After all this time? escrita por Luna Lovegood


Capítulo 11
Epílogo - Always


Notas iniciais do capítulo

Eu sempre demoro um pouco mais nas ultimas notas de uma história, porque eu odeio despedidas.

Essa é a primeira vez que finalizo uma história um pouco mais longa desde Loving Can hurt Sometimes. É estranho o quanto essa história foi me chamando, eu simplesmente não conseguia não escrevê-la. Eu tentei escrever aqui uma história de amor mais simples, sem muitos segredos ou tramoias, queria que o ponto principal fossem os sentimentos dos dois. Por isso eu abri mão de qualquer outra história secundária. Espero ter atingido o meu objetivo aqui.

Dito isso eu quero agradecer a todos vocês que leram, comentaram, favoritaram ou recomendaram a história. Eu realmente escrevo porque gosto, porque quero dividir uma história com vocês, e é muito estimulante ver o carinho com o qual vocês sempre recebem as minhas histórias. Então muito obrigada por lerem mais essa.

Por fim quero entrar num assunto um pouco chato. Plágios e cópias. Para quem leu o aviso que eu postei em "falling in love" já deve saber o que está acontecendo, e não é apenas comigo. É chato e muito frustrante escrever algo e depois encontrar a sua história ali, com um título diferente uma e outra mudança. Dito isso quero informar que todas as minhas histórias serão em breve registradas (já estou trabalhando nisso), então qualquer tipo de cópia seja do enredo, de um personagem original, ainda que não seja copia do tipo ctrl+c/ctrl+v será considerada plágio e eu não vou hesitar em tomar as medidas legais necessárias.

Sinto muito por tomar o tempo de vocês.

Outra coisa, a música do capítulo é Heaven do Bryan Adams tem uma versão linda do Boyce Avenue mas a minha preferida é essa aqui da Dominique Van Hulst https://youtu.be/ukwBELHORVM sugiro que escutem, é realmente a música perfeita para essa história.

Espero que tenham uma boa leitura e gostem do epílogo que eu preparei para vocês. Nos falamos nas notas finais.

Ps: Essa imagem aí embaixo seria de uma "one" mas acabei desistindo da ideia quando percebi que a preferência é para histórias mais longas.

Ps 2: O capítulo 1 de Salvation, que é a fic que vai substituir essa daqui já está pronto. Vou postar já já.

Ps 3: Pra quem tem loving no wattpad, fiquem de olho que em breve teremos uma surpresa ;)



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Oh! Thinking about all our younger years

There was only you and me

We were young and wild and free

Now, nothing can take you away from me

We've been down that road before

But that's over now

You keep me coming back for more

Baby, you're all that I want

When you're lying here in my arms

I'm finding it hard to believe

We're in heaven

And love is all that I need

And I found it there in your heart

Isn't too hard to see

We're in heaven

(Heaven - Bryan Adams)

 

Oliver Queen

“Os meus dias preferidos costumavam ser aqueles que vinham logo após uma tempestade de verão. Tinha algo de magnifico em ver o sol despontando entre as nuvens, em sentir o ar fresco e úmido tocar seu rosto, e poder ver as pequenas gotinhas de água espalhadas por todos os lugares, deixando as cores mais intensas e belas. E é claro o cheiro, tudo cheirava a renascimento e recomeço, como se a chuva levasse tudo o que é ruim embora. Eu gostava disso porque sempre me fazia pensar que não importa o quão pesada a tempestade seja ou o tempo que ela dure, o sol sempre vem. Aquele não era um desses dias, na verdade estava chovendo muito, o barulho das trovoadas parecia tão próximo e a única luz no céu eram dos raios e relâmpagos. Eu odiava dias assim, tudo era cinza e frio, e o sol não apareceria tão cedo para iluminar aquele dia com o seu calor, ou pelo menos deixar tudo com mais cor. Mas eu não precisava dele hoje, porque hoje era um daqueles raros dias em que eu tinha a companhia de Felicity apenas para mim, o pai dela tinha ido viajar e ela disse à mãe que ficaria na casa de uma amiga. Ela era minha por aquele dia inteiro. Eu não precisava do sol para deixar tudo mais belo, eu tinha Felicity e ela era melhor do que qualquer sol, ela por si só iluminava a minha vida.

Nós estávamos no sofá da minha casa assistindo um filme qualquer, o corpo de Felicity estava aninhado ao meu e eu a segurava firme em mim, mais firme do que deveria. Mas algo em tê-la assim tão perto me fazia querer sempre mais. Acariciei o rosto dela que estava apoiado em meu peito, ela o ergueu me encarando com seus olhos meigos e um pequeno sorriso que deixava as covinhas dela em evidência, eu sorri de volta, eu tinha tanta sorte em tê-la para mim. Eu não sei o que eu fiz para Deus me dar um dádiva dessas, para achar que eu era merecedor dela, mas eu o agradeceria eternamente por isso. Puxei o rosto de Felicity e pressionei os meus lábios contra os dela e a beijei sem pressa, agradecendo por poder viver aquele momento com ela.

— Eu estou com medo. - confessou baixinho assim que nossos lábios se separaram. Notei que foi algo que saiu sem querer, uma pequena confidência que ela acabou deixando escapar.

— Você está segura aqui comigo, a tempestade logo vai passar e eu te levarei para casa. - Falei, puxando-a para mais perto de mim, e beijando o topo de sua cabeça, senti-a suspirar com o meu gesto. Eu não queria leva-la para casa dela, eu queria que ela pudesse ficar comigo, mas sabia que isso ainda não era possível. Inconscientemente levei minha mão até a dela e as entrelacei, eu podia sentir o calor passando dela para mim, percorrendo todo o meu corpo e o aquecendo, acordando o meu coração. Como podia um simples toque ser capaz de me enviar tantas sensações?

— Eu não quero ir para casa. E não é da tempestade que estou com medo. - Explicou erguendo seus olhos para mim.

— Medo do quê então? - A questionei confuso.

— Disso. - ergueu nossas mãos entrelaçados, não compreendi de imediato o que ela tentava me dizer, ela sentia medo de nós? - Do que eu estou sentindo. Da forma como o meu coração se comporta toda vez que te vê ou como você me desarma com um simples beijo. Estou com medo do quão importante você se tornou para mim nesse curto espaço de tempo. Eu estou com medo de te perder Oliver. - -explicou num tom urgente - Eu não se o que...

— Você não vai me perder. Nunca. - Afirmei com convicção. Ela não podia imaginar o quanto aquela declaração dela me afetava, eu me sentia eufórico por dentro ao saber que ela se sentia assim. - Tem ideia do quanto é importante para mim Felicity? Quantas vezes eu me peguei sonhando acordado com o seu sorriso? - os olhos dela se iluminaram e ela sorriu para mim. Senti vontade de dizer que a amava, sim, eu já sabia que aquilo era amor. Mas eu não queria assustá-la com a intensidade do que eu sentia, e nós teríamos muito tempo para viver isso. Eu não precisava precipitar nada, apenas aproveitar aquele sentimento que crescia cada vez mais em meu peito e parecia tomar conta de mim. - Não tenha medo. Nós temos tempo para descobrir juntos o que estamos sentindo, nós temos todo o tempo do mundo. E eu sempre estarei com você. Sempre. - Felicity assentiu satisfeita, e nenhuma conversa mais se fez necessária naquele momento, seus lábios voltaram-se para os meus, dessa vez sem incertezas, ela me beijou e ficamos assim, vivendo o que sentíamos por aquele momento.

Se naquela época eu soubesse que não teríamos todo o tempo que eu imaginava, talvez eu fizesse as coisas de uma forma diferente. Talvez eu tivesse dito que a amava perdidamente, talvez eu tivesse enfrentado o pai dela e talvez não tivéssemos nos separado. Mas eu não fiz nada disso, e a vida acabou seguindo por um caminho diferente do que eu esperava, um caminho escuro que eu nunca imaginei trilhar. Um caminho sem o calor de Felicity, sem seu sorriso fácil, sem o doce som da sua risada. Foi como se durante dez anos eu estivesse sob uma tempestade constante e o sol se recusasse a aparecer. Mas finalmente meu sol encontrou o caminho de volta para mim, as nuvens já estavam se dissipando, e ao meu redor tudo se iluminava com a luz e o calor que ela trazia para minha vida.”

***

Felicity Smoak

Acordei, mas mantive meus olhos fechados apenas tentando absorver um pouco mais da sensação de estar nos braços de quem eu amo, um sorriso apareceu em meus lábios tão logo eu senti o calor suave que emanava do corpo do Oliver para o meu. Eu podia ficar assim, abraçada à ele para sempre. Fazia tanto tempo desde que eu tinha me sentindo assim, completamente feliz. Era tanta felicidade que chegava a me assustar, eu tinha medo de que algo mais desse errado, eu já estava acostumada as coisas boas sendo tiradas de mim de forma abrupta, e eu sabia que não sobreviveria a perder Oliver uma segunda vez. Não depois de tudo o que passamos para ficarmos juntos. Eu estava com medo de abrir meus olhos, e de repetir a mesma cena de dez anos atrás, meu pai entrando por aquela porta e tirando Oliver de mim. Mas eu não era mais aquela adolescente de dezesseis anos, eu era a única responsável pela minha vida, minha felicidade e ninguém mais me impediria de tê-la.

Eu finalmente compreendi, aquele medo sempre estaria ali à espreita, porque de certa forma esse sentimento surge juntamente com o amor. É um pacote só. É simplesmente impossível não amar alguém e não ter medo de perdê-la, não ter medo de algo ruim acontecer à ela. Sentir medo faz parte do ser humano. Esse medo existe por que sabemos que parte da nossa vida, parte da nossa felicidade está relacionada a existência dessa outra pessoa. E isso assusta, depender emocionalmente assim de alguém, ter algo que não está no nosso controle. Eu não poderia fazer nada quanto à isso, exceto aceitar que tudo na vida é finito, as pessoas, as coisas, tudo existe por um período determinado de tempo mas os sentimentos não. Sentimentos são tudo o que temos, tudo o que podemos realmente oferecer à alguém, e isso é transcendente, não morre nunca, não importa o que aconteça à quem oferece o sentimento ou quem o recebe, o amor, as alegrias, tudo o que compartilharam juntos será eterno. Então eu faria o seguinte: eu amaria tanto Oliver, que esse sentimento jamais seria esquecido, não importava o que viria a nossa frente, esse sentimento sempre estaria em nossos corações fazendo parte de nossas vidas. Nós seriamos tão felizes que nem teríamos tempo de sentir medo, pois estaremos ocupados demais vivendo esse amor, compartilhando sentimentos.

Essa parecia uma solução boa para mim.

Me aconcheguei em seu corpo forte e abracei seu dorso. Estávamos de frente um para o outro, eu sentia a respiração calma dele tocando o meu rosto, eu poderia abrir meus olhos agora e apenas observá-lo dormir, mas eu os mantive fechados, apenas relembrando a noite anterior, todas as sensações, eu ainda podia sentir tudo aquilo se espalhando em meu corpo. A nossa segunda noite juntos. Como tudo poderia ter sido tão diferente e ao mesmo tempo tão parecido?

Eu me sentia da mesma forma que antes, perdidamente apaixonada, ligada à Oliver de uma forma indescritível. Eu me desfiz sob cada toque dele, em cada beijo, em cada carícia eu entregava à ele muito mais do que meu corpo. Eu entregava meu coração, minha alma. Tudo de mim. E eu sentia a reciprocidade desse sentimento, eu sentia ele me entregando seu coração, eu sentia ele me amando. Fiquei agradecida por poder dividir isso com alguém, esse sentimento tão puro e intenso, que é o amor.

Mas era diferente agora, porque nós não éramos mais os mesmos. Após tanto tempo separados é como se tudo dentro de nós estivesse adormecido, esperando apenas o momento certo - melhor esperando pela pessoa certa - para acordar novamente. Eu me sentia exatamente assim, como se o meu corpo tivesse despertado apenas quando o corpo do Oliver estava perto do meu, apenas seus beijos eram capazes de me tirar o ar e seu toque era o único que fazia meu coração disparar. Era como se o corpo dele fosse o catalizador necessário para fazer tudo em mim explodir.

A nossa primeira vez juntos foi sobre entrega, carinho e amor. Nós ainda estávamos nos conhecendo, conhecendo o corpo um do outro, descobrindo esse sentimento. Foi lindo, delicado e repleto de amor como deve ser. Mas a nossa segunda vez tinha sido totalmente sobre saudade. Saborear a felicidade de recuperar algo que nós pensamos que nunca mais poderíamos vivenciar e se sentir agradecido por poder viver isso outra vez.

Eu estava concentrada nessas lembranças quando senti os dedos de Oliver deslizarem lentamente pela base da minha coluna e subirem até a minha nuca, ele não parecia ter consciência de que eu estava acordada. Na verdade o movimento era tão delicado que me dizia que Oliver não queria me acordar, apenas me tocar como se ainda estivesse incrédulo de que eu era real. Percebi que assim como eu ele talvez estivesse um pouco atordoado pela intensidade da noite anterior.

Abri meus olhos e encarei a face de Oliver que parecia resplandecer de tanta felicidade. Meu rapaz de olhos azuis, o único que eu amei, o único que eu sempre amaria tinha o sorriso mais brilhante estampado no rosto, e eu não podia acreditar que o motivo daquele sorriso era eu. Deixei me perder naquele azul límpido de seus olhos que pareciam transbordar sentimentos. Desde o nosso reencontro eu nunca tinha visto o semblante de Oliver tão leve, antes parecia que sempre tinha algo nele, um pouco de rancor e mágoa, mas eu percebi que isso tinha ido embora agora, eu olhava para ele e tudo o que conseguia ver eram coisas boas. Esperança principalmente.

— Oi. - falei tolamente, recebendo um sorriso em resposta. A mão de Oliver que antes brincava em minha coluna, se espalmou sobre a minha cintura e puxou o meu corpo para o dele, me regozijei com aquele contato mais íntimo. Eu poderia ficar assim para o resto da vida.

Será que eu me sentiria assim todas às vezes? Acho seguro dizer que sim. Não importa quanto tempo passasse meus sentimentos por Oliver jamais mudariam. Eu sempre o amaria.

— Você estava sorrindo enquanto dormia. – falou suavemente.

— A culpa é toda sua. - acusei e seus olhos faiscaram para mim - E você porque está sorrindo?

— Sabe a nossa primeira noite juntos? – Perguntou e eu apenas assenti, engraçado como nossos pensamentos de certa forma se coincidiram - Eu estava louco para acordar com você em meus braços, para apenas observá-la pela manhã. E isso foi algo que nunca tive a chance de fazer. – um ligeiro brilho de tristeza passou em seus olhos, mas logo em seguida desapareceu - Até hoje. – falou com evidente alegria - Então me desculpe se eu ficar te encarando como um bobo apaixonado, é que eu ainda não consigo acreditar que isso é real. - entrelaçou nossas mãos - Esse calor que começa no meu peito, e espalha por todo o meu corpo, essa vontade de sorrir incontrolavelmente simplesmente porque você está aqui comigo. Será possível ser assim? Absurdamente feliz? Eu acho que ainda estou sonhando…

— Você não está sonhando, é real. Nós estamos juntos. Para sempre dessa vez. – Falei tocando de leve os lábios dele com os meus.

— Eu me lembrei de algo. – Oliver falou de repente, e seu rosto ganhou um semblante diferente, algo que eu não conseguia definir - Espere um minuto, e mantenha seus olhos fechados. Eu vou saber se você trapacear. - Avisou. Senti o peso dele deixar a cama e ouvi o som de passos rápidos, ele estava se afastando. Lutei contra a vontade de me levantar e ir atrás de Oliver, mas eu sabia que ele voltaria para mim. Ele sempre voltaria para mim.

Me sentei na cama e apenas esperei pelo seu retorno tentando imaginar o que havia por trás de seu semblante diferente e ligeiramente misterioso. Minutos se passaram até que eu ouvi seus passos entrando novamente no quarto, ele se aproximou da beirada da cama, mas não disse nada, e ainda assim eu sentia a presença dele, eu conseguia ouvir as batidas aceleradas de seu coração.

— Abra os seus olhos amor. - ouvi a voz de Oliver me dizer e eu obedeci sem saber ao certo pelo que esperar.

— O que foi isso? - Falei, não compreendendo o porquê de tudo aquilo se tudo estava do mesmo jeito. Exceto Oliver, que estava sentando de frente para mim na cama parecendo animado e ao mesmo tempo muito nervoso.

— Ontem a noite foi a primeira vez que você leu a minha carta, e eu passei anos me torturando porque pensei que você tinha escolhido não me responder, porque simplesmente não se importava comigo, que meu amor para você não representava nada. – Prendi a respiração com aquela declaração, eu me sentia responsável pelo sofrimento dele, mesmo sabendo que era tudo culpa de um mal entendido. - Até quando você vai continuar me torturando Felicity?

— O quê? Oliver o que eu fiz de errado? – Questionei, não compreendendo o que estava acontecendo. Eu precisava saber como eu o estava machucando, e como parar isso. Olhei dentro dos olhos dele procurando por respostas, mas não havia nada ali que sugerisse algo diferente de amor. Oliver sorriu para mim, um sorriso meio maroto, levou uma das mãos até meus cabelos bagunçados e passou uma mecha para atrás da orelha.

— Havia um importante pergunta naquela carta, e você ainda não a respondeu. - meu coração acelerou tão rapidamente que fiquei preocupada de estar tendo uma arritmia. Ele estava falando daquela pergunta? Engoli em seco, sem reação. - Talvez eu deva lembra-la. - se ajoelhou ao pé da cama, levou a mão ao bolso da calça que vestia e tirou dali um delicado solitário de diamantes. Não me contive, imediatamente levei as duas mãos à boca tentando conter o pequeno grito de excitação - Felicity Megan Smoak, você aceita se casar comigo?

***

DOIS MESES DEPOIS

Eu não poderia ter dito nada diferente de um sim para Oliver. Eu nunca o vi tão feliz quanto nesse dia, ele deslizou o anel para o meu dedo com um sorriso de vitória tão grande, e logo em seguida me puxou para seu colo beijando-me e dizendo o quanto ele me faria feliz. Depois ele me explicou que logo após a minha partida, enquanto ele ainda tinha esperanças de que voltaríamos a ficar juntos, ele havia comprado esse anel. Ele se desculpou por não ser muito, era o que ele podia pagar naquela época. Ele disse que se eu quisesse poderíamos comprar um novo ou colocar um diamante maior nesse, mas eu neguei prontamente. Eu não queria troca-lo, era perfeito, ele me lembrava do começo da nossa história de quando erámos apenas dois jovens apaixonados e que isso bastava. Além disso, se Oliver guardou esse anel por tanto tempo, significava que apesar de todo o rancor que ele acumulou durante todos os anos que ficamos separados, ele ainda tinha esperança de que um dia ficaríamos juntos, mesmo que ele negasse esse sentimento sempre esteve lá, esse anel era a prova disso.

Respirei fundo olhando meu reflexo no espelho do quarto. Me lembro do dia em que voltei para essa casa e comparei a minha imagem com a de dez anos atrás e não reconheci a mim mesma. Eu havia perdido aquela adolescente, a garota que acreditava em sonhos impossíveis e felizes para sempre.

Eu mudei ao longo de dez anos. Eu perdi pessoas que eu amei, eu tive o direito à felicidade arrancado de mim e isso me fez uma pessoa mais triste e descrente, eu passei cada dia daqueles dez anos achando que eu nunca teria mais da vida, que eu nunca recuperaria aquela parte de mim que eu havia deixado em Star City com um jovem rapaz de olhos azuis. Mas no fim eu reencontrei meu primeiro e único amor e com ele reencontrei a mim mesma. Olhei novamente para o reflexo no espelho e dele para a fotografia em minhas mãos. Eu continuava esteticamente um pouco diferente dela, mas agora eu consigo perceber as semelhanças. Quando eu olhava para o meu reflexo eu via aquela garota olhando de volta para mim, eu via que os meus olhos brilhavam esperançosos e havia um sorriso constante em meu rosto, eu havia voltado a acreditar que sonhos podiam ser realizados, só precisamos nos esforçar um pouquinho e como minha mãe me disse nunca desistir do que nos faz feliz.

— Quem diria que nos reencontraríamos? - Falei para minha fotografia, encarando a garota loira com cabelos cacheados, olhar brilhante e bochechas coradas.

— Eu diria. Ela sempre esteve aí dentro de você, só esperando a pessoa certa para trazê-la de volta.

— Pai! - girei na cadeira e olhei em direção àquela voz, o semblante do meu pai resplandecia, havia algo que ia além da felicidade, era algo como satisfação pelo dever cumprido. E orgulho, havia muito disso nele agora.

— Me deixe vê-la. – me levantei e caminhei em sua direção, ele segurou as minhas duas mãos com as dele me observando atentamente, o sorriso nunca deixando seus lábios... e seus olhos, ah... Seus olhos estavam marejados, eu podia sentir que ele segurava as lágrimas nesse momento. - Você está linda. Sua mãe teria tanto orgulho de você minha pequena. Eu sei que ela não está presente aqui hoje, mas acredite filha, onde quer que ela esteja ela está contente por você ter encontrado a sua felicidade. - Disse com a voz embargada de emoção, me puxando para um abraço apertado.

— Obrigada pai. - falei dentro do abraço, tentando não chorar.

— Porque você está me agradecendo? Eu não fiz nada mais do que tentar separá-los... - Eu sabia que por mais que eu dissesse à ele que eu havia o perdoado, sempre haveria aquele resquício de culpa por seus atos do passado. Mas eu o perdoei, sinceramente. Se tem algo que eu aprendi é que não vale a pena ficar guardando mágoas e rancores, esses sentimentos negativos apenas servem para te impedir de seguir em frente e viver a vida plenamente.

— Eu estou agradecendo por você estar aqui, por ter tentando do seu jeito errado cuidar de mim. – Expliquei - E no fim o que importa é que você foi sincero, você se arrependeu, e você tentou trazer Oliver de volta para mim. – Falei sentindo uma lágrima escapar em meu olho, meu pai a secou delicadamente, assentindo, vi que ele ficara um pouco mais leve com a minha declaração.

— Falando nele, Oliver está em tempo de ter uma sincope lá embaixo. - tentou mudar o foco da conversa para algo menos emocional, tentando me impedir de chorar acho. - Ele já tentou de tudo para conseguir subir até aqui e te ver. - Eu conseguia entender essa necessidade de Oliver, afinal eu também me sentia assim já faziam cinco dias que não nos víamos, Oliver havia viajado na ultima semana tentando deixar tudo na empresa organizado para que pudéssemos seguir tranquilamente para a nossa lua de mel.

Então hoje quando nos encontrássemos seria para nos tornarmos Sr. e Sra. Queen. Apertei minhas mãos uma na outra tentando me livrar do estranho formigamento que percorria pelo corpo e da ansiedade parecia exalar de meus poros.

— Já está na hora, filha. -Meu pai disse chamando a minha atenção.

— Eu preciso de só mais alguns minutos sozinha. - Falei.

— Certo.- Assentiu saindo pela porta e me deixando.

Tomei uma respiração profunda, minhas mãos precisavam parar de tremer ou eu não conseguiria chegar até o altar. Me virei dessa vez para o espelho de corpo inteiro e analisei a minha imagem: o vestido era de uma renda delicada e abraçava as curvas do meu corpo suavemente, meus cabelos estavam presos em um coque com pequenas tranças, pontos de luz e alguns cachos soltos davam ao visual um ar meio boêmio. Eu estava bonita, constatei satisfeita. Fui até a janela do quarto e observei o local onde seria realizada a cerimônia, eu via Oliver andando de um lado para o outro parecendo realmente nervoso. De repente Oliver direcionou o olhar para a janela do meu quarto e sorriu aliviado ao me ver ali, eu instantaneamente me acalmei, eu me sentia pronta para começar essa nova fase da vida ao lado de Oliver, pronta para trilhar todo o futuro que teríamos juntos.

— Filha? Vamos? - Meu pai disse abrindo a porta - Eu tenho uma noiva para entregar. E tenho medo de que se demorar mais um segundo que seja seu noivo entre por essa porta e te arraste até o altar. - Sorri com as palavras de meu pai, Oliver seria bem capaz de fazer isso.

Deixei o quarto e caminhei apoiando meu braço no do meu pai, eu descia as escadas e caminhava em direção ao jardim onde seria realizada a cerimônia e durante todo o tempo eu pensei em minha mãe, em como eu gostaria que ela pudesse estar comigo nesse dia tão especial. Os quadros dela agora estavam espalhados por toda a mansão e eu sentia a presença dela em cada parte, sei que onde quer que ela esteja ela estava feliz por mim, por eu não ter desistido da minha felicidade.

Chegamos ao jardim e eu pude ver de perto toda a decoração, era bem simples uma diversidade de flores estavam espalhados pelo local, e uma trilha de pétalas de rosas brancas mostrava o caminho que eu deveria seguir. O céu estava claro e límpido, nem uma nuvem se atrevera a aparecer para estragar esse dia. Poucas pessoas estavam presentes, só convidamos aqueles que realmente importavam, familiares e amigos queridos.

A marcha nupcial começou a tocar e ao lado de meu pai eu comecei a andar pelo caminho de rosas, sabendo que ele me levaria ao lugar onde eu pertenço. Dei mais alguns passos e então nossos olhares se cruzaram, e aquela estranha sensação de ser puxada até ele voltou, exatamente como gravidade eu me sentia atraída até seus olhos azuis. Eu já não comandava meus atos, meu corpo agia unicamente com o intuito de chegar até ele. Oliver por sua vez tinha um sorriso nos lábios, um sorriso de puro contentamento que refletia toda a felicidade que sentia naquele momento. Eu sorria para ele também.

Eu não conseguia prestar atenção em nada ao meu redor, aos fotógrafos ou as pessoas eu só queria chegar até Oliver. Com passos certos eu caminhei até ele, até o amor da minha vida.

— Cuide dela. - Meu pai falou baixinho. Soltando meu braço e me entregando à Oliver.

— Eu cuidarei. - Oliver prometeu com um olhar sério. Sorri, me lembrando de que Oliver sempre cumpria com o que prometia.

Eu mal conseguia discernir as palavras que o padre dizia, porque meu coração batia tão acelerado no meu peito que me impedia de escutar qualquer outra coisa. Só percebi que estava na hora dos votos quando o padrinho do Oliver entregou as alianças. Respirei fundo, eu tinha escrito meus votos para Oliver milhares de vezes, mas nada nunca parecia bom o suficiente para expressar o que eu sentia por ele.

— Oliver. - O nome dele soou trêmulo eu estava nervosa outra vez. Senti a mão de Oliver segurando a minha com carinho e logo todo o nervosismo desapareceu. - Eu nunca pensei que amar fosse assim, eu nunca esperei que eu alguém fosse um dia significar tanto para mim. E então você apareceu. Me despertou para o mundo me ensinou o verdadeiro significado do amor. - Peguei a aliança e coloquei no dedo dele - Quando eu te perdi, eu pensei que nunca mais teria a chance de experimentar esse sentimento outra vez, eu não era mais capaz de amar porque quando eu te deixei aqui, eu deixei meu coração com você. E então eu voltei, e você estava tão diferente, o rapaz de olhos azuis pelo qual eu me apaixonei havia desaparecido e dado lugar ao homem magoado e frio. Você não tem ideia o quanto eu sofri ao perceber que meu primeiro amor havia desaparecido. Mas ele sempre esteve ali, e aos poucos ele foi voltando para mim. Aos poucos o amor voltou tão intenso e puro como da primeira vez. - Oliver lançou-me um sorriso compreensivo - Eu prometo te amar em cada dia da minha vida, eu prometo que serei sua, de corpo, alma e coração. Eu amo você Oliver Queen, como nunca amei mais ninguém. - Finalizei com lágrimas em meus olhos fitei Oliver e percebi que ele também estava emocionado. Ele sorriu para mim, pegou a aliança e começou a desliza-la em meu dedo anelar enquanto dizia seus votos.

— A primeira vez que eu te vi, eu pensei que você fosse um anjo, bem desastrado, considerando a forma como caiu ao chão naquele dia. - Fiz um ligeiro biquinho tentando demonstrar que havia ficado irritada com aquilo - Mas assim que eu a vi, algo mudou dentro de mim. Antes de você eu era um garoto que não sabia o que era amar, você Felicity trouxe esse sentimento para a minha vida, você iluminou meus dias com seu sorriso, preencheu o vazio da minha vida com a sua risada. Você é como o sol, que vem logo após a tempestade e deixa tudo mais belo. Você é o meu sol particular. - Sorri com a comparação, eu sabia o quanto Oliver amava dias ensolarados - E não importa quanto tempo passe, esse sentimento sempre estará aqui no meu peito. Eu sempre a amarei, da forma mais pura e incondicional que eu consigo. Sempre.

— Sempre. - Repeti recebendo um sorriso de Oliver. O padre disse o tradicional “E eu vos declaro marido e mulher, pode beijar a noiva” e Oliver não perdeu tempo, colocou as mãos ao redor da minha cintura e me deitou ligeiramente antes de me dar um daqueles beijos dignos de cinema.

Eu não poderia pedir por um final mais feliz.

FIM


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Notas finais do capítulo

Acabouuu! Queria deixar aqui algumas explicações sobre a história.

"After All this time" é uma homenagem a minha história favorita no mundo inteiro Harry Potter, uma história de fantasia, aventura, amizade e amor. Eu já li muitos romances, e é curioso como justamente essa história conseguiu com um único diálogo mostrar a essência do amor. Eu espero ter consigo mostrar isso nessa daqui também.

Enfim, foi bom dividir mais essa história com vocês. Nos vemos na próxima.

Não esqueçam de comentar e dizer se gostaram! Bjs e até!