado Gerard – Frank resmungou, imaginando se devia se despedir do maior ou não. Gerard apenas assentiu, então Frank saiu rapidamente do carro, sentindo as gotas frias de chuva começarem a molhá-lo novamente.

Em circunstancias normais, Gerard esperaria que a pessoa entrasse em casa antes de dar a partida. Mas aquele era Frank, e ele realmente não se importava com Frank, de modo que arrancou o carro assim que o pequeno o deixou, espirrando um pouco de água nele. Viu a boca de Frank esboçar um xingamento pelo espelho retrovisor e riu.

Dirigiu calmamente pelas próximas quadras, sem acelerar demais o carro uma vez que não queria chegar em casa. Ficar em casa o irritava, Donna estava sempre limpando toda e qualquer coisa que visse pela frente e gritando com todo mundo. Mikey dormia, jogava videogame e passava horas a fio no computador sem nem trocar uma palavra com ninguém, e Donald ficava fora o tempo todo, supostamente viajando.

Aproveitou que Frank deixara o carro para ligar o som sem ouvir reclamações sobre a música que ouvia. Quando ergueu os olhos para o espelho novamente, viu Frank correndo na chuva lá longe, fazendo sinal para que ele parasse. Pensou em fingir que não vira e continuar dirigindo, mas deu-se por vencido e encostou o carro. Momentos depois Frank chegou até ele, batendo na janela para que ele abrisse. Estava totalmente encharcado, o lápis de olho borrado e as roupas grudadas no corpo.

- Não vou abrir, vou me molhar como você – Gerard disse, seco. O pequeno fez sinal indicando que não ouvia e o maior bufou, dando-se por vencido e abrindo a janela do carro, deixando a chuva entrar.

- Não sei onde enfiei minha chave – Frank afirmou prontamente.

- E... ? – Gerard indagou, erguendo as sobrancelhas.

- E que meus pais não estão em casa, não tenho como entrar – o pequeno explicou, afastando a franja molhada da testa e olhando para Gerard que apenas permaneceu com as sobrancelhas levantadas, cínico – então não tenho onde ficar, até segunda.

- Espera que eu faça o que? – Frank deu nos ombros – quer que eu te leve pra casa de um tio ou sei lá ou quer que eu vá até a St. Martin te ajudar a procurar a chave? Não acha que está pedindo demais não?

Frank bufou, chacoalhando a cabeça.

- Tudo bem, eu me viro, não precisa fazer nada – a voz estava chorosa. Virou as costas e começou a andar na chuva, pensando aonde poderia ir. Gerard suspirou e colocou a cabeça para fora do carro:

- Ok, ok, entre. Passe a noite na minha casa e amanhã vamos procurar a sua chave – Frank parou e permaneceu assim por um instante. Depois, sem se virar ainda, respondeu:

- Eu disse que não precisa, porra.

- E eu disse entra no carro, porra! – Gerard respondeu, aumentando o tom de voz – quer que eu vá até aí e te arraste?

Frank ergueu os braços, dando-se por vencido e voltou caminhando até o carro. Gerard fechou a sua janela e abriu a porta do passageiro para Frank que murmurou um ‘obrigado’ ao sentar-se encharcado no banco de Gerard, torcendo o nariz para aquele cheiro fétido que o carro tinha.

Finalmente chegaram à casa de Gerard, que abriu a garagem com o controle e estacionou o carro ao lado do da mãe. Pegou a mochila que estava atrás do banco e colocou-a nas costas, e depois desceu. Frank fez o mesmo.

- Ok, minha mãe vai surtar completamente por que você está molhado. Não dê bola – Gerard alertou, e subiu as escadas que levavam a cozinha – Mãe? – chamou.

- Oh, você chegou e... O que é essa molhadeira toda na minha cozinha? – ela vociferou, os olhos arregalados demais para pertencerem a um ser humano normal.

- Frank está sem as chaves de casa e passará a noite aqui – informou Gerard, entediado, já acostumado com os surtos da mãe. Frank permaneceu estático com medo da mulher, que correu buscar um pano e agora secava freneticamente o chão.

- Frank? – ela indagou confusa assim que se recuperou do surto – O Iero? O mesmo Frank do julgamento?

- Sim mãe – Gerard confirmou, ainda com a voz sem emoção – Frank Iero, vamos Frank – voltou a andar e fez sinal para que o pequeno o seguisse.

- Oh, mas nem mais um passo! – Donna exclamou – você não vai molhar o meu carpete. Espere aqui que vou pegar algo para você vestir – e dizendo isso, atravessou o portal que separava a sala da cozinha e subiu rapidamente as escadas para buscar uma toalha para Frank, que olhava para Gerard, segurando o riso.

- Eu disse que ela era neurótica – Gerard soltou entediado, indo até a geladeira buscar um copo de leite.

Frank ficou observando a casa de Gerard. Era bonita e bem decorada, a cozinha era grande, com um balcão a separando da copa. Os azulejos e armários eram muito brancos, dando a impressão de ser muito limpa e iluminada. Um batente sem porta separava a cozinha da sala, que tinha confortáveis sofás azuis-escuros e uma lareira sobre a qual estavam vários porta-retratos que Frank não podia ver de quem eram. Ao lado da lareira começava a escada por onde Donna agora descia, segurando uma velha calça de moletom e uma toalha.

- Aqui – ela entregou – vou subir para que você possa se vestir – e voltou ao primeiro andar, caminhando rapidamente, seus saltos finos fazendo um barulho abafado no carpete.

Gerard colocou o copo de leite na pia e sentou-se em uma das banquetas brancas que cercavam o balcão, esperando por Frank.

- Eu, hm, vou me trocar aqui? – indagou para Gerard, que riscava a toalha com a ponta da faca, sem olhar para frente.

- A intenção é que você não molhe o resto da casa – o maior respondeu baixinho, ainda sem olhar para Frank – mas se quiser eu saio daqui.

- Não precisa – o pequeno respondeu. Realmente não se importava com o que Gerard veria ou não veria. Respirou fundo e tirou a camisa molhada, exibindo sua barriga definida e coberta por tatuagens. Gerard ergueu os olhos involuntariamente, observando o outro se despir.

Frank tinha um corpo muito bonito, realmente. A pele era amorenada e fazia contraste com o colorido de suas tatuagens. As coxas bem definidas e os braços fortes, mesmo que não aparentasse. Então ele realizou do que estava fazendo; ele estava ali, olhando Frank Iero tirar a roupa e pensando em como ele era bonito? Ok, existia algo errado nessa história.

Fechou os olhos, nervoso e os abriu apenas para ver Frank secando o cabelo, com o rosto tapado, usando apenas uma boxer branca. Molhada. Permaneceu um tempo com os lábios entreabertos e depois chacoalhou a cabeça, confuso. Sentiu um calor invadir seu corpo e murmurou:

- Estou lá em cima – para Frank, que apenas concordou enquanto vestia a velha calça de moletom de Gerard, que ficara um tanto quanto grande nele. Pensara ter ouvido um ‘q’ de ansiosidade na voz de Gerard, mas achou que devia ser apenas imaginação.  

Não sabendo ao certo o que fazer com as roupas molhadas e a toalha, juntou todas e seguiu para o andar de cima, desejando que fosse fácil encontrar o quarto de Gerard. Caminhou vagarosamente pelo corredor, até encontrar a primeira porta aberta. Michael, o irmão mais novo de Gerard que Frank conhecia do colégio, estava sentado na cama apertando os botões do videogame freneticamente.

Frank pigarreou:

- Pode me dizer qual é o quarto do Gerard? – indagou inseguro.

- É a próxima porta a direita, Frank – respondeu sem olhar para o pequeno, que se perguntou como então Michael sabia que era ele. Deu mais uns três passos e bateu na porta. Gerard murmurou um ‘entre’ lá de dentro, e Frank entrou.

O quarto, como sabemos, estava uma completa bagunça. Gerard estava sentado de uma forma estranha na cadeira em frente ao computador, as pernas em cima da escrivaninha. Frank fechou a porta atrás de si e dirigiu-se a cama, do lado esquerdo do quarto. Sentou-se nela, sentindo-se desconfortável, e passou a analisar com atenção os pôsteres na parede do quarto.

Gerard levantou-se abruptamente, o rosto sem expressão alguma.

- Jogue todas essas porcarias para baixo da cama, vou buscar o colchão – dizendo isso, saiu do quarto. Frank ouviu-o descendo as escadas. Levantou-se com um gemido e usando os pés chutou todos os papéis, livros e roupas para baixo da cama do outro. Pensava em como alguém conseguira vencer o seu dom para bagunçar o quarto.

Minutos depois Gerard voltou com um colchão, jogando-o no chão do quarto. Pegou um dos travesseiros de sua cama e arrumou na ponta do colchão e então abriu o maleiro do guarda-roupa pegando alguns cobertores fora de uso com um cheiro de naftalina e estendendo-os de qualquer jeito por cima da ‘cama’.

- Pode ir tomar um banho, se quiser – disse para Frank – eu vou depois. É a torneira do lado do boxe, mas se estiver muito quente abra um pouco da outra; use a toalha amarela.

Frank assentiu e dirigiu-se ao banheiro do quarto de Gerard, fechando a porta atrás de si. O maior sentou-se na cama, escondendo o rosto nas mãos. O que estava acontecendo com ele? Ele sentira atração por Frank? Não, definitivamente não. Ele apenas... Bem, homens podem achar outros homens bonitos não é mesmo? As mulheres fazem isso entre si, não pode ser tão errado.

Mas mesmo assim estava confuso com toda aquela situação. Estava com medo, por que estava se acostumando com todas aquelas aberrações. Passar o tempo naquela casa com aquelas pessoas que não ligam para a homossexualidade o acostumara a ouvir sobre o assunto e agora ele já nem mais ligava para isso. Era medonho, eram apenas dois sábados e ele já havia se acostumado. O que aconteceria com ele ao final de dois anos?

Estremeceu com o pensamento e dirigiu-se a janela, observando a chuva cair lá fora. Acendeu mais um cigarro e ficou ali fumando e pensando em tudo isso enquanto esperava Frank sair do banho para poder tomar o seu.

- Gerard, você não tem... Hm, uma calça menor? – Frank disse, saindo do banheiro coma toalha nos ombros e os cabelos molhados, repuxando a calça dos lados para mostrar como estava grande.

Gerard virou-se com as sobrancelhas erguidas, analisando a imagem do outro rapaz.

- Não – respondeu antes de dar outra tragada e apagar o cigarro ainda pela metade no cinzeiro que jazia no canto da escrivaninha. Deu as costas, esbarrando em Frank ao passar pela porta do banheiro.

Frank suspirou, dando-se por vencido e jogou-se no colchão, cobrindo-se com os cobertores que Gerard lhe dera para impedir que o calor do banho deixasse o seu corpo. Ficou observando o teto do quarto de Gerard, que estava toscamente pintado de preto. Ainda podia-se ver o contorno do alto relevo de algumas estrelinhas fluorescentes que brilhavam ali na época que Frank passava pelo menos uma noite por semana na casa do amigo.

Gerard aparentava ter mudado tanto desde então... Andava por aí com aquela pose de frio e superior, fingindo não se importar com os outros. As músicas que ouvia, as roupas que usava, tudo indicava que ele já não era o mesmo Gerard de antes, mas ele se contradizia em pequenas ações, como por exemplo acolher Frank ali naquela noite. O Gerard Way que ele mostrava ser desde o inicio do colegial jamais faria isso; esse Gerard não teria encostado o carro quando Frank pediu.

Frank só desejava que, se fosse tudo uma mascara, Gerard parasse de agir assim e voltasse a tratá-lo bem como era antigamente. Iria machucá-lo bem menos. Gerard saiu do banho com uma calça de pijama fina e os cabelos molhados. Se antes de entrar no banho tinha a voz monótona e a expressão de alguém que está entediado, agora estava com a face pensativa.

Pulou por cima de Frank, que continuava deitado no colchão, e sentou-se em sua cama, as sobrancelhas unidas e a postura reta.

- Vai dormir agora? – indagou a Frank sem olhá-lo – são apenas cinco horas.

- Apenas estou com frio – o pequeno respondeu ainda encarando o teto. Permaneceram em silêncio por alguns minutos sem sequer olhar-se. Gerard por vezes abria a boca e puxava o ar como se fosse perguntar alguma coisa, mas depois desistia e voltava à sua posição inicial. Por fim cuspiu as seguintes palavras:

- Posso te fazer uma pergunta, Iero? – Frank franziu o cenho e apoiou-se nos cotovelos para poder enxergar Gerard melhor. Este encarava o menino com os olhos verde olivas muito abertos.

- Eu acho que pode – o pequeno respondeu sem esconder o seu medo do que viria a seguir.

- Como foi?

- Como foi o que? – Frank tombou a cabeça para o lado, não entendendo.

- Como foi que mudou tanto? Quero dizer, você era um garoto tão legal, agora é essa princesa. Te fiz essa pergunta naquele... Dia. No vestiário. Mas acho que você... Hm, não teve tempo de me responder. – Gerard ficou vermelho ao mencionar o dia em que haviam se beijado, mas disfarçou deitando-se na cama e fugindo do campo de visão de Frank, encarando o teto.

“Oh, eu me apaixonei por você. Na verdade ainda te amo, mas não precisa se preocupar comigo, sei que gosta de peitos. Não estou sofrendo, já me conformei, é sério” Frank respondeu mentalmente, mas o que verbalizou foi:

- Hm, eu percebi que não sentia a devida atração que deveria sentir por mulheres, sabe? Você e os outros meninos começaram a falar disso o tempo todo, mas eu me sentia estranho. Então percebi que sentia isso por garotos – respondeu, deitando-se novamente na cama e cruzando as mãos sobre o peito – mas foi bem difícil e confuso. Mas Gerard, eu continuo sendo o mesmo garoto daquele tempo, não mudei tanto assim. Quem mudou foi você – a ultima frase foi pronunciada baixinho, mais para si mesmo do que para o outro, que ouviu mesmo assim.

Gerard nada respondeu, apenas permaneceu olhando para o teto durante algum tempo pensando no que o menino falara. Bem, ele sentia atração por garotas, então estava tudo bem, não é mesmo? É, estava tudo bem. Convencendo-se disso, ou fingindo convencer-se, ele resolveu que era melhor mudar de assunto antes que ficasse louco.

- Bem, eu acho que você mudou bastante desde aquele tempo sim. Talvez eu tenha mudado um pouco, mas estou certo que você não gosta das mesmas coisas – comentou sem dar muita importância ao que falava, sendo aquela a primeira coisa que lhe passou na cabeça para dizer.

- Que quer dizer com isso? – Frank perguntou com as sobrancelhas juntas, sentando-se na cama. Gerard sentou-se também encarando o pequeno.

- Videogame por exemplo. Aposto que não joga como antes – arqueou as sobrancelhas considerando-se vencedor da discussão.

- Não seja idiota, é claro que eu jogo. Minha mãe me comprou um Playstation três de aniversário, é o que eu mais faço nas horas vagas. Além de ler aqueles velhos gibis – Frank respondeu rindo e jogando seu travesseiro em Gerard para depois jogar-se no colchão novamente.

- Isso é tão injusto – Gerard disse, a inveja explicita em sua voz, jogando o travesseiro de volta em Frank que se cobriu com os braços e gritou infantilmente – você é uma bicha e tem um Playstation três. E eu não tenho – bufou.

Frank riu.

- Pode ir lá em casa sempre que quiser pra jogar – estava visivelmente se gabando, a julgar por sua sobrancelha erguida.

Gerard não riu. Ele engoliu em seco e ficou parado, percebendo o que eles estavam fazendo até ali. Tinham voltado a agir como era antigamente, e realmente não era diferente agora, depois de tantos anos. Continuavam os mesmos meninos bobos rindo de qualquer bobagem. Mas, o que seus amigos pensariam dessa convivência e amizade toda com Frank Iero?

Bem, nisso ele pensava depois, ali não tinha ninguém olhando. Riu para disfarçar, mas já fazia algum tempo que ninguém falava nada, de modo que Frank o olhou estranho.

- Bem, isso se você conseguir voltar a sua casa algum dia – jogou o seu travesseiro em Frank, acertando-lhe o rosto. Frank riu.

- Mas acho que você ainda tem o seu velho Playstation um, não tem?

Gerard fingiu estar bravo.

- Tenho o dois, ok? – Frank riu, fingindo estar admirado com “taaanta tecnologia”, como disse. Gerard bufou.

- Vamos jogar então?

Passaram as próximas horas se divertindo, apertando os botões do videogame sem parar, em um jogo de luta ou corrida qualquer. Paravam ocasionalmente para tomar um gole da Vodka que Gerard roubara do pai, ou dar uma tragada no cigarro que, estranhamente, dividiam.

Frank sentia como se fosse explodir por dentro. Estar assim, próximo de Gerard, como nos velhos tempos era mágico. Era tudo que ele desejara por muito tempo, não conseguia parar de sorrir. É claro que se fosse por ele, ele e Gerard seriam mais do que amigos, mas não podia pedir demais, não é? Pelo menos não estava sendo xingado ou espancado.

E Gerard sentia-se estranho, por mais que não demonstrasse. Ele estava confuso, pois não se sentia tão a vontade assim com qualquer amigo havia muito tempo. Desde... Bem, desde que Frank e ele brigaram. Era incrível como eles se davam bem; tinham as mesmas piadas, entendiam o que o outro queria dizer, tinham algum tipo de... sintonia. E era isso que lhe dava medo, a ultima vez que ele tentara ser amigável com Frank, eles acabaram se beijando no vestiário e... Não! Frank acabara beijando ele no vestiário. Ele tinha medo do que podia acontecer, mas resolveu pensar nisso depois.

 Apenas quando seus olhos ardiam, seus dedos doíam pelos movimentos repetitivos no controle do videogame e suas barrigas pelas muitas risadas, os dois deram-se por vencidos e resolveram deitar-se, adormecendo logo depois.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!